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Adesão e Sistemas adesivos

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ADESÃO E SISTEMAS ADESIVOS – ODONTOLOGIA UFBA – RODRIGO C. LUEDY 
 
 
UMA NOVA ODONTOLOGIA 
A introdução dos sistemas adesivos mudou a odontologia. 
Ofereceu uma gama de possibilidades restauradoras. 
Pode-se colar um fragmento de dente de uma forma 
minimamente invasiva restabelecendo forma, função e 
estética ao paciente. Além disso, as restaurações adesivas 
proporcionam uma preservação de estrutura sadia. 
ADESÃO ESMALTE X DENTINA 
O mecanismo da união ao dente é baseado num processo 
de troca aonde minerais são removidos do dente e são 
substituídos por monômeros. Quando se cria uma 
desmineralização do esmalte para que se crie porosidades 
suficientes para micro retenção, deve se criar uma 
estrutura adequada. O esmalte é muito homogêneo. Já a 
dentina, o processo de desmineralização, cria uma rede de 
fibras colágenas, expõe uma rede de fibras colágenas que 
já é uma superfície mais difícil de adesão. 
Muitas vezes ao fazer uma adesão na dentina, não se 
consegue uma total cobertura do sistema adesivo ao 
dente. Ficam nano espaços os quais não houve micro 
retenção e automaticamente tem-se percolação de 
líquidos, passagens de fungos, bactérias. Esses defeitos 
causados na adesão existem por diversas razões: algumas 
relacionadas ao substrato dental, outras relacionadas ao 
agente de união e interferências clínicas que 
impossibilitam uma boa adesão. 
PRINCÍPIOS DA ADESÃO 
1. VISCOSIDADE DO MATERIAL: o sistema 
adesivo é um material monomérico fluido para 
penetrar em micro retenções. Já a resina 
composta é um material viscoso, com uma certa 
viscosidade suficiente para colocar na cavidade, 
esculpir a resina e ficar na posição definida. 
Quando mais viscoso o liquido, pior será seu 
escoamento. O sistema adesivo precisa ser fluido. 
2. ÂNGULO DE CONTATO: Quanto maior o ângulo 
de contato, pior o molhamento da superfície pelo 
liquido. O ângulo de contato ideal é 0. 
3. ENERGIA DE SUPERFÍCIE: É uma característica 
do sólido e a tensão de superfície é uma 
característica do liquido. Quanto maior a energia 
de superfície do sólido melhor o molhamento 
pelo liquido. Impurezas e redução de conteúdo 
mineral diminuem a energia de superfície. 
 
 
 
