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Taise Terra @med_rabiscos DANO ALVEOLAR DIFUSO INTRODUÇÃO o A incorporação dos serviços de resgate aéreo e a popularização de técnicas assistenciais invasivas (circulação extracorpórea, cateteres venosos e arteriais de manutenção prolongada, etc) permitiram que aumentasse o número de indivíduos que sobrevivessem ao impacto inicial de um trauma grave o # casos aparentemente salvos pelas novas técnicas de assistência o Porém, surge um quadro progressivo de insuficiência respiratória refratária ao tratamento habitual ® 50% de letalidade, mesmo com avanço das terapias de suporte o Situação denominada pelos patologistas de Dano Alveolar Difuso (DAD) o Denominada pelos clínicos de Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA) ou Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) o Essa síndrome vai ser caracterizada pelo dano difuso do capilar pulmonar, causando insuficiência respiratória de rápida instalação (intensa dispneia), cianose e hipoxemia grave (podendo não responder à oxigenioterapia), além do risco de progressão para falência multissêmica de órgãos o Causa também edema pulmonar porque vai aumentar a permeabilidade alveolocapilar ® esse edema vai instalar com a pressão capilar pulmonar normal ou mesmo abaixo da normal, o que vai causar é o aumento da permeabilidade da barreira alveolocapilar Causas de dano alveolar difuso • Numerosas, variadas e as vezes concomitantes • Inalação ou circulação de agentes (infecciosos ou não) capazes de lesar a barreira alveolocapilar a partir de sua face epitelial ou da face endotelial • Lesar diretamente o endotélio ou os pneumócitos tipo I • Indiretamente por estímulos inflamatórios ou por diminuição da atividade inflamatória o Macrófagos alveolares ativados ® IL-8 e TNF- a (quimiotáticos para neutrófilos) o Neutrófilos ® leucotrienos, oxidantes, proteases e fator ativador de plaquetas (lesam o epitélio e o endotélio vascular) • Esses fatores citados vão aumentar a permeabilidade da barreira alveolocapilar (BAC) ® promove o extravasamento de plasma e hemácias e a deposição de fibrina na parede alveolar desnuda, formando membranas hialinas (marcador histológico da lesão) Principais fatores de risco para o desenvolvimento de SARA (dano alveolar difuso) Lesão pulmonar direta (causas pulmonares) Lesão pulmonar indireta (causas extrapulmonares) Pneumonia, aspiração de conteúdo gástrico, contusão pulmonar, afogamento, inalação de gases tóxicos, edema por reperfusão pós transplante pulmonar, ventilação mecânica com altos picos de pressão e/ou altas frações inspiradas de O2 Septicemia, politraumatismo, circulação extracorpórea, superdosagem de fármacos, medicamentos citostáticos (anti- neoplásico), pancreatite aguda, transfusões sanguíneas, leptospirose Morfologia Divisão em 3 fases: • Fase aguda ou exsudativa: o Inicial, ocorre nos primeiros 4-7 dias do processo o Pulmões congestos, edema intersticial e intra-alveolar, membrana hialina (principal característica da fase) o Efeitos adversos: mudanças desfavoráveis do surfactante: áreas de colapso alveolar e dilatação dos ductos alveolares • Fase proliferativa (organização): o Começa no final da 1ª semana o Organização e fibrose do exsudato intra-alveolar, com intensa proliferação de fibroblastos e formação de tecido de granulação o Espessamento fibromuscular da parede dos ramos da artéria pulmonar, com possibilidade de aparecimento de hipertensão pulmonar grave o Hiperplasia e hipertrofia dos pneumócitos tipo II o Pulmões mais pesados, coloração muda de vinhosa (fase exsudativa) para vermelho-acinzentada por causa da maior quantidade de colágeno com áreas de oclusão dos espaços aéreos alternadas com áreas dilatadas o Nos alvéolos e ductos alveolares há grande quantidade de tecido de granulação, colágeno jovem e matriz extracelular rica em mucopolissacarídeos ácidos • Fase fibrótica (resolução): o Começa após 3-4 semanas do início do quadro o É a evolução da proliferativa, com amadurecimento e remodelamento do processo cicatricial, com áreas nodulares de fibrose e formação de bronquiectasia por tração o Fibrose dos septos alveolares o Nem sempre existe relação entre achados histológicos e função pulmonar; paciente pode apresentar lesão muito densa no pulmão, mas não ter perdido função pulmonar Aumento da permeabilidade da BAC promove o extravasamento de plasma e hemácias e a deposição de fibrina na parede alveolar desnuda, formando membranas hialinas (marcador histológico da lesão) Dano alveolar difuso e doenças obstrutivas pulmonares Taise Terra @med_rabiscos Taise Terra @med_rabiscos Radiografia de tórax • Inicialmente: normal • Posteriormente: infiltrado alveolar difuso ® porque o pulmão