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CP Iuris 2022 - Direito Penal - Geral

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ORGANIZADO POR CP IURIS 
ISBN 978-65-5701-024-2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
parte geral (arts. 1º a 120) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3ª edição 
Brasília 
2022 
 
SOBRE O AUTOR 
SAMER AGI. Juiz de Direito Substituto da Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Foi juiz instrutor 
no gabinete do Min. Napoleão Nunes Maia do Superior Tribunal de Justiça. Foi Delegado de Polícia Civil do 
Estado de Goiás (PCGO). Autor do livro “Comentários à Nova Lei de Abuso de Autoridade” e coautor do livro 
“Os 23 pontos da sentença penal”. Mestrando em Ciências Jurídicas pela Universidade Autônoma de Lisboa. 
ROBERTA CORDEIRO. Juíza de Direito do TJDFT. Mestre em Direito pelo IDP. Doutoranda em Direito e 
Políticas Públicas pelo UniCEUB. Atualmente é professora da Escola da Magistratura (cursos de pós-
graduação), do IDP nos cursos de Graduação e Pós-graduação e do UniCEUB (graduação e Pós-graduação 
“lato sensu”). 
 
SUMÁRIO 
CAPÍTULO 1 - LIÇÕES PRELIMINARES DE DIREITO PENAL .........................................................................................12 
1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................................13 
2. CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL ........................................................................................................................13 
3. FUNÇÃO DO DIREITO PENAL ...................................................................................................................................14 
4. CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO PENAL ..........................................................................................................................15 
4.1. Direito penal substantivo e direito penal adjetivo ...................................................................................15 
4.2. Direito penal objetivo e direito penal subjetivo .......................................................................................15 
4.3. Direito penal de emergência e direito penal simbólico.............................................................................15 
4.4. Direito penal promocional/político/demagogo .......................................................................................16 
4.5. Direito penal de intervenção ...................................................................................................................16 
4.6. Direito penal como proteção de contextos da vida em sociedade ............................................................16 
4.7. Direito penal garantista .........................................................................................................................17 
4.8. Direito penal secularizado ......................................................................................................................18 
4.9. Direito penal subterrâneo e direito penal paralelo ..................................................................................18 
4.10. Direito penal quântico ..........................................................................................................................18 
4.11. A escola de Kiel – Direito penal da Alemanha nacional-socialista...........................................................19 
4.12. O direito penal comunista.....................................................................................................................19 
5. PRIVATIZAÇÃO DO DIREITO PENAL ............................................................................................................................20 
6. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL .............................................................................................................................20 
7. ESPIRITUALIZAÇÃO, DINAMIZAÇÃO OU DESMATERIALIZAÇÃO DO BEM JURÍDICO ...................................................................21 
8. GARANTISMO HIPERBÓLICO MONOCULAR ..................................................................................................................21 
9. ECOCÍDIO ..........................................................................................................................................................21 
CAPÍTULO 2 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA ......................................................................................................................23 
1. PERÍODO DA VINGANÇA ........................................................................................................................................24 
2. PERÍODO ILUMINISTA ...........................................................................................................................................24 
3. PERÍODO DAS ESCOLAS PENAIS ...............................................................................................................................24 
4. DIREITO PENAL BRASILEIRO ....................................................................................................................................25 
CAPÍTULO 3 - FONTES DO DIREITO PENAL ...............................................................................................................26 
1. DOUTRINA CLÁSSICA ............................................................................................................................................27 
2. DOUTRINA MODERNA...........................................................................................................................................27 
3. COSTUME..........................................................................................................................................................28 
4. CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL ...............................................................................................................................28 
5. CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL ..................................................................................................................................29 
CAPÍTULO 4 - INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL..........................................................................................................30 
1. QUANTO À ORIGEM (OU AO SUJEITO QUE INTERPRETA) .................................................................................................31 
2. QUANTO AO MODO .............................................................................................................................................31 
3. QUANTO AO RESULTADO .......................................................................................................................................31 
4. FORMAS DE INTERPRETAR A LEI PENAL ......................................................................................................................32 
4.1. Interpretação extensiva ..........................................................................................................................32 
4.2. Interpretação analógica .........................................................................................................................32 
5. ANALOGIA .........................................................................................................................................................33 
CAPÍTULO 5 - TEORIA GERAL DA NORMA PENAL .....................................................................................................34 
1. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS ................................................................................................35 
2. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA .......................................................................................................................35 
3. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ...............................................................................................................................35 
4. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL ...........................................................................................................................395. PRINCÍPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU DA MATERIALIZAÇÃO DO FATO....................................................................................39 
6. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE .....................................................................................................................................39 
7. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE ..............................................................................................................41 
7.1. Princípio da alteridade ...........................................................................................................................42 
8. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL ................................................................................................................42 
9. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA ..............................................................................................................42 
10. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE ...............................................................................................................................42 
11. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (NÃO CULPABILIDADE)....................................................................................43 
12. PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE ................................................................................................................................43 
13. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO BIS IN IDEM...................................................................................................................43 
14. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA ....................................................................................................................................44 
