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Tutoria 01 - 2 semestre

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Ana	Luiza	Azevedo	-	Odontologia	
Tutoria	01		
Embriologia		
Maria	Clara,	7	anos	e	
meio	 de	 idade,	 é	 a	
segunda	 filha	 de	 um	
casal	 de	 jovens	
moradores	 da	
comunidade	 da	
Estrada	das	Barreiras,	
distrito	sanitário	Cabula-Beiru.	Clarinha,	
como	é	carinhosamente	chamada,	ainda	
não	 anda	 com	 segurança,	 não	 articula	
bem	 palavras	 longas	 e	 apresenta	 uma	
deficiência	 d	 aprendizagem	 que	 foi	
percebida	 por	 sua	 professora	 ainda	 na	
pré-escola.	
-Na	 convivência	escolar	 junto	às	outras	
crianças	 da	 mesma	 idade,	 os	 pais	 de	
Clarinha	 começaram	 a	 perceber	 que	 a	
filha	poderia	 ter	 alguma	deficiência.	Os	
coleguinhas	 mais	 velhos	 tanto	
perceberam	as	diferenças	e	passaram	a	
apelidá-la	 de	 "menina-monstrinha".	
Além	 da	 dificuldade	 de	 aprendizagem,	
Clarinha	 tinha	 baixa	 estatura,	 olhos	
esbugalhados,	 testa	 protruída,	 cabeça	
grande,	ausência	de	dentes,	dificuldades	
motoras	 em	 braços	 e	 a	 incrível	
habilidade	 de	 encostar	 os	 ombros	 na	
frente	do	corpo.	
Joana,	aluna	do	20	semestre	do	curso	de	
Odontologia	 da	 Baiana,	 fez	 questão	 de	
acompanhar	 a	 paciente	 nos	 exames	
iniciais	 e	 viu	 uma	 estudante	 mais	
adiantada	 no	 curso	 comentar	 que	
Clarinha,	 além	 das	 características	
observadas	 por	 Joana,	 possuía	 muitos	
dentes	 supranumerários	 impactados,	
raízes	em	formato	de	"cadeira"	e	maxila	
hipoplásica.	 Clarinha	 estava	 muito	 feliz	
pela	 atenção	 dada	 pelos	 alunos	 da	
Bahiana	e	sua	genitora	comentou	com	os	
estudantes	 que	 percebia	 que	 a	 filha	
ficava	 muito	 contente	 quando	 se	
aprontava	 para	 os	 encontros	 semanais	
com	seus	"novos	amigos".		
Apesar	 de	 estar	 iniciando	 o	 curso	 de	
odontologia,	 Joana	 chamou	 a	 sua	
professora	 que	 a	 orientou	 encaminhar	
Clarinha	 para	 a	 Clínica	 da	 Criança	 da	
Bahiana,	a	fim	de	que	fossem	realizados	
exames	 complementares	 mais	
detalhados	definitivamente	enxergavam	
orofacial	 Clarinha	 como	 uma	 criança	
especial.	
Objetivo		
ü Identificar	 qual	 a	 deficiência	
congênica	apresentada	no	caso.	
ü Descobrir	quais	características	estão	
relacionadas	 á	 síndrome	
identificada.	
ü Descrever	como	a	síndrome	afeta	o	
desenvolvimento	 orofacial	
embrionário.	
ü Entender	 qual	 o	 papel	 da	
odontologia	 e	 	 do	 profissional	 no	
caso.	
