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PARA CONCLUIR Abordamos neste módulo um assunto de grande relevância para a construção dos textos: a subjetividade e a objetividade. Você percebeu que os autores, quando escrevem seus textos, podem apresentar uma visão pessoal ou imparcial sobre o que está sendo abordado. Para isso, eles escolherão o gênero mais adequado. Se quiserem veicular sua subjetividade, escreverão uma crônica ou um poema, por exemplo. Se preferirem adotar um posicionamento objetivo, escreverão uma notícia ou uma reportagem, entre outros gêneros possíveis. A partir de agora, ao ler os textos, procure notar essas diferenças. APLICANDO O CONHECIMENTO Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das questões sinalizadas com asterisco. O texto abaixo é a letra de uma canção de Arnaldo Antunes, poeta e compositor brasileiro. Leia-o com atenção e resolva os exercícios a seguir. O silêncio antes de existir computador existia tevê antes de existir tevê existia luz elétrica antes de existir luz elétrica existia bicicleta antes de existir bicicleta existia enciclopédia antes de existir enciclopédia existia alfabeto antes de existir alfabeto existia a voz antes de existir a voz existia o silêncio o silêncio foi a primeira coisa que existiu um silêncio que ninguém ouviu astro pelo céu em movimento e o som do gelo derretendo o barulho do cabelo em crescimento e a música do vento e a matéria em decomposição a barriga digerindo o pão explosão de semente sob o chão diamante nascendo do carvão homem pedra planta bicho flor luz elétrica tevê computador batedeira, liquidificador vamos ouvir esse silêncio, meu amor amplificado no amplificador do estetoscópio do doutor no lado esquerdo do peito, esse tambor ANTUNES, Arnaldo; BROWN, Carlinhos. O silêncio. Intérprete: Arnaldo Antunes. In: ANTUNES, Arnaldo. O silêncio. [S.l.]: BMG, Brasil, 1997. 1 CD. Faixa 1. 1 Os sete versos iniciais da canção “O silêncio”, aparentemente objetivos, se analisados com cautela, revelam a subjetividade do eu lírico. Justifique essa afirmativa. A afirmativa justifica-se pelo fato de o texto ser poético, em que existe um eu lírico que expressa sua visão sobre a realidade. No texto, os sete versos iniciais seguem uma estrutura repetitiva muito particular com o intuito de revelar uma sucessão regressiva da existência das coisas. A n d re w K ra s o v it ck ii/ S h u tt e rs to ck 145 R ED A Ç Ã O � M Ó D U LO 11 PH8_EF2_RED_C2_139a147_M11.indd 145 12/8/17 1:11 PM 2 A canção parte de uma premissa básica, caracterizada pela visão subjetiva do eu lírico diante do mundo. Iden- tifique-a. Trata-se do posicionamento que evidencia o silêncio como a primeira coisa que existiu. 3 Após o verso “um silêncio que ninguém ouviu”, o eu lírico desenvolve essa ideia por meio de um recurso. Explique-o e justifique sua importância para o texto como um todo. O eu lírico tenta definir o silêncio de modo poético e subjetivo. Isso é importante para ilustrar a ideia que o eu lírico defende no texto: o silêncio, imperceptível pelos indivíduos, como a primeira coisa que existiu. 4 No último verso (“no lado esquerdo do peito, esse tam- bor”), o adjetivo “esquerdo” é considerado um adjetivo objetivo. Isso, entretanto, não condiz com o teor semân- tico do verso como um todo. Explique essa afirmativa, levando em consideração o significado contextual da palavra “tambor”. O teor semântico do verso é subjetivo, já que o eu lírico cria associações que levam em consideração seus sentimentos. Isso pode ser justificado pela utilização da palavra “tambor”, que, no texto, é usada como sinônimo de “coração”. 5 A composição de Arnaldo Antunes enumera diversas criações humanas (computador, tevê, luz elétrica...) que são consideradas insignificantes quando comparadas a um único elemento — revelado ao final do texto como o mais importante. Identifique-o e, a seguir, revele se esse elemento se volta para uma perspectiva interna ou externa do emissor. Trata-se do coração. Esse elemento é relacionado a uma perspectiva interna do emissor e é ressaltado como responsável pelos sentimentos. 6 “Ouvir o silêncio” é uma ação ilógica. Explique como, no verso “vamos ouvir esse silêncio, meu amor”, esse convite feito pelo eu lírico faz sentido subjetivamente. A ação de “ouvir o silêncio” tem sentido quando o leitor percebe que se trata de ouvir a batida do coração, quase sempre imperceptível pela audição humana. 7 Na sua opinião, qual foi a ideia defendida por Arnaldo Antunes ao escrever essa canção? Arnaldo Antunes procurou expor que, mesmo com muitas invenções tecnológicas, o ser humano jamais pode se esquecer de sua essência como indivíduo, que vem de seus sentimentos, de seu coração. 