CAPÍTULO 6 - EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO ...................................................................................................45 
1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................................46 
2. TEMPO DO CRIME ................................................................................................................................................46 
3. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS ......................................................................................................................................46 
3.1. Novatio legis incriminadora ....................................................................................................................46 
3.2. Novatio legis in pejus .............................................................................................................................46 
3.3. Abolitio criminis .....................................................................................................................................47 
3.4. Novatio legis in mellius ...........................................................................................................................47 
3.5. Lei penal benéfica em período de vacatio legis ........................................................................................47 
3.6. Combinação de leis penais (lex tertia) .....................................................................................................48 
3.7. Continuidade típico-normativa ...............................................................................................................48 
3.8. Leis temporárias e excepcionais ..............................................................................................................48 
3.9. Retroatividade da jurisprudência ............................................................................................................49 
3.10. Retroatividade da lei penal no caso de norma penal em branco ............................................................49 
3.11. Lei intermediária mais benéfica ............................................................................................................49 
CAPÍTULO 7 - LEI PENAL NO ESPAÇO .......................................................................................................................51 
1. INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS ....................................................................................................................................52 
2. TEORIAS DA LEI PENAL NO ESPAÇO ...........................................................................................................................52 
3. TERRITÓRIO NACIONAL .........................................................................................................................................52 
4. EMBAIXADAS......................................................................................................................................................52 
5. PASSAGEM INOCENTE ...........................................................................................................................................53 
6. LUGAR DO CRIME ................................................................................................................................................53 
7. EXTRATERRITORIALIDADE ......................................................................................................................................53 
7.1. Extraterritorialidade incondicionada .......................................................................................................53 
7.2. Extraterritorialidade condicionada .........................................................................................................54 
7.3. Extraterritorialidade hipercondicionada..................................................................................................55 
8. COMPETÊNCIA PARA EXTRATERRITORIALIDADE ............................................................................................................55 
9. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO ..........................................................................................................................55 
CAPÍTULO 8 - EFICÁCIA DO DIREITO PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS ....................................................................56 
1. IMUNIDADE DIPLOMÁTICA .....................................................................................................................................57 
2. AGENTE CONSULAR ..............................................................................................................................................57 
3. IMUNIDADES PARLAMENTARES ...............................................................................................................................57 
3.1. Imunidades absolutas (substancial, material ou indenidade) ...................................................................57 
3.2. Imunidades relativas (formal ou processual) ...........................................................................................58 
3.3. Parlamentar licenciado...........................................................................................................................60 
3.4. Imunidades dos deputados estaduais .....................................................................................................60 
3.5. Imunidades dos vereadores ....................................................................................................................61 
CAPÍTULO 9 - DISPOSIÇÕES GERAIS .........................................................................................................................62 
 
1. EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA .......................................................................................................................63 
2. CONTAGEM DE PRAZO ..........................................................................................................................................63 
3. FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA ......................................................................................................................634. CONFLITO APARENTE DE NORMAS ............................................................................................................................63 
CAPÍTULO 10 - TEORIA GERAL DO CRIME: INTRODUÇÃO ........................................................................................66 
1. CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL ...............................................................................................................................67 
2. DIFERENÇA ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO ...............................................................................................................67 
3. SUJEITO ATIVO DO CRIME ......................................................................................................................................68 
3.1. Responsabilização penal da pessoa jurídica ............................................................................................68 
3.2. Responsabilização penal da pessoa jurídica dissolvida ............................................................................68 
3.3. Responsabilização penal da pessoa jurídica de direito público .................................................................69 
3.4. Crime comum, crime próprio e crime de mão própria ..............................................................................70 
4. SUJEITO PASSIVO DO CRIME ...................................................................................................................................70 
4.1. Espécies de sujeito passivo .....................................................................................................................70 
4.2. Classificação do sujeito passivo ..............................................................................................................70 
4.3. Crime contra o morto .............................................................................................................................71 
4.4. Simultaneidade de sujeição ativa e passiva .............................................................................................71 
5. OBJETO JURÍDICO DO CRIME E OBJETO MATERIAL .........................................................................................................71 
5.1. Objeto material ......................................................................................................................................71 
5.2. Objeto jurídico .......................................................................................................................................71 
6. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES ...................................................................................................................................72 
7. SUBSTRATOS DO CRIME .........................................................................................................................................80 
CAPÍTULO 11- TEORIA GERAL DO CRIME: FATO TÍPICO ...........................................................................................81 
1. CONCEITO E ELEMENTOS DO FATO TÍPICO ..................................................................................................................82 
2. CONDUTA .........................................................................................................................................................82 
2.1. Teorias da conduta .................................................................................................................................82 
2.2. Elementos da conduta ............................................................................................................................86 
2.3. Causas de exclusão da conduta ..............................................................................................................86 
