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Modulo 2 Critério para oclusão funcional ideal Para ser considerada uma oclusão funcional ideal, a mesma deve preencher os critérios de estabilidade mandibular, função mastigatória satisfatória, estética e fonética adequados ao paciente, além de ausência de sinais e sintomas periodontais com carga funcional. Se os movimentos mandibulares fossem apenas abrir e fechar poucos milímetros em um movimento puramente de rotação, os problemas oclusais seriam extremamente fáceis de entender e resolver; no entanto, não é assim que ocorre. Os movimentos feitos pela mandíbula são de rotação e translação em três planos: sagital, frontal e horizontal. Desvios em um ou todos os planos são comuns, tendo então um potencial para uma complexa interação de movimentos. Além disso, os dentes e as articulações são partes de uma unidade funcional. Todas as partes do sistema mastigatórios são interrelacionadas e devem trabalhar em harmonia anatômica e funcional. O equilíbrio do sistema mastigatório não pode ser conseguido separadamente do dente nem a estabilidade dos arcos dentários pode ser alcançada sem estar em harmonia com as articulações, músculos e estrutura óssea. O termo relação cêntrica (RC) é usado para designar a posição mandibular com os côndilos hipoteticamente numa posição ortopedicamente estável. A RC é o ponto de referência mais confiável que pode ser obtido num paciente desdentado para anotar com precisão a relação da maxila e mandíbula e reproduzir o padrão oclusal. Quando os côndilos se encontram em posição de relação cêntrica, e os dentes, em máxima intercuspidação, chamamos essa posição de oclusão cêntrica (OC). A posição de RC é aquela na qual os côndilos estão em suas posições mais anterossuperiores na fossa mandibular, apoiados por vertentes posteriores das eminências articulares com os discos articulares adequadamente interpostos. Quando um dente é contatado de forma que as resultantes se dirigem através do seu longo eixo, o ligamento periodontal é bem eficiente; se o dente é contatado de tal maneira que as forças horizontais são colocadas nas estruturas de suporte, a possibilidade de efeitos patológicos é maior. O processo de dirigir as forças oclusais através do longo eixo do dente é chamado de carga axial. Quando as forças pesadas são aplicadas a um objeto nos dentes posteriores, a mandíbula desloca-se para baixo e para frente a fim de realizar a trituração eficiente do bolo alimentar, e as forças horizontais danosas dos movimentos excêntricos devem ser direcionadas aos dentes anteriores. Os caninos são os dentes mais bem ajustados para receber forças horizontais devido à proporção coroa-raiz favorável, ao impulso sensorial do organismo e por estarem envolvidos por osso denso e compacto. Por esse motivo, os movimentos de lateralidade devem ser realizados exclusivamente pelos caninos. Quando o paciente não tem os caninos numa posição apropriada para aceitar as forças horizontais, a alternativa mais favorável é a função de grupo, que contempla os caninos, os primeiros pré-molares, os segundos pré-molares e a cúspide mésio-vestibular dos primeiros molares. Os contatos laterotrusivos devem oferecer uma guia adequada para desocluir os dentes do lado oposto do arco. Quando a mandíbula se move para frente, forças horizontais prejudiciais podem ser aplicadas aos dentes. Os dentes anteriores devem oferecer contatos adequados ou guia para desarticular os dentes posteriores; além disso, os dentes anteriores são os mais adequados para realizar os movimentos horizontais por estarem mais distantes do suspensório muscular, o que resulta em forças de menor intensidade. Chamamos de oclusão mutuamente protegida quando os dentes posteriores, que funcionam mais eficientemente para suportar a mandíbula durante o fechamento, são protegidos pelos dentes anteriores, que funcionam mais eficientemente para guiar a mandíbula durante movimentos excêntricos. Nesse sentido, podemos concluir com critérios para uma oclusão funcional ideal: • Quando a boca fecha, os côndilos estão na posição de relação cêntrica. • Quando há contatos homogêneos e simultâneos de todos os dentes posteriores. • Quando todos os contatos dentais dirigem as forças oclusais para o longo eixo dos dentes (carga axial). • Quando a mandíbula se move numa posição laterotrusiva, existindo guias dentais de contato no lado de trabalho para desocluir o lado de balanceio imediatamente. • Quando a guia mais desejável é a guia pelos caninos. Você Sabia? Você sabia que a oclusão já não pode mais ser considerada a principal causa de disfunção temporomandibular? Durante muito tempo, a oclusão foi exaustivamente estudada como principal causa da disfunção temporomandibular (DTM) e até hoje alguns autores defendem apaixonadamente esta hipótese. Entretanto, com a evolução da ciência, pesquisas realizadas mostraram pouca ou nenhuma associação entre a oclusão e a DTM, mas, apesar de as evidências mostrarem, ainda havia muita discussão sobre esse assunto, gerando inclusive ações judiciais nos Estados Unidos, o que provocou uma busca maior pelo uso da odontologia baseada em evidência. Várias revisões sistemáticas foram realizadas até se concluir que não havia na literatura científica evidências que suportassem essa relação. Um trabalho que ficou muito famoso foi a revisão sistemática publicada pelo pesquisador italiano Daniele Mafredini e equipe em 2017, com o título Distúrbios temporomandibulares e oclusão dentária. Uma revisão sistemática dos estudos de associação: fim de uma era?, a qual gerou um consenso entre os pesquisadores. Saiba mais em: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rfo/v17n3/a19v17n3.pdf e https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/ 28600812. Sintetizando Após a apresentação deste conteúdo, finalizamos a semana entendendo os principais critérios para uma oclusão funcional ideal, sendo possível destacar: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rfo/v17n3/a19v17n3.pdf https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28600812 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28600812 • Quando a boca fecha, os côndilos estão na posição de relação cêntrica. • Quando há contatos homogêneos e simultâneos de todos os dentes posteriores. • Quando todos os contatos dentais dirigem as forças oclusais para o longo eixo dos dentes (carga axial). • Quando a mandíbula se move numa posição laterotrusiva, existindo guias dentais de contato no lado de trabalho para desocluir o lado de balanceio imediatamente. • Quando a guia mais desejável é a guia pelos caninos. Mecanismo de neutralização das cargas oclusais A manutenção da harmonia funcional do sistema estomatognático depende da saúde periodontal. O mecanismo de transmissão e neutralização das forças oclusais é o que determina o estado de normalidade do periodonto de sustentação. As principais células do ligamento periodontal (LP) são os fibroblastos, que formam as fibras colágenas; no LP, encontram-se também células do osso alveolar e restos epiteliais de Malassez do cemento. O complexo mecanismo de neutralização e dissipação das cargas oclusais é composto por: 1. Fibras oblíquas do LP. 2. Fluido presente no LP. 3. Propriocepção do LP. 4. Fibras transceptais. 