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1 AV1 – Cardiologia – Prof.ª Geruza Sales Galdino Cirino – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 10/02/2022 – Aula 2 – HAS Parte 1 DEFINIÇÃO A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). - Doença crônica não transmissível (DCNT) defnida por níveis pressóricos, em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ ou medicamentoso) superam os riscos. - Condição multifatorial, que depende de fatores genétcos/ epigenétcos, ambientais e sociais, caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA). - PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva. Por se tratar de condição frequentemente assintomática, a HA costuma evoluir com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. → Ninguém morre de hipertensão, as pessoas morrem de lesões em órgãos alvo. Ela é o principal fator de risco modifcável com associação independente, para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura. Apresenta impacto signifcativo nos custos médicos e socioeconômicos, decorrentes das complicações nos órgãos- alvo. FATORES DE RISCO PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL Fatores de risco não modificáveis - Genética: Os fatores genéticos podem infuenciar os níveis de PA entre 30-50%, no Brasil devido à ampla diversidade de genes, às variantes genéticas estudadas até o momento e à miscigenação em nosso país, não foram identifcados dados uniformes com relação a tal fator. - Idade: 65% dos homens com mais de 60 anos desenvolvem hipertensão. Então, é possível que todos evoluam com hipertensão ao longo do envelhecimento. - Sexo: nos jovens, a PA é mais elevada em homens. No entanto, a elevação pressórica por década de vida se apresenta mais elevada nas mulheres. Com 65 anos ou mais não há diferença de PA entre homens e mulheres. - Etnia em nosso país, não houve uma diferença signifcativa entre negros e brancos. Miscigenação importante. Fatores de risco modificáveis - Ingestão de Sódio e Potássio: o consumo excessivo de sódio é um dos principais fatores de risco modifcáveis para a prevenção e o controle da HA, enquanto o aumento na ingestão de potássio reduz os níveis pressóricos. A partir disso, pode-se considerar a alteração do consumo de sódio e potássio como a primeira alteração do tratamento não farmacológico no indivíduo hipertenso. A ingestão média de sal no Brasil é de 9,3 g/dia (9,63 g/dia para homens e 9,08 g/dia para mulheres), enquanto a de potássio é de 2,7 g/dia para homens e 2,1 g/dia para mulheres. Recomenda-se que a ingestão de sódio seja limitada a aproximadamente 2 g/dia (equivalente a cerca de 5 g de sal por dia) na população em geral. - Sedentarismo: há uma associação direta entre sedentarismo, elevação da PA e da HÁ. O sedentarismo é maior entre as mulheres. 150 min de atividade fisica moderada (caminhada) por semana. 75 min de atividade física intensa por semana. - Álcool: há maior prevalência de HÁ ou elevação dos níveis pressóricos naqueles que ingerem seis ou mais doses ao dia, o equivalente a 30 g de álcool/dia = 1 garrafa de cerveja = 2 taças de vinho = 1 dose de destilados. - Tabagismo: o risco associado ao tabagismo é proporcional ao número de cigarros fumados e à profundidade da inalação. Parece ser maior em mulheres do que em homens. - Fatores Socioeconômicos: relacionado a menor escolaridade e condições de habitação inadequadas, além da baixa renda familiar. Esses fatores determinam o acesso aos serviços de saúde, a condição de seguir o tratamento farmacológico Farmácia popular disponibiliza como medicamentos anti- hipertensivos um IECA (Enalapril) e um BRA (Losartana). O beta bloqueador oferecido pelo SUS é o Atenolol (não é seletivo, vários efeitos colaterais), alguns posto de saúde tem Carvedilol (seria uma melhor escolha em relação ao Atenolol). O SUS oferece medicações importantes, mas que não são as melhores. Então, pessoas com maior condição socioeconômica vão conseguir fazer um tratamento farmacológico mais eficiente. O estresse e a alimentação também estão inclusos nesses fatores socioeconômicos, e indivíduos com maior condição socioeconômica tendem a ter menos estresse e melhor alimentação. Paciente que faz fibrilação atrial e depende do SUS, vai fazer o Marevan® (Varfarina), anticoagulante que age na inibição dos fatores de coagulação dependentes da vitamina K. Esse medicamento altera sua absorção de acordo com a dieta (consumo de verduras – muita oferta Hipertensão arterial sistêmica 2 AV1 – Cardiologia – Prof.