2.4. Formas de conduta.................................................................................................................................86 
2.5. Erros de tipo ...........................................................................................................................................92 
2.6. Classificação dos crimes quanto ao modo de execução ...........................................................................96 
3. RESULTADO .......................................................................................................................................................97 
4. NEXO CAUSAL.....................................................................................................................................................98 
4.1. Conceito e teorias...................................................................................................................................98 
4.2. Concausas ..............................................................................................................................................98 
4.3. Teoria da imputação objetiva ............................................................................................................... 100 
4.4. Causalidade nos crimes omissivos ......................................................................................................... 103 
5. TIPICIDADE PENAL ............................................................................................................................................. 103 
5.1. Tipicidade formal ................................................................................................................................. 104 
5.2. Elementos do tipo penal ....................................................................................................................... 104 
5.3. Tipo penal congruente e incongruente .................................................................................................. 104 
5.4. Tipo simples e tipo misto ...................................................................................................................... 105 
CAPÍTULO 12 - TEORIA GERAL DO CRIME: ILICITUDE ............................................................................................. 106 
1. CONCEITO ....................................................................................................................................................... 107 
2. TEORIAS QUE EXPLICAM A RELAÇÃO ENTRE FATO TÍPICO E ILICITUDE ................................................................................ 107 
3. CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE (DESCRIMINANTES OU JUSTIFICANTES) ................................................................. 107 
3.1. Estado de necessidade.......................................................................................................................... 108 
3.2. Legítima defesa .................................................................................................................................... 110 
3.3. Estrito cumprimento do dever legal ...................................................................................................... 113 
 
3.4. Exercício regular de um direito ............................................................................................................. 113 
3.5. Ofendículos .......................................................................................................................................... 113 
3.6. Causas supralegais de exclusão da ilicitude........................................................................................... 114 
3.7. Excesso na justificante .......................................................................................................................... 115 
3.8. Descriminante putativa ........................................................................................................................ 116 
CAPÍTULO 13 - TEORIA GERAL DO CRIME: CULPABILIDADE ................................................................................... 1181. CONCEITO ....................................................................................................................................................... 119 
2. TEORIAS DA CULPABILIDADE ................................................................................................................................. 119 
2.1. Teoria psicológica da culpabilidade ...................................................................................................... 119 
2.2. Teoria psicológica-normativa ............................................................................................................... 119 
2.3. Teoria normativa pura (extremada) ...................................................................................................... 119 
3. COCULPABILIDADE ............................................................................................................................................. 120 
4. COCULPABILIDADE ÀS AVESSAS ............................................................................................................................. 120 
5. CULPABILIDADE DO AUTOR OU CULPABILIDADE DO FATO .............................................................................................. 120 
6. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE ............................................................................................................................ 121 
6.1. Imputabilidade ..................................................................................................................................... 121 
6.2. Potencial consciência da ilicitude .......................................................................................................... 124 
6.3. Exigibilidade de conduta diversa ........................................................................................................... 125 
CAPÍTULO 14 - TEORIA GERAL DO CRIME: PUNIBILIDADE...................................................................................... 127 
1. CONCEITO ....................................................................................................................................................... 128 
2. CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE..................................................................................................................... 128 
2.1. Morte do agente .................................................................................................................................. 128 
2.2. Anistia, graça e indulto ......................................................................................................................... 129 
2.3. Abolitio criminis ................................................................................................................................... 130 
2.4. Decadência .......................................................................................................................................... 130 
2.5. Perempção ........................................................................................................................................... 131 
2.6. Prescrição ............................................................................................................................................ 131 
2.7. Renúncia ao direito de agir ................................................................................................................... 138 
2.8. Perdão do ofendido .............................................................................................................................. 139 
2.9. Retratação do agressor ........................................................................................................................ 139 
2.10. Perdão judicial ................................................................................................................................... 139 
CAPÍTULO 15 - TEORIA GERAL DO CRIME: ITER CRIMINIS ...................................................................................... 141 
1. CONCEITO ....................................................................................................................................................... 142 
2. FASES ............................................................................................................................................................. 142 
3. TEORIAS QUE TRATAM DO MOMENTO EM QUE O ATO PREPARATÓRIO PASSA A SER ATO EXECUTÓRIO ...................................... 142 
4. TENTATIVA ...................................................................................................................................................... 143 
4.1. Conceito ............................................................................................................................................... 143 
4.2. Punição da tentativa ............................................................................................................................ 143 
4.3. Critério para punição ............................................................................................................................ 143 
4.4. Elementos da tentativa ........................................................................................................................ 143 
4.5. Espécies de tentativa ............................................................................................................................ 144 
4.6. Infrações penais que não admitem tentativa ........................................................................................ 144 
5. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ............................................................................................... 145 
5.1. Conceito ............................................................................................................................................... 145 
5.2. Natureza jurídica .................................................................................................................................. 145 