5. Fibras oxitalâmicas do LP. 6. Plexo indiferente de fibras do LP. 7. Substância fundamental amorfa do LP. 8. Vasos sanguíneos do LP. 9. Disposição arquitetural das trabéculas ósseas. 10. Forma das raízes dos dentes. Dentre esses mecanismos, os principais são as fibras oblíquas do ligamento periodontal e o fluido presente no ligamento periodontal. As fibras do ligamento periodontal dividem-se em: • Fibras da crista alveolar. • Fibras horizontais. • Fibras oblíquas. • Fibras apicais. Figura 2 - Fibras do ligamento periodontal Fonte: http://www.arribadentista.com/2018/08/anatomia-histologia-fisiologia-do-periodonto-material-complementar.html. Acesso em: 25 abr. 2020. http://www.arribadentista.com/2018/08/anatomia-histologia-fisiologia-do-periodonto-material-complementar.htmlO ligamento periodontal apresenta como um de seus constituintes um líquido ou fluido tissular que se encontra em comunicação com os espaços medulares do osso. O sistema hidráulico do ligamento periodontal funciona da seguinte forma: durante o impacto da carga oclusal, o dente sofre uma intrusão de aproximadamente 0,12 mm, fazendo com que o fluido do LP penetre no osso através das foraminas do osso, o que resulta em aumento da pressão hidrostática nos espaços medulares. Após cessada a força oclusal, ocorre uma pressão hidráulica negativa, que eleva o dente à sua posição novamente. Esse mecanismo também causa força de tração no osso, compensando a força de pressão exercida pela mastigação. A propriocepção do ligamento periodontal é formada pelas terminações nervosas sensitivas, que são órgãos especializados distribuídos por todo o corpo humano para a transformação de estímulos internos e externos em impulsos nervosos. Os receptores são classificados em três grupos: • Externorreceptores – respondem a estímulos como contato, temperatura, discriminação, tátil, visão e audição. • Interreceptores – relacionam-se com as vísceras e percebem a fome, a dor visceral e a sede. • Proprioceptores – relacionam-se com a sensação de posição e movimento do corpo. Os proprioceptores do LP apresentam sensibilidade tão delicada que podem perceber espessuras da ordem de fração de milímetros. As fibras transceptais fazem parte do tecido conjuntivo supra-alveolar e estendem-se no cemento cervical de um dente até o cemento do dente adjacente; além disso, são responsáveis pela manutenção do ponto de contato e proteção da papila. As fibras oxitalâmicas localizam-se abaixo do epitélio juncional na região cervical e são inseridas no cemento radicular, estendendo-se até o osso alveolar. Elas possuem as seguintes funções: • Proporcionar sustentação ao feixe vascular do LP. • Prevenir e/ou dissipar cargas oclusais excessivas aplicadas aos dentes, que poderão obliterar por pressão os vasos sanguíneos do LP. • Responder fisiologicamente, aumentando em número e espessura quando o dente entrar em hiperfunção oclusal. O plexo indiferente das fibras do ligamento periodontal é um conjunto de fibras de menor diâmetro que se dispõem ao redor das fibras principais do LP. Essas fibras apresentam-se em maior quantidade em áreas de grande pressão oclusal, apresentando um aspecto mais denso e colagênico. A substância fundamental amorfa, do ligamento periodontal, preenche os interstícios entre as células, fibras, vasos, nervos e outros componentes identificáveis do LP e proporciona o meio adequado para migração celular e difusão de nutrientes e produtos do metabolismo entre vasos sanguíneos e células. Os vasos sanguíneos do LP originam-se na gengiva e, no processo alveolar, os vasos sanguíneos participam com um sistema amortecedor hidráulico, que proporciona elasticidade ao LP durante o impacto oclusal. A disposição arquitetural das trabéculas ósseas, responsável pela flexibilidade do tecido ósseo, que lhe confere características de resiliência, colabora conjuntamente com outros elementos no mecanismo de transmissão e neutralização de forças oclusais porque admite a absorção de pressão. A morfologia radicular influencia a quantidade do cemento intrarradicular. Os dentes cilíndricos são melhores para eliminação de forças que os cônicos, e os multirradiculados com raízes divergentes também são mais indicados. Você Sabia? O mecanismo de dissipação de neutralização e dissipação de cargas oclusais é diferente nos implantes dentários! Os implantes dentários não apresentam ligamento periodontal, pois os mesmos entram em função no meio bucal pelo processo de osseointegração, o qual tem muitos significados e pode ser explorado em diversas partes do corpo humano. Quando o assunto é a odontologia, sua principal atribuição é relacionada às implementações dentárias, sendo uma etapa indispensável para garantir um procedimento bem-sucedido. A evolução dos implantes colocou a técnica com a osseointegração como a mais indicada. Isso porque a ideia é seguir com um processo em que acontece uma absorção do próprio organismo – o que faz toda diferença quando o assunto é a durabilidade do tratamento. O procedimento começa por meio de uma cirurgia que inclui um pino de titânio que substitui a raiz dentária; então, é fundamental que seja aderente, pois será o grande responsável por garantir a estabilidade. Por isso, ele é colocado antes do dente implantado, justamente para dar continuidade ao tratamento. Como o próprio nome indica, o procedimento prevê a integração do pino ao osso em que foi implantado. Nesse caso, a principal evidência de que isso aconteceu é o desenvolvimento do osso ao redor da peça, um aspecto que pode parecer sem sentido, mas que garante a sua sustentação e segurança em longo prazo. O organismo desenvolve um tempo – em média, de 4 a 6 meses – para finalizar o processo de osseointegração. Isso, porém, pode variar da região implantada e das condições ósseas do paciente. Por não possuir ligamento periodontal, os únicos mecanismos de dissipação de cargas oclusais em implantes são a forma do trabeculado ósseo e a forma arquitetural dos implantes que substituem as raízes dentárias. Sintetizando Após a apresentação deste conteúdo, finalizamos a semana entendendo o mecanismo de neutralização e dissipação das cargas oclusais. Podemos lembrar que esse mecanismo é composto por 10 estruturas, sendo elas: fibras oblíquas do LP, fluido presente no LP, propriocepção do LP, fibras transceptais, fibras oxitalâmicas do LP, plexo indiferente de fibras do LP, substância fundamental amorfa do LP, vasos sanguíneos do LP, disposição arquitetural das trabéculas ósseas e forma das raízes dos dentes. Ressalta-se que as fibras oblíquas e o fluido do LP são os mais importantes. Trauma oclusal Trauma de oclusão é a denominação usada para descrever as alterações patológicas dos tecidos que ocorrem o periodonto em consequência da