ª Geruza Sales Galdino Cirino – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 de vitamina K, influencia direta na cascata de coagulação – reduz sua absorção, não consumo aumenta sua absorção). Pode gerar sangramentos, então deve-se avaliar o tempo de protromobina do paciente toda semana. - Apneia Obstrutiva do Sono (AOS): aumento do risco para HÁ resistente (difícil tratamento, difícil controle, paciente tem que fazer 2, 3 e as vezes 4 classes de medicação). Ao tratar a apneia, consegue-se reduzir a PA. Existe uma associação mais forte de caucasianos e pacientes do sexo masculino. - Sobrepeso/Obesidade: parece haver uma relação direta, contínua e quase linear entre o excesso de peso (sobrepeso/obesidade) e os níveis de PA. Esperada diminuição de 1mmHg por cada quilo de peso perdido, isto é, a cada 10 kg perdidos, diminui-se 10 mmHg da PAS A obesidade (fator modificável mais difícil que se tem!!! Está muito relacionado à compulsão que é um problema psíquico) é um importante fator de risco para HAS, sobretudo por produzir aumento de insulina e de leptina circulantes. A hiperinsulinemia pode causar HAS por meio de alterações estruturais e funcionais na musculatura lisa vascular e pela disfunção endotelial. • O aumento de 4,5 kg no peso promove elevação da PAS em 4,4 mmHg. • A prevalência de HAS é cerca de três vezes maior em obesos. • Um dos principais fatores que predispõem à refratariedade ao tratamento da hipertensão. Vício do açúcar adquirido antes dos 14 anos de idade é mais difícil de ser controlado, porque esse vício está incluído já nas alterações neurológica desses indivíduos. A perda ponderal reduz a PA, mesmo sem alcançar o peso corporal desejável. Em uma metanálise incluindo 25 estudos, a perda ponderal de 5,1 kg reduziu, em média, a PAS em 4,4 mmHg e a PAD em 3,6 mmHg Figura 1: Resumo fatores de risco para HAS. Carey et al. 2008. FISIOPATOLOGIA DA HAS Fatores de risco modificáveis estão relacionados ao ambiente, enquanto os fatores de risco não modificáveis estão relacionados a história familiar, herança genética (alterações mono/poligênicas). Todos os 4 fatores abaixo são responsáveis por manter a pressão arterial regulada. No entanto, quando qualquer um desses fatores sofrerem um desequilíbrio isto irá influenciar no débito cardíaco (quantidade de sangue que sai do coração) e/ou na resistência vasular periférica (pressão do sangue na parede do vaso), consequentemente, alterando a PA. 1 - Mecanismos neurogênicos O sistema nervoso simpático (SNS) é responsável pelo controle em curto-prazo da PA, promovendo elevação da RVP, da contratilidade e da frequência cardíaca (FC). O aumento da atividade simpática é observado principalmente nas fases iniciais da HAS, ou mesmo, em estados pré-hipertensivos. 3 AV1 – Cardiologia – Prof.ª Geruza Sales Galdino Cirino – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Em crianças e adolescentes com HAS primária, a FC em repouso é maior do que em crianças normotensas e, muitas vezes, está associadacom altos níveis circulantes de norepinefrina, descarga adrenérgica sistêmica e no nervo renal. Estas alterações na HAS são mais frequentes na criança com obesidade. Hiperatividade simpática: sua etiologia não é totalmente esclarecida, porém, culmina em um aumento do débito cardíaco, da resistência vascular periférica e da pressão arterial. 