5.3. Análise dos institutos............................................................................................................................ 145 
5.4. Arrependimento posterior .................................................................................................................... 146 
5.5. Crime impossível .................................................................................................................................. 147 
CAPÍTULO 16 - TEORIA GERAL DO CRIME: CONCURSO DE PESSOAS ...................................................................... 149 
 
1. CONCEITO ....................................................................................................................................................... 150 
2. REQUISITOS ..................................................................................................................................................... 150 
3. TEORIAS.......................................................................................................................................................... 150 
4. FORMAS DE PRATICAR O CRIME QUANTO AO SUJEITO .................................................................................................. 150 
4.1. Autoria (animus auctoris) ..................................................................................................................... 150 
4.2. Autoria mediata ................................................................................................................................... 151 
4.3. Autoria colateral .................................................................................................................................. 152 
4.4. Multidão delinquente ...........................................................................................................................152 
5. COAUTORIA ..................................................................................................................................................... 152 
6. PARTICIPAÇÃO (ANIMUS SOCCI) ............................................................................................................................ 153 
6.1. Espécies de partícipe ............................................................................................................................ 153 
6.2. Teorias da punição do partícipe ............................................................................................................ 153 
6.3. Participação em cadeia e participação sucessiva................................................................................... 153 
7. CONCURSO DE PESSOAS EM CRIMES CULPOSOS ......................................................................................................... 154 
8. CONCURSO DE PESSOAS EM CRIMES OMISSIVOS......................................................................................................... 154 
9. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA ................................................................................................................. 154 
10. PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA ................................................................................................................ 154 
11. COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS, CONDIÇÕES E ELEMENTARES ....................................................................... 155 
12. PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL ................................................................................................................................. 155 
CAPÍTULO 17 - TEORIA GERAL DA PENA: CONCEITOS E FUNDAMENTOS ............................................................... 156 
1. CONCEITOS E FUNDAMENTOS ............................................................................................................................... 157 
2. FINALIDADES (OU FUNÇÕES) DA PENA ..................................................................................................................... 157 
2.1. Teorias da pena.................................................................................................................................... 157 
3. FINALIDADE DA PENA NO BRASIL ........................................................................................................................... 159 
4. JUSTIÇA RESTAURATIVA ....................................................................................................................................... 159 
5. PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PENA ..................................................................................................................... 159 
6. PENAS PROIBIDAS NO BRASIL ................................................................................................................................ 160 
6.1. Pena de morte...................................................................................................................................... 160 
6.2. Pena de caráter perpétuo ..................................................................................................................... 160 
6.3. Pena de trabalhos forçados .................................................................................................................. 160 
6.4. Pena de banimento .............................................................................................................................. 161 
6.5. Penas cruéis ......................................................................................................................................... 161 
7. PENAS PERMITIDAS NO BRASIL .............................................................................................................................. 161 
7.1. Privação da liberdade ........................................................................................................................... 161 
7.2. Restritivas de direito............................................................................................................................. 161 
7.3. Pena de multa ...................................................................................................................................... 162 
CAPÍTULO 18 - TEORIA GERAL DA PENA: APLICAÇÃO DA PENA ............................................................................. 163 
1. FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ............................................................................................................. 164 
1.1. Conceito ............................................................................................................................................... 164 
1.2. Sistema trifásico (Sistema Nélson Hungria) ........................................................................................... 164 
1.3. Regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade ............................................................. 178 
1.4. Espécies de pena privativa de liberdade ................................................................................................ 181 
1.5. Fixação do regime inicial de cumprimento de pena e detração .............................................................. 182 
1.6. Penas e medidas alternativas à prisão .................................................................................................. 182 
1.7. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA .................................................................................................................... 191 
1.8. Livramento condicional ........................................................................................................................ 195 
CAPÍTULO 19 - TEORIA GERAL DA PENA: CONCURSO DE CRIMES .......................................................................... 200 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 201 
1.1. Conceito ............................................................................................................................................... 201 
 
1.2. Sistemas de aplicação da pena ............................................................................................................. 201 
2. CONCURSO MATERIAL ........................................................................................................................................ 201 
2.1. Conceito ............................................................................................................................................... 201 
2.2. Requisitos ............................................................................................................................................ 201 
2.3. Condenação a pena de reclusão e de detenção ..................................................................................... 201 
2.4. Condenação a pena privativa de liberdade e restritiva de direitos ......................................................... 202 
2.5. Concurso material e penas restritivas de direitos .................................................................................. 202 
2.6. Espécies de concurso material .............................................................................................................. 202 
2.7. Regras de fixação de pena no concurso material ................................................................................... 202 
2.8. Concurso material e concessão de fiança depois da Lei n.º 12.403/2011 ............................................... 202 
2.9. Concurso material e suspensão condicional do processo ....................................................................... 202 
2.10. Concurso material e prescrição ...........................................................................................................203 
3. CONCURSO FORMAL (OU IDEAL) DE CRIMES.............................................................................................................. 203 
3.1. Conceito ............................................................................................................................................... 203 
3.2. Requisitos do concurso formal .............................................................................................................. 203 