força oclusal excessiva produzida pela ação dos músculos da mastigação. A lesão tecidual associada ao trauma de oclusão pode ser dividida em tipos primário e secundário. Trauma primário refere-se à reação tecidual (dano) provocada em volta de um dente com estrutura periodontal normal. Trauma secundário está relacionado a situações em que as forças oclusais (normais ou excessivas) causam dano a um periodonto comprometido. O trauma de oclusão é reversível; no entanto, não significa que ele sempre se corrija e tenha significado clínico temporário ou limitado. Quando submetida a trauma oclusal, ocorrem alterações periodontais sob efeito do trauma de oclusão, que, por sua vez, acontece em três estágios: • Lesão. • Alteração. • Remodelação. O dano tecidual ocorre por força oclusal excessiva. Estágio I – Lesão A pressão excessiva estimula a reabsorção óssea com evidente espessamento do espaço do LP, e as principais alterações consistem em compressão das fibras do ligamento periodontal. Estágio II – Regeneração Os tecidos lesados são removidos, e novas células e fibras do tecido conjuntivo, osso e cemento são formadas na tentativa de restaurar o periodonto lesado. Estágio III – Remodelação O periodonto é remodelado a fim de criar uma relação estrutural na qual as forças não sejam mais lesivas para os tecidos. A resposta do periodonto ao trauma de oclusão – quando um dente sadio é submetido a forças unilaterais, sofrendo inclinação no sentido dessas forças – é gerar duas áreas de pressão e duas áreas de tensão. As alterações que ocorrem na zona de pressão do trauma oclusal são: 1. Aumento a vascularização na região. 2. Aumento da permeabilidade vascular. 3. Trombose vascular e desorganização das células dos feixes de fibras colágenas. 4. Reabsorção óssea do osso alveolar, que pode ser: a. Direta (forças não muito intensas). b. Indireta (forças de grande intensidade). Na zona oposta à zona depressão, há uma zona de tensão devido às fibras do ligamento periodontal, onde haverá uma neoformação óssea. No trauma oclusal em zonas com doença periodontal, as estruturas periodontais podem ser divididas em duas zonas: Figura 2 - Efeitos de restaurações com anatomia oclusal incorreta Fonte: http://www.periodontiamedica.com.br/downloads/aulas/RelacaoTrauma.pdf. Acesso em: 25 abr. 2020. • Zona de irritação – é composta pela gengiva marginal e pela papila interdental, não sendo afetada pela força oclusal; nesta área, a inflamação gengival é causada pela presença de placa bacteriana. • Zona de codestruição – é composta pelo periodonto de sustentação (ligamento periodontal e osso alveolar), que, por sua vez, suporta o trauma de oclusão. http://www.periodontiamedica.com.br/downloads/aulas/RelacaoTrauma.pdf Pela exposição a essas duas frentes, os feixes de fibras entre as duas zonas podem ser destruídos ou reorientados desordenadamente. Você Sabia? Trauma oclusal também pode ocorrer por erro do dentista! TRAUMA OCLUSAL O trauma oclusal pode ocorrer por erro do dentista devido a restaurações, prótese sobre implantes e outros procedimentos reabilitadores. A oclusão é ferramenta de base para todos os procedimentos odontológicos. O trauma oclusal, o qual é capaz de levar a uma dor aguda, pode ocorrer por iatrogenia ou o paciente já pode nascer com ele. Sempre que se fala em trauma oclusal, deve-se investigar se há prematuridade (contato prematuro = contato que acontece antes de a mandíbula atingir a máxima intercuspidação) ou interferência oclusal, em que algum contato com a relação independente já vista, ou seja, uma interferência oclusal do movimento protrusivo, interfere no padrão de desoclusão da guia anterior. Uma interferência no movimento de trabalho interfere no lado de trabalho, fugindo de uma função pelo canino ou mesmo grupo, ou interfere no lado de balanceio, e o paciente faz uma guia lateral direita de trabalho, mas toca o lado de balanceio. Sintetizando Após a apresentação deste conteúdo, finalizamos estas semanas entendendo os traumas oclusais primário e secundário: o trauma oclusal primário refere-se a uma carga em um dente com periodonto saudável, e o trauma secundário é o trauma em periodonto comprometido. No trauma oclusal, tem-se uma zona de reabsorção óssea na zona de pressão, bem como uma zona de neoformação na zona de tensão. Modulo 3 Biomecânica da ATM ASPECTOS ANATÔMICOS A ATM é uma articulação composta ginglemoidal e artroidal. Suas superfícies articulares são: disco articular, eminência articular, fossa mandibular e côndilo. A parte posterior da eminência articular e o côndilo (polo medial mais volumoso e posterior) são envoltos por fibrocartilagem, tecido extremamente resistente. O disco articular também é composto por fibrocartilagem, sendo mais fino na zona intermediária. Ele é avascular e não inervado, por exceção da borda periférica. Os ligamentos participantes dessa articulação são: esfenomandibular e estilomandibular (acessórios), temporomandibular, cápsula articular (evita a separação das superfícies) e os discais ou colaterais (prendem o disco ao côndilo). A nutrição e lubrificação da ATM são feitas pelo líquido sinovial, o qual é produzido pela membrana sinovial. A renovação nutricional desse líquido é feita pela zona retrodiscal. Fazem parte da zona trilaminar: • feixes superiores: elásticos que retornam o disco nos movimentos de fechamento; • feixes inferiores: colágenos; • zona interlaminar: onde se localizam vasos e nervos. A inervação da ATM é feita pelo trigêmeo V/3 (auriculotemporal, massetérico e temporal profundo), e a irrigação, pela artéria temporal superior e pela meníngea média e maxilar. Figura 2 – Articulação temporomandibular Fonte: http://limatreinamento.blogspot.com/2015/10/uso-da-mandibula-para-o-controle-motor.html. Acesso em: 05 maio 2020. BIOMECÂNICA DA ATM A ATM pode ser dividida basicamente em dois sistemas articulares. O primeiro envolve o chamado complexo côndilo-disco. A conexão de ligamentos entre essas duas estruturas, principalmente os ligamentos discais, determina que tal complexo seja responsável pelos movimentos rotacionais da articulação. O outro sistema articular é o complexo côndilo-disco articulando com a fossa articular, que se responsabiliza pelos movimentos de translação, em que o côndilo deixa a fossa mandibular. Para a saúde funcional da ATM e desses sistemas que a compõem, faz-se necessário que as superfícies articulares estejam sempre em contato, determinando, assim, certa estabilidade. Esta é promovida essencialmente pela chamada pressão interarticular, caracterizada pela intensidade com que o côndilo http://limatreinamento.blogspot.com/2015/10/uso-da-mandibula-para-o-controle-motor.html pressionará o disco, valendo ressaltar que essa pressão variará circunstancialmente. Assim, dependendo da situação apresentada, a pressão interarticular pode aumentar ou diminuir. O espaço entre as superfícies dá-se de maneira inversamente proporcional à pressão interarticular. Assim, quanto maior a pressão, menor o espaço. Portanto, percebe-se que a