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Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG PMSUS – Oficina 2 Objetivos! 1 – Diferenciar transição demográfica, epidemiológica e nutricional. 2 – Entender as principais DCNTs e epidemiologia. 3 – Explicar quais fatores de risco influencia no surgimento das DCNTs. 4 – Compreender a ação da atenção básica no controle e presença das DCNTs. (principais diretrizes, estratégias de enfrentamento e rastreio). 5 – Compreender o Vigital e a sua influência no programa de atenção integral à saúde do adulto. 6 – Compreender o conceito de carga global de doenças relacionadas com transição epidemiológica da realidade brasileira considerando as doenças socioecônomicas. 7 – Descrever o conceito de cálculos DALY, QUALY, HALE. Diferenciar transição demográfica, epidemiológica e nutricional. O Brasil está passando em termos demográficos por um período de grandes transformações que terão um peso importante para a situação econômica e social do país nas próximas décadas. Após sucessivos anos de crescimento populacional, o país vem registrando quedas acentuadas da natalidade, o que determina um ritmo cada vez menor de aumento do contingente populacional. A redução do número de nascimentos vem acompanhada pela queda da mortalidade, esses dois componentes juntos intensificam o processo de Envelhecimento Populacional. Com mais pessoas alcançando idades mais elevadas, uma série de mudanças são observadas como a Transição Epidemiológica, passando a mortalidade a predominar entre os mais velhos e as principais causas de morte passar a serem as doenças típicas do envelhecimento. A mudança do comportamento da população (Transição Demográfica) reduz a participação do grupo das crianças na população e amplia o peso do grupo dos idosos. O país passa a ter um número expressivo de pessoas com 60 anos ou mais que demandam cuidados e atenção especiais para que possam manter a sua autonomia e bem-estar. O Envelhecimento Populacional tem estreita ligação com os processos de Transição Demográfica e de Transição Epidemiológica. Com a mudança do comportamento demográfico da população, com a variação dos níveis de natalidade e de mortalidade além dos movimentos migratórios, a população modifica a participação dos três grupos etários, tornando-se mais envelhecida ou jovem. • a Transição Demográfica consiste na passagem de uma situação de baixo crescimento populacional, resultado de elevados níveis de natalidade e de mortalidade, a uma outra fase marcada pelo baixo Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG crescimento ou estabilização ou crescimento negativo, em que natalidade e mortalidade são baixas. A transição demográfica pode ser considerada o pano de fundo para as principais modificações e processos relacionados à população, uma vez que ele representa a oscilação das taxas de crescimento e variações populacionais. Esse conceito foi elaborado em 1929 por Warren Thompson para contestar a Teoria Malthusiana, definindo que não há um crescimento acelerado da população (crescimento em PG), mas sim oscilações periódicas, que alternam crescimentos e desacelerações demográficas, podendo envolver, inclusive, estágios de estabilidade. Exemplo de transição demográfica.: A geração do Baby-boom (1946 – 1964). Após o término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os Estados Unidos, como vencedores, conheceram uma elevada evolução político-financeira e conseguiram elevar as condições de vida de sua população. Com um período de guerra terminado, a população começou a produzir uma grande quantidade de filhos, sobretudo entre os anos de 1946 e 1964, fenômeno denominado de geração do baby-boom ou baby- boomers. Muitos demógrafos consideraram esse período como uma forma espontânea da sociedade de repor as perdas das pessoas mortas durante os conflitos internacionais. Assim, da mesma forma que aconteceu nos estágios acima mencionados, esse rápido crescimento demográfico ocasionado pelo aumento da natalidade e pela baixa mortalidade foi seguido por um período de queda dos números de gravidez e a consequente redução das taxas de crescimento populacional nas gerações seguintes. Observa-se, desse modo, mais um exemplo de transição demográfica, em que um período de explosão no número de pessoas é sequenciado por um período de estabilização demográfica. A Transição Demográfica contribui para o Envelhecimento Populacional e estes dois processos são associados à Transição Epidemiológica, que consiste na mudança do perfil de mortalidade, que passa de uma situação onde as principais causas de mortes são as doenças infecciosas e parasitárias, características de locais com baixos níveis de desenvolvimento econômico e social, para uma nova fase, em que as doenças típicas da velhice começam a ocupar uma posição cada vez mais intensa entre as enfermidades mais comuns. Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG • Nesse sentido, entende-se por transição epidemiológica, as mudanças ocorridas no tempo nos padrões de morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. O processo engloba três mudanças básicas: 1) substituição das doenças transmissíveis por doenças não- transmissíveis e causas externas; 2) deslocamento da carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos; 3) transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante. A definição da transição epidemiológica deve, assim, ser considerada componente de um conceito mais amplo chamado de transição da saúde, que inclui elementos das concepções e comportamentos sociais, correspondentes aos aspectos básicos da saúde nas populações humanas. Essa transição da saúde pode ser dividida em dois elementos principais: de um lado, tem-se a transição das condições de saúde (mudanças na frequência, magnitude e destruição das condições de saúde, expressas através das