	
	
	
	
	
	
Ana	Luiza	Azevedo	-	Odontologia	
Introdução		
Os	 distúrbios	 no	 desenvolvimento	 das	
estruturas	 dentárias	 podem	 ter	 origem	
hereditária,	congênita	ou	adquirida.	Tais	
alterações	podem	afetar	tanto	a	forma,	
tamanho,	número,	posição,	constituição	
e\ou	 função	dos	dentes,	 portanto	é	de	
extrema	 importância	 à	 atuação	 do	
cirurgião	 dentista	 no	 diagnóstico	 e	
tratamento	
Em	 geral,	 as	 anomalias	 podem	 ser	
classificadas	 como	 hereditárias,	
congênitas	 ou	 adquiridas.	 Anomalias	
hereditárias	 ocorrem	 quando	 fatores	
etiológicos	 atuam	 causando	 alterações	
na	 diferenciação	 das	 células,	 gerando	
modificação	 na	 estruturação,	 tais	
modificações	 podem	 ser	 constatadas	
antes	 ou	 após	 o	 nascimento.	 Nas	
anomalias	congênitas,	os	fatores	causais	
agiram	na	fase	de	formação	intrauterina	
alterando	a	composição	e/ou	função	do	
órgão	 afetado.	 Já	 nas	 anomalias	
adquiridas,	 os	 fatores	 etiológicos	
atuaram	 na	 fase	 de	 formação	 e/ou	
desenvolvimento	pós-natal	 (FREITAS,	et	
al.,	2012).	
Certas	 anomalias	 de	 forma,	 como	
dilacerações,	 raiz	 acessória,	 dente	
invaginado	 e	 taurodontismo,	 não	
causam	alterações	significativas	à	saúde	
bucal	do	paciente.	Por	outro	lado,	outras	
anomalias	 de	 forma,	 número,	 tamanho	
ou	estrutura,	em	geral,	exigem	avaliação	
e,	caso	necessário,	a	intervenção	por	um	
profissional	 devidamente	 qualificado	
(FREITAS,	 et	 al.,	 2012).	 Os	 exames	
radiográficos	 quando	 bem	 indicados	 e	
realizados,	 juntamente	 com	 o	 exame	
clínico	acurado,	são	fundamentais	para	o	
diagnóstico,	 sendo	 importantes	 para	 o	
planejamento	 e	 a	 terapêutica	 de	 cada	
caso	(CARNEIRO,	2014)	
Anomalias	 dentárias	 de	 número	
(alterações	 de	 número)	 As	 anomalias	
dentárias	 de	 número	 podem	
caracterizar-se	 de	 duas	 formas:	 1)	
ausência	do	desenvolvimento	de	um	ou	
mais	 dentes,	 2)	 excesso	 do	 número	
normal	de	dentes	(TORRES	et	al.,	2015).	
O	 fator	 genético	 parece	 exercer	 uma	
forte	influência	no	desenvolvimento	dos	
dentes.	 Segundo	 Neville	 (2009),	
numerosas	 síndromes	 hereditárias	
foram	 associadas	 tanto	 à	 hipodontia,	
como	 à	 hiperdontia	 como	 mostra	 as	
Tabelas	1	e	2:	
Além	dessas	síndromes,	um	aumento	da	
prevalência	 de	 hipodontia	 pode	 ser	
notado	 em	 pacientes	 não	 sindrômicos	
com	 fenda	 labial	 (FL)	ou	 fenda	palatina	
(FP).	 Influências	genéticas	ainda	podem	
afetar	 não	 sindrômicos	 com	 relação	 ao	
fator	numérico	de	alterações	dos	dentes,	
porque	 mais	 de	 200	 genes	 são	
conhecidos	por	desempenhar	um	papel	
na	odontogênese	(a	
Odontogênese		
A	 odontogênese	 é	 um	 processo	
complexo	 que	 envolve	 a	 interação	 do	
epitélio	oral	derivado	do	primeiro	arco	e	
Ana	Luiza	Azevedo	-	Odontologia	
o	ectomesênquima	derivado	das	células	
da	crista	neural,	resultando	na	formação	
do	 dente	 (MAFRA,	 et	 al.,	 2012;	
YAMUNADEVI,	 et	 al.,	 2015).	 Nesse	
contexto,	 diversos	 genes	 estão	
envolvidos	na	determinação	do	número,	
forma,	 posição	 e	 tamanho	 de	 cada	
dente.	 Mutações	 nestes	 genes	 que	
ocorrem	devido	à	condições	patológicas,	
metabólicas	 ou	 outras	 alterações	
ambientais	podem	resultar	na	ocorrência	
das	anomalias	dentária.	