morfologia peculiar do disco é essencial para a manutenção dessa estabilidade, pois, por apresentar três regiões com espessuras distintas, pode se rotacionar e se interpor entre as superfícies de maneira precisa. Os movimentos de rotação do disco são determinados pelas estruturas nele inseridas, como a lâmina retrodiscal superior e as fibras do músculo pterigóideo lateral superior. Para descrever suas ações, devemos analisar duas situações: abertura e fechamento normal da boca e mordidas fortes. Quando o sistema estomatognático se encontra em repouso, o tônus do músculo pterigóideo lateral é superior à tração elástica exercida pelas fibras da lâmina retrodiscal superior. Dessa forma, o côndilo é mantido em posição mais anterior e medial. Quando ocorre abertura, o disco acompanhará o movimento de translação, tracionando as fibras elásticas inseridas nele. Esse tracionamento acabará por infligir ao disco uma posição mais posterior. Durante o fechamento, o músculo pterigóideo lateral superior se ativará, posicionando o disco em posição mais anterior novamente. No caso de mordidas fortes, ocorre uma diminuição da pressão interarticular no lado ipsilateral da mordida; por tal razão, ocorrerá igualmente um aumento do espaço interarticular. Para não ocorrer a separação das superfícies desse lado, o músculo será ativado, tracionando o disco para uma posição mais anterior, fazendo com que o côndilo se relacione com a parte posterior, mais espessa do disco. À medida que for ocorrendo a intercuspidação, a pressão interarticular voltará a aumentar, diminuindo o espaço entre as superfícies. Nesse caso, o disco será rotacionado de forma que o côndilo repouse sobre sua zona intermediária. Portanto, percebe-se que a ATM faz parte se um processo complexo do sistema estomatognático, cuja funcionalidade depende intrinsecamente da ação limitadora dos ligamentos e posicionadora do músculo, assim como de seus demais componentes. Você Sabia? As mulheres são mais afetadas pela disfunção temporomandibular! A disfunção temporomandibular é um problema que acomete cerca de 10% da população em geral, dos quais 5% necessitam efetivamente de algum tipo de tratamento para controle de suas dores. A maioria dos pacientes que desenvolvem a disfunção temporomandibular é mulher (80% dos casos), sendo a idade fértil a época de maior prevalência. Por esses motivos, vários estudos já tentaram comprovar de alguma maneira o motivo dessa associação, mas, até o momento, sem sucesso. Desconfia-se de algum fator hormonal, pois, com o passar dos anos, há uma queda na notificação dos casos, o que leva a essa suspeita. Sabia mais em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29851110/?from_term=woman+tmd+epidemiology&from_pos=2. Sintetizando A ATM pode ser dividida basicamente emdois sistemas articulares. O primeiro envolve o chamado complexo côndilo-disco. A conexão de ligamentos entre essas duas estruturas, principalmente os ligamentos discais, determina que tal complexo seja responsável pelos movimentos rotacionais da articulação. O outro sistema articular que podemos descrever é o complexo côndilo-disco articulando com a fossa articular, o qual se responsabiliza pelos movimentos de translação, nos quais o côndilo deixa a fossa mandibular. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29851110/?from_term=woman+tmd+epidemiology&from_pos=2 Para a saúde funcional da ATM e desses sistemas que a compõem, faz-se necessário que as superfícies articulares estejam sempre em contato, determinando, assim, certa estabilidade. Esta, por sua vez, é promovida essencialmente pela chamada pressão interarticular, caracterizada pela intensidade com que o côndilo pressiona o disco, valendo ressaltar que essa pressão variará circunstancialmente. Assim, dependendo da situação apresentada, a pressão interarticular pode aumentar ou diminuir. Disfunção temporomandibular (DTM): introdução A disfunção temporomandibular (DTM) é um termo amplo, que engloba uma série de condições multifatoriais de dor crônica e disfunções (com ou sem dores) na região orofacial, caracterizadas por sinais e sintomas associados à dor e distúrbios funcionais e estruturais do sistema estomatognático, especialmente as articulações temporomandibulares (ATMs), músculos da mastigação e estruturas associadas. Os sinais e sintomas mais frequentes das DTMs são dores localizadas na musculatura mastigatória, nas ATMs e/ou na área pré-auricular, bem como limitação e/ou assimetria nos movimentos mandibulares e sons articulares (estalidos e crepitações). As DTMs são classificadas em desordens musculares, desordens articulares e ambas. A DTM é um problema de saúde pública na população adulta em geral, tendo apresentado índices de prevalência que variam entre 3,7% e 12%. A maioria dessa população é composta por mulheres em idade fértil, e isso tem sido relacionado a fatores biológicos, hormonais, psicológicos e sociais. Parte dos indivíduos portadores de sinais e sintomas de DTM apresenta um quadro de relativa simplicidade de resolução, e as desordens tendem à autorresolução. No entanto, alguns indivíduos apresentam uma composição mais complexa de componentes que interfere no curso natural de evolução e controle, com histórico de relatos de aparecimento, exacerbação e remissão dos sintomas dolorosos em diferentes períodos da vida. A International Association for the Study of Pain (IASP) define dor como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com danos reais e potenciais dos tecidos ou descrita nos termos de tais danos”. As discussões sobre a interdependência dos aspectos psicológicos e de saúde no controle do paciente visam apresentar as variáveis de maior importância, que contribuem para os diversos transtornos mentais que podem acompanhar as DTMs. A relação entre fatores psicológicos e DTM é multidirecional. O estado atual da mentalidade pode ser um efeito, mas também uma causa do surgimento, continuação ou exacerbação da DTM, o que dificulta a avaliação correta. Isso demonstra a necessidade de compreender as características físicas e psicológicas de um paciente individual. As investigações dos modelos de evolução dos processos de dor de longa duração sugerem fortemente que os fatores psicológicos sejam os maiores agentes de cronificação das DTMs com dor. Ansiedade, depressão, capacidade de enfretamento da dor e estresse são apontados como fatores seriamente envolvidos no seu desenvolvimento e progressão. As DTMs são com frequência acompanhadas por dores de cabeça recorrentes e dores em região cervical, apresentando forte incidência e grande quantidade de sinais e sin¬tomas associados, tais como espasmo muscular, dor reflexa, dificuldade de movimentação articular, crepitação, cefaleia e distúrbios auditivos. A DTM, por ser uma patologia complexa, requer um tratamento baseado em um correto diagnóstico, estabelecido a partir de informações sobre possíveis fatores etiológicos e por meio do levantamento de sinais e sintomas para cada paciente. Dentre os diversos