3.3. Espécies de concurso formal ................................................................................................................. 203 
3.4. Regras de fixação da pena .................................................................................................................... 204 
4. CRIME CONTINUADO OU CONTINUIDADE DELITIVA ..................................................................................................... 204 
4.1. Conceito ............................................................................................................................................... 204 
4.2. Espécies de crime continuado ............................................................................................................... 205 
4.3. Súmula 711 do STF ............................................................................................................................... 206 
4.4. Súmula 723 do STF ............................................................................................................................... 206 
4.5. Aplicação cumulativa de concurso formal e continuidade delitiva ......................................................... 207 
4.6. Continuidade delitiva e homicídio doloso .............................................................................................. 207 
4.7. Crime continuado e multa .................................................................................................................... 207 
5. QUESTÕES COMPLEMENTARES .............................................................................................................................. 207 
5.1. Concurso de crimes e Juizados Especiais Criminais ................................................................................ 207 
5.2. Concurso de crimes e Lei n.º 12.403/2011 ............................................................................................. 208 
CAPÍTULO 20 - TEORIA GERAL DA PENA: MEDIDAS DE SEGURANÇA ..................................................................... 209 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 210 
2. FINALIDADES .................................................................................................................................................... 210 
3. ESPÉCIES DE MEDIDA DE SEGURANÇA ...................................................................................................................... 210 
4. PRESSUPOSTOS DA MEDIDA DE SEGURANÇA ............................................................................................................. 210 
5. DURAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA .................................................................................................................... 211 
6. PERÍCIA MÉDICA ................................................................................................................................................ 211 
7. DESINTERNAÇÃO OU LIBERAÇÃO CONDICIONAL ......................................................................................................... 212 
8. REINTERNAÇÃO DO AGENTE ................................................................................................................................. 212 
9. CONVERSÃO DA PENA EM MEDIDA DE SEGURANÇA ..................................................................................................... 212 
10. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E MEDIDA DE SEGURANÇA.............................................................................................. 213 
11. MEDIDA DE SEGURANÇA PREVENTIVA ................................................................................................................... 213 
CAPÍTULO 21 - TEORIA GERAL DA PENA: EFEITOS DA CONDENAÇÃO .................................................................... 214 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 215 
2. EFEITOS EXTRAPENAIS......................................................................................................................................... 215 
2.1. Efeitos extrapenais genéricos ............................................................................................................... 215 
2.2. Efeitos extrapenais específicos ............................................................................................................. 215 
3. EFEITOS DA CONDENAÇÃO NA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE .......................................................................................... 219 
3.1. Lei de Tortura ....................................................................................................................................... 219 
3.2. Lei de Organização Criminosa ............................................................................................................... 219 
3.3. Lei de Lavagem .................................................................................................................................... 219 
3.4. Lei de Racismo (Lei n.º 7.716/1989) ...................................................................................................... 219 
 
3.5. Lei de Falência...................................................................................................................................... 220 
CAPÍTULO 22 - TEORIA GERAL DA PENA: REABILITAÇÃO ....................................................................................... 221 
1. CONCEITO ....................................................................................................................................................... 222 
2. EFEITOS .......................................................................................................................................................... 222 
3. REQUISITOS DA REABILITAÇÃO .............................................................................................................................. 222 
4. REVOGAÇÃO DA REABILITAÇÃO ............................................................................................................................. 222 
5. COMPETÊNCIA .................................................................................................................................................. 223 
6. RECURSO ........................................................................................................................................................ 223 
7. PLURALIDADE DE CONDENAÇÕES ........................................................................................................................... 223 
8. REABILITAÇÃO X REINCIDÊNCIA.............................................................................................................................. 223 
CAPÍTULO 23 - AÇÃO PENAL .................................................................................................................................. 224 
1. CONCEITO ....................................................................................................................................................... 225 
2. CARACTERÍSTICAS .............................................................................................................................................. 225 
3. CONDIÇÕES DA AÇÃO .........................................................................................................................................225 
3.1. Condições genéricas ............................................................................................................................. 225 
3.2. Condições específicas ........................................................................................................................... 225 
4. CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL ............................................................................................................................ 226 
4.1. Ação penal pública incondicionada ....................................................................................................... 226 
4.2. Ação penal pública condicionada .......................................................................................................... 226 
4.3. Ação penal de iniciativa privada ........................................................................................................... 228 
5. INSTITUTOS QUE ENSEJAM A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NOS CRIMES PERSEGUIDOS MEDIANTE AÇÃO PENAL PRIVADA ................ 230 
6. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA ............................................................................................................ 231 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 232 
 
11 
INTRODUÇÃO À OBRA 
A presente obra trata da parte geral do Direito Penal de forma suficiente para o enfrentamento de 
todas as fases de concursos de carreiras jurídicas, como os concursos para ingresso na magistratura, no 
ministério pública, na defensoria pública e no cargo de delegado de polícia. 
O livro nasceu das aulas do professor Samer Agi, cujo esqueleto é extraído do Manual de Direito 
Penal – parte geral – de Rogério Sanches Cunha (bibliografia indicada aos alunos dos cursos regulares), 
somada aos ensinamentos dos professores Nélson Hungria, Aníbal Bruno, Heleno Cláudio Fragoso e Aloysio 
de Carvalho Filho, em suas obras “Comentários ao Código Penal”, além de diversos outros autores, como 
Miguel Reale Jr., Fábio Roque Araújo e Franz von Liszt. 
Por diversas vezes, faremos referência à obra do professor Rogério Sanches, cuja didática inspirou-
nos na elaboração da sequência deste e-book. 
SAMER AGI E ROBERTA CORDEIRO LIÇÕES PRELINIMINARES DE DIREITO PENAL • 1 
12 
LIÇÕES PRELIMINARES DE DIREITO PENAL 
 
 1 
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13 
1. INTRODUÇÃO 
O direito é um elemento cultural que revela os valores reinantes em uma sociedade em um 
determinado espaço de tempo. Em verdade, o direito permite, e até mesmo estimula, a realização em 
concreto de tais valores. Portanto, antes mesmo de se positivar o comportamento desejável e o indesejável 
(criminoso), a sociedade já tem como antijurídica determinada conduta. O direito reproduz o anseio social e, 
em seguida, o supera. 
