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1 Natasha Ferreira ATM25 Necrose e calcificação NECROSE Refere-se a alterações morfológicas que ocorrem após morte celular, resultando da ação progressiva de enzimas nas células, tecidos ou órgãos. É considerado um processo irreversível, porém deve-se salientar que alguns tecidos têm capacidade de regeneração, ou seja, o que foi necrosado não tem recuperação, mas pode ser substituído por um novo tecido. FISIOPATOLOGIA Ocorre a partir da ação enzimática que promove a destruição celular. Estas células são incapazes de manter a integridade da membrana. Autólise – as enzimas advêm da própria célula lesada, quando há o rompimento dos seus lisossomas Exemplo: Tecido q sofre privação de O2 pela irrigação sanguínea alterações bioquímicas na célula (entrada de H₂O - que incha a célula, e os lisossomas, os quais podem romper - e de Ca₂ que ativa as enzimas e promove a ação das mesmas -) Heterólise – as enzimas advêm dos lisossomas de outras células Exemplo: Processo infeccioso que atinge um tecido recrutamento de leucócitos para a região liberação de enzimas para atacar o agente causador ou até mesmo substâncias do próprio agente afetam a célula tecidual OBS: um outro conceito para Autólise Processo de autodegradação enzimática nos tecidos de indivíduos mortos ou tecido removidos sem fixador Exemplo: Paciente vai a óbito ou temos a remoção de um tecido ou órgão cirurgicamente, ocorre decomposição celular, a qual chamamos de autólise e não necrose Fixador – substância conservante que bloqueia a degradação por autólise (vai retardar o processo). É importante e situações como conservação cadavérica, conservação na área patológica (ex: tumor que precisa ser enviado ao patologista). • Fixador mais utilizado (formol a 10% - formalina) IMPORTÂNCIA DA NECROSE Depende do que está sendo necrosado • Sítios vitais podem ser acometidos por necrose como no Infarto miocárdico (infarto tem relação com a necrose) • Enzimas liberadas pelo foco necrótico podem indicar sua origem e serem dosadas no sangue por marcadores bioquímicos − CPK – IAM − TGO/TGP – necrose hepática 2 Natasha Ferreira ATM25 MORFOLOGIA Depende do tipo de necrose Aumento da eosinofilia (róseas), com aspecto vítreo (perda de grânulos de glicogênio), as vezes vacuolizadas (pela dissolução das organelas) Alterações nucleares: • Cariopicinose: núcleo pequeno, onde o DNA se condensa em uma massa basofílica, sólida e encolida • Cariorrexe: núcleo fragmentado em numerosos agregados • Cariólise: núcleo pálido e dissolvido (pode ocorrer diminuição da basofilia da cromatina) Obs: gradativamente ocorre a perda do material nuclear e consequentemente o material nucleico fica ausente, sobrando mais citoplasma (ficando com a coloração mais rosa do que azul) TIPOS DE NECROSE Coagulação - é o mais comum, presente nos infartos • causado por isquemia (privação de sangue e consequentemente de O2 • infarto de qualquer órgão, exceto cérebro Fisiopatologia Desnaturação proteica celular citoplasmática pelas próprias enzimas ativadas pelo Ca₂, que foi levado para dentro da célula em conjunto com H₂O Morfologia Micro: “Sombras” celulares eosinofilicas (rósea) (enxerga o tecido, ainda conseguimos ver parte da estruturação, mas encontra-se “desbotada”) O tecido que se encontra em volta da lesão pode desencadear um processo inflamatório para se “proteger”, ou seja, para que a necrose não se espalhe • Além disso, pode começar a ocorrer o processo de reparo tecidual (cicatrização) Macro: Tecidos afetados apresentam uma textura mais firme Liquefativa - acomete o tecido Nervoso (Infarto cerebral) e abcessos (coleção de pus) • T.C é mais frágil, se decompõe mais rapidamente pela ação enzimática Fisiopatologia Produzida por enzimas proteolíticas. Nos abcessos as enzimas leucocitárias e bacterianas liquefazem o tecido (enzimas de fora da célula) Morfologia Ocorre transformação do tecido em uma massa viscosa. As células necróticas podem ser substituídas por grandes massas de fosfolipídeos, as figuras de mielina. Estas, são geralmente fagocitados e após, degradados em ác. Graxos, os quais podem sofrer calcificação pela saponificação 3 Natasha Ferreira ATM25 Se o processo foi iniciado por inflamação aguda, o material é mais amarelado cremoso (presença de leucócitos mortos) - abcesso Esteatonecrose - é a necrose gordurosa Traumática: ocorre em mamas e subcutâneo. Lesão do tec. Adiposo que rompe as células liberando ác. Graxos reação química com Ca₂ circulante formação de sais de cálcio e consequente deposição dos mesmos formando uma lesão calcificada Enzimática: ocorre em pancreatites. Ativação da lipase pancreática (digere lipídeos) digestão de tec. Adiposo