Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 FARMACOLOGIA APLICADA – QUINTO PERÍODO – UNINOVE MAUÁ 2020 Sistema Digestório Supressores da Acidez Gástrica Principais indicações para reduzir a secreção de ácido: Úlcera péptica (gástrica ou duodenal); Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE); Síndrome de Zollinger-Ellison (afecção hipersecretora causada por um tumor secretor de gastrina); INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS Fármacos: Esomeprazol, omeprazol, dexlansoprazol, pantoprazol, lansoprazol e rabeprazol. Bloqueia a produção gástrica, independente da causa da acidez. Causa um bloqueio irreversível à bomba de prótons. É absorvido no trato gastrointestinal (administração via oral), cai na circulação sistêmica e é reabsorvido pelas células parietais, onde estão localizadas as bombas de prótons. A orientação é de que o paciente tome a medicação em jejum, pelo menos 30 minutos antes da primeira refeição do dia. A justificativa é que durante o jejum, há maior número de bombas de prótons disponíveis. O fármaco é excretado pelos rins. Efeitos Adversos: aumento das infecções (pneumonia e colite pseudomembranosa – principalmente em pacientes internados), fratura patológica (principalmente em mulheres pós-menopausa), TGI (colite pseudomembranosa) e dermatológicos (lesões de pele – menos comuns). Pode causar déficit cognitivo mais precoce em pacientes que usem IBPs a longo prazo. Interação medicamentosa com varfarina, diazepam, ciclosporina e metotrexate. Indicações Clínicas: Cicatrização de úlceras gástricas e duodenais – tratamento de 6 a 8 semanas; Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE); Esofagite erosiva; Erradicação de H. pylori (associado a antibioticoterapia); * Devem ser usados com cautela em pacientes hepatopatas ou em grávidas ou lactantes. * O uso desses fármacos pode mascarar sintomas de câncer gástrico. * Os inibidores de prótons são fármacos mais eficientes que os antagonistas do receptor H2 da Histamina * 4 a 8 semanas de uso são o suficiente para cicatrização de úlceras; BLOQUEADORES DO RECEPTOR H2 Fármacos: Cimetidina, Famotidina, Ranitidina e Nizatidina; O H2 é o mais importante receptor de histamina do trato gastrointestinal. O mecanismo de ação desses fármacos é um bloqueio reversível dos receptores H2 na parede basolateral da célula parietal; Efeitos Adversos: tratogastrointestinal (associado à administração via oral) e Sistema Nervoso Central (sonolência, alucinação, alteração do nível de consciência – aplicação endovenosa não é muito recomendada), etc. MISOPROSTOL É um fármaco mais indicado para úlceras pépticas ocasionadas pelo uso indiscriminado de AINEs. Seu mecanismo de ação ocorre por ser análogo (parecido) às prostaglandinas E1. Aumenta a secreção de muco e de bicarbonato de sódio. É uma medicação abortiva, que tem como efeito colateral o aumento da contração uterina, portanto, não pode ser administrado em gestantes. Efeitos Adversos: diarreia e cólicas abdominais. SUCRALFATO Proteção de mucosa. Cria uma barreira física para citoproteção. Pacientes sintomáticos respondem bem ao sucralfato. Complexo de hidróxido de alumínio e sacarose sulfatada, que libera o alumínio na presença do ácido. 2 Pode formar géis complexos com o muco, ação que pode diminuir a degradação do muco pela pepsina. Pode inibir a ação da pepsina e estimular a secreção de muco, bicarbonato e prostaglandinas pela mucosa gástrica. Exige ambiente ácido para ativação, portanto, antiácidos administrados concomitantemente ou antes de sua administração reduzem sua eficácia. Efeitos Adversos: constipação. Boca seca, náuseas, vômitos, cefaleia e rashes. QUELATO DE BISMUTO Pode ser usado em esquema combinado para tratamento de H. pylori. Não tem mecanismo claro de citoproteção. Efeitos Adversos: incluem náuseas e vômitos e escurecimento da língua e das fezes. Antiácidos Neutralizam diretamente o ácido, que também tem o efeito de inibir a atividade das enzimas pépticas, que praticamente cessa