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SAÚDE BUCAL COLETIVA II LARA CARVALHO MORAES POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL E VIGILÂNCIA EM SAÚDE Por muitos anos, o acesso dos brasileiros à saúde bucal foi extremamente difícil e limitado, sendo a extração dentária o principal tratamento oferecido pela rede pública, o que perpetuava a filosofia do Modelo Cirúrgico Restaurador que era baseado no tratamento das sequelas e não das causas das doenças bucais. Na tentativa de mudar essa situação, foi lançada a Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) – Programa Brasil Sorridente (SBBrasil) pelo Ministério da Saúde em 2003, reunindo ações em Saúde Bucal voltadas para os cidadãos de todas as idades, com ampliação do acesso ao tratamento odontológico gratuito aos brasileiros, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). As diretrizes da PNSB apontavam para uma reorganização da atenção em saúde bucal em todos os níveis de atenção, tendo uma gestão participativa (incluindo a comunidade), com o conceito do cuidado (humanização, vínculo e acolhimento) como eixo de reorientação do modelo, respondendo a uma concepção de saúde não centrada somente na assistência aos doentes, mas também na promoção da boa qualidade de vida (respostas às dores, angústias, problemas e aflições) e intervenção nos fatores que a colocam em risco (determinante sociais). Assim, as ações e serviços devem resultar de um adequado conhecimento da realidade de saúde de cada localidade (território) para, a partir disso, construir uma prática efetivamente resolutiva. Para a organização deste modelo é fundamental que sejam pensadas as linhas do cuidado com a criação de fluxos que impliquem ações resolutivas das equipes de saúde, centradas no acolher, informar, atender e encaminhar (referência e contra-referência). A promoção de saúde bucal está inserida num conceito amplo de saúde que ultrapassa a visão meramente técnica do setor odontológico, integrando a saúde bucal às demais práticas de saúde coletiva. Dentro das ações de promoção e proteção da saúde da PNSB pode-se destacar seis principais: fluoretação das águas; educação em saúde; higiene bucal supervisionada; aplicação tópica de flúor; ações de recuperação e ações de reabilitação. Os levantamentos epidemiológicos são importantes ferramentas no campo da vigilância em saúde e fazem parte de um conjunto mais amplo das estatísticas da saúde, fundamentais nos processos e monitoramento das condições de saúde e do desempenho do sistema de saúde, além de serem importantes para a estruturação das políticas de saúde e, em consequência, das ações. Dessa forma, é importante que eles sejam periódicos e regulares para que se possa conhecer a realidade epidemiológica da população. Uma das experiências de estudos epidemiológicos em saúde bucal de base nacional foi a do Projeto SBBrasil (em 2003 e 2010), que se coloca enquanto principal estratégia de vigilância em saúde bucal no eixo da produção de dados primários sobre o tema, contribuindo para a construção de uma Política Nacional de Saúde Bucal pautada em modelos assistenciais de base epidemiológica. Pode-se concluir então que a Política Nacional de Saúde Bucal e a Vigilância em Saúde estão interligadas, ou seja, os dados (indicadores) produzidos pela Vigilância em Saúde podem contribuir enormemente com a Política Nacional de Saúde Bucal no que diz respeito a atingir as suas diretrizes, visando a ampliação do cuidado, ações humanizadas, resolutivas e integrais, dentro da concepção e necessidades locais de cada usuário.
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