 
ONDE SERÁ MAIS FÁCIL ADERIR? 
Capacidade de adesão nos diversos substratos 
encontrados na boca. Normalmente as cavidades terão 
várias áreas precisando ser aderidas (áreas de esmalte, 
dentina – cariada, profunda, rasa, com características 
especificas). Essas características acabam interferindo na 
qualidade de adesão de cada substrato. 
ESMALTE: É um substrato extremamente homogêneo e 
decomposição também homogêneo. Composto de 96% de 
material inorgânico na forma de hidroxiapatita, uma 
quantidade pequena de água e de material orgânico (3%). 
Essa morfologia e composição altamente homogêneas 
tornam o esmalte um substrato de fácil adesão e de longa 
duração. 
DENTINA: Característica morfológica e de decomposição 
diferentes. Tem uma quantidade grande de material 
inorgânico (hidroxiapatita) e uma quantidade grande de 
material orgânico, cerca de 16% é Colágeno do tipo I. Essa 
distribuição da hidroxiapatita e do colágeno são de grande 
variabilidade dentro das várias regiões de dentina. 
TIPOS DE DENTINA: Estrutura tubular e cada túbulo 
dentinário que tem dentro dele água, prolongamentos 
odontoblásticos entre outras coisas. Cada estrutura 
tubular é rodeada por uma dentina altamente 
mineralizada chamada de dentina peritubular. Entre os 
túbulos tem uma região um pouco menos mineralizada 
onde estará a fibra colágena chamada de dentina 
intertubular, fundamental para adesão a dentina, porque 
é exatamente na rede de fibrilas colágenas que se tem a 
infiltração do sistema adesivo e a micro retenção. A adesão 
a dentina acontece quando se expõe a rede de fibrilas 
colágenas por um processo de condicionamento ácido. 
É importante entender que quanto mais dentina 
intertubular, melhor será a adesão. Isso significa que 
quanto mais próximo da junção amelodentinária, ou seja, 
quanto mais rasa for a cavidade, mais fechados estarão os 
túbulos dentinários e mais dentina haverá entre eles. 
Quanto mais próximo da polpa, mais abertos estarão os 
túbulos, com menos dentina intertubular e 
consequentemente pior adesão. 
Na dentina, o aumento da permeabilidade representa 
sempre uma pior adesão. 
DENTINA RASA → DENTINA MELHOR 
DENTINA PROFUNDA → DENTINA PIOR 
 ADESÃO E SISTEMAS ADESIVOS – ODONTOLOGIA UFBA – RODRIGO C. LUEDY 
PROFUNDIDADE DA CAVIDADE 
Importante para entender que em determinadas 
situações, opta-se por não fazer uma restauração adesiva 
ao fundo da cavidade. Utiliza-se um protetor do complexo 
dentinho-pulpar para depois fazer a restauração adesiva. A 
capacidade de adesão é 30-40% menor na dentina 
profunda. 
SMEARLAYER: Camada de ‘’lama’’ composta por água, 
saliva, restos de tecido duro que fica grudada na dentina. 
Possui espessura que varia de 0,5 a 2um. Entra no interior 
dos túbulos dentinários formando o ‘’tampão de lama’’ que 
reduzem a permeabilidade da dentina em até 86%. 
TIPOS DE SISTEMAS ADESIVOS 
Atualmente, existe uma grande quantidade de sistemas 
adesivos. Irão variar de acordo com a forma que interagem 
com a lama dentinária ou smearlayer. 
CONVENCIONAIS: Tanto a lama quanto os tampões de 
lama são completamente removidos 
AUTO CONDICIONANTES: A lama não é totalmente 
removida, é modificada, se tornando porosa, fazendo com 
que o sistema consiga atravessar a lama e chegar até a 
dentina. 
Tanto nos sistemas convencionais quanto no auto 
condicionantes, os adesivos podem vir em versões 
completas ou simplificadas. Nos convencionais, a versão 
completa possui 3 passos: um ácido, um primer e um 
adesivo. Na versão simplificada tem o ácido e no mesmo 
frasco a substância do primer + adesivo. Nos adesivos auto 
condicionantes, não tem mais a aplicação separada de um 
ácido. Tem o primer com características acídicas separada 
do adesivo na versão completa, e um primer ácido junto do 
adesivo na versão simplificada. 
 