vai fechando e tem edema ® aspecto “vidro fosco” Doenças Pulmonares Obstrutivas • Agrupa uma gama de doenças que cursam com o aumento à resistência do fluxo de ar • Manifestações clínicas: dificuldade respiratória (principalmente pra expirar) • Principais representantes: bronquite crônica, enfisema pulmonar, asma • Enfisema e bronquite crônica são agrupadas clinicamente em DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) • Grande vilão: tabagismo Fatores de risco • Tabagismo (inclusive fumo passivo) • Poluição indoor (queima de combustíveis de biomassa, fornos siderúrgicos, fogão a lenha) e outdoor • Alérgenos variados • Agentes ocupacionais • Estados pós-infecciosos • Dieta e estados nutricionais (provável) DPOC • Bronquite: estreitamento e obstrução da luz de pequenas vias respiratórias ® predomina processo inflamatório • Enfisema: responsável pela perda do recolhimento elástico pulmonar / perda da elasticidade ® predomina destruição de alvéolos • Em ambas: limitação ao fluxo de ar • Podem ser paralisadas, não revertidas. As lesões já obtidas irão permanecer ASMA • Obstrução brônquica reversível associada à inflamação e hiper-reatividade das vias respiratórias a diferentes estímulos (geralmente reação imunológica) BRONQUITE CRÔNICA • Clinicamente definida como tosse persistente com produção excessiva de muco presente na maioria dos dias, durante 3 meses, por pelo menos 2 anos consecutivos • Tosse e expectoração mais intensas pela manhã • Fumo é a principal causa ® pode ocorrer em não tabagistas, que vivem em ambientes com grande poluição ambiental Taise Terra @med_rabiscos Patogênese • Irritação crônica por substâncias inaladas (tabaco, fumaça, poluentes) ® vai causar inflamação das vias aéreas e do parênquima pulmonar ® essa inflamação vai ser crônica (não para) • As exacerbações são causadas por infecções agudas bacterianas ou virais • Há hipertrofia das glândulas submucosas e hiperplasia de células caliciformes (como resposta às agressões) ® gera acúmulo de secreção • A obstrução acontece como consequência de: o # da produção de muco o Formação de grumos de macrófagos o Inflamação peribrônquica ® leva a edema da mucosa o Espessamento fibroso (tardio) peribrônquico Morfologia • Inflamação (crônica ou crônica agudizada) em torno dos brônquios, que estão preenchidos com muco • Hiperplasia/hipertrofia glandular • Muito muco e células inflamatórias, deixando pouco espaço para o ar Paciente enfisematoso x Paciente bronquítico • Bronquite: “tossidor azul”® sobrepeso (fica mais inchado; retenção), pletórico, cianótico; entra em quadro de hipoventilação (leva a acidose respiratória e hipoxemia) ® hemoglobina pouco oxigenada, coloração azulada, cianótica • Enfisema: “soprador rosado” ® magro, sempre soprando, rosado (# de produção de células sanguíneas – hemácias) ® produz hemoglobina pra tentar compensar ENFISEMA • Aumento anormal e permanente dos espaços aéreos distais (alvéolos), acompanhada de destruição de suas paredes, sem fibrose evidente • Ácino pulmonar: porção do parênquima distal a um bronquíolo terminal; constituído pelobronquíolo respiratório, ductos e sacos alveolares e alvéolos • Lóbulos pulmonar: o conjunto de 3 a 5 bronquiolos terminais e seus respectivos ácinos constitui o lóbulo pulmonar Incidência • Importante causa de morbimortalidade • Em necropsia, incidência de 50% • Clara associação com tabagismo Patogênese • Inflamação crônica e discreta das vias aéreas, do parênquima e da vasculatura o Macrófagos, linfócitos T e neutrófilos estão aumentados em várias partes do pulmão o As células inflamatórias ativadas liberam mediadores capazes de danificar as estruturas pulmonares e atraírem neutrófilos o Neutrófilos possuem elastase • Há um desequilíbrio (não totalmente esclarecido) das proteases e antiproteases (sendo que as proteases lisam proteínas e as antiproteases evitam danos) Taise Terra @med_rabiscos Tipos de enfisema (classificação anatômica de acordo com como se instala no ácino) • Centroacinar (centro) • Panacinar (todo) • Parasseptal (distal, prox a pleura) • Irregular (em qualquer lugar) - Centroacinar e panacinar: obstrução significativa do fluxo de ar - Centroacinar: mais comum 95% - Definição por exame de imagem ou macroscópica (não micro) CENTROACINAR OU CENTROLOBULAR • A porção próxima aos bronquíolos respiratórios é afetada, poupando as regiões mais distais • Consequentemente, em um mesmo lobo há áreas alteradas e preservadas • Ocorre comumente em tabagistas crônicos e se associa a pigmento negro ® antracose/fuligem • É mais evidente em lobos superiores PANACINAR • Ácidos uniformemente dilatados desde o bronquíolo respiratório até o alvéolo terminal • Ocorre mais comumente em lobos inferiores • Associado à deficiência de alfa-1-antitripsina (genética) o Deficiência de alfa-1-antitripsina: o Distúrbio genético por mutações no gene SERPINA1 o Alfa-1-antitripsina é produzida principalmente no fígado e atua como antiprotease ® função de inativar a elastase neutrofílica, impedindo a ocorrência de dano tecidual o Quando ocorre essa deficiência, determina doença hepática e pulmonar. No pulmão manifesta como enfisema de aparecimento precoce e de predomínio basal (panacinar) o Essa deficiência genética pode justificar o enfisema em pessoa nova e não fumante PARASSEPTAL (ACINAR DISTAL) • A porção proximal está normal, mas a distal está predominantemente envolvida • Mais notável próximo à pleura • Costuma ocorrer adjacente a áreas de fibrose, cicatrização e atelectasia • Podem cursar com ruptura e pneumotórax espontâneo (emergência médica) IRREGULAR • Sem padrão específico de comprometimento • Geralmente associado a regiões de cicatrização • Quando focais, são assintomáticos e clinicamente insignificantes Morfologia • Aumento dos espaços aéreos, lembrando pequenas bolhas à macroscopia • A distribuição das lesões ocorre conforme sua classificação anatômica • O pulmão fica com tamanho maior • Microscopicamente há alvéolos anormalmente grandes, separados por finos septos. Pode existir inflamação focal (bronquite) Taise Terra @med_rabiscos Curso clínico • Manifestações surgem quando há comprometimento de, ao menos, 1/3 do parênquima • Dispneia (primeiro sintoma) • Tosse (seca ou com expectoração) • Sibilação • Perda de peso • Aumento torácico: tórax em barril ASMA • Doença inflamatória crônica das vias respiratórias que cursa com hiper-reatividade brônquica em resposta a diferentes estímulos • Clinicamente: episódios recorrentes de dispneia, chiado, tosse • Associados a obstrução brônquica: manifestações reversíveis (espontaneamente ou com tratamento) • Prevalência de 7% da população geral • Acomete principalmente crianças e adolescentes (pode iniciar também na fase adulta) • Cerca de 5% dos asmáticos apresenta doença de difícil controle e refratária ao tratamento com corticoides • Por vezes, pode haver um estado não intermitente de bronco constrição resultando em morte • Cuidado com uso de beta-bloqueadores! ® bloqueia a adrenalina, que é o que dilata Fatores desencadeantes de crise asmática • Alérgenos • Exercício físico • Infecções virais • Poluição do ar • Ácido acetilsalicílico • Estresse • Fatores ocupacionais A asma pode ser classificada: • Asma atópica (alérgica ou extrínseca) o Mais comum o Há evidência de sensibilização e resposta imunitária a certos antígenos (pó doméstico, alimentos, pelos de animais, etc) o História familiar de asma, rinite alérgica e/ou eczema atópico • Asma não tópica (não alérgica ou intrínseca) o Não se identifica um alérgeno predisponente o Em geral, história familiar negativa o Pode ser induzida por medicamentos (AINEs, aspirinas) o Pode ser ocupacional (plástico, madeira, algodão) Patogênese da asma atópica/alérgica • Quando os mastócitos revestidos por IgE são expostos ao alérgeno, há degranulação mastocitária, liberando substancias que cursam com: broncoconstrição, vasodilatação, aumento de permeabilidade vascular e aumento da produção de muco (crise aguda de asma) • Além disso, recrutam: eosinófilos, linfócitos, neutrófilos, basófilos, macrófagos • A resposta ao alérgeno pode ser imediata ou tardia • Imediata: surge minutos após o estímulo e desaparece em 30- 60 minutos, espontaneamente ou por tratamento • Tardia: ocorre em 60% dos pacientes; surge 6-8 horas após a exposição alergênica, resultando em nova crise Reação de hipersensibilidade do tipo I • Mastócitos são células residentes do epitélio brônquico e da submucosa, encontrados em número maior em indivíduos asmáticos do que não asmáticos • Quando os mastócitos são ativados e revestidos por IgE, são expostos ao antígeno sensibilizante, sofrem degranulação e liberam: mediadores pré-formados (histamina), mediadores lipídicos (prostaglandinas e leucotrienos), citocinas, fator estimulador de colônia de granulócitos e macrófagos • Essas substancias atuam diretamente nas vias respiratórias ou indiretamente, através de mecanismos neurais o Crise aguda de asma: broncoconstrição, aumenta permeabilidade vascular, vasodilatação, aumento produção de muco • Recrutam e ativam novas células para o sítio inflamatório, capazes de perpetuar resposta inflamatória mediante liberação de novos mediadores pró-inflamatórios Morfologia • Pulmões hiperdistendidos por hiperinsuflação • Oclusão de bronquíolos por tampões mucosos • Muco contendo espirais de Curschmann (células epiteliais descamadas) ® marcador histológico
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