em pH 5. Antiácidos mais comuns: sais de magnésio e alumínio; Sais de magnésio: causam diarreia; Sais de alumínio: causam constipação; Quando utilizados concomitantemente, preservam a função normal do intestino. Hidróxido de magnésio: pó insolúvel que forma cloreto de magnésio no estômago. Trissilicato de magnésio: pó insolúvel, que forma cloreto de magnésio e sílica coloidal. Tem efeito antiácido prolongado e também adsorve a pepsina. Gel de hidróxido de alumínio: forma cloreto de alumínio no estômago. Atua elevando o pH do suco gástrico para cerca de 4 e também adsorve a pepsina. Alginatos e simeticona podem ser combinados aos antiácidos. Os Alginatos aumentam a viscosidade e a aderência do muco à mucosa esofágica, formando uma barreira protetora. A Simeticona é um agente antiespumante, que alivia a distensão abdominal e flatulência. Procinéticos Antagonistas dopaminérgicos; Agonistas serotoninérgicos; Miscelânea; São fármacos que aceleram o esvaziamento gástrico aumentando a motilidade gastrointestinal. Anticinéticos – causam o efeito de relaxamento, proporcionando uma peristalse (contração) inadequada: relaxantes musculares e bloqueadores de canal de cálcio. Uso clínico dos procinéticos: Acalásia; DRGE; Gastroparesia; Pseudo-obstrução intestinal; Constipação; ANTAGONISTAS DOPAMINÉRGICOS A dopamina é um antagonista da acetilcolina, portanto, quanto maior a quantidade de dopamina disponível, menor a quantidade de acetilcolina. Esses antagonistas causam redução da pressão do esfíncter esofagiano inferior e pressão intragástrica. Também atua inibindo a náusea e o vômito no SNC. Metoclopramida Mecanismo de ação: inibição do receptor D2 + agonismo 5HT4 e muscarínico + antagonismo 5HT3. Farmacocinética: metabolismo principalmente hepático e excreção renal. Este fármaco pode ser utilizado por via oral e via parenteral. Meia-vida de 4 a 6 horas. Efeitos Adversos: efeitos extrapiramidais - acatisia, acinesia e discinesia tardia (comum em idosos – suspender a droga). O uso de anti-histamínico e anticolinérgico podem reverter os efeitos extrapiramidais. Também pode ocorrer hiperprolactinemia (amenorreia, galactorreia, etc). Domperidona Mecanismo de ação: inibição do receptor D2. Farmacocinética: metabolismo hepático e excreção, principalmente, fecal. Efeitos Adversos: hiperprolactinemia e arritmias ventriculares (uso crônico, pode causar morte súbita). Não atravessa a BHE, portanto, não apresenta efeitos extrapiramidais. Causa também a inibição da náusea e do vômito. 3 Bromoprida Mecanismo de ação: inibição do receptor D2. Farmacocinética: metabolismo hepático e excreção renal e fecal. Efeitos Adversos: os mesmos efeitos adversos da Domperidona. AGONISTAS SEROTONINÉRGICOS Função direta excitatória: receptores 5HT3 e 5HT4. Função direta inibitória: 5HT1A. Função Indireta: liberação de NO (óxido nítrico) e Ach (acetilcolina), que são estimulantes da peristalse; e sinalização interneural (facilita a sinalização). Medicações: Cisaprida, prucaloprida, velusetrag e naronaprina. Apresentam grandes efeitos adversos, principalmente arritmia ventricular, o que justifica seu uso restrito e não são drogas de escolha. MISCELÂNEA Fármaco: Eritromicina. Mecanismo de ação: seu principal mecanismo é a mimetização da ação motilina (que tem como função o aumento da contração do trato gastrointestinal) e facilitação da atividade colinérgica. Farmacocinética: metabolismo hepático e excreção é, prioritariamente, renal. Limitações: efeito antibiótico e tolerância. Antieméticos Tem grande importância como complemento na quimioterapia para câncer, em que náuseas e vômitos produzidos por muitos citotóxicos podem ser quase insuportáveis. O uso de fármacospara alívio de náuseas matinais da gravidez sempre deve trazer à mente o problema da potencial lesão ao feto. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES H1 Fármacos: cinarizina, ciclizina e prometazina. São eficazes contra náuseas e vômitos originados de muitas causas, incluindo cinetose e a presença de irritantes no estômago. Já a prometazina é usada para náuseas matinais na gravidez, em raras ocasiões em que o enjoo é grave. Efeitos Adversos: sonolência e sedação. ANTAGONISTAS DE RECEPTORES MUSCARÍNICOS Fármacos: Hioscina (Escopolamina). Empregada para a profilaxia e tratamento de cinetose. Pode ser administrada por via oral ou adesivo transdérmico. Efeitos Adversos: Visão embaçada e boca seca. Tem menor potencial de sedação devido à fraca penetração no SNC. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES 5-HT3 (SEROTONINÉRGICO) Fármacos: Granisetrona, ondansetrona e palonosetrona. Mecanismo de ação: Bloqueio 5HT3 no centro do vômito e nos aferentes vegais e espinais. Farmacocinético: Metabolismo hepático e excreção renal. São úteis na prevenção e tratamento de vômitos e, com menor eficácia, de náuseas, comumente observados no pós-operatório ou por radioterapia ou administração de fármacos citotóxicos como a cisplatina. Podem ser administrados por via oral ou parenteral. Efeitos Adversos: cefaleia e desconforto gastrointestinal. Causa constipação, prolongamento do intervalo QT (arritmias) e síndrome serotoninérgica. Ação sinérgica com corticoesteróides. ANTAGONISTAS DA DOPAMINA Fármacos: Clorpromazina, perfenazina, proclorperazina e trifluoperazina. São antipsicóticos fenotiazínicos comumente usados para tratar as manifestações mais intensas de náuseas e vômitos associados a câncer, radioterapia, citotóxicos, opioides, anestésicos e outros fármacos. Podem ser administrados por via oral, intravenosa ou por supositório. Atuam, principalmente, como bloqueadores dos receptores D2 da dopamina. Efeitos Adversos: sedação (principalmente a clorpromazina), hipotensão e sintomas extrapiramidais, como distonias e discinesia tardia. Outros antipsicóticos, como haloperidol, droperidol e a levomepromazina também atuam como antagonistas D2 e podem ser usados para êmese aguda induzida por quimioterapia. 4 ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DA NEUROQUININA Fármacos: Aprepitanto - Fosaprepitanto (pró- fármaco), Rolapritant e Netupitant + Palonosetrona. Mecanismo de ação: bloqueio dos receptores NK1. Efeitos Adversos: tontura e fadiga. Interações: Quimioterápicos e varfarina (diminuição do INR). AGONISTAS CANABINÓIDES NÃO é liberado no Brasil. Fármacos: Dronabinol (THC) e nabilona, Mecanismo de ação: Estimulação dos receptores CB1 na ZGQ e no centro do vômito. Uso clínico: paciente refratário às outras medicações, como pacientes em quimioterapia. Efeitos Adversos: Efeitos simpáticos e “marijuana-like highs” (alucinação, fome, etc). MISCELÂNEA Anticolinérgicos (Antagonistas dos receptores H1); Anti-histamínicos (Antagonista de receptores muscarínicos); Benzodiazepínicos; Piridoxina (Vitamina B6) – associada ao anti- histamínico; Ácido fosfórico, frutose e glicose – associada ao anti-histamínico em uso pediátrico; Anti-histamínicos Fármacos: Ciclizina, Meclizina, Prometazina e Difenidramina. Mecanismo de ação: Bloqueio H1. Uso clínico: “Motion sickness” Efeitos Adversos: sonolência. Anticolinérgicos Fármacos: Hioscina (Escopolamina). Mecanismo de ação: Bloqueio M1. Uso clínico: “Motion sickness”. Efeitos Adversos: Constipação. 5 Anticonstipantes Constipação é caracterizada pela sensação de evacuação insatisfatória, seja por diminuição da frequência (<3x/sem) ou por dificuldade da passagem das fezes. Suas etiologias podem ser: constipação funcional/primária, drogas, obstrução mecânica, doenças neurológicas e doenças neuroendócrinas. Medidas educacionais: prática de atividades físicas, dieta rica em frutas/verduras (20-35g de fibras/dia) e pobre em gordura, mínimo de 2L de água/dia e evitar inibição do reflexo de defecação. Atenção aos sinais de ALARME: Anemia, sangramento retal, perda de peso não intencional, presença de sangue oculto nas fezes, histórico familiar de câncer de cólon, suspeita de doença sistêmica e constipação grave não responsiva ao tratamento inicial. Mecanismos dos Anticonstipantes: Aumento da retenção