O processo de endoculturação começa com as crianças. As manifestações do homem não são fruto 
de sua isolada consciência e experiência. Pensar é, também, expressão do condicionamento histórico-social 
do homem. 
Qual é o conceito de direito penal? A resposta não é única e, como adverte Rogério Sanches Cunha, 
dependerá do aspecto em destaque, do enfoque do estudioso. 
Sob o aspecto formal (estático), o direito penal consiste em um conjunto de normas jurídicas que 
qualificam comportamentos humanos comissivos ou omissivos como delitos, preveem situações excludentes 
da ilicitude de tais comportamentos, ou excludentes da culpabilidade de seu autor, cominam sanções e 
tratam dos mais diversos temas ligados ao fenômeno delitivo. 
Sob o aspecto material, o direito penal cuida de comportamentos considerados reprováveis, porque 
são violadores de bens jurídicos que o ordenamento jurídico, na esfera penal, decidiu tutelar, ou seja, 
violadores de bens indispensáveis à conservação e ao progresso do organismo social. Aqui, vale destacar que 
o direito penal não tutela todos os bens jurídicos, somente os reputados mais importantes à sociedade. 
Ainda vale ressaltar que mesmo os bens jurídicos tutelados pelo direito penal não merecem sua 
proteção em qualquer situação antijurídica. O direito penal tutela, por exemplo, o patrimônio. Entre os 
diversos bens jurídicos passíveis de tutela, o direito criminal escolheu esse (caráter fragmentário do direito 
penal). Porém, não são todas as violações ao patrimônio que recebem guarida desse ramo do direito. 
Em caso de colisão entre veículos, se um dos condutores tiver sido imprudente, há violação do 
patrimônio do inocente e há um responsável por isso. Mas, nesse caso, a responsabilização se dá apenas na 
esfera cível. O direito penal não é chamado a intervir quando outro ramo do direito se mostra suficiente. 
Tem-se, assim, aplicação do princípio da intervenção mínima do direito penal (direito penal como ultima 
ratio): o direito penal só deve intervir quando os outros ramos do direito se mostrarem insuficientes. 
Sob o aspecto sociológico (ou dinâmico), o direito penal é instrumento de controle social, buscando 
assegurar a necessária disciplina para que a convivência dos membros da sociedade seja harmônica. 
2. CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL 
Na ciência penal, podemos estudar criminologia e política criminal. É importante diferenciá-las do 
Direito Penal. 
A ciência penal estuda a delinquência como um fato social. Em toda sociedade, há crime. Portanto, 
a partir desta constatação desenvolvem-se dois campos de estudo interligados, quais sejam: a Criminologia 
e a Política Criminal. 
A Criminologia é a ciência que estuda o crime, o criminoso, a vítima, e o controle social. As escolas 
da criminologia dedicam-se ao estudo do crime, ora como fato natural (história natural do delito), ora como 
entidade jurídica abstrata (escola clássica), ora como prática decorrente de anomalia individual ou produto 
do ambiente. A evolução da criminologia passa pela crítica ao sistema penal como (re)produtor de criminosos 
e mecanismo de rotulação e dominação social. As constatações da criminologia, em grande medida fruto de 
trabalho empírico, devem subsidiar o desenvolvimento da política criminal. Destacam-se as escolas clássica, 
positiva e crítica. 
O estudo da criminologia não é objeto de nossa presente obra. 
SAMER AGI E ROBERTA CORDEIRO LIÇÕES PRELINIMINARES DE DIREITO PENAL • 1 
14 
Apenas para se ter ideia da complexidade de seu estudo, destacamos pensamentos da escola 
positiva. Para os positivistas, a função do direito é descobrir, através da análise dos fatos empiricamente 
verificáveis, as leis que regem as condutas humanas. 
Se para Lombroso as características morfológicas de um ser humano seriam suficientes para defini-
lo como criminoso, não se pode afirmar o mesmo para a definição de delito, variável de época para época. 
Garofalo defenderá a necessidade de desenvolver um conceito atemporal de delito, aplicável a 
qualquer sociedade e em qualquer momento da história. Para Garofalo, há uma antijuridicidade natural ou 
universal e outra local, social. A primeira ofende os sentimentos de piedade, o que faz com que o ato seja 
considerado delituoso em qualquer momento da história. A segunda ofende sentimentos de justiça, 
probidade e antijuridicidade vulgar, que estão sujeitos a variações de educação, ambiente e moral. O delito, 
portanto, é um conceito natural, e não jurídico. Cabe ao naturalista dizer o que é delito. 
Ferri defende o caráter sociológico do crime. Ele defende que o corpo social reage a um ato ofensivo 
assim como o corpo reage a uma infração (comer muito causa indigestão). A pena, portanto, não tem caráter 
retributivo, mas de defesa social, fundado na periculosidade apresentada pelo agente. É um meio de 
prevenção especial. 
Os positivistas entendem que o crime é causado por fatores psíquicos, físicos e sociais. Portanto, há 
um determinismo biológico e/ou socialna construção do delinquente e na formação de sua periculosidade, 
constatada na prática da infração penal. A reação penal é uma forma de defesa social. 
Política criminal: é o vetor que orienta a produção das normas no direito penal. 