próximo ao pâncreas liberação de ac. Graxo reação química com o Ca₂ e pode acarretar em calcificação Caseosa - frequente na tuberculose, mas pode ocorrer em outras doenças • se há essa necrose em um paciente é tuberculose, até que se prove o contrário • pulmão é o órgão mais acometido, mas qualquer órgão pode ser afetado Morfologia Micro Material amorfo, eosinofílico com restos nucleicos (sem arquitetura preservada – difere da necrose de coagulação) Células coaguladas fragmentadas e fragmentos granulares cercados por uma borda inflamatória (reação granulomatosa) Macro: Aspecto de requeijão ou queijo branco Gangrena seca - variante da necrose de coagulação • acomete as extremidades, especialmente as inferiores • perda de suprimento sanguíneo Morfologia Macro: Aspecto preto, seco (“mumificado”), duro e com linha de demarcação nítida (limite) Causa • Obstrução arterial gradual, lenta e progressiva (comum em diabéticos, “pé diabético”) • Tromboangeíte (sensibilidade aumentada ao fumo, mais frequente em homens). • Frio extremo Outros tipos: Glomosa (sífilis), lítica (hepatite), fibrinoide (reações autoimunes) As lesões caçlcificadas podem ser chamadas de lesões em pingos de vela Pode tornar-se úmida por infecção (pode proteger em parte o tecido vivo, impedindo que a necrose se espalhe) ou gasosa por clostridium 4 Natasha Ferreira ATM25 APOPTOSE Morte celular programada com eliminação seletiva de células indesejáveis, sem prejudicar células circundantes. Não há ruptura da membrana celular, ou seja, não há liberação do conteúdo. Apenas sua estrutura é alterada de forma que a célula se torne um alvo fagocítico Exemplos: deleção de cels. intestinais renováveis, deleção de cels. cancerosas, morte de neutrófilos nas inflamações agudas, etc. Morfologia Micro: Encolhimento celular (retração, citoplasma denso e organelas agrupadas) Condensação e fragmentação de cromatina (encontra-se na periferia) Formação de bolhas no citoplasma, que ao ser fragmentada, forma corpos apoptóticos fagocitáveis por macrófagos CALCIFICAÇÃO Deposição anormal de sais de Ca₂ com pequenas frações de ferro, magnésio e outros sais TIPOS DE CALCIFICAÇÃO Idiopática - não sabemos a causa (sem lesão e sem hipercalcemia) Distrófica - ocorre após uma lesão tecidual (dependente de uma lesão prévia, independentemente dos níveis de Ca₂) • Localizada Exemplos • Necroses (lembrar dos pingos de vela, esteatonecrose na pancreatite, esteatonecrose traumática) • Placas de ateroma (aterosclerose) • Aneurisma (presença de colesterol e ac. Graxos livres que se combinam com o Ca₂) • Válvulas cardíacas lesadas (erro de estrutura colágena – má formação –) • Contorno do cisto hidático pelo mecanismo de reação inflamatória pericística e necroses focais em conjunto com fibrose colágena • Pancreatite crônica do alcoolismo (decorrente de necroses doparênquima e alterações do conteúdo do muco em ductos dilatados) • Câncer mamário pela necrose do tumor e outras neoplasias Morfologia Micro: Material basofilico (azul escuro), denso e por vezes granuloso Macro: Zona calcificada, branca, dura, granulosa e fosca (giz branco) As céls. Necróticas podem iniciar a formação de cristais incrustadas pelo depósito do mineral A deposição progressiva de camadas externas pode criar configurações lamelares, os corpos de psamoma (grãos de areia) 5 Natasha Ferreira ATM25 Obs: cálculos não são considerados calcificações patológicas, vão ser concreções formadas que ficarão soltas dentro de uma estrutura Mestastática - ocorre quando o paciente apresenta hipercalcemia, independente de lesão prévia • Difusa • Pouco comum • Ocorre em tec. intestinais, mucosa gástrica, rins, pulmões e artérias/veias • Substrato básico é a presença de ác. teciduais livres captadores de Ca₂ (ocorre reação deste com o Ca₂ e gera a deposição de sais) Exemplos • hiperparatireoidismo por aumento do PTH (tumores de paratireoide) com remoção de Ca₂ do osso e deposito no sangue, acarretando hipercalcemia • Lesões ósseas malignas destruidoras de osso (metástase, leucemias) • Excesso de vit D com o aumento da absorção intestinal de Ca₂ • Insuf. renal crônica (seria um hiperparatireoidismo secundário, pela grande concentração retida de fosfato, ocorre aumento do PTH) IMPORTÂNCIA DA CALCIFICAÇÃO • Complicações quando ocorrem em válvulas cardíacas lesadas • Circunscrição benéfica de agentes inflamatórios (abcesso ou cisto hidático) a qual contém o avanço dos mesmos • Confusão entre a calcificação na mama ou neoplasia quando se tem lesão prévia e o paciente ainda apresenta níveis elevados de cálcio, ainda sim classificamos a calcificação com distrófica, quando a calcificação ocorre na lesão
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