tratamentos, incluem-se termoterapia, eletro¬terapia, ultrassom, iontoforese, alguns agentes analgésicos e laser de baixa potência – este último quando há presença de dor, restrições de movimentos mandibulares, inflamação do tecido e instabilidade articular. São propostas diferentes opções de tratamento para essa síndrome, incluindo intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e medicamentos narcóticos têm sido utilizados para controle de sintomas. Métodos não farmacológicos incluem terapias manuais, massagem, técnicas de pulverização e alongamento e métodos de injeção. Outros incluem compressão isquêmica, laserterapia e agulhamento seco. Você Sabia? DENTISTAS TAMBÉM TRATAM DORES DE CABEÇA! Você sabia que a dor de cabeça é um dos tipos de dor mais frequentes no mundo? E que pelo menos 63 milhões de brasileiros de todas as idades sofrem com dores de cabeça constantes? A dor de cabeça recebe o nome de cefaleia, e esses dois termos têm o mesmo significado. Existem mais de 200 tipos de dor de cabeça! Dentre esses tipos, há alguns bastante curiosos, como, por exemplo, cefaleia atribuída à viagem de avião, cefaleia do mergulho, cefaleia atribuída ao sexo, cefaleia primária da tosse, etc. Se você começar a apresentar dor de cabeça frequentemente, de 2 a 3 vezes por semana, a primeira coisa que deve fazer é procurar um neurologista especializado em cefaliatria. Evite se automedicar, até porque existe um tipo de cefaleia provocado pelo abuso de analgésicos, ou seja, se você tomar analgésicos diariamente por certo período, pode começar a apresentar dor de cabeça por conta do uso de analgésicos. Existem dois tipos de cefaleia que são tratados pelo dentista especialista em DTM e dor orofacial: a cefaleia atribuída à perturbação dos dentes ou mandíbula e a cefaleia atribuída à perturbação do músculo temporal. Estas são provocadas por problemas na articulação, dentes ou músculos da face. Cada tipo de dor de cabeça tem características clínicas que diferem umas das outras. Durante sua consulta no dentista, é importante você repassar algumas informações sobre a sua dor: 1. Diga como é a dor que você sente – se aperta, lateja, arde. 2. Mostre a região específica da dor – não vale dizer que é na cabeça toda, pois sempre vai ter uma região específica. 3. Observe quando a dor aparece e quanto tempo dura. 4. O que você faz que piora ou melhora a dor. Você não imagina como essas informações detalhadas ajudam a chegar no diagnóstico correto e no tratamento adequado. Se a sua dor de cabeça piora com a mastigação ou fala, se você acorda com dor de cabeça, se você tem por hábito apertar ou ranger os dentes, sua dor de cabeça pode ser um problema para o dentista tratar. Sintetizando A DTM é um termo amplo que engloba uma série de condições multifatoriais de dor crônica e disfunções (com ou sem dores) na região orofacial, caracterizadas por sinais e sintomas associados à dor e distúrbios funcionais e estruturais do sistema estomatognático, especialmente as articulações temporomandibulares (ATMs), músculos da mastigação e estruturas associadas. Possui alta prevalência – entre 3,7% e 12% da população –, sendo, em sua maioria, mulheres em idade fértil. É com frequência acompanhada por dores de cabeça recorrentes e dores em região cervical, apresentando forte incidência e grande quantidade de sinais e sin¬tomas associados, tais como espasmo muscular, dor reflexa, dificuldade de movimentação articular, crepitação, cefaleia e distúrbios auditivos. Desordens temporomandibulares (DTM): fatores etiológicos Embora os sinais e sintomas de DTM sejam comuns, não há uma única etiologia que justifique todos os sinais e sintomas. Aetiologia das DTMs é complexa e multifatorial, o que quer dizer que um único fator sozinho não é capaz de gerar uma DTM. Os fatores etiológicos das DTMs podem ser classificados em três grupos: os fatores que aumentam o risco de DTM são chamados fatores predisponentes, pois aumentam o risco do paciente vir a desenvolver uma DTM no futuro; os fatores que ocasionam o início de DTM são chamados fatores desencadeantes, sendo os responsáveis pelo surgimento dos primeiros sintomas do paciente; e os fatores que interferem na cura ou aumentam a progressão de DTM são chamados fatores perpetuantes. Após o surgimento dos sintomas para a disfunção, o caso tende para uma autorresolução, e esse processo pode ser interrompido caso surja algum fator perpetuante que prolongue os sintomas da DTM de forma indeterminada, fazendo que o paciente necessite de tratamento para o controle da DTM. A identificação adequada dos fatores corretos é a base para o sucesso do tratamento das DTMs. Existem cinco fatores principais associados à DTM: • trauma; • estresse emocional; • fontes de estímulo à dor profunda; • atividades parafuncionais; • condição oclusal. No início do desenvolvimento dos estudos das DTMs, a odontologia acreditava que os fatores oclusais eram os que mais contribuíam para as DTMs; entretanto, recentemente, estudos argumentam que os fatores oclusais desempenham pouco ou nenhum papel na DTM. A relação entre fatores oclusais e DTM é um assunto extremante crítico para a odontologia. O trauma das estruturas faciais pode levar a desordens funcionais no sistema mastigatório; além disso, tem um impacto maior na desordem intracapsular que nas desordens musculares. Ele pode ser dividido em dois tipos gerais: • Macrotrauma – qualquer força súbita que pode resultar em alterações estruturais (ex.: golpe direto na face). • Microtrauma – qualquer força pequena repentinamente aplicada às estruturas por um longo período (ex.: bruxismo ou apertamento). No estresse, os centros emocionais do cérebro têm uma influência na função muscular. O estresse afeta o corpo ativando o eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA), que, por sua vez, prepara o corpo para responder através do sistema nervoso autônomo. O efeito final dos reflexos do eixo HPA é um aumento da tonicidade muscular. Estresse é uma força motivadora que nos impele a desempenhar uma tarefa e obtermos sucesso. Existem dois mecanismos de liberação do estresse: 1. O mecanismo externo de liberação é representado por atividades como: • gritar; • esbravejar; • bater; • jogar ou quebrar objetos; • exercícios físicos. 