ESTRATÉGIA DE UNIÃO CONVENCIONAL 
Nos sistemas convencionais de 3 passos, primeiro tem a 
aplicação de um ácido, em seguida aplicação de um frasco 
onde se tem o conteúdo do primer e por último aplicação 
de um frasco contendo o adesivo ou bonde. Se eles forem 
simplificados, tem a aplicação de um ácido, seguido do 
frasco contendo o primer + adesivo. 
PARA QUE SERVE O CONDICIONADOR ÁCIDO? 
• Ácido fosfórico: H3PO4 misturado com sílica para 
ter consistência de gel, junto com corantes 
associados para chegar na coloração. 
• A concentração ideal desse ácido envolve cerca de 
30-40% para fazer uma boa desmineralização. 
• O ácido deve apresentar duas características 
muito importantes: homogeneidade (não pode 
separar suas fases) e baixo escoamento (não pode 
ser muito fluído para não desmineralizar áreas 
indesejadas) 
O ácido deve ser capaz de permanecer no local de 
condicionamento. Não deve haver separação de fase 
líquida (ácido) com sólida (sílica). 
O QUE O ÁC. FOSFÓRICO FAZ NO ESMALTE? 
• Remoção total da smearlayer; 
• Aumento da energia de superfície, tirando ainda 
mais o conteúdo orgânico e toda película 
adquirida sobre o esmalte 
• Cria porosidades (onde o sistema adesivo vai 
entrar e ficar preso) 
O ácido promove uma desmineralização, faz como se 
fosse uma manchinha branca na superfície, 
exatamente no local onde foi aplicado. O tempo de 
aplicação do ácido varia de 15 a 30s. 
O QUE O ÁC. FOSFÓRICO FAZ NA DENTINA? 
• Remoção total da smearlyer (lama dentária) 
• Desmineralização superficial (3-8um) 
• Promove a abertura de túbulos (o ácido aumenta 
a permeabilidade da dentina) 
• Expor fibras colágenas (são nas redes de fibrilas 
que os sistemas adesivos irão entrar) 
• Redução da energia de superfície, controlada com 
aplicaçãode uma substancia de preparo, ou seja, 
do prime, que tem o objetivo de elevar ela 
novamente. 
O tempo máximo de condicionamento do ácido da 
dentina é de 15s, não deve ultrapassar o tempo 
porque o sobrecondicionamento aumenta o risco de 
degradação da adesão. 
LAVAGEM: Depois da aplicação do ácido, é preciso 
lavar. Tem o objetivo de remover os resíduos do gel de 
ácido fosfórico e os minerais retirados do dente. Deve 
ser realizada com o jato de ar e água da seringa tríplice 
e o tempo deve ser o dobro do tempo de 
condicionamento ácido. 
 ADESÃO E SISTEMAS ADESIVOS – ODONTOLOGIA UFBA – RODRIGO C. LUEDY 
SECAGEM: Técnica úmida de união: após a lavagem, 
a água tem a importante função de manter os espaços 
entre as fibrilas colágenas. Como o adesivo vai 
infiltrar? Vai ser o papel do solvente, promove a 
desidratação química da superfície para que o 
monômero substitua a água. (Efeito da desidratação) 
• DESIDRATAÇÃO: Colapso das fibrilas; 
Formação de malha impenetrável pelo 
sistema adesivo 
• OVERWET: Diluição dos agentes, rede de 
colagens permanece descoberta. 
• UMIDADE IDEAL: Varia com o tipo de solvente 
presente no primer. 
PRIMER 
COMPOSIÇÃO: Monômeros com características 
hidrófilas, com solventes que mantem a fluidez do sistema 
e permitem que haja uma desidratação química, o solvente 
se liga a água e evapora, deixando no lugar da água o 
monômero hidrófilo. Existem vários tipos de solvente: 
acetona, etanol, água. 
AÇÕES DO PRIMER: 
• Preparar a superfície condicionada pelo ácido 
para a infiltração do adesivo 
• Aumentar a energia de superfície da dentina 
• Promove a remoção da umidade sem colapso de 
fibrilas colágenas (papel do solvente) 
Na dentina, a falta do solvente impede a formação da 
camada hibrida (zona de transição aonde o monômero 
infiltrou na dentina e ficou retido) 
ADESIVO 
COMPOSIÇÃO: Monômeros hidrófobos, interessante 
para sobreviver no ambiente bucal que é úmido, partículas 
de carga para aumentar a resistência mecânica do 
material, sistema de ativação (parte foto ativável) 
AÇÕES DO ADESIVO: 
• Penetrar nas irregularidades criadas pelo 
condicionamento e infiltradas pelo primer. 
• Co-polimerizar com o material restaurador, se 
ligar quimicamente com o material formando um 
corpo único. 
ETAPAS DO TRATAMENTO: 
Profilaxia, isolamento, proteção dos vizinhos, 
condicionamento ácido (30s), lavagem (30-60s), secagem. 
→ Aplicação do primer/adesivo remoção de 
excessos/volatilização de solventes; fotopolimerização 
PROTOCOLOS CLÍNICOS 
DENTINA: Profilaxia, para manter o campo limpo, 
isolamento, sistema matriz (se necessário); Ácido no 
esmalte (15-30s); Ácido na dentina (15s); Lavagem (30-
60s); Secagem cuidadosa 
Após aplicação do ácido na dentina, aquela camada que 
tinha o smearlayer, smearplug, toda ela vai ser removida 
pelo ácido, assim como os minerais que estavam na 
superfície, expondo a fibra colágena. Ao lavar, deve-se 
manter um pouco de água para manter as fibrilas abertas. 
Depois da secagem cuidadosa que não promova 
ressecamento, aplica-se o sistema adesivo. O primer vai 
cobrir as redes de fibrilas colágenas, adentrar um pouco 
nos túbulos. Os solventes estão no primer, que irão 
desidratar quimicamente essa região, se ligar na água e 
evaporar, criando espaço para infiltração pelo monômero 
hidrófilo do primer. 
FOTOPOLIMERIZAÇÃO: impregnação de monômeros na 
superfície dentinária desmineralizada, formando uma 
camada ácido-resistente de dentina reforçada por resina. 
ESTRATÉGIA DE UNIÃO AUTOCONDICIONANTE 
Estratégia que não tem aplicação separada do ácido na 
dentina, porque tem-se aplicação de um primer que tem 
características ácidas. 
Tem os sistemas de 2 passos, aplica o primer depois o bond 
e o sistema de 1 passo com primer e bond juntos no mesmo 
frasco, recebendo o nome de universais. 
PRIMER ÁCIDO 
COMPOSIÇÃO: Monômeros funcionais: 10-MDP, 
PHENYL-P, que possuem a capacidade de infiltração e 
desmineralização simultânea, Monômeros hidrófilos, para 
interagir com a porção úmida da dentina, água (definição 
do pH). Quanto mais água tiver no primer, mais agressivo 
(<1) será o pH. O pH ideal é sempre o moderado (1,1-2), 
não se deve usar o sistema de pH agressivo porque são 
sistemas que tem excesso de água e acabam degradando 
muito rápido no ambiente da cavidade oral. 
 