Para isso, é avaliado o que deve ser criminalizado, quais condutas desejamos evitar e qual a finalidade 
da punição, para, assim, definirmos quando afastar punições de caráter penal. 
A política criminal possui uma finalidade e trabalha com estratégias e mecanismos de controle social 
da criminalidade. A criminologia deve orientar a elaboração da política criminal, que, por sua vez, deve 
orientar o legislador na elaboração das leis penais. Possui a característica de vanguarda, porque a mudança 
da política criminal, por exemplo, conduz à reforma das leis. 
3. FUNÇÃO DO DIREITO PENAL 
O estudo do funcionalismo penal exige uma análise sobre qual é a função e qual é a finalidade do 
direito penal. 
O movimento do funcionalismo penal busca descobrir a real função do direito penal. Nesse campo, 
existem duas correntes que se destacam: a corrente do funcionalismo teleológico (moderado) e a corrente 
do funcionalismo sistêmico (radical). 
O funcionalismo teleológico (moderado, dualista ou da política criminal) tem como expoente Claus 
Roxin, o qual preceitua que a finalidade do direito penal é proteger bens jurídicos, de modo que, não 
havendo bem jurídico a ser protegido, não há que se falar em intervenção do direito penal. É chamado de 
funcionalismo teleológico porque busca encontrar a finalidade do direito penal e reconstruir o ordenamento 
jurídico penal a partir dessa finalidade. 
O funcionalismo sistêmico (radical ou monista) é de criação de Günther Jakobs. Jakobs dirá que a 
função do direito penal é assegurar a vigência do sistema, garantindo o império da norma. Para ele, não é 
possível afirmar que o direito penal tem por finalidade proteger bens jurídicos, porque sua intervenção só se 
dá quando o bem jurídico já foi violado ou ameaçado de violação por meio de ato executório (crimes 
consumados ou tentados). Em verdade, o autor de um crime é punido para que se demonstre que o sistema 
continua em vigor e que a norma deve ser obedecida. É um funcionalismo sistêmico, pois o direito penal 
existe em razão do sistema e para assegurar sua higidez. É um funcionalismo radical, porque, a cada 
descumprimento, tem-se uma punição. A função do direito penal é, portanto, assegurar o respeito à norma. 
SAMER AGI E ROBERTA CORDEIRO LIÇÕES PRELINIMINARES DE DIREITO PENAL • 1 
15 
Se, ao cometer um crime, o autor nega a existência da norma (negação), sua punição significa negação do 
comportamento antijurídico. Portanto, a pena é a negação da negação (Hegel). 
Para Günther Jakobs, o indivíduo que, reiterada e deliberadamente, se comporta como um violador 
da lei penal, não deve ser tratado como um cidadão, devendo ser visto e tratado como um inimigo da 
sociedade. O Direito Penal do Inimigo, a ser estudado mais a frente, nasce da ideia de que o direito penal 
deve tratar de maneira diferenciada aqueles que se mostram infiéis ao sistema. Assim, é preciso que haja 
uma repressão mais forte àqueles que perderam o status de cidadão, porque decidiram desobedecer à 
norma e ao sistema imposto (rompimento do contrato social – base rousseauniana). 
4. CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO PENAL 
São várias as classificações do direito penal. 
4.1. Direito penal substantivo e direito penal adjetivo 
Direito penal substantivo: é o direito penal material propriamente dito, que consta, classicamente, 
no Código Penal. Define o crime e anuncia a pena. Também há direito penal substantivo em legislações 
especiais, como na Lei de Drogas (Lei n.º 11.343/2006) e na Lei de Abuso de Autoridade (Lei n.º 13.869/2019). 
Observação: é comum encontrarmos, nas legislações extravagantes, normas de direito penal substantivo e 
de direito penal adjetivo (processo penal). É o que ocorre nos dois exemplos citados; 
Direito penal adjetivo: é o direito processual penal. É previsto, em regra, no Código de Processo 
Penal. Cuida do processo e do procedimento. 
Essa classificação perdeu a importância, em virtude de o direito processual ter passado a ser 
considerado ramo autônomo do Direito, e não mais um braço do direito penal. 
4.2. Direito penal objetivo e direito penal subjetivo 
Direito penal objetivo: é o conjunto de leis penais em vigor no país. Constitui-se das normas penais 
incriminadoras e não incriminadoras; 
Direito penal subjetivo: é o direito de punir, pertencente ao Estado (ius puniendi). O direito punitivo 
estatal não é ilimitado. As limitações ao ius puniendi encontram-se explicitadas no texto constitucional e 
reproduzidas na legislação infraconstitucional (princípio da legalidade). O direito penal deve respeitar 
direitos e garantias fundamentais, não atingindo o núcleo duro de tais direitos, sob pena de violação à própria 
dignidade humana. 
• Vale destacar que a privação da liberdade (pena clássica) deve se dar nos limites legais e em 
estabelecimentos prisionais que cumpram as exigências estabelecidas pela Lei de Execução 
Penal (Lei n.º 7.2010/1984). 