2. O mecanismo interno é aquele que a pessoa libera internamente e que desenvolve uma desordem psicofisiológica. • síndrome do colo irritável; • hipertensão; • arritmias cardíacas; • asma; • aumento da tonicidade muscular da cabeça e do pescoço. O estresse emocional também pode influenciar a atividade ou a tonicidade simpática do indivíduo. A atividade simpática pode aumentar o tônus muscular e, consequentemente, produzir uma condição de dor muscular. A exposição prolongada a agentes estressantes emocionais sobrecarrega o sistema nervoso autônomo de maneira crônica, comprometendo a capacidade do indivíduo de se adaptar e até mesmo combater as doenças. Um estímulo de dor profunda pode excitar centralmente o tronco encefálico, produzindo uma resposta muscular conhecida como cocontração protetora. A atividade da musculatura pode ser dividida em dois tipos básicos: • funcional; • parafuncional. Hiperatividade muscular é o aumento da atividade muscular acima do necessário para a função. Essas atividades parafuncionais podem ser divididas em dois grupos gerais: • atividade diurna; • atividade noturna. Atividade parafuncional diurna é aquela realizada durante o dia, geralmente sem que o indivíduo tenha consciência, como: apertar e ranger os dentes, morder a língua, ter hábitos posturais, etc. A atividade parafuncional noturna é composta de episódios únicos (apertamento) e contrações rítmicas (bruxismo) realizados inconscientemente durante o sono. A maioria das atividades funcionais consiste em contrações rítmicas e bem controladas e no relaxamento dos músculos envolvidos na função mandibular. A atividade parafuncional geralmente resulta em contração muscular mantida por longos períodos. Os reflexos neuromusculares estão presentes durante as atividades funcionais, protegendo as estruturas odontológicas de serem danificadas. Cada paciente possui uma capacidade de adaptabilidade diferente, tendo, portanto, seu próprio sistema biológico, que pode tolerar certo grau de variação do ideal. O sucesso clínico é diretamente relacionado a como o paciente pode se adaptar às alterações feitas pelo clínico. Fatores que influenciam são provavelmente vinculados a problemas inatos, como: • variabilidade genética; • resistência do hospedeiro; • fatores biológicos (dieta, hormônios, entre outros); • sono; • condicionamento físico; • fatores demográficos (idade, sexo, entre outros); Se um fator se tornar mais significativo, ele pode exceder a adaptabilidade e fazer com que os sintomas apareçam. Em algumas instâncias, pode haver uma alteração na adaptabilidade do paciente; se a adaptabilidade for reduzida, fatores etiológicos menos significativos podem se tornar influentes. Você Sabia? O convívio social influencia na adaptação à dor. Figura 2 – Como qualquer um pode caminhar sobre brasas Fonte: https://revistagalileu.globo.com/blogs/olhar-cetico/noticia/2014/10/como-qualquer-um-pode-caminhar-sobre- brasas.html. Acesso em: 11 maio 2020. A simples presença de outro indivíduo na experiência de dor pode modificar os comportamentos dolorosos, promovendo uma forma de educação por imitação denominada modelação social. Embora a dor seja comumente referida como experiência individual, pesquisas mostram que a interação social influencia a forma como percebemos e/ou comunicamos a nossa dor. Sintetizando A etiologia das DTMs é complexa e multifatorial, o que quer dizer que um único fator sozinho não é capaz de gerar uma DTM. Os fatores etiológicos das DTMs podem ser classificados em 3 grupos: os fatores que aumentam o risco de DTMs são chamados fatores predisponentes, pois aumentam o risco do paciente vir a desenvolver uma DTM no futuro. Os fatores que ocasionam o início de DTM são chamados fatores desencadeantes e são responsáveis pelo surgimento dos primeiros sintomas do paciente. Os fatores que interferem na cura ou aumentam a progressão de DTM são chamados fatores perpetuantes. Após o surgimento dos sintomas para a disfunção, o caso tende para uma autorresolução. Esse processo pode ser interrompido caso surja algum fator perpetuante que prolongue os sintomas da DTM de forma indeterminada, fazendo com que o paciente necessite de tratamento para o controle da DTM. A identificação adequada dos fatores corretos é a base para o sucesso do tratamento das DTMs. Existem cinco fatores principais associados à DTM: trauma, estresse emocional, fontes de estímulo à dor profunda, atividades parafuncionais e condição oclusal. Modulo 4 https://revistagalileu.globo.com/blogs/olhar-cetico/noticia/2014/10/como-qualquer-um-pode-caminhar-sobre-brasas.html https://revistagalileu.globo.com/blogs/olhar-cetico/noticia/2014/10/como-qualquer-um-pode-caminhar-sobre-brasas.html Classificação das DTMs As disfunções temporomandibulares (DTM) são definidas como um conjunto de condições musculoesqueléticas e neuromusculares que envolvem as articulações temporomandibulares (ATM), os músculos mastigatórios e as estruturas associadas. São condições altamente prevalentes no mundo todo, sendo as mulheres mais afetadas que os homens. Embora sejam condições principalmente observadas entre adultos jovens (com 20 a 50 anos de idade), estudos recentes vêm apontando que crianças e adolescentes são frequentemente afetados. Seus principaissintomas são dores (muscular e articular), limitações funcionais e sons articulares. O diagnóstico da DTM é essencialmente clínico e deve incluir anamnese e exame físico cuidadosos. Eventualmente, exames de imagem como tomografia e ressonância magnética podem ser necessários para o diagnóstico de alterações articulares. O DC/TMD é também constituído por dois eixos: o eixo I é composto pelos diagnósticos (mialgia, mialgia local, dor miofascial, dor miofascial com espalhamento, dor miofascial com dor referida, artralgia e cefaleia atribuída à DTM); o eixo II incorporou novos instrumentos já validados para avaliação do comportamento perante a dor, estado psicológico e funcionamento psicossocial. O eixo II pode ser aplicado em sua versão resumida ou completa. O DC/TMD tem sido amplamente utilizado e se mostra como o melhor critério de diagnóstico para DTM ao longo das últimas décadas. Certamente, o uso do DC/TMD em pesquisas ao redor do mundo deverá gerar a necessidade de revisões futuras. O raciocínio clínico para levar a um diagnóstico final segue um processo de dedução, que inclui: memória de conhecimento clínico adquirido por treinamento formal e exposição a diferentes condições e procedimentos clínicos. Figura 2 – Formação da hipótese de diagnóstico Fonte: Autoria própria. O processo de diagnóstico começa com a anamnese, que é o ponto-chave inicial para criar um banco de dados do paciente. Em seguida, forma-se o diagnóstico diferencial, que é uma lista de possibilidades, classificadas da mais provável para a menos. A confirmação do diagnóstico é obtida através da procura de sinais específicos da doença – conhecidos como sinais patognomônicos – ou quando não for possível com testes que possuam objetivos e critérios de diagnósticos precisos. De acordo com o DC/TMD, as DTMs podem ser classificadas como: • mialgia; • mialgia local; • dor miofascial com espalhamento; • dor miofascial referida; • artralgia; • cefaleia atribuída à DTM. Você Sabia? Você sabia que ansiedade também causa DTM? O termo desordem temporomandibular (DTM) é definido como um grupo de sinais e sintomas que afetam os músculos da mastigação, bem como as articulações e/ou suas estruturas associadas. Esses sinais e sintomas se apresentam como sons na ATM, otalgia, odontalgia e/ou cefaleia. Sua etiologia está associada a causas biológicas, biomecânicas, neuromusculares e biopsicossociais. Por se tratar de uma etiologia multifatorial e necessitar de vários parâmetros de avaliação, seu diagnóstico acaba sendo