Odontoblasto	é	uma	célula	responsável	pela	
síntese	ou	produção	da	dentina,	 a	 camada	
situada	 na	 parte	 de	 baixo	 do	 esmalte,	 sua	
principal	função	é	a	dentinogênese.	
Os	osteoblastos	são	 células	 jovens	 com	
intensa	atividade	metabólica	e	responsáveis	
pela	produção	da	parte	orgânica	da	matriz	
óssea,	 composta	 por	 colágeno	 tipo	 I,	
glicoproteínas	e	proteoglicanas.	
	
ü Fase	de	botão	
Após	a	proliferação	inicial,	a	lâmina	dentária	
passa	 a	 apresentar	 atividades	 mitóticas	
diferenciais.	Como	resultado,	em	cada	arco	
originam-se	 10	 pequenas	 esférulas	 que	
mergulham	 no	 ectomesênquima.	 Nelas,	 é	
possível	 diferenciar	 as	 células	 cubóides	 da	
periferia	das	células	poligonais	do	centro.	O	
ectomesênquima	subjacente	apresenta	uma	
discreta	 condensação	 celular	 em	 torno	 da	
parte	mais	profunda	da	esférula	epitelial	
ü Fase	de	capuz	
A	 esférula	 epitélial	 em	 proliferação	
contínua,	 porém	 não	 de	 forma	 uniforme,	
cresce	mais	 nas	 bordas	 do	 que	 no	 centro,	
modifica-se	 morfologicamente	 para	 uma	
estrutura	semelhante	a	um	boné	ou	capuz,	
daí	 o	 nome	 dessa	 fase.	 O	 capuz	 epitelial	
também	denominado	de	órgão	epitelial	do	
esmalte	constitui-se	pela	identificação	de	3	
estratos	celulares	(epitélio	interno	e	externo	
do	 órgão	 do	 esmalte	 e	 retículo	 estrelado).	
No	 centro	 de	 sua	 parte	 mais	 profunda,	
apresenta	 uma	 concavidade,	 sob	 a	 qual	 é	
observada	 uma	 concentração	 maior	 de	
células	 ectomesenquimais,	 a	 papila	
dentária.	 O	 ectomesênquima	 também	 se	
condensa	e	envolve	o	órgão	do	esmalte	e	a	
papila	 dentária	 e	 forma	 o	 saco	 ou	 folículo	
dentário.	 Na	 tabela	 abaixo	 identifica-se	 os	
vários	 estratos	 epiteliais	 e	
ectomesenquimais	 do	 germe	 dentário,	
relacionados	de	acordo	com	sua	origem:		
ü Fase	de	campânula	
A	taxa	de	proliferação	das	células	epiteliais	
reduz	após	a	fase	de	capuz	e,	assim,	o	órgão	
do	 esmalte	 cresce	 menos.	 Nessa	 fase	 o	
órgão	 do	 esmalte	 atinge	 sua	 concavidade	
máxima	 e	 assemelha-se	 a	 um	 sino	 e	 a	
denominação	 de	 fase	 de	 Campânula.	 Esta	
fase	 se	 caracteriza	 pela	 morfo	 e	
histodiferenciação	 das	 diversas	 células	 do	
germe	 dentário.	 Seguem	 as	 principais	
modificações	 observadas:	 aumento	 do	
volume	do	retículo	estrelado,	pelo	acúmulo	
de	água	e	proteoglicanas;	aparecimento	do	
estrato	 intermediário	 (duas	 camadas	 de	
células	 pavimentosas	 localizadas	 entre	 o	
epitélio	 interno	 do	 órgão	 do	 esmalte	 e	 o	
retículo	 estrelado);as	 células	 do	 epitélio	
externo	 tornam-se	 pavimentosas	 e	 as	 do	
epitélio	 interno,	 alongadas;	 aparecimento	
da	 alça	 cervical;	 evidenciação	 do	 folículo	
dentário;	 desprendimento	 do	 germe	
dentário	 em	 relação	 ao	 epitélio	 oral	
primitivo	 devido	 ao	 desaparecimento	 da	
lâmina	 dentária;	 desenvolvimento	 do	 osso	
alveolar	 (processo	 alveolar)	 e	 formação	 da	
cripta	óssea	alveolar.	