8 Proponha um novo título para a canção que contenha um adjetivo subjetivo ou uma expressão subjetiva. Resposta pessoal. Sugestão de resposta: O silêncio que importa. DESENVOLVENDO HABILIDADES Leia o texto a seguir e faça as atividades propostas. Marcos Mion tem toda razão: que não seja por falta de amor e zelo! Que seja por excesso! Mimo não mata e nem faz mal a ninguém. Essa conversa de que para criar filhos saudáveis emocionalmente é preciso dei- xá-los à própria sorte, seja num medinho de escuro ou numa manhã mais severa, é, a meu ver, uma das grandes bobagens que foram sendo passadas de geração em geração. Se existe uma coisa que criança precisa é carinho, atenção e cuidado. Por isso, foi com muita felicidade que me deparei com o post publicado por Marcos Mion em seu Instagram, em que aparece abraçadinho com um dos filhos, tirando aquela soneca amorosa. 146 PH8_EF2_RED_C2_139a147_M11.indd 146 12/8/17 1:11 PM Em sua mensagem, Mion questiona exatamente a máxima de que “é preciso deixar a criança no ber- ço, chorando até cansar, para que ela se acostume”. Se acostume com o quê? Com o medo, o abandono e o pavor de ficar sozinha? Mion está coberto de razão quando se levanta contra esse tipo de “instrução” para criar filho. É lógico que cada um faz o que bem entende dentro de casa, mas há alguns conceitos que precisam ser revistos. E quando vem alguém famoso e dá esse chacoalhão, não deixa de ser um alento. Os filhotes de humanos são, de longe, os mais incompetentes para sobreviver sozinhos. Precisam dos adultos para tudo. E, obviamente, nada pode ser mais salutar do que a acolhida em um momento de solidão, medo, sono, o que for. Respeitar as emoções dos pequenos “serumaninhos” é uma forma de torná-los, de fato, fortes para o mundo. Nada é mais determinante para uma criança do que a certeza de que pode contar com os adultos que a rodeiam. Estou com Mion e não abro: melhor o excesso de amor e zelo, do que a falta. [...] BRESSER, Deborah. Marcos Mion tem toda razão: que não seja por falta de amor e zelo! Que seja por excesso!. Disponível em: <http://entretenimento.r7.com/ blogs/blog-da-db/marcos-mion-tem-toda-razao-que-nao-seja-por-falta-de-amor-e-zelo-que-seja-por-excesso-20161017/>. Acesso em: 20 jan. 2017. 1 Algumas vezes, para expressar subjetividade, muitos autores fazem uso da primeira pessoa do discurso. A alternativa que exemplifica a ideia apresentada é: a) “[...] a meu ver, uma das grandes bobagens que fo- ram sendo passadas de geração em geração.” b) “Se existe uma coisa que criança precisa é carinho, atenção e cuidado.” c) “[...] em que aparece abraçadinho com um dos fi- lhos, tirando aquela soneca amorosa.” d) “E quando vem alguém famoso e dá esse chacoa- lhão, não deixa de ser um alento.” e) “Precisam dos adultos para tudo.” 2 Não são apenas os adjetivos que podem expres- sar subjetividade. No trecho “[...] uma das grandes bobagens que foram sendo passadas de geração em geração.”, o substantivo “bobagens” revela uma perspectiva pessoal do emissor. Assinale a opção que contenha outro substantivo capaz de revelar subjetividade: a) “Mimo não mata e nem faz mal a ninguém.” b) “Por isso, foi com muita felicidadeque me deparei com o post publicado por Marcos Mion [...]” c) “Em sua mensagem, Mion questiona exatamente a máxima [...]” d) “É lógico que cada um faz o que bem entende dentro de casa [...]” e) “[...] são, de longe, os mais incompetentes para so- breviver sozinhos.” 3 Segundo a autora, na criação de seus filhos, os pais: a) devem saber equilibrar o excesso de zelo com a au- tonomia das crianças. b) precisam deixar os filhos livres. c) têm que entender que eles não são tão importantes como pensam para seus filhos. d) são fundamentais para o desenvolvimento emocio- nal dos filhos. e) devem agir para que os filhos se acostumem com o medo e com o abandono. 4 Ao iniciar o texto, a autora revela o que a motivou à escrita: “[...] o post publicado por Marcos Mion em seu Instagram, em que aparece abraçadinho com um dos filhos, tirando aquela soneca amorosa.”. No último parágrafo, a autora retoma essa ideia inicial, reforçando seu posicionamento de forma mais explícita, em: a) “Os filhotes de humanos são, de longe, os mais incompetentes para sobreviver sozinhos.” b) “Precisam dos adultos para tudo.” c) “Respeitar as emoções dos pequenos ‘serumani- nhos’ é uma forma de torná-los, de fato, fortes para o mundo.” d) “Nada é mais determinante para uma criança do que a certeza de que pode contar com os adultos que a rodeiam.” e) “Estou com Mion e não abro: melhor o excesso de amor e zelo, do que a falta.” �ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1992. Gostou da canção de Arnaldo Antunes? Leia o livro em prosa poética escrito por ele e ilustrado por sua filha Rosa. R a u f A liy e v /S h u tt e rs to ck R e p ro d u • ‹ o /E d it o ra I lu m in u ra s 147 R ED A Ç Ã O � M Ó D U LO 11 PH8_EF2_RED_C2_139a147_M11.indd 147 12/8/17 1:11 PM