atrasado. É importante observar detalhadamente a história e os achados do exame físico. A DTM é considerada o segundo motivo de dores na região orofacial e afeta de 10% a 15% da população adulta, com idade média entre 20 a 40 anos, com prevalência no sexo feminino. De acordo com o modelo biopsicossocial, os fatores emocionais têm sido discutidos como influenciadores na etiologia da DTM, sendo esta considerada um dos sintomas psicológicos mais comuns nesses pacientes e, dependendo do seu nível, pode resultar em outros problemas relacionados à saúde. Embora estudos apresentem alto risco de desenvolvimento da DTM por meio da ansiedade, os mecanismos entre essa associação ainda não estão claros. Saiba mais em: http://otorrinoscuritiba.com.br/saude/estresse-e-ansiedade-causas-para-a-dtm.html. Sintetizando Após a apresentação deste conteúdo e seu estudo, finalizamos a semana entendendo que as disfunções temporomandibulares (DTM) são definidas como um conjunto de condições musculoesqueléticas e neuromusculares que envolvem as articulações temporomandibulares (ATMs), os músculos mastigatórios e as estruturas associadas. São condições altamente prevalentes no mundo todo, sendo as mulheres mais afetadas que os homens. O diagnóstico da DTM é essencialmente clínico e deve incluir anamnese e exame físico cuidadosos. Eventualmente, exames de imagem como tomografia e ressonância magnética podem ser necessários para o diagnóstico de alterações articulares. De acordo com o DC/TMD, as DTMs podem sem classificadas como: mialgia, mialgia local, dor miofascial com espalhamento, dor miofascial referida, artralgia e cefaleia atribuída à DTM. Patologias musculares A dor miofascial mastigatória pode ser classificada como dor miofascial com ou sem limitação de abertura bucal. A dor nos músculos mastigatórios e na região da ATM é o sintoma de maior prevalência nos indivíduos com DTM. Além desse sintoma, 60% dos indivíduos que têm DTM apresentam dor em outras regiões, como cabeça e cervical. A presença de dor nessa região é decorrente da conexão entre as estruturas cervicais e a ATM, que, através de músculos e ligamentos, formam o complexo denominado sistema crânio-cervical- mandibular. Essas ligações estruturais têm incentivado estudos que buscam compreender a relação entre a DTM e os sintomas cervicais. O ponto-gatilho miofascial é um ponto hiperirritável, normalmente dentro de uma banda tensa do músculo esquelético ou na fáscia do músculo, que é dolorido à compressão e pode originar uma dor referida característica, dolorimento e fenômenos autonômicos. São características clínicas dos pontos-gatilhos miofasciais: histórico de fatores precipitantes; sobrecarga, movimentos rápidos, traumatismo direto ou resfriamento (estes em caso de início súbito); sobrecarga crônica, fadiga muscular, contração muscular sem encurtamento e atividade repetitiva (estes em caso de início gradual). Também pode originar-se em decorrência de doenças visceral, viral, metabólica e endócrina, artrite articular, deficiência nutricional, ansiedade e estresse emocional, bem como ser ativado por atividades indiretas de outros pontos de gatilho. As DTM musculares podem apresentar os seguintes sintomas de anormalidades autonômicos: • aumento da atividade vasomotora; • coriza; • congestão nasal; • perda de olfato; • sudorese aumentada; • atividade piloeretora aumentada; • salivação; • distúrbios proprioceptivos, como: http://otorrinoscuritiba.com.br/saude/estresse-e-ansiedade-causas-para-a-dtm.html o desequilíbrio; o tontura; o zumbido. Podem apresentar ainda sintomas de anormalidades sensoriais, como: • diminuição do limiar de dor à pressão; • dor referida (percepção de dor para zonas de referência distantes em padrões específicos de referência de dor característicos da localização do PGm no músculo afetado); • sintomas de dor persistente. Outros sintomas presentes podem ser: • dermografia na pele sobre os pontos-gatilhos; • peniculose; • distúrbios de sono; • depressão; • distúrbios visuais. Os principais achados físicos das patologias musculares são: dolorimento pontual na banda tensa de um músculo, resposta contrátil local, exacerbação da dor com pressão firme, reprodução da dor usual e referida com pressão firme, aumento da dor com alongamento passivo ou ativo do músculo envolvido, sinal de pulo e eliminação dos sintomas com a terapia para os pontos-gatilhos. Você Sabia? Você sabia que paciente pode fazer bruxismo quando está acordado? N em vigília é realizado quando o paciente está acordado, sendo considerado um hábito parafuncional, como roer de unhas, morder objetos, etc. Normalmente, o paciente permanece por períodos longos apertando ou encostando os dentes, principalmente em momentos de tensão, estresse ou até mesmo quando está concentrado lendo um livro, estudando, usando o computador ou assistindo TV. O bruxismo em vigília pode também aparecer como efeito colateral de algumas medicações, sobretudo medicações utilizadas no tratamento da ansiedade, mal de Parkinson e outros problemas motores, o que não é tão comum. Saiba mais em: https://www.sorrisologia.com.br/noticia/bruxismo-de-vigilia-especialista-explica-o-que-e-e- como- identificar_a9488/1#:~:text=Entenda%20o%20que%20%C3%A9%20bruxismo,durante%20o%20per%C3%A Dodo%20%E2%80%9Cacordado%E2%80%9D. Acesso em: 04 jul. 2020. Sintetizando A dor miofascialmastigatória pode ser classificada como dor miofascial com ou sem limitação de abertura bucal. O ponto-gatilho miofascial é um ponto hiperirritável, normalmente dentro de uma banda tensa do músculo esquelético ou na fáscia do músculo, que é dolorido à compressão e pode originar uma dor referida característica, dolorimento e fenômenos autonômicos. São características clínicas dos pontos-gatilhos miofasciais: histórico de fatores precipitantes; sobrecarga, movimentos rápidos, traumatismo direto ou resfriamento (estes em caso de início súbito); sobrecarga crônica, fadiga muscular, contração muscular sem encurtamento e atividade repetitiva (estes em caso de início gradual). Também pode originar-se em https://www.sorrisologia.com.br/noticia/bruxismo-de-vigilia-especialista-explica-o-que-e-e-como-identificar_a9488/1#:~:text=Entenda%20o%20que%20%C3%A9%20bruxismo,durante%20o%20per%C3%ADodo%20%E2%80%9Cacordado%E2%80%9D https://www.sorrisologia.com.br/noticia/bruxismo-de-vigilia-especialista-explica-o-que-e-e-como-identificar_a9488/1#:~:text=Entenda%20o%20que%20%C3%A9%20bruxismo,durante%20o%20per%C3%ADodo%20%E2%80%9Cacordado%E2%80%9D https://www.sorrisologia.com.br/noticia/bruxismo-de-vigilia-especialista-explica-o-que-e-e-como-identificar_a9488/1#:~:text=Entenda%20o%20que%20%C3%A9%20bruxismo,durante%20o%20per%C3%ADodo%20%E2%80%9Cacordado%E2%80%9D https://www.sorrisologia.com.br/noticia/bruxismo-de-vigilia-especialista-explica-o-que-e-e-como-identificar_a9488/1#:~:text=Entenda%20o%20que%20%C3%A9%20bruxismo,durante%20o%20per%C3%ADodo%20%E2%80%9Cacordado%E2%80%9D decorrência de doenças visceral, viral, metabólica e endócrina, artrite articular, deficiência