2- Sistema renina-angiotensina (SRA) Precisamos lembrar que o SRA é responsável pela integração entre os sistemas cardiovascular e renal, por meio de mecanismos de sinalização. Sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) superestimulado: o aparelho justaglomerular do rim produz a renina, que converte o angiotensinogênio, oriundo no fígado, em angiotensina (Ang) I. A enzima conversora de angiotensina (ECA), produzida principalmente no alvéolo e no endotélio renal, converte o angiotensina I em angiotensina II. Então, pode-se observar que o SRA é basicamente uma cascata linear de reações que resulta na formação de Ang II, principal mediador. Lembrar que outras angiotensinas são produzidas nesse sistema, e cada uma apresenta funções distintas, dentre essas destaca-se a Ang 1-7. O receptor AT1 é responsável pela maioria das ações fisiológicas e fisiopatológicas do SRA, cuja ativação resulta em vasoconstrição renal e sistêmica, secreção de aldosterona, potenciação da atividade do sistema nervoso simpático (SNS), retenção renal de Na+ e água, estimulação da secreção de arginina vasopressina (AVP) e hipertrofia e hiperplasia das células-alvo. Além desses efeitos que culminam com a elevação da pressão arterial (PA), a Ang II produz ações lesivas aos vasos sanguíneos, tais como aumento do potencial oxidativo do tecido vascular, efeitos pró-trombóticos intrínsecos e estímulo à adesão, migração e proliferação de leucócitos e outras células inflamatórias aos sítios de lesão, levando à formação de fibrose da neo-íntima e de placas ateroscleróticas. - Peptídeos e interação coração-rim; Silva ACS, Pinheiro SVB, Santos RAS. 135 Rev Bras Hipertens vol.15(3):134-143, 2008. A aldosterona atua no túbulo distal, e leva à reabsorção de sódio e secreção de potássio e hidrogênio, acarretando aumento da volemia. Além disso, a angiotensina II atua no hipotálamo e estimula a produção do hormônio antidiurético (ADH), aumentando a sensação de sede e retenção de água pelos rins. Referência: Peptídeos e interação coração-rim; Silva ACS, Pinheiro SVB, Santos RAS. 135 Rev Bras Hipertens vol.15(3):134-143, 2008. Em relação ao mecanismo renal: A redução do número de néfrons, encontrada em pacientes com displasia renal, prematuridade e baixo peso ao nascimento, representa um importante fator de risco para HAS na vida adulta. Aumento da retenção renal de sódio e água: devido à resistência intrínseca à natriurese, o que gera consequentemente aumento da volemia e do débito cardíaco. Muitos fatores, tais como regulação da expressão gênica, tratamento da gestante com glicocorticóides, exotoxinas, hiperglicemia e desnutrição durante a gestação também podem interferir com a nefrogênese, levando ao desenvolvimento de rins com menor número de néfrons. 4 AV1 – Cardiologia – Prof.ª Geruza Sales Galdino Cirino – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 A hipótese de redução na superfície de fltração é, por sua vez, fundamentada na existência de subpopulações de néfrons isquêmicos, devido à vasoconstrição das arteríolas aferentes. Essa redução crônica da perfusão renal produz secreção aumentada de renina que interfere com a capacidade dos néfrons normais em regular a excreção de sódio e perturba todo o controle da PA. 3 - Peptídeos vasoativos: relacionados ao sistema nervoso autônomo simpático com liberação de adrenalina. 4 - Endotélio: a disfunção endotelial é um traço comum entre a HA e suas complicações. O que é disfunção endotelial? Corresponde a uma baixa disponibilidade de óxido nítrico (importante para induzir ao relaxamento de arteríolas), assim há um desequilíbrio local entre os fatores de relaxamento e constrição das arteríolas. A vasodilatação pode ser mediada por NO, bradicinina, angiotensina 1-7, mas no caso de inflamação e disfunção endotelial, a mediação realizada por esses peptídeos é prejudicada, levando ao aumento da resistência vascular periféria e alterando a permeabilidade endotelial. O estado inflamatório crônico leva à secreção de citocinas pró inflamatórias (IL-4 – adesão leucocitária com expressão de VCAM-1 – , endotelina-1, angiotensina II), o que reduz a produção de NO sintetase endotelial responsável pela síntese do NO, e ao mesmo tempo aumenta o estresse oxidativo, degradando rapidamente o NO presente no endotélio. A alteração da permeabilidade se dá por aumento da proliferação de cálulas musculares lisas, degradação de elastina e aumento progressivo do colágeno, o que resulta num reajuste endotelial e aumento da permeabilidade, o que serve de “abrigo” para deposição