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Ginecologia Mila Schiavini MED101 Endometriose ❖ Queixa constante nos ambulatórios de ginecologia. ❖ Causa importante de infertilidade. ❖ Existem vários níveis de graduação. ❖ Acomete, principalmente, o ovário esquerdo, ligamento redondo e fundo de saco posterior. ❖ Definição: presença de tecido endometrial (glândulas e estroma), em localização extra-uterina, sensível a alterações hormonais. • Sítios ectópicos podem se localizar em vários locais na pelve causando uma dismenorreia intensa. • Existem várias formas de apresentação. • A endometriose é um distúrbio ginecológico benigno definido pela presença extrauterina de glândulas endometriais e estroma funcionais, implantadas em locais onde não deveriam ser encontradas. • Tem relação com a exposição estrogênica. • Acomete mulheres em idade reprodutiva. Raramente adolescentes e mulheres menopausadas. • Está diretamente ligada com a infertilidade e dor em baixo ventre. • A endometriose é encontrada nos ovários, no espaço vesicouterino, saco de Douglas, peritônio pélvico, entre outros. ❖ Etiologia: • Teoria da implantação ou da menstruação retrógrada ou do transplante ou do refluxo menstrual. • Teoria imunológica. • Metaplasia celômica ou teorias mullerianas e serosa. • Teoria da indução. • Teoria iatrogênica. • Disseminação linfática. 1. Teoria da menstruação retrógrada ou teoria da implantação: foi proposta por Sampson, que afirma que durante o ciclo menstrual, parte do conteúdo com células endometriais viáveis poderiam refluir para as tubas uterinas ao invés de sair pela vagina, permitindo assim a implantação dessas células na cavidade peritoneal – é a teoria mais aceita. 2. Teoria imunológica: macrófagos, leucócitos e neutrófilos são células que deveriam agir removendo as células endometriais dos locais atípicos e proteger a cavidade peritoneal dos implantes. Ao invés disso, se aderem e proporcionam crescimento, secretando citocinas e fatores de crescimento. 3. Teoria mulleriana: restos embrionários remanescentes do ducto de muller, por reação inflamatória, aumentam os níveis de interleucinas 6 e 8 e fator alfa de necrose tumoral, auxiliando na implantação das células endometriais em outros locais. 4. Teoria celômica: o peritônio é uma membrana derivada do celoma, tecido embrionário que origina a cavidade abdominal e torácica. A teoria celômica sugere que essas células, por estímulo hormonal e processos infecciosos repetidos, poderiam diferenciar-se em células do endométrio e causar endometriose. Também explicaria casos raros de aparecimento de endometriose no pulmão e em homens que ingeriram grandes quantidades de estrogênio. 5. Teoria da indução ou teoria das células tronco: sugere que células totipotenciais endometriais da camada basal do endométrio, seriam transportadas via menstruação retrógrada disseminando tecido endometrial via vascular e linfática. 6. Teoria iatrogênica: mulheres que já passaram por procedimentos ginecológicos como videolaparoscopias e procedimentos obstétricos como cesarianas e episiotomias, tem chance aumentada de desenvolver endometriose, principalmente nas regiões da cicatriz. 7. Teoria da disseminação linfática: em necropsias realizadas em mulheres com endometriose, 29% apresentaram linfonodos positivos pélvicos para a doença, sugerindo que o sistema linfático pode ser uma importante maneira de disseminação da doença para outros focos. Ginecologia Mila Schiavini MED101 • Endometrioma (cisto endometrioide): lesão comum que ocorre no ovário. Seu interior tem conteúdo líquido de cor negra. Tratamento: videolaparoscopia e cauteriza os focos. Eles podem voltar depois de um tempo. Queixa principal: infertilidade e dor. ❖ Sintomas: • Dismenorreia. • Dor no baixo abdômen ou cólicas que podem ocorrer por uma semana ou duas antes da menstruação de forma cíclica. • Dispareunia: dores nas relações sexuais com penetração. • Dores ao urinar e evacuar, especialmente no período menstrual. • Infertilidade. • Fadiga. • Diarreia intercaladas com constipação. ❖ Incidência: 2,5 a 10% da população geral. 