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Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA ANATOMIA TOPOGRÁFICA E VASCULARIZAÇÃO NO ENCÉFALO: ANATOMIA FUNCIONAL DO CÓRTEX: O córtex cerebral apresenta em sua estrutura, diversos segmentos funcionais, que são responsáveis pela percepção de estímulos ou pela realização de movimentos. As regiões de mais importância são: Áreas sensoriais: o Área somestésica primária: se localiza no giro pós-central, englobando as áreas 3,1 e 2 de Brodmann. Capta sinais de temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção de forma contralateral. Deste modo, nota-se que oclusões nas artérias que irrigam a região podem causar perda da sensibilidade discriminativa no hemicorpo oposto. Áreas sensoriais direcionadas a estruturas sistêmicas (o tamanho da parte do corpo é reflexo da sensibilidade de sua percepção à estímulos) o Área somestésica secundária: encontrada no lobo parietal superior. Quando comprometida, implica em agnosia tátil. Localização anatômica das principais áreas sensoriais corticais Áreas motoras: seu funcionamento adequado requer a presença de estímulos sensoriais, uma vez que o planejamento do movimento é dependente das informações captadas do meio. o Área motora primária (M1): é a área 4 de Brodmann, situada na parte posterior do giro pré-central. Tem como principal característica a presença de células de Betz (células piramidais gigantes). Esse é o ponto de origem da maior parte das fibras dos tratos corticoespinal e corticonuclear, que controlam principalmente a musculatura distal dos membros. Disposição dos focos de ação motora no córtex cerebral (o tamanho da parte do corpo está associado à delicadeza dos movimentos) Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA o Área pré-motora: encontra-se na face lateral do lobo frontal, ocupando toda a área 6 de Brodmann, responsável pelo planejamento dos movimentos. Sua ação é mais difusa relacionada a músculos do tronco ou da parte proximal dos membros. Dá origem ao trato córtico-retículo- espinhal, que estabiliza grupos musculares maiores para atividades delicadas. o Área motora suplementar: está inserida na face medial do giro frontal superior, ainda na área 6 de Brodmann. Graças as suas interações, também participa do planejamento de movimentos em sequência. Principais componentes do córtex motor Áreas relacionadas à linguagem: o córtex apresenta dois centros principais para a linguagem, um anterior, no giro frontal inferior (área de Broca), que se relaciona com a expressão falada ou escrita, e outro posterior, entre os lobos parietal e temporal (área de Wernicke), responsável pela percepção do discurso. A lesão de algum desses segmentos pode provocar afasia, seja ela motora (compreende, porém fala com dificuldade) ou sensitiva (não consegue compreender nem produzir fala com sentido). Interações corticais durante a repetição de uma palavra VASCULARIZAÇÃO: No encéfalo, a necessidade de oxigênio e nutrientes é bastante elevada, consumindo 15% de toda a circulação sistêmica, refletindo atividade metabólica constante. O fluxo sanguíneo cerebral é diretamente proporcional à pressão arterial (PA), e inversamente proporcional à resistência cerebrovascular (RCV). A RCV é dependente de alguns fatores, a saber: Pressão intracraniana: tem relação diretamente proporcional (quanto maior a pressão, maior será o aumento da resistência vascular); Condição da parede vascular: lesões vasculares, como as arterioscleroses, podem aumentar a RCV; O planejamento motor se inicia com a ativação de uma área motora secundária, que escolhe os grupos musculares necessários, transferindo essas informações à M1, que executa a ação proposta. Danos em áreas associadas a aspectos seletivos da linguagem podem causar afasias direcionadas ao conteúdo armazenado na região Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA Viscosidade do sangue: implica em elevação proporcional da resistência local; Calibre dos vasos cerebrais: é influenciado por aspectos nervosos e humorais, destacando-se o CO2, que apresenta forte ação vasodilatadora no encéfalo. A irrigação encefálica tem como representantes iniciais as artérias carótidas internas e as artérias vertebrais, que formam, na base do crânio, o polígono de Willis, a partir do qual irão se dividir os ramos que nutrirão diretamente o cérebro. Irrigação encefálica, com circulação anterior (A. carótidas internas) e posterior (A. vertebrais) De forma geral, esses vasos possuem paredes finas (maior risco de hemorragias), túnica média com menor volume de fibras musculares e abundância de fibras elásticas. Esse último fator, junto à tortuosidade das artérias em sua penetração no crânio. Auxilia a amortecer o choque causado pela pulsação sistólica. Há certa independência entre as circulações intra e extracranianas, de forma que as anastomoses existentes são incapazes de manter circulação colateral na obstrução nas artérias carótidas internas. ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA: A artéria carótida interna é uma ramificação da carótida comum, penetrando o crânio a partir do canal carotídeo, situado no osso temporal. Desse ponto, ela atravessa o seio cavernoso e forma o sifão carotídeo, em formato de S. Localização do sifão carotídeo O trajeto segue com a perfuração da dura- máter e da aracnoide, dividindo-se, no sulco lateral, em suas porções terminais, chamadas de artérias cerebrais média e anterior. Trajeto e derivações da artéria carótida interna O fluxo sanguíneo também varia conforme seu estado funcional, sendo predominantemente maior em áreas de substância cinzenta Tanto a artéria cerebral média quanto a anterior se dividem em ramos superficiais e profundos, que suprem diversas áreas do córtex Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA Além disso, também são artérias derivadas das carótidas internas: Artéria oftálmica: se desponta logo após a passagem pela dura-máter, irrigando o bulbo ocular e seus anexos; Artéria comunicante posterior: forma uma anastomose com a artéria cerebral posterior, contribuindo para formar o polígono de Willis; Artéria coroidea anterior: se projeta para trás junto ao trato óptico, sendo responsável pela irrigação de plexos coroides, parte da cápsula interna, os núcleos da base e o diencéfalo. Ramificações cerebrais da artéria carótida interna (retângulo) ARTÉRIA VERTEBRAL E BASILAR: O traçado das artérias vertebrais se inicia na região subclávia, projetando-se para cima em direção aos forames transversos cervicais, penetrando a membrana atlantoccipital e atingindo o crânio pelo forame magno. A seguir, esses vasos percorrem a face ventral do bulbo, se fundindo em artéria basilar na região do sulco bulbopontino. Percurso e divisões da artéria vertebral, desde sua origem à fusão da artéria basilar É também necessário reforçar o surgimento de dois outros vasos, as artérias espinhais posteriores e a artéria espinhal anterior, que suprem a medula, e das artérias cerebelares inferiores posteriores, que se dirigem ao cerebelo. Outros ramos importantes resultantes da A. basilar são: Artéria cerebelar posterior: se direciona ao mesencéfalo e a parte mais superior do cerebelo; Artéria cerebelar inferior anterior: é responsável pela irrigação da parte anterior da face cerebelar inferior; Artéria do labirinto: supre estruturas do ouvido interno, penetrando essa região junto aos nervos facial e vestibulococlear. Ramos pontinos. A artéria basilar costuma se bifurcar anteriormente após a passagem pelo bulbo, originando a artéria cerebral posterior(assim como as demais, apresentando lados direito e esquerdo). Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA Vista posterior das estruturas que irrigam o tecido encefálico POLÍGONO DE WILLIS: O polígono de Willis, tal como mencionado anteriormente, é uma anastomose arterial situada na base do cérebro, circundando o quiasma óptico e o túber cinéreo. Essa estrutura é formada pelos segmentos proximais das artérias cerebrais anterior, média e posterior, pela artéria comunicante anterior e pelas artérias comunicantes posteriores. Representação gráfica do polígono de Willis As A. comunicantes posteriores são responsáveis pela união entre o sistema carotídeo e o vertebral, formando uma anastomose parcial, uma vez que normalmente não há passagem de sangue entre essas áreas. Destaca-se que as artérias cerebrais criam ramos corticais, direcionados ao córtex e à substância branca, e ramos centrais, formados pela porção proximal dos vasos, irrigando o diencéfalo e os núcleos da base, além da cápsula interna. Dada sua importância, essas últimas estruturas são também denominadas de artérias estriadas, nutrindo a maior parte da região interna. Lesões nesses vasos são potencialmente graves. As ramificações corticais apresentam interações ineficientes entre si, implicando em acometimento de território extenso na presença de lesões das artérias cerebrais. As áreas irrigadas por esses vasos são: Artéria cerebral anterior: se ramifica na face medial de cada hemisfério, abrangendo desde o lobo frontal ao sulco parietoccipital, além de também irrigar a porção dorsolateral mais alta do cérebro (limítrofe com artéria média); Artéria cerebral média: é o principal ramo da carótida interna, percorrendo todo o sulco lateral e, consequentemente, irrigando a maior Também não há interação significativa entre os lados direito e esquerdo desse circuito, o que permite a manutenção do fluxo sanguíneo, mesmo frente à obstrução de alguma das “artérias maiores”. A obstrução desse vaso leva a sintomas como paralisia e diminuição da sensibilidade em membro inferior contralateral (afeta córtex motor e sensitivo no lóbulo paracentral) Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA parte da região lateral do cérebro (repleta de áreas importantes); Artéria cerebral posterior: por serem ramos da artéria basilar, se deslocam para trás, contornando o pedúnculo cerebral e percorrendo a face inferior do lobo temporal e o lobo occipital, principalmente o sulco calcarino. Segmentos cerebrais laterais/mediais e sua fonte primária de irrigação Os sintomas mais associados a oclusões da ACM são paralisia e menor sensibilidade em hemicorpo contralateral (exceto em MMII), além de distúrbios de linguagem, podendo também culminar em óbito Nota-se, em pacientes com oclusões de artéria cerebral posterior, cegueira em parte do campo visual Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA Suprimento arterial das principais áreas encefálicas (destaque para segmentos corticais), tomando como referência o polígono de Willis Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA
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