mortes, doenças e incapacidades) e de outro a resposta social organizada a estas condições que se instrumenta por meio dos sistemas de atenção à saúde, grande medida de desenvolvimento social, econômico e tecnológico mais amplo. A rede de assistência à saúde no Brasil ainda é muito voltada para o atendimento às crianças que durante muitas décadas representavam uma parcela considerável da população. O grupo dos idosos apresenta demandas de saúde e sociais totalmente diferentes dos outros segmentos da população e aumenta sua participação em um ritmo bastante intenso. Ampliamos o peso do grupo dos idosos em um espaço de tempo relativamente curto. Nos países desenvolvidos, primeiro houve à melhoria das condições de vida e só depois o envelhecimento da população. No Brasil, ocorre o envelhecimento sem o país ter apresentado grandes melhorias nas áreas de saúde e sociais. Assim, os desafios que se apresentam com a evolução do grupo dos idosos são imensos e precisam ser enfrentados visando colaborar para a manutenção do bem-estar da pessoa com 60 anos ou mais. Com o envelhecimento, as principais doenças que acometem a população e que levam a morte se modificam, saímos de um quadro em que predominavam as doenças infecciosas e parasitárias que atingiam em sua maioria os mais jovens e passamos a um cenário em que as doenças crônicas e degenerativas assumem um peso maior. As doenças crônicas e degenerativas exigem uma alteração completa da rede de assistência à saúde. É uma realidade nova, são doenças que necessitam de ações preventivas e de acompanhamento constante. As doenças típicas do envelhecimento já são as principais responsáveis pela maior parte das mortes observadas no Brasil e apresentam uma evoluçãoao longo dos tempos. De acordo com Castiglioni (2012), o grupo de doenças ligadas ao envelhecimento já era responsável por 68,4% das mortes no Brasil em 2010, sendo as doenças do aparelho circulatório as que mais matam no país. No Brasil, a transição epidemiológica não tem ocorrido de acordo com o modelo experimentado pela maioria dos países industrializados e mesmo por vizinhos latino-americanos como o Chile, Cuba e Costa-Rica. Há uma superposição entre as etapas nas quais predominam as doenças transmissíveis e crônico-degenerativas; a reintrodução de doenças como dengue e cólera ou o recrudescimento de outras como a malária, hanseníase e leishmanioses indicam uma natureza não-unidirecional denominada contra-transição; o processo não se resolve de maneira clara, criando uma situação em que a morbi-mortalidade persiste elevada para ambos os padrões, caracterizando uma transição prolongada; as situações epidemiológicas de diferentes regiões em um mesmo país tornam-se contrastantes (polarização epidemiológica). Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG • A transição nutricional, o qual se refere às mudanças sociais e econômicas que exercem influência no perfil nutricional de uma população. A concentração de pessoas em cidades e aumento do poder aquisitivo tende a mudar os hábitos alimentares, ou seja, ocorre um processo de transição nutricional. Porém, da maneira como está ocorrendo, leva ao aumento dos níveis de doenças relacionadas à obesidade e sedentarismo, como hipertensão e diabetes. O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, convive atualmente com a transição nutricional, determinada frequentemente pela má-alimentação. Os inquéritos populacionais mostraram a tendência contínua de redução da desnutrição no país, associada ao aumento do excesso de peso em diferentes fases da vida. O monitoramento do perfil nutricional permite a geração de uma atitude de vigilância e o direcionamento das ações de promoção de saúde. A Estratégia Saúde da Família, em conjunto com diversos aspectos conjunturais do país, mostrou resultados concretos para a redução da desnutrição; contudo, a má-alimentação contribuiu de forma expressiva para o aumento da prevalência de obesidade e de outras doenças crônicas não transmissíveis, que, além de ter grande impacto na qualidade de vida do indivíduo, oneram significativamente o Sistema Único de Saúde. 5 padrões nutricionais: 1. Busca por alimentos – Baixa expectativa de vida • Marcada pela caça ao alimento • Alimentação é rica em carboidratos e fibras e pobre em gordura • Pessoas mais ativas com reduzida ocorrência de excesso de peso. 2. Escassez de alimentos – Fome • Alimentação em menor quantidade e menos variada • Período com escassez de alimentos • Déficit nutricional e redução na estatura. 3. Remissão da fome – Redução lenta da mortalidade • Consumo de frutas, vegetais e proteína animal • Redução da fome • Predomínio da inatividade e do lazer 4. Nutrição relacionada com doenças não transmissíveis – Aumento acelerado da expectativa de vida • Alimentação rica em gordura total, colesterol, açúcar e carboidratos refinados • Aumenta o sedentarismo • Prevalência de o besidade e doenças crônicas não transmissíveis 5. Mudança de comportamento – Envelhecimento saudável • Redução da prevalência de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis • Substituição do sedentarismo por atividades programadas e de lazer → Esses 5 processos variam de uma esfera populacional para outra dentro de um só país, podendo apresentar diferentes padrões. No Brasil: verifica-se a transição do Padrão 3 (desnutrição) para o Padrão 4 (excesso de peso). Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG Entender as principais DCNTs e epidemiologia. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) são a principal causa de morte e incapacidade no mundo. Elas incluem cinco grupos de doença de maior magnitude: cardiovasculares, respiratórias crônicas, câncer, diabetes e condições mentais e neurológicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, as DCNTs causam 41 milhões de mortes por ano, o que equivale a 71% do total. Destas, 32 milhões acontecem em países em desenvolvimento. O cenário epidemiológico brasileiro é complexo. Em 1930, as doenças infecciosas respondiam por cerca de 46% das mortes em capitais brasileiras. A partir de então, verificou-se a redução progressiva, sendo que em 2003 essas doenças responderam apenas por cerca de 5% (Barbosa, 2003). Por outro lado,(1) as doenças cardiovasculares, que representavam apenas 12% na década de 30, são, atualmente, as principais causas de morte em todas as regiões brasileiras, respondendo por quase um terço dos óbitos. Em segundo lugar, seguem-se (2) os cânceres e, em terceiro, (3) as mortes ocasionadas por acidentes e violência (Figura 1). https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/noncommunicable-diseases https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/noncommunicable-diseases Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG A cada ano, acrescentam-se 200 mil pessoas maiores de 60 anos à população brasileira, gerando uma demanda importante para o sistema de saúde. Entretanto, num país como o Brasil existem diferenças regionais importantes. A pirâmide que representa a região Norte ainda preserva as características de uma população jovem e na região Sul é marcada por um processo típico de transição demográfica. A magnitude de parte das DCNT pode ser avaliada pelas doenças cardiovasculares, responsáveis por 31% do total de óbitos por causas conhecidas. As neoplasias representam a segunda causa de óbitos, com cerca de 15% em 2003. No Brasil, as estimativas para o ano de 2005 apontam que ocorrerão 467.440 casos novos de câncer (INCA, 2005). Segundo projeções do Instituto Nacional do Câncer, os tipos de câncer com maior incidência, à exceção de pele não melanoma, serão os de próstata e pulmão no sexo masculino e mama e colo do útero para o sexo feminino, acompanhando a mesma tendência observada no mundo (INCA, 2005). Em relação a doenças por Acidente Vascular Cerebral – AVC, por Infarto Agudo do Miocárdio – IAM e pelo Diabetes, respectivamente, no período de 1996 a 2002, observa-se um declínio lento e gradual das taxas de AVC na região Sul, Sudeste e Centro Oeste, enquanto na região Nordeste observa-se tendência discreta de aumento das taxas. Para o IAM, a taxa do país se manteve estável com diminuição nas regiões Sul e Sudeste e aumento nas Regiões Centro Oeste e Nordeste. No caso do diabetes, as taxas de mortalidade estão em ritmo ascendente em toas regiões do Brasil. MATERIAL DE PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O ENFRENTAMENTO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL 2011-2022 Entre as doenças crônicas, tiveram destaque os transtornos neuropsiquiátricos (19%), as doenças do aparelho circulatório (13%), as doenças respiratórias crônicas (8%), os cânceres (6%), as doenças musculoesqueléticas (6%) e diabetes (5%) (SCHRAMM et al., 2004). Mortalidade por DCNT Segundo Schmidt et al., (2011), de todas as mortes ocorridas no Brasil em 2007, 58% foram atribuídas às quatro DCNT priorizadas no Plano de Ação 2008-2013 da OMS (doenças do aparelho circulatório, doenças respiratórias crônicas, diabetes e câncer). Embora a avaliação da mortalidade bruta por DCNT indique um aumento de 5% de 1996 para 2007, de 442 para 463 mortes por 100 mil habitantes, quando essas taxas são padronizadas por idade para a população- padrão da OMSe corrigidas para subregistro com redistribuição das causas mal definidas de morte, a comparação ao longo do tempo mostra que a mortalidade por DCNT diminuiu em 20% de 1996 para 2007 (Figura 2). Nesse período, a redução foi de 31% para as doenças do aparelho circulatório e de 38% para as respiratórias crônicas (28% doença pulmonar obstrutiva crônica e 34% asma); para o diabetes verificou-se aumento de 2% e, para outras doenças crônicas, diminuição de 2% (SCHMIDT et al., 2011). - O diabetes como causa básica de morte aumentou 11% entre 1996 e 2000 e, em seguida, diminuiu 8% em 2007, resultando em aumento de aproximadamente 2% no período. Além das taxas crescentes de mortalidade, o diabetes preocupa pelo aumento na sua prevalência estimada em inquéritos e pelo número de atendimentos ambulatoriais e hospitalares provocados pela doença e suas complicações. Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG - Outra doença que merece atenção devido a mudanças nas taxas de mortalidade é o câncer. Análise de tendência da mortalidade entre 1980 e 2006 indica que, entre homens, as taxas ajustadas por idade segundo a população-padrão mundial por câncer de pulmão, próstata e colorretal estão aumentando. Por outro lado, as de câncer de estômago estão diminuindo e as de câncer de esôfago mantêm-se estáveis. Nas mulheres, as taxas de mortalidade por câncer de mama, pulmão e colorretal aumentaram nesse mesmo período, enquanto as de câncer do colo do útero e do estômago diminuíram. Deve-se ressaltar que a tendência do câncer de pulmão em homens em idades mais jovens até 59 anos é declinante, ao passo que, para homens e mulheres com 60 anos e mais, a tendência é de aumento, o que já pode ser reflexo da diminuição do tabagismo em homens a partir das últimas décadas. Deve-se ressaltar que a queda da mortalidade por câncer do colo do útero ocorreu principalmente nas capitais brasileiras e nas regiões mais desenvolvidas, em função da ampliação do acesso e da melhoria de qualidade do exame citopatológico do colo do útero. Todavia, a incidência de câncer do colo do útero no Brasil ainda continua uma das mais altas do mundo. Já em relação ao câncer de mama, embora se observe recente aumento nas coberturas autorrelatadas de mamografias (IBGE, 2010a), as taxas de mortalidade são mais elevadas nas regiões Sudeste e Sul, mas mostram ascensão em todas as capitais e demais municípios do país. 77 Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG Explicar quais fatores de risco