intraluminal de fluido por mecanismo hidrofílico ou osmótico; Diminuição da absorção de fluido no intestino; Alteração da motilidade colônica com diminuição das contrações não propulsivas e aumento das contrações propulsivas; FORMADORES DE BOLO FECAL Fármacos: Naturais: Psyllium, metilcelulose e farelo de trigo; Sintética: Policarbofila cálcica; Mecanismo de ação: Estímulo à absorção de água nas fezes. Efeitos Adversos: distensão abdominal e flatulência. EMOLIENTES Fármacos: Aumento da interação com a água: Docusato de sódio ou cálcio, supositório glicerinado (via retal); Retenção de água: óleo mineral; Mecanismo de ação: Efeito surfactante nas fezes (lubrificam as fezes). Efeitos Adversos: Relacionados, principalmente, com o uso de óleo mineral – pneumonite lipídica - pediatria (além dos pacientes com risco de broncoaspiração) e deficiência de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). LAXATIVOS OSMÓTICOS Fármacos: Hidróxido de magnésio, polietilenoglicol (PEG), lactulona e sorbitol. Mecanismo de ação: Criação de gradiente osmótico no lúmen intestinal. Efeitos Adversos: Distensão abdominal e flatulência. LAXATIVOS CATÁRTICOS Fármacos: Bisacodil, picossulfato de sódio, senna e cáscara sagrada. Mecanismo de ação: Inflamação leve e autolimitada do TGI para acúmulo de eletrólitos no lúmen intestinal. Efeitos Adversos: cólon atônico, isquemia colônica, hipermagnesemia, queda da taxa de filtração glomerular, melanose colônica, diarreia e dor abdominal. SECRETAGOGOS Fármacos: Lubiprostone, linaclotide e plecanatide. Mecanismo de ação: Aumento da secreção de cloro e bicarbonato, seguido de aumento do aporte de água intraluminal. Efeitos Adversos: Diarreia e dor abdominal. * Em casos de constipação por opioides, associá-lo a um secretagogo. Antidiarreicos A diarreia é caracterizada pelo aumento na frequência das evacuações (>3x/24h) e/ou alteração da consistência das fezes. Mecanismos da diarreia: Aumento da osmolaridade intraluminal; Aumento da secreção de eletrólitos e água no lúmen intestinal; Aumento da motilidade intestinal; Indicações: Diarreia aguda leve ou moderada – sem sinal de gravidade; Diarreia crônica (Síndrome do Intestino Irritável ou Doença Inflamatória Intestinal); Contraindicações: sangue nas fezes, febre/toxemia – sinais de gravidade. 6 AGONISTAS OPIÓIDES Fármacos: Loperamida, difenoxilato, eluxadolina e rececadotrila. A Loperamida atua, principalmente, no receptor opioide mi, e está muito mais associada à diminuição da motilidade. Apresenta metabolismo hepático. Sua administração é via oral e apresenta metabólito ativo. Mecanismo de ação: agonismo de receptores opioides mi e delta. Causam obstipação (é um efeito adverso eficaz para o caso). Efeitos Adversos: dependência e espasmos do esfíncter de Oddi. Pode causar um megacolon tóxico também. AGONISTAS ALFA-2 ADRENÉRGICOS Fármacos: Clonidina (hipotensor). Mecanismo de ação: Aumento da absorção. Diminuição da secreção de fluidos e eletrólitos. Aumento do tempo de trânsito intestinal. Usos clínicos: Principalmente, pacientes diabéticos com diarreia crônica. Efeitos Adversos: hipotensão, depressão e fadiga. ANTAGONISTAS SEROTONINÉRGICOS Octreotide e somatostatina Mecanismo de ação: inibição da secreção de 5HT (serotonina). Uso clínico:diarreias causadas pelo aumento da serotonina, como tumores carcinoides hipersecretivos. Uso também em casos de sangramento de varizes esofágicas. Efeitos Adversos: náusea, dor local, litíase biliar e disglicemias (hipo e hiperglicemia). Etiltelotristato Mecanismo de ação: inibição da triptofan hidroxilase e, consequentemente, inibe a produção de serotonina. Uso clínico: diarreias causadas pelo aumento da serotonina, como tumores carcinoides hipersecretivos. Efeitos Adversos: constipação. MISCELÂNEA Probióticos; Compostos de bismuto – diarreia do viajante; Colestiramina, colestipol e colesevelam – diarreia causada por aumento dos sais biliares; Crofelemer – diarreia associada ao uso de TARV (tratamento de HIV);
Compartilhar