de LDL-c no espaço subendotelial, iniciando o desenvolvimento da aterosclerose. A HA acelera o envelhecimento vascular, uma resposta mecanobiológica local ao aumento de estresse induzido pelo aumento da PA e, consequentemente, da rigidez arterial (rigidez como consequência). O aumento da pressão arterial nos vasos sanguíneos de forma crônica, leva a um remodelamento arteriolar, isto é, inicia-se o remodelamento, forma-se placa de ateroma, inflamação do endotélio, e posteriormente ocorre acúmulo de cálcio na camada média. Dessa forma, o próprio endotélio libera uma série de substâncias e mediadores responsáveis por vasoconstrição, e inibe os mediadores responsáveis pela vasodilatação, aumentando a resistência vascular periférica. Portanto, desde que não tratada, a própria hipertensão gera mais hipertensão, perpetuando assim um ciclo vicioso. Com a idade, observamos fragmentação e degeneração da elastina e aumento progressivo do colágeno, acompanhado de depósito de cálcio na camada média arterial, com consequente aumento da rigidez arterial. A PA é determinada pelo produto do débito cardíaco (DC) com a resistência vascular periférica (RVP). 5 AV1 – Cardiologia – Prof.ª Geruza Sales Galdino Cirino – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 O DC e RVP são regulados por mecanismos neurais, renais, humorais, endoteliais e locais de controle das funções cardiovasculares e renais. Desta forma, a HAS pode-se desenvolver a partir de anormalidades em quaisquer mecanismos homeostáticos de controle da RVP e/ou do DC. ETIOLOGIAS DA HIPERTENSÃO - HA primária: mais comum em adultos e está relacionada à predisposição genética, sobrepeso e obesidade, fatores ambientais e hábitos de vida não saudáveis, que não tem uma causa clara. Os mecanismos subjacentes à hipertensão primária não estão totalmente elucidados. - HÁ secundária: quando há uma doença de base ou causa subjacente à hipertensão. Dentre as causas mais comuns temos as doenças do parênquima renal, hiperaldosteronismo, hipertensão renovascular (angioplastia na artéria renal para levar ao aumento do volume de sangue no vaso), afecções endócrinas, tumores (feocromocitoma e neuroblastoma) e uso de medicamentos ou drogas ilícitas que elevam a PA. Tem prevalência de 3 a 5 % em pacientes adultos, sendo mais comum em pacientes pediátricos, com sua prevalência variando conforme o local de atendimento da criança. HIPERTENSÃO PRIMÁRIA OU ESSENCIAL Renovascular Endócrina: Tireóde e Supra-renal Coarctação da aorta → hipertensão primária da infancia. Criança dos 6 a 9 anos começam a se queixar de cansaço. Medicamentosa: uso de anticoncepcional, uso corticosteróides Doença Hipertensiva Espécifica Da Gravidez Débito cardíaco aumentado IAo, estados hipercinéticos, fistulas artério- venosas, Rigidez da aorta (aorta calcificada, em porcelana, não tem mais complascência)Arterosclerose Outras: hiperparatireodismo, tumores produtores de renina, acromegalias, etc. MECANISMOS RENAIS Os rins influenciam a PA basicamente por meio do controle do equilíbrio hidrossalino, dos ajustes da excreção renal de sódio, da autorregulação renal e da ativação do sistema renina-angiotensina (SRA). A HA está associada ao número de néfrons, então quanto menor o número de néfrons, menor a superfície renal, maior será a retenção de sódio, o que leva ao aumento da volemia e aumenta a PA. E, o aumento da pressão glomerular leva ao aumento da PA. COMO FAZER O DIAGNÓSTICO?? Anamnese A história clínica deve incluir perguntas sobre o tempo de diagnóstico (hipertenso de longa data e nunca se tratou, hipertenso tratado, hipertenso que usa medicação da maneira certa, mas não tem conseguiu controlar a PA), evolução e tratamento prévio, adesão/eficácia/reações adversas. As informações sobre a história familiar são fundamentais para aumentar a certeza do diagnóstico de HAS primária. História familiar de AVC, DAC (homens com menos de 55 anos e mulheres com menos de 65) e morte súbita, bem como diagnósticos de HAS, dislipidemia. Devem ser pesquisados fatores de risco para doenças cardiovasculares, comorbidades e estilo de vida, além do uso prévio e atual de medicamentos