Agnesia		
Anomalia	 de	 desenvolvimento	 congênita	
mais	 comum	 (SHEKHI	 et	 al.,	 2012).	 Ela	 é	
definida	como	a	ausência	congênita	de	um	
ou	 mais	 dentes	 decíduos	 ou	 permanentes	
(GOMES	et	al.,	2010).	Pode	ser	chamada	de	
hipodontia	 (termo	 genérico	 para	 dentes	
ausentes),	 oligodontia	 (ausência	 de	
desenvolvimento	 de	 seis	 ou	 mais	 dentes,	
excluindo	 os	 3º	 molares)	 e	 anodontia	
(ausência	 de	 todos	 os	 dentes)	 (GUTTAL	 et	
Ana	Luiza	Azevedo	-	Odontologia	
al.,	 2010).	 A	 hipodontia,	 que	 pode	 estar	
associada	 a	 anomalias	 congênitas	 ou	
síndromes,	tais	como	displasia	ectodérmica	
e	 síndrome	 de	 Down,	 ocorre	 devido	 à	
ausência	da	 formação	de	parte	dos	botões	
epiteliais	 a	 partir	 da	 lâmina	 dentária.	 Uma	
grande	porcentagem	dos	casos	primários	de	
hipodontia	 apresenta-se	 por	 herança	
autossômica	 dominante,	 com	 penetrância	
incompleta	 e	 expressividade	 variável;	
enquanto	 que	 minoria	 de	 exemplos	
presentes	 apresenta	 padrão	 recessivo	 ou	
ligado	 ao	 gênero	 (MAFRA,	 et	 al.,	 2012;	
NEVILLE,	 2009).	 Esta	 anomalia,	
normalmente,	não	ocorre	de	forma	isolada,	
é	 frequentemente	 relatada	 em	 associação	
com	 outras	 anomalias	 dentárias,	 como	
transposição,	 impactação,	 atraso	 no	
desenvolvimento	 dentário	 erupção	
ectópica,	dentes	decíduos	retidos,	e	outras	
anormalidades	 no	 tamanho	 e	 forma	 (AL-
ABDALLAH	 et	 al.,	 2015).	 Pode	 ter	
repercussões	 funcionais,	 estéticas	 e	
emocionais	 (SHEKHI	 et	 al.,	 2012).	 O	
tratamento	clínico	requer	um	planejamento	
cuidadoso	 e	 multidisciplinar	 que	 envolve,	
principalmente,	 a	 ortodontia,	 dentística,	
prótese	e	cirurgia	 (PATIL	et	al.,	2013).	Para	
cirurgiões-dentistas	 e	 seus	 pacientes,	 a	
descoberta	 mais	 fundamental	 relacionada	
com	 a	 hipodontia	 envolve	 a	 mutação	 do	
gene	 AXIN2.	 Esse	 padrão	 de	 oligodontia	 é	
herdado	 como	 uma	 doença	 autossômica	
dominante	 e	 envolve	 mais	 a	 ausência	 do	
segundo	 e	 do	 terceiro	 molares,	 segundos	
pré-molares,	 incisivos	 inferiores	 e	 incisivos	
laterais	superiores	(NEVILLE,	2009).	Embora	
a	 ausência	 dos	 dentes	 possa	 produzir	 um	
problema	 oral	 significativo,	 a	 presença	 da	
mutação	do	AXIN2,	nesse	grupo	de	afins,	foi	
associada	 ao	 desenvolvimento	 de	 pólipos	
adenomatosos	 do	 cólon	 e	 do	 carcinoma	
cólon-retal.	 Isto	 sugere	 que	 os	 pacientes	
com	 casos	 semelhantes	 de	 oligodontia	
devem	 ser	 questionados	 quanto	 a	 seu	
histórico	 familiar	 de	 câncer	 de	 cólon,	 com	
avaliação	 médica	 recomendada	 para	
aqueles	 possivelmente	 em	 risco	 (NEVILLE,	
2009).	