 ADESÃO E SISTEMAS ADESIVOS – ODONTOLOGIA UFBA – RODRIGO C. LUEDY 
AÇÕES DO PRIMER ÁCIDO: 
• Remoção parcial da smearlayer 
• Desmineralização e infiltração simultânea 
No esmalte, o condicionamento ácido promovido pelo 
primer é mais fraco que o condicionamento com o ácido 
fosfórico: união ruim ao esmalte. Importante fazer o 
condicionamento ácido apenas seletivo, ou seja, das 
bordas de esmalte por 10-15s e sempre protegendo a 
dentina. 
ADESIVO 
COMPOSIÇÃO: Monômeros hidrófobos, partículas de 
cargas e sistema de ativação. 
AÇÕES: Penetrar nas irregularidades criadas pelo 
condicionamento promovido pelo primer; Co-polimerizar, 
se unir quimicamente com o material restaurador, resina 
composta. 
PROTOCOLOS CLÍNICOS: Profilaxia; Isolamento; 
Proteção dos dentes vizinhos, condicionamento ácido 
seletivo (10-15s); Lavagem e secagem; A secagem não é tão 
complexa quanto a do convencional, pois antes da 
aplicação do primer, nenhum condicionamento foi feito na 
dentina. 
 A superfície deve estar seca e sem ressecamento. 
 Aplicação do primer ácido (30s) 
 Remoção de excessos 
 O primer ácido torna a smearlayer porosa para 
chegar até a dentina e também expor as fibras 
colágenas. A diferença do convencional é que não 
há remoção total do smearlayer, uma parte dela 
vai ficar cobrindo os túbulos dentinários. 
 Aplicação do adesivo e acontece a 
fotopolimerização: forma uma camada hibrida 
com uma porção de lama. 
SISTEMA SIMPLIFICADO – 1 PASSO: O primer 
ácido associado ao adesivo vai promover 
desmineralização e infiltração simultaneamente. Essa 
desmineralização também vai formar camada hibrida. 
 Aplicação de 2 camadas ativamente 10s cada 
 Remoção de excessos 
 Leve jato de ar 
 Fotoativação 10s 
 
 
 
 
QUANTO TEMPO VAI DURAR? 
Na literatura, adesivos simplificados são normalmente 
materiais que tem muita hidrofilia, na sua mistura eles se 
tornam bastante hidrófilos. O material hidrófilo, quando 
entra em contato com a água ele se parte inteiro, se 
degrada inteiro. O material hidrófobo não forma nenhum 
tipo de interação com a água. 
Quando se tem a etapa separada de cobertura do primer 
pelo bond, sempre tem um material que tende a ter mais 
durabilidade. Logo, os sistemas adesivos que tem a etapa 
separada primer e adesivo, geralmente são mais 
resistentes a longo prazo, sendo convencional ou 
autocondicionante, ambos são mais resistentes porque o 
bond cobre totalmente o primer.

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