ou outras substâncias que possam afetar a medida da PA. Assim como em pediatria, devem ser investigados sinais e sintomas sugestivos de HAS, sintomas de doença arterial coronariana (DAC) e insuficiência cardíaca, doença vascular encefálica, insuficiência vascular periférica (artérias das pernas obstruídas, será que no coração já está obstruído?), doença renal, DM e indícios de hipertensão secundária devem ser exaustivamente investigados (tentar descobrir a causa). Fatores de risco coexistentes na hipertensão arterial Sexo masculino Idade: > 55 anos no homem e > 65 anos na mulher DCV prematura em parentes de 1o grau (homens < 55 anos e mulheres < 65 anos) Tabagismo Dislipidemia: LDL-colesterol ≥100mg/dL e/ou não HDL-colesterol 130 mg/dL e/ou HDL-colesterol ≤ 40mg/dL no homem e ≤ 46mg/dL na mulher e/ou TG >150 mg/dL Diabetes melito Obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2) Fatores que podem modificar o risco do paciente hipertenso História familiar ou nos pais de início precoce de hipertensão arterial Nível muito elevado de um FR individual, incluindo HA estágio 3 Eclampsia/pré-eclâmpsia prévia Apneia do sono Pressão de pulso > 60 (em pacientes idosos) 6 AV1 – Cardiologia – Prof.ª Geruza Sales Galdino Cirino – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Ácido úrico > 7 mg/dL (homens) e > 5,7 mg/dL (mulheres) (GR: I, nível: C) Proteína C-reativa ultrassensível > 2mg/L (GR: I, nível: B) FC > 80 bpm Síndrome metabólica Sedentarismo Fatores psicossociais e econômicos Distúrbios inflamatórios crônicos Paciente com apneia obstrutiva do sono dorme todo dia hipoxêmico, então ele acorda no meio da noite, por um estímulo do bulbo para respirar, então esse paciente vive no limite. Esse paciente vive com bradipneia, com tonteira. Exame físico Medida da PA com técnica adequadas, obter medidas repetidas, em ambos os braços). Coletar dados antropométricos. Palpação e ausculta atenta do coração, vasos (carótidas), pulsos. Realizar fundoscopia ou retinografia (quando disponível): identificar aumento do reflexo dorsal, estreitamento arteriolar, cruzamentos arteriovenosos patológicos, hemorragias, exsudatos e papiledema (sinais de retinopatia hipertensiva). PS.: Lembre-se o olho pode ser um órgão acometido!!! Na avaliação complementar se faz a busca mais detalhada de lesão em órgãos alvo, estratificar o risco cardiovascular. Fatores de risco clássicos: idade, sexo, tabagismo, dislipidemia, DM e história familiar precoce para doença cardiovascular. Palpação de pulsos arteriais: palpar bilateralmente, avaliar a amplitude do pulso. 90% dos pacientes com diagnóstico de hipertensão arterial são ASSINTOMÁTICOS. Alguns sintomas não especificamente relacionados à pressão arterial elevada podem ser relatados A hipertensão arterial é causa de cefaléia importante APENAS nos estágios mais graves, como a hipertensão maligna ou a encefalopatia hipertensiva → pressão sistólica acima de 180-200 mmHg para o paciente ter sintomas relacionados a hipertensão. Os sintomas que de fato vão levar os pacientes para emergência são aqueles que são repercussão de lesões de órgão alvo. AVALIAÇÃO INICIAL 1. Confirmar o diagnótico de HAS por medida da PA 2. Identificar fatores de risco para DAC 3. Pesquisar lesões em órgãos-alvo, clínicas ou subclínicas 4. Pesquisar presença de outras doenças associadas 5. Estratificar o risco cardiovascular global (prognóstico cardiovascular do paciente) 6. Avaliar indícios do diagnóstico de hipertensão arterial secundária (ter certeza que é HAS primária). AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR NA HAS PRIMÁRIA Exames complementares de rotina Análise de urina (GR: I, NE: C) Potássio plasmático (GR: I, NE: C) Sódio plasmático – para saber se o paciente está retendo sódio Creatinina plasmática (GR: I, NE: B) Glicemia de jejum (GR: I, NE: C) e HbA1c (GR: I, NE: C) Estimativa do ritmo de filtração glomerular (GR: I, NE: B) Perfil lipídico: Colesterol total, HDLc e triglicerídeos plasmáticos (GR: I, NE: C) Ácido úrico plasmático (GR: I, NE: C) Eletrocardiograma convencional (GR: I, NE: B) – 12 derivações COMO CALCULAR O CLEARANCE DE