Numa	fase	 inicial,	durante	uma	consulta,	o	
dentista	 pode	 desconfiar	 desta	 anomalia,	
mas	a	confirmação	só	será	possível	através	
de	um	exame	diagnóstico:	a	radiografia.	
Este	 método	 diagnóstico	 irá	 certificar	 a	
ausência	 do	 gérmen	 dentário	 –	 ou	 a	 sua	
presença	inativa.	Com	consultas	regulares	a	
agenesia	 pode	 ser	 diagnosticada	
precocemente,	 permitindo	 um	 maior	
número	de	tratamentos	possíveis.	
Cada	caso	é	um	caso	e	a	situação	deve	ser	
avaliada	 por	 um	 profissional,	 no	 entanto,	
alguns	 tratamentos	 comuns	 à	 maioria	 dos	
casos	 são	 os	implantes	ou	facetas	
dentárias	ou	o	uso	de	aparelho	dentário.	
	
Os	 tratamentos	 devem	 ser	 elegidos	 com	
base	na	opinião	de	duas	áreas:	a	ortodontia	
–	 para	 o	 reposicionamento	 dos	 dentes	 e	
organização	dos	espaços	–	e	a	implantologia	
–	que	pretende	repor	os	dentes	em	falta.	
Sendo	a	agenesia	dentária	uma	anomalia	a	
nível	 dos	 dentes,	 podem	
existir	consequências	 a	 nível	 estético	 e	 a	
nível	motor.	
Se	 existem	 espaços	 entre	 os	 dentes,	 o	
sorriso	 será	afetado.	 Sendo	assim,	e	 tendo	
em	conta	que	o	sorriso	é	o	cartão	de	visita,	
o	paciente	pode	sentir-se	mais	inseguro.	
A	longo	prazo	pode	afetar	a	vida	da	própria	
pessoa	 devido	 a	 questões	 sociais	 e	 da	
própria	imagem	que	a	pessoa	tem	de	si.	
Já	a	nível	motor	pode	existir	dificuldade	em	
ações	 tão	 simples	 como	 a	 mastigação.	
Nestas	condições	o	paciente	terá	dificuldade	
em	 alimentar-se,	 algo	 que	 pode	 ser	
resolvido	com	o	uso	de	próteses.	
Ainda	 a	 nível	motor,	 temos	 a	 fala.	 Sim,	 os	
dentes	são	essenciais	para	a	articulação	das	
palavras	 num	 momento	 de	 fala.	 A	 sua	
ausência	dificulta	todo	o	processo.	
Ana	Luiza	Azevedo	-	Odontologia	
A	melhor	opção	é	marcar	uma	consulta	com	
o	seu	dentista	e	descobrir	 se	está,	ou	não,	
perante	um	caso	de	agenesia	dentária.	
Displasia	cleidocraniana	
A	 displasia	 cleidocraniana	 é	 uma	 doença	
rara,	 que	 atinge	 diversos	 ossos	 e	
articulações	 do	 corpo.	 Caracteriza-se	 por	
causar	 alterações	 de	 desenvolvimento	 nas	
clavículas,	nos	ossos	do	crânio,	da	face,	nos	
dentes	 e	 em	 outros	 ossos,	 envolvendo	
praticamente	todo	o	esqueleto.	A	ausência	
das	clavículas,	que	ocorre	em	10%	dos	casos,	
ou	a	sua	formação	parcial	permite	aos	seus	
portadores	 movimentar	 os	 ombros	 para	
frente,	 até	 a	 linha	 média	 do	 corpo,	 sem	
nenhum	desconforto.	
Esta	patologia	foi	descrita	pela	primeira	vez	
em	1765,	porém	só	em	1898	Marie	e	Saiton	
apud	 Kalliala	 descreveram	quatro	 casos	 da	
doença	 e	 a	 associaram	 com	 padrões	 de	
hereditariedade.	 Mais	 tarde	 Bauer	 apud	
Kaliala,	 sugeriu	 a	 mutação	 genética	 como	
fator	etiológico	da	doença.	