influencia no surgimento das DCNTs. Os fatores de risco para o desenvolvimento das DCNTs vêm sendo classificados como modificáveis ou não modificáveis. Entre os fatores modificáveis, estão a hipertensão arterial, a ingestão de álcool em grandes quantidades, o diabetes mellitus, o tabagismo, o sedentarismo, o estresse, a obesidade e o colesterol elevado. Já entre os fatores não modificáveis, destaca-se a idade, havendo clara relação entre o envelhecimento e o risco de desenvolver DCNTs. Outros fatores não modificáveis são a hereditariedade, o sexo e a raça. As quatro doenças crônicas de maior impacto mundial (doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas) têm quatro fatores de risco em comum (tabagismo, inatividade física, alimentação não saudável e álcool). Em termos de mortes atribuíveis, os grandes fatores de risco globalmente conhecidos são: pressão arterial elevada (responsável por 13% das mortes no mundo), tabagismo (9%), altos níveis de glicose sanguínea (6%), inatividade física (6%) e sobrepeso e obesidade (5%). No Brasil, esses fatores de risco são monitorados por meio de diferentes inquéritos de saúde, com destaque para o monitoramento realizado pelo VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico). Dados da última pesquisa Vigitel, realizada pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde ao longo de 2019, no entanto, mostram um cenário preocupante: O tabagismo é considerado o principal fator de risco prevenível na epidemia global das doenças crônicas. Os bons resultados na redução da prevalência do tabagismo pelos países que vêm adotando as medidas preconizadas na Convenção Quadro para o Controle do Tabaco têm mostrado a importância da implementação de políticas eficazes de controle e prevenção dos fatores de risco para as DCNTs contando com o apoio da sociedade civil. Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG 1) Tabagismo: é um importante fator de risco para o desenvolvimento de uma série de doenças crônicas, como câncer, doenças pulmonares e doenças cardiovasculares. Desse modo, o hábito de fumar permanece como líder global entre as causas de mortes evitáveis; 2) Consumo Nocivo de álcool: A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o consumo nocivo do álcool foi responsável por 3,3 milhões de mortes em 2012, ou seja, 5,9% do total de óbitos no mundo. Além de relacionado à mortalidade, o consumo de bebidas alcoólicas também é classificado entre os cinco principais fatores de risco para incapacidades, principalmente entre jovens, e está relacionado como fator causal de mais de 200 doenças e lesões como cirrose hepática, câncer, distúrbios neurológicos e maior exposição a acidentes e violências 3) Sedentarismo: A prática de atividade física de forma regular é considerada um fator de proteção à saúde das pessoas, enquanto que o sedentarismo é o quarto maior fator de risco de mortalidade global. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 3,2 milhões de mortes por ano em todo o mundo são atribuídas à atividade física insuficiente. A OMS recomenda a prática de, no mínimo, 150 minutos de atividade física semanal de intensidade leve a moderada ou 75 minutos de atividade de intensidade vigorosa, entre adultos. 4) Alimentação inadequada: No Brasil, houve uma redução na compra de alimentos tradicionais básicos, como arroz, feijão e hortaliças, e aumentos notáveis na compra de alimentos processados, acarretando aumento no consumo de gorduras saturadas, sódio e açúcares livres. A Organização Mundial de Saúde recomenda a ingestão diária de pelo menos 400 gramas de frutas e hortaliças, o que equivale, aproximadamente, ao consumo diário de cinco porções desses alimentos. Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG Compreender a ação da atenção básica no controle e presença das DCNTs. (principais diretrizes, estratégias de enfrentamento e rastreio). – Organização da Vigilância de DCNT: O Brasil vem organizando, nos últimos anos, ações no sentido de estruturar e operacionalizar um sistema de vigilância específico para as doenças crônicas não transmissíveis, de modo a conhecer a distribuição, a magnitude e a tendência das doenças crônicas e seus fatores de risco e apoiar as políticas públicas de promoção da saúde. • Em 2003, realizou-se o primeiro inquérito domiciliar sobre comportamento de risco e morbidade referida de agravos não transmissíveis, que constituiu a linha de base do país no monitoramento dos principais fatores de risco. • Em 2006, foi implantado o VIGITEL, inquérito por telefone que, com 54 mil entrevistas anuais, investiga a frequência de fatores de risco e proteção para doenças crônicas e morbidade referida em adultos (≥18 anos) residentes em domicílios com linha fixa de telefone nas capitais do Brasil. • Em 2008, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) incluiu, como parte da iniciativa do Global Adult Tobacco Survey (GATS), informações sobre morbidade e alguns fatores de risco e, ainda, a Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab). • Em 2009,foi realizada a I Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), inquérito com cerca de 63 mil alunos do 9º ano das escolas públicas e privadas das capitais do Brasil e do Distrito Federal, feito em parceria entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os Ministério da Saúde e da Educação, que acontecerá a cada três anos O monitoramento da morbimortalidade em DCNT, componente essencial para a vigilância, é realizado por meio dos sistemas de informações do SUS e outros. Outras atividades neste processo são as capacitações das equipes de saúde de estados e municípios, com o estabelecimento de atividades e estratégias de prevenção, promoção e assistência e com a definição de indicadores para monitoramento e de metodologias apropriadas às realidades regionais e locais. Síntese do Plano de Enfrentamento