CREATININA? AVALIAÇÃO DA TFG Algumas medicações, como IECA e BRA, prejudicam a função renal do paciente. Então, se o paciente já tem algum comprometimento renal deve-se pensar qual é o melhor medicamento de escolha para oferecer à ele e se é necessário fazer ajuste de dose. Perfil glicêmico dos últimos 3 meses Resistência/Produção insuliníca?? Avaliação de função renal. Para saber se a creatinina está sendo liberada pela urina ou não. Hipocalemia? Está saindo potássio pela urina? Tem glicose na urina? Tem proteína na urina? Quanto de sódio sai na urina? Quanto de potássio sai na urina? Rim está funcionando normalmente? Será que a TFG ta reduzida? Será que é porque está acontecendo uma vasoconstrição na arteríola aferente do rim? Se enquadra na SM? Rim funciona? Verificar isquemia, corrente de lesão e/ou infarto? Arritmia? Fibrilação? 7 AV1 – Cardiologia – Prof.ª Geruza Sales Galdino Cirino – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 EXAMES RECOMENDADOS PARA POPULAÇÕES INDICADAS UTILIZAÇÃO DA MAPA A utilização da monitorização ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) durante 24 horas é útil nas seguintes condições: grandes variações na Pressão Arterial (Feocrocitoma, hipertensão lábil), Hipertensão do avental branco para avaliar eficácia de tratamentos (Usa a medicação direito? Medicação não está fazendo efeito? Síndrome do avental branco?). Não deve ser utilizado em estudos com bases populacionais para obter-se a prevalência de hipertensão arterial. A MAPA deve ser feita em um dia normal, porque essa monitorização ajuda a estabelecer uma relação entre as atividades do dia a dia (estresses, emoções) e as alterações na PA, no decorrer dessas 24 horas. Se o paciente não tiver o descenso noturno, isto é, a diminuição da PA durante as horas de sono, já se pode considera-lo pré-hipertenso. INDICAÇÕES, VANTAGENS E UTILIDADES DA MAPA Melhor correlação com desfechos cardiovasculares (IAM e AVC) Atenuação do efeito do observador (obtenção de valores que se aproximam da PA real nas atividades habituais) → observa-se o dia a dia do paciente Obtenção de múltiplas medidas nas 24 horas Avalia o comportamento da PA durante o sono → pré- hipertenso? Avalia a elevação matinal precoce da PA → paciente dorme e de manhã a pressão sobe muito rápido. Afastar o diagnóstico de HAB na avaliação inicial do paciente suspeitode HAS (Identificação da reação de alarme) Identificação de Hipertensão mascarada → quando no consultório a pressão está normal, mas quando está fora o paciente vai parar na emergência por pressão alta. Avaliação de sintomas de hipotensão → paciente faz síncope, baixo débito. Identificação hipertensão resistente verdadeira e pseudo → hipertensão resistente (Avaliação da eficácia anti- hipertensiva) LIMITAÇÕES DA MAPA Braços com dificuldade do ajuste adequado do manguito Valores muito elevados da PAS → aparelho não consegue medir. Descenso noturno 8 AV1 – Cardiologia – Prof.ª Geruza Sales Galdino Cirino – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Situações clínicas associadas a distúrbios do movimento (Parkinson) → paciente precisa ficar em repouso. Arritmias cardíacas (fibrilação atrial, flutter atrial, extrassístoles ventriculares frequentes) → interferem na medida da pressão Desconforto do método, principalmente à noite → 15 em 15 minutos o manguito insufla Custo relativamente elevado Disponibilidade limitada nos serviços de saúde RECURSO ALTERNATIVO: MONITORIZAÇÃO RESIDENCIAL DA PA O próprio paciente vai fazendo a monitorização e anotando as medidas da aferição da PA a cada dia, em um intervalo de tempo estabelecido (3 vezes pela manhã, 3 vezes pela noite). Confirmação diagnóstica da hipertensão arterial Identificação e seguimento da hipertensão do avental branco Identificação e quantificação do efeito do avental branco Identificação da hipertensão mascarada Verificação da eficácia do tratamento anti-hipertensivo Confirmação diagnóstica da hipertensão arterial resistente Maior número de medidas da PA e em diferentes dias Minimiza a reação de alarme Boa reprodutibilidade com baixo custo Boa aceitação (inclusive crianças, adolescentes e idosos) Melhora