Está	 associada	 com	 uma	
mutaçãoespontânea	no	gene	que	codifica	a	
transcrição	para	oosteoblasto,	fator	RUNX2	
(Runt-Related	TranscriptionFactor	2),	o	qual	
é	essencial	para	a	diferenciação	celular	dos		
osteoblastos		e		odontoblastos,		bem		como,		
para		a	formação	óssea	e	dental.	
Os	sinais	clínicos	da	doença	permitem	o	seu	
diagnóstico.	Além	da	ausência	ou	hipoplasia	
das	clavículas,	ocorre	retardo	na	ossificação	
das	 suturas	 cranianas	 e	 manutenção	 das	
fontanelas	 abertas	 por	 longos	 períodos	 de	
tempo,	algumas	vezes	até	a	idade	adulta.	
	A	 sutura	 sagital	 é	 deprimida,	 dando	 ao	
crânio	 o	 aspecto	 achatado,	 com	 as	 bossas	
frontal,	parietal	e	occipital	proeminentes.	Os	
ossos	 cranianos	 são	 largos.	 A	 face	 é	 curta,	
em	 consequência	 do	 pouco	
desenvolvimento	vertical	de	 seus	ossos,	os	
seios	paranasais	são	pequenos	ou	ausentes	
e	 não	 há	 células	 pneumáticas	 nas	 apófises	
mastóides.	
Os	 dentes	 temporários	 erupcionam	
normalmente.	 Entretanto,	 apesar	 da	
presença	 dos	 germes	 dos	 dentes	
permanentes,	 eles	 se	mantêm	nas	 arcadas	
dentárias	 por	 longos	 períodos	 de	 tempo	
(algumas	 vezes	 até	 a	 idade	adulta),	 se	não	
forem	 removidos	 ou	 perdidos	 devido	 à	
doença	cárie	dental	ou	doença	periodontal.	
Além	da	 retenção	dos	dentes	 temporários,	
há	 uma	 grande	 quantidade	 de	 dentes	
supranumerários,	 principalmente	 na	
mandíbula,	 na	 região	 dos	 pré-molares.	 Os	
molares	 permanentes	 que	 não	 têm	
antecessores	 decíduos,	 geralmente	
erupcionam	 em	 suas	 posições	 normais	
embora	esta	erupção	seja	retardada.		
A	 extração	 dos	 dentes	 decíduos	 não	
estimula	 a	 erupção	 dos	 dentes	
permanentes.	 A	 coluna	 vertebral	 pode	
apresentar,	 nas	 regiões	 torácica	 e	 lombar,	
escoliose	e	lordose	severa.	Os	ossos	da	pelve	
comumente	 apresentam	 deformidades,	
levando	a	um	estreitamento	da	mesma.	As	
articulações	 sacroilíacas	 estão	 alargadas.	
Ocorrem	 coxa	 vara	 ou	 valga	 e	 genovalgo,	
bem	 como	 alterações	 nas	 articulações	 do	
quadril.	 Além	 dessas	 alterações	 ósseas,	 o	
crescimento,	também,	está	alterado.	Ocorre	
uma	 diminuição	 da	 estatura	 e	 casos	 de	
nanismo	são	frequentes.	
Devido	 às	 alterações	 comentadas	 os	
portadores	 da	 displasia	 cleidocraniana	 são	
pequenos,	 com	 membros	 gordos,	 tronco	
delgado,apresentando	mãos	e	dedos	curtos	
e	 largos,	 ombros	 estreitos	 e	 caídos,	
bochechas	 gordas	 e	 mento	 pouco	
desenvolvido.	