de DCNT O 'Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022' define e prioriza as ações e os investimentos necessários no sentido de preparar o país para enfrentar e deter as DCNT nos próximos dez anos. O objetivo do Plano de DCNT é promover o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e de seus fatores de risco, e fortalecer os serviços de saúde voltados para a atenção aos portadores de doenças crônicas. O Plano fundamenta-se no delineamento de três principais diretrizes ou eixos: a) vigilância, informação, avaliação e monitoramento; b) promoção da saúde; e c) cuidado integral. Vigilância, informação, avaliação e monitoramento Os três componentes essenciais da vigilância de DCNT são: monitoramento dos fatores de risco; monitoramento da morbidade e mortalidade específicas das doenças; e respostas dos sistemas de saúde, que também incluem gestão, políticas, planos, infraestrutura, recursos humanos e acesso a serviços de saúde essenciais, inclusive a medicamentos. O eixo da Vigilância dará sequência às ações de monitoramento de DCNT e seus fatores de risco e ampliará novas ações em termos de inquéritos populacionais mais amplos, pesquisas de monitoramento de desigualdades, entre outros. As principais ações são: a) realização da Pesquisa Nacional de Saúde em 2013, em parceria com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), gerando informações e conhecimentos sobre o processo saúde-doença e seus determinantes sociais, para formulação de políticas de saúde no Brasil. Serão pesquisados temas como: acesso aos serviços e sua utilização; morbidade; fatores de Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG risco e proteção a doenças crônicas; e saúde dos idosos, das mulheres e das crianças. Também serão feitas medições antropométricas e de pressão arterial, além de coleta de material biológico; b) realização de inquéritos populacionais, telefônicos e em populações especiais, como adolescentes; c) realização de estudos sobre DCNT, como análises de morbimortalidade, avaliação de intervenções em saúde, estudos sobre desigualdades em saúde, identificação de populações vulneráveis (indígenas, quilombolas, outras), avaliação de custos de DCNT, entre outros; e d) criação de um portal na internet, para monitorar e avaliar a implantação do Plano Nacional de Enfrentamento das DCNT, bem como a evolução das DCNT no país. Promoção da saúde Compreendendo a importância das parcerias para superar os fatores determinantes do processo saúde-doença, foram definidas diferentes ações envolvendo diversos ministérios (Educação, Cidades, Esporte, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Agricultura/Embrapa, Trabalho e Planejamento), a Secretaria Especial de Direitos Humanos, a Secretaria de Segurança Pública, órgãos de Trânsito e outros, além de organizações não governamentais, empresas e sociedade civil, com o objetivo de viabilizar as intervenções que impactem positivamente na redução dessas doenças e seus fatores de risco, especialmente para as populações em situação de vulnerabilidade. Principais ações: Atividade física a) Programa Academia da Saúde: construção de espaços saudáveis que promovam ações de promoção da saúde e estimulem a atividade físicas- práticas corporais, em articulação com a Atenção Primária à Saúde. b) Programa 'Saúde na Escola': implantação em todos os municípios, incentivando ações de promoção da saúde e de hábitos saudáveis nas escolas (como as cantinas saudáveis); reformulação de espaços físicos, visando à prática de aulas regulares de educação física e à prática de atividade física no contraturno. c) Praças do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): fortalecimento da construção das praças do PAC dentro do Eixo Comunidade Cidadã, além de busca pela cobertura de todas as faixas etárias; as praças do PAC integram atividades e serviços culturais, práticas esportivas e de lazer, formação e qualificação para o mercado de trabalho, serviços socioassistenciais, políticas de prevenção à violência e de inclusão digital. d) Espaços urbanos saudáveis: criação do 'Programa Nacional de Calçadas Saudáveis' e construção e reativação de ciclovias, parques, praças e pistas de caminhadas. e) Campanhas de comunicação: criação de campanhas que incentivem a prática de atividade física e hábitos saudáveis, articuladas com grandes eventos como a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro-RJ. Alimentação saudável a) Escolas: promoção de ações de alimentação saudável, pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar. b) Oferta de alimentos saudáveis: estabelecimento de parcerias e acordos com a sociedade civil (agricultores familiares, pequenas associações e outros), para o aumento da produção e da oferta de alimentos in natura, visando ao acesso à alimentação adequada e saudável. c) Apoio a iniciativas intersetoriais, para o aumento da oferta de alimentos básicos e minimamente processados, no contexto da produção, do abastecimento e do consumo alimentar. d) Acordos com a indústria para redução do sal e do açúcar: estabelecimento de acordo com o setor produtivo e parceria com a sociedade civil, para redução do sal e do açúcar nos alimentos, buscando avançar em uma alimentação mais saudável. e) Redução dos preços dos alimentos saudáveis: fomento à adoção de medidas fiscais, tais como redução de impostos, taxas e subsídios, visando Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG à redução dos preços dos alimentos saudáveis (frutas, hortaliças) e o estímulo a seu consumo. f) Implantação do 'Plano Intersetorial de Obesidade', com vistas à redução da obesidade na infância e na adolescência. Tabagismo e álcool a) Adequação da legislação nacional que regula o ato de fumar em recintos coletivos: ampliação das ações de prevenção e de cessação do tabagismo, com atenção especial aos grupos mais vulneráveis (jovens, mulheres, população de menor renda e escolaridade, indígenas, quilombolas). b) Fortalecimento da implementação da política de preços e de aumento de impostos dos produtos derivados do tabaco e álcool, com o objetivo de reduzir o consumo. c) Apoio à intensificação de ações fiscalizatórias em relação à venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. d) Fortalecimento das ações educativas voltadas à prevenção e à redução do uso de álcool e tabaco, pelo programa 'Saúde na Escola'. e) Apoio a iniciativas locais de legislação específica, no sentido do controle de pontos de venda de álcool e do horário noturno de fechamento de bares e outros pontos correlatos de comércio. Envelhecimento ativo a) Implantação de um modelo de atenção integral ao envelhecimento ativo, favorecendo ações de promoção da saúde, prevenção e atenção integral. b) Promoção de envelhecimento ativo e de ações que envolvam a Saúde Suplementar.c) Incentivo aos idosos para a prática da atividade física regular no programa 'Academia da Saúde'. d) Capacitação das equipes de profissionais da Atenção Primária em Saúde para o atendimento, acolhimento e cuidado da pessoa idosa e de pessoas com condições crônicas. e) Incentivo à ampliação da autonomia e independência para o autocuidado e o uso racional de medicamentos. e) Criação de programas para formação do cuidador da pessoa idosa e com condições crônicas. Cuidado integral Serão realizadas ações visando ao fortalecimento da capacidade de resposta do Sistema Único de Saúde e à ampliação das ações de cuidado integrado para a prevenção e o controle das DCNT. Principais ações: a) Linha de cuidado de DCNT: definição e implementação de protocolos e diretrizes clínicas das DCNT com base em evidências de custo- efetividade, vinculando os portadores ao cuidador e à equipe da Atenção Primária, garantindo a referência e contrar-referência para a rede de especialidades e hospitalar, e favorecendo a continuidade do cuidado e a integralidade na atenção. b) Capacitação e telemedicina: capacitação das equipes da Atenção Primária em Saúde, expandindo recursos de telemedicina, segunda opinião e cursos à distância, para qualificação da resposta às DCNT. c) Medicamentos gratuitos: ampliação do acesso gratuito aos medicamentos e insumos estratégicos previstos nos protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas das DCNT e tabagismo. d) Câncer do colo do útero e de mama: aperfeiçoamento do rastreamento do câncer do colo do útero e de mama: universalização desses exames a todas as mulheres, independentemente de renda e raça/cor, reduzindo desigualdades; e garantia de 100% de acesso ao tratamento de lesões precursoras de câncer. Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG e) Implantação do programa 'Saúde Toda Hora': i. Atendimento de urgência: fortalecimento do cuidado integrado ao portador de doenças do aparelho circulatório na rede de urgência, entre unidades de promoção, prevenção e atendimento à saúde, com o objetivo de tornar esse atendimento mais rápido e eficaz. ii. Atenção domiciliar: ampliação do atendimento em domicílio a pessoas com dificuldades de locomoção ou que precisem de cuidados regulares ou intensivos e não de hospitalização, como idosos, acamados, portadores de sequelas de acidente vascular encefálico - AVE -, entre outros; cuidados ambulatoriais e hospitalares em casa, ampliando o campo de trabalho dos profissionais de saúde que atuam na atenção básica. iii. Unidades coronarianas e de AVE: qualificação das estruturas hospitalares para o atendimento em urgência e emergência, sem restringir as portas de entrada aos prontos-socorros; priorização dos atendimentos a traumas, problemas cardíacos e acidente vascular encefálico por meio da criação, dentro dos hospitais, de unidades especializadas - unidades coronarianas e unidades de AVE -, visando qualificar a resposta a esses agravos e possibilitar a criação de novas vagas hospitalares e de leitos de retaguarda, evitando espera nas portas dos hospitais. Compreender o Vigital e a sua influência no programa de atenção integral à saúde do adulto. O sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) foi implantado em 2006 pelo Ministério da Saúde e desde então vem cumprindo, com grande eficiência, seu objetivo de monitorar a frequência e a distribuição dos principais determinantes das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. O Vigitel compõe o sistema de Vigilância de Fatores de Risco de DCNT do Ministério da Saúde, com outros inquéritos domiciliares, em populações escolares, ampliando assim o conhecimento sobre as DCNT, seus determinantes e condicionantes e fatores de risco no País. Os resultados deste sistema subsidiam o monitoramento das metas propostas no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas no Brasil 2011-2022 (BRASIL, 2011; MALTA et al., 2011; MALTA; SILVA JÚNIOR, 2013) e também no Plano Regional (OPAS, 2014) e no Plano Global para o Enfrentamento das DCNT (WHO, 2013), contribuindo na formulação de políticas públicas que promovam a melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Os procedimentos de amostragem empregados pelo Vigitel visam obter, em cada uma das capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, amostras probabilísticas da população de adultos (≥18 anos de idade) que residem em domicílios servidos por ao menos uma linha telefônica fixa. O sistema estabelece um tamanho amostral mínimo de aproximadamente 2 mil indivíduos em cada cidade para estimar com coeficiente de confiança de 95% e erro máximo de cerca de três pontos percentuais a frequência de qualquer fator de risco na população adulta (≥18 anos). Erros máximos de cerca de quatro pontos percentuais são esperados para estimativas específicas, segundo sexo, assumindo-se proporções semelhantes de homens e mulheres na amostra (WHO, 1991) A primeira