a adesão medicamentosa Aumenta as taxas de controle da PA LIMITAÇÕES DA MRPA Possibilidade de erros na obtenção das medidas da PA Possibilidade de indução de ansiedade em alguns pacientes Pacientes com arritmias (fibrilação atrial, extrassístoles frequentes, bradicardia sinusal) para equipamentos sem essa validação Esse método não é muito confiável, o paciente que faz. FATORES QUE INTERFEREM NO DIAGNÓSTICO DA HAS De acordo com o paciente, o tamanho do manguito vai alterar. Por exemplo, crianças precisam de um manguito menor, enquanto obesos precisam de maguito maior. Em idosos pode acontecer o fenomeno do endurecimento das artérias, o que pode levar a um quadro de pseudohipertensão. Quando se insufla o manguito, colaba a artéria, para se medir a pressão. Mas, quando faz isso no idoso com endurecimento da artéria é necessário fazer uma pressão maior, gerando um pico hipertensivo transitório, uma vez que aumenta a resistencia vascular periférica.. E, as medições precisam ser bilaterais, e realizadas em um intervalo de 5 minutos (sentado, deitado e em pé). Condições clínicas (DM, hipovolemia, uso de drogas anti- hipertensivas) podem levar ao quadro de hipotensão quando o paciente fica em posição ortostática. Deve-se fazer nova aferição da PA 2 a 3 minutos após o paciente sair dessa posição. Vários fatores podem alterar a PA: exercício, fumo, refeição, estresse, dor, distensão vesical, frio excessivo. HIPERTENSÃO DO JALECO BRANCO Quando o paciente tem uma MAPA ou MRPA normal, mas quando ele está no consultório tem um aumento de 20 mmHg na pressão sistólica, ou um aumento de 10 mmHg na pressão diastólica. Incidência: 15 a 30% dos pacientes, principalmente em jovens e idosos, prevalência no sexo feminino. O paciente co hipertensão do jaleco branco tem um risco intermediário de doença cardiovascular. HIPERTENSÃO MASCARADA Está presente naquele paciente que tem a MAPA e a MRPA alterada, mas no cosultório a PA está normal. Quando suspeitar??? Jovens com PA casual normal ou limítrofe em consultório. Presença de HVE. Pais hipertensos. Medidas ocasionais elevadas. PRÉ HIPERTENSOS Indivíduos com PAS entre 130 a 139 mmHg e PAD entre 85 a 89 mmHg são classificados como portadores de PA normal ou pré-hipertensos. Todos os vícios que foram adquiridos antes dos 14 anos de idade, são mais difíceis de serem controlados. Por isso, que a criança obesa, tende a ser um adolescente obeso e, posteriormente, um adulto obeso. A pré-hipertensão aumentou em 40% o risco total de doenças, sendo que 12,09% das doenças CV; 13,26% das 9 AV1 – Cardiologia – Prof.ª Geruza Sales Galdino Cirino – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 doenças coronarianas; 24,60% dos infartos do miocárdio (IAM); e 19,15% dos AVE poderiam ser prevenidos com seu controle efetivo. Indivíduos pré-hipertensos devem ser monitorados mais de perto (monitoramento periódico), devido às altas taxas de progressão para HA, é maior a probabilidade de se tornarem hipertensos; tem maiores riscos de desenvolvimento de DCV. Quando você chega com o paciente na emergência tem vários protocolos que você pode seguir, normalmente você vai prescrever um anti-hipertensivo (IECA) e um diurético (furosemida) para baixar a volemia do paciente e, assim reduzir a PA. Mas, você deve ficar atento para não baixar a pressão do paciente mais que 25% da PA inicial, se não poderá ser desenvolvido um quadro de AVC isquêmico, não chega sangue suficiente no cérebro. TÉCNICA PRECISA PARA MEDIDA DA PA 10 AV1 – Cardiologia – Prof.ª Geruza Sales Galdino Cirino – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Hiato auscultatorio (corresponde ao momento depois da fase I), se o paciente estiver hipertenso e voce só insuflar o manguito até 160 mmHg pode ser que o primeiro som que seja escutado não seja o som referente à fase I de Korotkoff, e sim, referente à fase V de Korotkoff. Referências: (1) Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020, Barroso et al. (2) Peptídeos e interação coração- rim; Silva ACS, Pinheiro SVB, Santos RAS. 135 Rev Bras Hipertens vol.15(3):134-143, 2008.
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