nutricional, ansiedade e estresse emocional, bem como ser ativado por atividades indiretas de outros pontos de gatilho. Patologias articulares: deslocamento de disco Termo ortopédico geral que implica em uma falha mecânica que interfere com a ação suave da articulação. O distúrbio interno mais comum é o deslocamento de disco. Aspectos anatômicos e fisiológicos A articulação temporomandibular (ATM) é uma articulação sinovial bilateral que conecta a mandíbula ao osso temporal. O disco articular (menisco) é um tecido conjuntivo avascular denso e fibroso sem nenhuma inervação, ao contrário da cartilagem hialina encontrada em outras articulações do corpo. Sua estrutura oval bicôncava divide a cavidade articular em dois compartimentos distintos, assegura a estabilidade da ATM durante a função e absorve as forças que atuam na ATM durante a função. Durante a função ocorrem dois tipos de movimento em compartimentos separados da ATM: • translação no compartimento superior; • rotação no compartimento inferior. Na zona posterior, encontra-se o tecido retrodiscal ou zona bilaminar, tecido altamente vascularizado e bem inervado. Deslocamento de disco articular Desordem caracterizada por uma relação anormal entre o disco articular, o côndilo mandibular e a eminência articular. O disco articular desloca-se mais comumente para anterior e anteromedialmente. O deslocamento de disco articular é a mais frequente anormalidade achada em pacientes com sinais e sintomas de DTM, bem como a principal causa de desarranjo interno do ATM, com uma prevalência de 84% dos pacientes com sinais e sintomas de DTM. Classificação dos deslocamentos de disco articular De acordo com a classificação anatômica, os deslocamentos de disco podem ser: anterior, anteromedial, anterodistal, lateral, medial e posterior. De acordo com a função, os deslocamentos podem ser classificados como: deslocamento de disco com redução, deslocamento de disco sem redução com limitação de abertura bucal e deslocamento de disco sem redução e sem limitação de abertura bucal. Você Sabia? Você sabia que algumas dores de dente podem não ser causadas pelos dentes? Embora a dor de origem dentária seja a dor orofacial mais comum, outras dores não odontogênicas podem afetar a região orofacial e, ocasionalmente, imitar dor dental. Essas dores não odontogênicas podem representar um dilema para o dentista que trata rotineiramente a dor dentária. Odontalgias podem ser originadas de várias estruturas, dentre elas: odontalgias miofasciais, odontalgias cardíacas, odontalgias sinusais, odontalgias neurovasculares, odontalgias neuropáticas e odontalgias neoplásicas. Há uma infinidade de dores não odontogênicas que podem se apresentar no local do dente e imitar a dor de dente. Os dentistas também devem compreender o complexo mecanismo da dor odontogênica e a maneira pela qual outras estruturas orofaciais podem simular a dor dentária. Saiba mais em: https://julianadentista.com/category/odontalgia-nao-odontogenica-2/. Acesso em: 04 jul. 2020. Sintetizando https://julianadentista.com/category/odontalgia-nao-odontogenica-2/ A articulação temporomandibular (ATM) é uma articulação sinovial bilateral que conecta a mandíbula ao osso temporal. O disco articular (menisco) é um tecido conjuntivo avascular denso e fibroso sem nenhuma inervação, ao contrário da cartilagem hialina, encontrada em outras articulações do corpo. Sua estrutura oval bicôncava divide a cavidade articular em dois compartimentos distintos, assegura estabilidade da ATM durante a função e absorve as forças que atuam na ATM durante a função. A desordem é caracterizada por uma relação anormal entre o disco articular, o côndilo mandibular e a eminência articular. O disco articular desloca-se mais comumente para anterior e anteromedialmente. O deslocamento de disco articular é a mais frequente anormalidade achada em pacientes com sinais e sintomas de DTM, bem como a principal causa de desarranjo interno do ATM, com uma prevalência de 84% dos pacientes com sinais e sintomas de DTM. Patologias articulares: alterações degenerativas A função normal da ATM depende da: morfologia do disco articular, inserção do disco (posterior e cartilagínea), coordenação do músculo pterigoideo lateral. A etiologia da alteração degenerativa articular se desenvolve com a seguinte cronologia de evolução: espessamento da banda posterior do disco, alongamento ou perda da inserção colateral ou posterior do disco, mudança de forma do disco (de bicôncavo para biconvexo) e descoordenação do músculo pterigoideo lateral. As principais alterações degenerativas são: Figura 2 – Osteófitos Disponível em: http://www.patologiadaatm.com.br/disfuncao-da-atm-e-perfuracao-do-disco/. Acesso em: 03 jul. 2020. • Osteoartrite. • Perfuração de disco. • Degeneração de côndilo e disco. Sinais e sintomas das alterações articulares São sinais ou sintomas clínicos de alterações articulares: http://www.patologiadaatm.com.br/disfuncao-da-atm-e-perfuracao-do-disco/ • estalido durante abertura e fechamento bucal; • desvio de linha médio durante abertura e fechamento bucal; • dor resultante de pressão no ligamento posterior; • limitação de abertura bucal. Você Sabia? O que é a neuralgia do trigêmeo? A neuralgia do nervo trigêmeo talvez seja uma das dores mais conhecidas e temidas do mundo. As fortes dores, geralmente em choques, acontecem, em grande parte, na face e na cavidade oral, o que faz com que os pacientes procurem atendimento odontológico. A crise dolorosa pode ser iniciada por estímulos inócuos e se desenvolve sem causa aparente ou por resultado de outra condição diagnosticada. A dor contínua adicional na mesma distribuição e no mesmo período que a dor paroxística é considerada NT com dor contínua concomitante, e esse fenótipo pode estar presente em cada uma das três categorias de subclassificação. O diagnóstico da NT deve ser inicialmente clínico, e as investigações subsequentes devem ser realizadas para identificar uma possível causa. Saiba mais em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal- e-dos-nervos/doen%C3%A7as-dos-nervos-cranianos/neuralgia-do-trig%C3%AAmeo. Acesso em: 04 jul. 2020. Sintetizando A etiologia da alteração degenerativa articularse desenvolve com a seguinte cronologia de evolução: espessamento da banda posterior do disco, alongamento ou perda da inserção colateral ou posterior do disco, mudança de forma do disco (de bicôncavo para biconvexo) e descoordenação do músculo pterigoideo lateral. São sinais ou sintomas clínicos de alterações articulares: estalido durante abertura e fechamento bucal, desvio de linha médio durante abertura e fechamento bucal, dor resultante de pressão no ligamento posterior e limitação de abertura bucal. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/doen%C3%A7as-dos-nervos-cranianos/neuralgia-do-trig%C3%AAmeo https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/doen%C3%A7as-dos-nervos-cranianos/neuralgia-do-trig%C3%AAmeo
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