Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gabriela Medeiros – Pneumologia Asma Brônquica É uma das doenças respiratórias crônicas + comuns, afetando de 1 a 18% da população, havendo variação de região para região. Doença inflamatória crônica das vias aéreas caracterizada por hiperresponsividade e limitação ao fluxo aéreo reversível espontaneamente ou com tratamento, que se manifesta mais comumente por dispneia, tosse e sibilância. É uma doença heterogênea (fenótipo) com múltiplas etiologias e cofatores contribuintes, mecanismos biopatológicos complexos (endótipos). FENÓTIPOS DA ASMA: Características observáveis de um indivíduo; Os fenótipos inflamatórios mais frequentemente utilizados incluem asma eosinofílica ou não eosinofílica, e asma alérgica ou não alérgica. Asma alérgica: • + reconhecido, geralmente tem início na infância e está associado com histórico familiar ou pregressa de doenças alérgicas como eczema, rinite alérgica, ou alergia alimentar ou à medicamentos. • Exame de escarro induzido realizado antes do tratamento → inflamação eosinofílica nas vias respiratórias e esses pacientes respondem bem ao tratamento com corticoides inalatórios. Asma não alérgica: • Não está associada a alergia. • O estudo das células no escarro desses pacientes pode ser neutrofílico, eosinofílico ou conter poucas células inflamatórias. • Geralmente não responde tão bem à terapia com corticoides inalatórios. • Asma ocupacional. Asma de início tardio: • Alguns adultos, especialmente as mulheres, iniciam os sintomas da asma apenas na vida adulta. • Tendem a ser não alérgicos. • Em geral requerem altas doses de corticoides inalatórios ou, ainda, podem ser refratários ao tratamento com corticoides. Asma com limitação fixa ao fluxo aéreo: Alguns pacientes, no decorrer do tempo e provavelmente devido ao remodelamento brônquico, desenvolvem limitação persistente ao fluxo aéreo, não havendo mais a característica de reversibilidade. Asma com obesidade: Alguns pacientes obesos com asma têm sintomas respiratórios. ENDÓTIPOS – Mecanismo molecular ou fisiopatológico: • Inflamação tipo 2 (T2) alta e baixa; • Asmáticos com inflamação Th2 alta → início precoce, + grave, associada à atopia/IgE e a eosinofilia nas vias aéreas e sistêmicas, responsivos a corticoide. • Asmáticos com inflamação Th2 baixa → início tardio, ausência de eosinofilia, pouco responsivo a corticoide. Na asma alérgica, a resposta mediada por IgE causa alterações imediatas, minutos após a exposição ao alérgeno e alterações tardias. Os indivíduos atópicos – que têm a predisposição geneticamente determinada para produzirem grandes quantidades de anticorpos IgE específicos para alérgenos ambientais/inaláveis – após estarem sensibilizados, apresentam uma resposta de hipersensibilidade imediata na mucosa da via aérea quando inalam essas substâncias. Ligação do alérgeno com a IgE na membrana dos mastócitos na mucosa e submucosa brônquicas → ativação e desgranulação destas células, que liberam mediadores inflamatórios pré-formados, como a histamina e o fator ativador de plaquetas (PAF), e mediadores neoformados, produzidos a partir do ácido araquidônico liberado das membranas celulares, como prostaglandinas e leucotrienos. → Os efeitos imediatos destas substâncias são vasodilatação e extravasamento vascular, com consequente edema da parede brônquica, hipersecreção de muco e broncoconstrição, responsáveis pelas manifestações clínicas da crise de asma (dispnéia, tosse com secreção viscosa, sibilos e sensação de aperto no peito). Gabriela Medeiros – Pneumologia REMODELAMENTO DAS VIAS AÉREAS: • Hiperplasia e hipertrofia da musculatura lisa nas vias aéreas; • Aumento da permeabilidade vascular; • Hiperplasia e proliferação das glândulas de submucosa; • Neovascularização brônquica; • Reposição de colágeno subepitelial (fibrose subepitelial) = obstrução fixa. AVALIAÇÃO CLÍNICA: • Sintomas (dispneia, tosse crônica, sibilância e desconforto torácico); • Sintomas ocorrem + à noite ou nas primeiras horas da manhã; • Identificar fatores precipitantes e agravantes; • Antecedente familiar de asma; • Ocupação profissional; • Variação de intensidade ao longo do tempo. Padrões que ⬇ probabilidade de diagnóstico de asma: • Tosse como sintoma isolado – IVAs, DRGE; • Tosse produtiva – bronquite, bronquiectasia; • Tosse associado a tontura e parestesia de extremidades; • Dor torácica – angina; • Estridor inspiratório – estenose de traqueia pós intubação; EXAME FÍSICO: • Normal – paciente fora de crise • Coexistência de rinite/sinusite (rinorreia, rinorreia posterior, polipose nasal, eczema flexural) • Hiperinsuflação pulmonar ao exame físico • Nas agudizações – sibilos e prolongamento do tempo expiratório; Obs.: Se ausculta com MV abolido em crise asmática = gravidade/apneia FATORES PRECIPITANTES OU AGRAVANTES: • Infecção respiratória viral • Exposição a alérgenos ambientais ou ocupacionais (pólen, fungos, ácaros, fibras de tecidos, etc.) • Exposição a irritantes (fumaça, poluição do ar, odores, aerossóis, etc.) • Mudança no tempo • Drogas (AAS, AINE, betabloqueador, IECA) • Ar frio • Alteração emocional • Exercícios DIAGNÓSTICO: • Anamnese • Espirometria com prova broncodilatadora – função pulmonar • Testes cutâneos alérgicos – presença de atopia. Não são específicos para asma, nem está presente em todos os fenótipos de asma. • RX de tórax em PA e perfil – início do acompanhamento, formas graves, nas crises, diagnóstico diferencial. • Hemograma – eosinofilia • Escarro – eosinofilia no escarro • TC de tórax – quadro de asma + radiografia sugestivo de bronquiectasia (DD: micoses) • Gasometria arterial – asma aguda grave; hipóxia; elevação da PaCO2; queda do pH. Espirometria: • Asma – padrão obstrutivo com reversibilidade (parcial ou completa) ao broncodilatador. • Resposta significativa ao broncodilatador → VEF1 aumenta pelo menos 200ml e 12% de seu Gabriela Medeiros – Pneumologia valor em relação ao VEF1 pré-broncodilatador ou 7% em relação ao valor previsto. • Espirometria normal + clínica de asma = não exclui diagnóstico; • Diagnostico diferencial → Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (espirometria com padrão obstrutivo sem resposta ao broncodilatador); Padrão restritivo (“pulmão endurecido” – doença pulmonar intersticial ou cardíaca). Capacidade Pulmonar Total (CPT) → é a quantidade de ar nos pulmões após uma inspiração máxima. Volume Residual (VR) → A quantidade de ar que permanece nos pulmões após a exalação máxima. Capacidade Vital Forçada (CVF) → é o volume eliminado em manobra expiratória forçada desde a CPT até o VR. Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1) → é a quantidade de ar eliminada no primeiro segundo da manobra expiratória forçada. É a medida de função pulmonar mais útil clinicamente. Curva fluxo-volume mostra que o fluxo é máximo logo no início da expiração, próximo à CPT, havendo redução dos fluxos à medida que o volume pulmonar se aproxima do VR. Curva Volume-tempo: Ideal que seja feita por no mínimo 6 segundos. CONTROLE DA ASMA Controle das limitações clínicas atuais: • Sintomas mínimos durante o dia e ausência de sintomas à noite; • Necessidade reduzida de medicação de alívio de sintomas; • Ausência de limitação das atividades físicas; Redução de riscos futuros: • Exarcebações • Perda acelerada da função pulmonar • Efeitos adversos do tratamento Ferramentas para a monitoração da asma: → Questionário de controle da asma da Global Initiative for Asthma (GINA) ⤷ “sim” ou “não” Fatores que influenciam o controle: • Diagnostico incorreto • Falta de adesão • Drogas que diminuem a resposta ao tratamento• Exposição domiciliar a poluentes • Exposição ocupacional • Comorbidade Gabriela Medeiros – Pneumologia GRAVIDADE = quantidade de medicamentos para atingir controle. TRATAMENTO: • Abordagem personalizada, incluindo, além do tratamento farmacológico, a educação do paciente, o plano de ação por escrito, o treinamento do uso do dispositivo inalatório e a revisão da técnica inalatória a cada consulta. • O tratamento de controle da asma é dividido em etapas de I a V, nas quais a dose de CI é aumentada progressivamente e/ou outros tratamentos de controle são adicionados. Gabriela Medeiros – Pneumologia Gabriela Medeiros – Pneumologia CORTICOIDE INALATÓRIO É A DROGA MAIS IMPORTANTE DA ASMA EM TODAS AS ETAPAS! Broncodilatador (B2 agonistas): ⤷ Ação curta: SABA = Salbutamol (Aerolin), Fenoterol (*arritmia) ⤷ Ação Prolongada: LABA = Formoterol, Salmeterol Anticolinérgicos ⤷ SAMA = Ipatrópio (Atrovent) ⤷ LAMA = Tiotrópio (Spiriva) Xantinas ⤷ Teofilina ⤷ Bamifilina Anti-inflamatórios ⤷ Inalatórios = Beclometasona, Budesonida, Fluticasona; ⤷ Sistêmicos = Prednisona, Prednisolona, Hidrocortisona, Metilprednisolona Antileucotrienos = Montelucaste, Zafirlucaste Referências bibliográficas: Aula do prof. Dr. Luiz Cláudio Bastos – pneumologista; Recomendações para o manejo da asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – 2020.
Compartilhar