20 a 50% nos casos de infertilidade e dor pélvica crônica. ❖ Fatores de risco: história familiar materna, malformações uterinas e defeitos tubários, menarca precoce, ciclos menstruais curtos (mais sangramento, < 27 dias), duração do fluxo menstrual aumentado – hipermenorreia (até 7, 8 dias é normal), estenoses cervicais, gestação tardia, nuliparidade, raça branca e asiática. ❖ Locais de envolvimento: ovários (65%), fundo de saco posterior (30 a 34%), fundo de saco anterior (15 a 35%), ligamento largo (16 a 35%), ligamentos uterossacros (28 a 60%), trompas, cólon sigmoide, apêndice. Locais menos comuns: vagina, cérvice, septo retovaginal, ceco, íleo, canal inguinal, cicatrizes abdominais ou peritoneais, ureteres, bexiga e umbigo. ❖ Tecido fica de cor escura, acastanhada que pode se tornar mais esbranquiçado com o tempo, podendo causar aderência nos tecidos. ❖ Padrão ouro para diagnóstico, prognóstico, estadiamento e tratamento: videolaparoscopia. ❖ Classificação quanto a coloração: vermelha, vermelha-rosada, limpa, preta (mais comum), branca, deleito peritoneal, marrom-amarelada e azul. ❖ Anatomopatologia: • Macroscopia: endometrioma – conteúdo liquido espesso e achocolatado cercado de áreas de fibrose. A incidência varia de 17 a 44%. Tratamento: ooforectomia ou histerectomia (em casos graves) e cauterização (em casos leves). • Microscopia: glândulas e estroma endometriais com ou sem macrófagos repletos de hemossiderina. ❖ Classificação de acosta: • Leve: lesões disseminadas superficiais, raros implantes superficiais ovarianos, peritoneais, sem cicatrizes ou aderências periovarianas ou peritubárias. • Moderada: afetando um ou ambos ovários com várias lesões superficiais, com formação de cicatriz ou retração ou pequenos endometriomas, aderências periovarianas mínimas, implantes superficiais nos fundos de saco, algumas aderências peritoneais. • Acentuada ou profunda: endometriomas > 5 mm, atingem a camada muscular do músculo afetado. Aderências espessas com envolvimento ovariano, tubário, fundos de saco, intestino e aparelho urinário. • Todos os quadros possuem dor, porém, quanto mais acentuada, maior a dor e pior o prognóstico. ❖ Quadro clínco: • Dismenorreia: caráter progressivo, difuso, de forte intensidade, que irradia. Dor crônica irriadiada para a região pélvica e infertilidade. • Dispareunia: envolvimento do fundo de saco e do septo retovaginal. ❖ Diagnóstico: • Invasivo: videolaparoscopia. • Não invasivo: através de exame de imagem. • Marcadores: CA 125 dosado no primeiro, segundo e terceiro dia do ciclo menstrual (marcador inespecífico, pois também estará aumentado no CA de ovário). Quando positivo > 100 U/ml. SAA > 50 µg/ml = sugere comprometimento intestinal (amiloide séria A). • USG pélvica: avaliar doença ovariana. Ginecologia Mila Schiavini MED101 • USG transvaginal: avaliar doença profunda, retrocervical e septo retovaginal. • Ecocolonoscopia: suspeita de doença profunda e o USG foi limitado. Fazer biopsia. • RMN: quando há uma limitação que não permite distinguir as camadas intestinais da lesão pela USG. Avaliar doença ovariana. • Laparoscopia: diagnostico anátomo patológico, prognóstico, estadiamento e tratamento. Padrão ouro: videolaparoscopia. Promove a visualização da pelve, superfície ovariana, fossa ovárica, fundo de saco de Douglas e ligamentos útero-sacros. Faço biópsia e classifico como leve, moderada ou grave – estadiamento. • USG sugestiva e/ou CA 125 > 100 U/ml = tratar. ❖ Tratamento:• Objetivos terapêuticos: aliviar as dores (com analgésicos, anti-inflamatórios e pílulas contraceptivas), corrigir a infertilidade (com cirurgia), diminuir o tamanho dos implantes, reverter ou limitar a progressão da doença, evitar a reincidência. • O tratamento pode ser expectante, clínico, cirúrgico ou clínico/cirúrgico. • O tratamento clínico de formas brandas em mulheres pode ser feito com ACO orais ou injetáveis. Mulheres que pretendem engravidar, o tratamento pode ser feito com cirurgia e tratamento hormonal ou o tratamento hormonal e depois cirurgia. • Medicamentos: Progesterona depo-provera – 150 mg de 3 em 3 meses. Deixa o endométrio fino sem haver sangramento – Allurene (dionogest). Danazol, lupron, synarel, zoladex e neo-decapeptil. Gestrinona. Anovulatórios orais. Bloqueiam o estrogênio, havendo um aumento da testosterona. Análogos do GnRH inibe a produção de FSH e estrogênio e induz a uma menopausa medicamentosa. RU 486. • Procedimento cirúrgico: ressecção, coagulação, vaporização dos focos e lise de aderências. ❖ Endometriose e Reprodução assistida (FIV): • Contorna a patologia pélvica associada à endometriose. • Retira os gametas de um ambiente potencialmente hostil.
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