etapa da amostragem do Vigitel consiste no sorteio de cerca de 5 mil linhas telefônicas por cidade. Este sorteio, sistemático e estratificado por código de endereçamento postal (CEP), é realizado a Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG partir do cadastro eletrônico de linhas residenciais fixas das empresas telefônicas que cobrem as cidades estudadas. A seguir, as linhas sorteadas em cada cidade são ressorteadas e divididas em réplicas de 200 linhas, cada réplica reproduzindo a mesma proporção de linhas por CEP do cadastro original. A divisão da amostra integral em réplicas é feita, essencialmente, em função da dificuldade em estimar previamente a proporção das linhas do cadastro que serão elegíveis para o sistema (linhas residenciais ativas). Em geral, a partir dos cadastros telefônicos das quatro empresas (Telefônica, OI, GVT e Embratel) que servem as 26 capitais e o Distrito Federal, são sorteadas 135 mil linhas telefônicas (5 mil por cidade) e são utilizadas, em média, 21 réplicas por cidade. A segunda etapa da amostragem do Vigitel consiste no sorteio de um dos adultos (≥18 anos) residentes no domicílio sorteado. Essa etapa é executada após a identificação, entre as linhas sorteadas, daquelas que são elegíveis para o sistema, ou seja: linhas efetivamente residenciais e ativas. Não são elegíveis para o sistema as linhas que: correspondem a empresas, não mais existem ou se encontram fora de serviço, além das linhas que não respondem a seis tentativas de chamadas feitas em dias e horários variados, incluindo sábados e domingos e períodos noturnos, e que, provavelmente, correspondem a domicílios fechados. No período analisado, a elegibilidade das linhas variou de 56% a 66% e foram realizadas mais de 100 mil ligações telefônicas, sendo completas mais de 45 mil entrevistas a cada ano. Compreender o conceito de carga global de doenças relacionadas com transição epidemiológica da realidade brasileira considerando as doenças socioeconômicas. As informações e os indicadores de saúde têm sido descritos como os olhos dos responsáveis pela formulação das políticas de saúde. Observar e descrever a ocorrência de doenças, incapacidades e mortes na população, com uso de dados que alimentam as estatísticas de saúde, possibilita medir, tornando visível o problema de saúde e os resultados da política de saúde. Entretanto, com frequência os gestores são incapazes de ver através da névoa provocada pela ausência do dado ou por dados de má qualidade, que dificultam a elaboração de indicadores, válidos e confiáveis, que expressem a situação de saúde e avaliem o desempenho de políticas e programas. Para impulsionar o uso do dado e a utilização de novas métricas em saúde, o Ministério daSaúde tomou a decisão de aderir à rede de estudos da Carga Global de Doenças (Global Burden of Disease – GBD), a fim de inserir o Brasil nas estimativas e análises da carga de doença em nível subnacional. A informação em saúde é prioridade da gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente com a introdução dos processos de pactuação de indicadores de saúde e estratégias que fortalecem a informação e a análise da situação de saúde e valorizam os sistemas de informações com a ampliação do seu uso. Apesar das dificuldades na produção do dado ainda existentes, como falta de estrutura (recursos materiais e humanos, por exemplo), que, muitas vezes, tornam precária a informação, muito se tem avançado no Brasil com a melhora importante na cobertura e na qualidade das informações em saúde. O Brasil tem vivenciado um processo de mudança do perfil de adoecimento e morte da população, com queda acentuada da mortalidade por doenças transmissíveis, da mortalidade de menores de Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG cinco anos e redução significativa das causas evitáveis de morte, o que impactou positivamente no aumento da expectativa de vida. Também vem ocorrendo aumento das doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer, entre outras, e das mortes por violência, como os acidentes de trânsito. Esse novo perfil de saúde-doença necessita de uma renovada atenção à saúde e uma política nacional de saúde que busque utilizar novas métricas do nível de saúde da população, informando e avaliando o cuidado em saúde, testando, construindo e agregando conceitos e métricas ainda não aplicados na gestão da saúde no SUS nos mais diversos níveis. Descrever o conceito de cálculos DALY, QUALY, HALE. Disability Adjusted Life Years (DALY) – ano de vida saudável perdido - é um indicador que contempla as medidas de impacto das doenças, tanto em relação à morbidade, quanto em relação à mortalidade. O DALY considera o total de anos de vida saudáveis perdidos devido à uma doença (ou a um fator de risco) e seu cálculo inclui tanto a idade do óbito, quanto a duração e a gravidade de qualquer incapacidade presente. Por exemplo, sua aplicação pode demonstrar as patologias com potencial de cronificação, retratando as expectativas de um estado não saudável em uma população. Um estudo de carga global de 306 doenças em 188 países apontou que as cinco principais causas de DALYs foram doença isquêmica do coração, infecções respiratórias inferiores, doenças cerebrovasculares, patologias lombares, dores de garganta e acidentes de trânsito. Quality Adjusted Life Years (QALY) – anos de vida ajustados pela qualidade de vida - capta em uma única medida os ganhos em quantidade e em qualidade de vida. Trata-se de um instrumento genérico para avaliar os estados de saúde, oferecendo medidas objetivas da qualidade de vida e das intervenções. Por exemplo, esta medida pode ser utilizada para verificação de resultados em intervenções. Em estudo12 para avaliação da eficácia de intervenções para gerenciamento de riscos cardiovasculares, a comparabilidade das mensurações de custo-efetividade foi realizada