Ana	Luiza	Azevedo	-	Odontologia	
O	 cirurgião-dentista,	 muitas	 vezes,	 é	 o	
primeiro	 profissional	 procurado	 para	
resolver	o	problema	do	paciente,	porque	o	
atraso	na	erupção	e/ou	ausência	dos	dentes	
permanentes	causam	angustia	ao	portador	
da	síndrome.	Este	profissional	tem	que	ficar	
atento	para	o	diagnóstico	do	caso	porque	as	
simples	 extrações	 dos	 dentes	 decíduos	
retidos	não	aceleram	a	erupção	dos	dentes	
permanentes,	 podendo	 causar	maior	 dano	
ao	paciente	se	forem	realizadas.	
Principais	características	
As	 características	 da	displasia	
cleidocraniana	variam	muito	de	uma	pessoa	
para	 a	 outra,	 no	 entanto,	 as	mais	 comuns	
incluem:	
ü Atraso	 no	 encerramento	 das	 moleiras	
no	bebê.	
ü Queixo	e	testa	salientes.	
ü Nariz	muito	largo.	
ü Céu	da	boca	mais	alto	que	o	normal.	
ü Clavículas	mais	curtas	ou	ausentes.	
ü Ombros	estreitos	e	muito	flexíveis.	
ü Crescimento	atrasado	dos	dentes.	
Como	confirmar	o	diagnóstico	
O	 diagnóstico	 da	displasia	
cleidocraniana	geralmente	 é	 feito	 pelo	
pediatra	após	observação	das	características	
da	 condição.	 Por	 isso,	 pode	 ser	 necessário	
fazer	 exames	 de	 diagnóstico,	 como	 raio	 X,	
para	 confirmar	 as	 alterações	 dos	 ossos	 no	
crânio	ou	tórax,	por	exemplo.	
Como	é	feito	o	tratamento	
Em	 muitos	 casos	 não	 é	 necessário	 fazer	
qualquer	tipo	de	tratamento	para	corrigir	as	
alterações	 provocadas	 pela	displasia	
cleidocraniana,	 pois	 não	 impedem	 o	
desenvolvimento	 da	 criança,	 nem	 a	
impedem	de	ter	boa	qualidade	de	vida.	
No	 entanto,	 nos	 casos	 de	 maior	
malformação,	é	 comum	o	 médico	
recomendar	diferentes	tipos	de	tratamento,	
de	acordo	com	a	alteração	a	tratar:	
Alterações	da	fala	
Devido	às	alterações	no	rosto	e	nos	dentes,	
algumas	 crianças	 com	displasia	
cleidocraniana	podem	 apresentar	
dificuldade	para	 falar	corretamente.	Assim,	
o	 pediatra	 pode	 indicar	 a	 realização	 de	
sessões	de	terapia	da	fala.	
Sinusites	frequentes	
Uma	vez	que	as	sinusites	são	relativamente	
frequentes	 em	quem	 tem	esta	 condição,	 o	
médico	 pode	 indicar	 quais	 os	 primeiros	
sinais	de	alerta	que	devem	levar	a	desconfiar	
de	uma	sinusite,	como	irritação,	a	presença	
de	febre	leve	ou	coriza,	de	forma	a	iniciar	o	
tratamento	adequado	o	mais	cedo	possível	
e	facilitar	a	recuperação.	
Ossos	fracos	
No	caso	de	a	displasia	cleidocraniana	causar	
enfraquecimento	 dos	 ossos,	 o	 médico	
também	 pode	 aconselhar	 sobre	 a	
suplementação	com	cálcio	e	vitamina	D,	por	
exemplo.	A	capacidade	de	aproximação	dos	
ombros	 anteriormente	 é	 relatada	 na	
hipoplasia	 clavicular	 e	 é	 um	 sinal	 clássico	
para	 o	 diagnóstico	 desta	 doença	 (PATEL	
2004).	 É	 importante	 realizar	 o	 diagnóstico	
diferencial	 com	 a	 Picnodisostose	 ou	
Síndrome	de	Maroteuz-Lamy,	a	qual	difere	
da	 DCC,	 pelo	 fato	 dos	 pacientes	 exibirem	
nanismo,	ossos	densos,	 frágeis	e	agenesias	
parciais	 das	 falanges	 dos	 dedos	 dos	 pés	 e	
mãos	(SILVA	JÚNIOR	et	al.,	2007)

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