a partir deste indicador, sendo que os achados apontaram que o custo benefício foi maior para as ações realizadas com mulheres (quando comparadas em ações com o público masculino), com um ganho maior de QALYs versus libras investidas no público feminino. Years Lived with Disability (YLD) – anos de vida perdidos por doença e/ou incapacidade - é a quantificação dos anos vividos com a incapacidade proveniente de um agravo. Por exemplo, este indicador pode ser usado para demonstração de sobrevida. No aumento de status Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG sociodemográfico foi associado com uma mudança na carga de Years of Life Lost (YLL) - anos de vida perdidos - para YLD, impulsionado por quedas nos YLLs e aumentos de YLD de lesões músculo-esqueléticas , doenças neurológicas e transtornos mentais por uso de substâncias químicas. O melhor indicador para expressar a carga de doença é o DALY (Disability Adjusted Life Years) que apresenta uma ampliação do conceito de anos perdidos em decorrência de eventos não fatais. Dessa forma, o DALY, para uma doença ou agravo, é constituído pela soma dos anos perdidos por morte prematura (YLLYears of Life Lost) e os anos de vida perdidos por incapacidade (YLD- Years Lost due Disability), resultando na fórmula de carga de doença DALY= YLL + YLD. QALYs (Quality-Adjusted Life Year) e DALYs (Disability-Adjusted Life Year) são termos comuns usados nesta estrutura. - QALYs são uma medida de anos vividos em perfeita saúde ganhos enquanto DALYs são uma medida de anos em perfeita saúde perdidos. São as métricas mais citadas para avaliação de risco-benefício. Como é calculado o QALY e o Daly? DALYs estão relacionados à medida de ano de vida ajustado pela qualidade (QALY); no entanto, os QALYs apenas medem o benefício com e sem intervenção médica e, portanto, não medem a carga total. ... DALY = YLL + YLD O que é QALY na economia da saúde? O ano de vida ajustado pela qualidade (QALY) é uma medida do valor dos resultados de saúde. Como a saúde é função do tempo de vida e da qualidade de vida, o QALY foi desenvolvido como uma tentativa de combinar o valor desses atributos em um único número índice. O que mede um Daly? Um DALY representa a perda do equivalente a um ano de saúde plena. Os DALYs para uma doença ou condição de saúde são a soma dos anos de vida perdidos por mortalidade prematura (YLLs) e os anos vividos com incapacidade (YLDs) devido a casos prevalentes da doença ou condição de saúde em uma população. O que é um Haly? 1 : parar de marchar ou viajar. 2 : descontinuar, encerrar o projeto interrompido por falta de fundos. verbo transitivo. 1 : para parar a greve parou metrôs e ônibus. 2 : causar a descontinuação de : encerrar as hostilidades. Quais são os benefícios de usar o Daly? O interesse em quantificar não somente morbidade, mas também qualidade de vida pode ser atribuído ao aumento da expectativa de vida, o que leva as pessoas acometidas por doenças a permanecerem mais tempo expostas a elas e, consequentemente, a utilizarem por mais tempo os serviços de saúde, conduzindo à necessidade de elaboração de políticas e programas de saúde mais específicos e eficazes, de forma que os custos sejam racionalizados e minimizados. Gabrielle Nogueira- MED 5° Período UniFG A principal vantagem é que os DALYs fornecem uma medida composta e internamente consistente da saúde da população que pode ser usada para avaliar a carga relativa de diferentes doenças e lesões e comparar a saúde da população por região geográfica e ao longo do tempo. Como é calculada a qualidade de vida? As 8+1 dimensões da qualidade de vida 1. Condições materiais de vida (renda, consumo e condições materiais) 2. Atividade produtiva ou principal. 3. Saúde. 4. Educação. 5. Lazer e interações sociais. 6. Segurança econômica e segurança física. 7. Governança e direitos básicos. 8. Ambiente natural e vivo. Como é calculado o custo do QALY? A ideia básica de um QALY é direta, com a quantidade de tempo gasto em um determinado estado de saúde ponderado pela pontuação de utilidade dada a esse estado de saúde. Assim, 1 ano passado em 'saúde perfeita' equivale a um QALY, enquanto 1 ano passado em estado de saúde avaliado em 0,25 equivale a um quarto de um QALY. Por que usamos QALY? O QALY é usado na análise de custo-utilidade como medida dos benefícios para a saúde de intervenções médicas e para comparar o valor de diferentes medicamentos. Os QALYs avaliam o efeito de um determinado tratamento sobre quanto tempo um paciente viverá multiplicado por sua qualidade de vida nosanos restantes com esse tratamento. Como calcular o custo por QALY? Estimativa do custo por QALY para diferentes grupos de diagnóstico O CER do tratamento com PMV para cada grupo de diagnóstico foi calculado usando a seguinte fórmula: Custo total estimado da vida útil do tratamento com PMV por paciente/QALE estimado com tratamento com PMV por paciente = custo por QALY. Como calcular o YLDS? As intervenções de saúde procuram evitar DALYs e, ao fazê-lo, aumentar o número de anos que uma pessoa vive com boa saúde. Matematicamente, um DALY é representado pela equação DALY = YLL + YLD. YLL é calculado como o número de mortes (n) x a expectativa de vida padrão na idade da morte (L1). Como calcular a carga de doenças? Para cada doença, um DALY é calculado como: DALYs = número de pessoas com a doença × duração da doença (ou perda de expectativa de vida em caso de mortalidade) × gravidade (variando de 0 para saúde perfeita a 1 para morte) O que se entende por carga de doença? Definição. O termo carga de doença geralmente descreve as consequências totais e cumulativas de uma doença definida ou uma série de doenças prejudiciais em relação às deficiências em uma comunidade. Essas consequências incluem saúde, aspectos sociais e custos para a sociedade.
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