• Quanto ao espaço, o direito penal objetivo será aplicado apenas aos fatos praticados no 
território nacional, geralmente (princípio da territorialidade). No que toca ao tempo, o Estado 
só poderá exercer o seu direito de punir por certo prazo. Após o esgotamento do prazo legal 
para dar fim à persecução penal, perderá o Estado esse direito (prescrição, que é causa extintiva 
da punibilidade). 
4.3. Direito penal de emergência e direito penal simbólico 
Direito penal de emergência: é o direito penal criado a partir de uma situação atípica. O legislador 
cria normas de repressão porque há uma anormalidade social que exige uma resposta legal extraordinária. 
SAMER AGI E ROBERTA CORDEIRO LIÇÕES PRELINIMINARES DE DIREITO PENAL • 1 
16 
Certamente, a opinião pública e determinados setores da sociedade exercem pressão para produção 
de normas excepcionais. Busca-se, com a produção legislativa, devolver ao seio da sociedade uma sensação 
de tranquilidade. A criação de norma que recrudesce o tratamento já existente é legislação de emergência. 
Todavia, vale ressaltar que o direito penal de emergência é campo fértil para um direito penal meramente 
simbólico. 
Destacamos que, conforme determina o art. 5º, XL, da Magna Carta, a lei penal não retroagirá, salvo 
para beneficiar o réu. Assim, o direito penal de emergência só será aplicado aos fatos posteriores à vigência 
da Lei criada. 
Direito penal simbólico: é o direito penal que vai ao encontro aos anseios populares, pois o legislador 
atua pensando na opinião pública para devolver à sociedade uma ilusória sensação de tranquilidade. 
Não se tem a norma cumprindo sua função (prevenção de crimes exercida pela lei - função inibitória), 
razão pela qual o direito penal será apenas simbólico. Se a criação da lei penal não afeta a realidade, o Direito 
Penal acaba cumprindo apenas uma função simbólica, nasce sem qualquer eficácia social. 
4.4. Direito penal promocional/político/demagogo 
O direito penal promocional é uma distorção do direito penal. É um direito penal político, eis que 
visa a promoção do próprio Estado. Acaba sendo um direito penal demagogo, tendo em vista que engana e 
cria a ideia de que o direito penal pode promover a alteração da sociedade. 
Utiliza o Direito penal como instrumento de transformação social. É função das políticas públicas 
promover transformação social. O Estado, visando a consecução dos seus objetivos políticos, emprega leis 
penais desconsiderando o princípio da intervenção mínima. Tem por finalidade usar o direito penal para a 
transformação social. Exemplo: criando contravenção penal de mendicância (revogada) para acabar com os 
mendigos ao invés de melhorar políticas públicas. 
Até 2009, a mendicância era uma contravenção penal. A “criminalização” do fato de oindivíduo ser 
mendigo não faria com que ele deixasse a sua condição. Afora isso, havia uma discussão sobre a configuração 
de um direito penal do autor, que pune o indivíduo pelo que ele é, não pelo que ele fez. 
4.5. Direito penal de intervenção 
Windfried Hassemer trata sobre o direito de intervenção. O autor traz que o direito penal não deve 
ser alargado, devendo se preocupar apenas com os bens jurídicos individuais, tais como a vida, o 
patrimônio, a propriedade etc., bem como com infrações penais que causem perigo concreto. 
Nessa concepção, se a infração penal visa proteger bem jurídico difuso, coletivo ou de natureza 
abstrata, ela não deveria ser considerada uma infração penal, razão pela qual deveria ser tutelada pela 
administração pública, sem risco de privação da liberdade do infrator. Este seria o direito de intervenção. 
O direito de intervenção (ou interventivo) estaria acima do direito administrativo, do ponto de vista 
de resposta estatal, mas abaixo do direito penal. 
A crítica que se faz é que não se sabe nem como seria a legitimidade e a atuação do direito de 
intervenção e nem como se separaria o direito de intervenção do direito penal e do direito administrativo. 
4.6. Direito penal como proteção de contextos da vida em sociedade 
Trata-se de uma ideia oposta à de Hassemer. 
Segundo Günter Stratenwerth, na verdade, a proteção de bens estritamente individuais deve ter 
um foco secundário no direito penal. Isso porque, para ele, o direito penal deve enfocar nos interesses 
SAMER AGI E ROBERTA CORDEIRO LIÇÕES PRELINIMINARES DE DIREITO PENAL • 1 
17 
difusos e da coletividade, eis que estes são os mais importantes para a sociedade, como, por exemplo, 
quando há a tipificação de crimes ambientais. 
O Direito Penal deve focar nos interesses difusos e da coletividade, havendo aqui a substituição do 
bem jurídico pela tutela direta de relações ou contextos de vida. Por isso o nome “direito penal como 
proteção de contextos da vida em sociedade”. Consiste em um direito de gestão punitiva dos riscos gerais. 
A preocupação é diferente do que Hassemer enfatizou. 
4.7. Direito penal garantista 
O direito penal garantista tem como expoente Luigi Ferrajoli. 
A Constituição traz garantias fundamentais, as quais se subdividem em duas categorias: 
Garantias primárias: a Constituição traz os limites impostos aos exercícios de qualquer poder. 
Determina o que não será feito. 
Garantias secundárias: é uma forma de reparação à violação da garantia primária. Se o limite 
estabelecido pela garantia primária não for observado, haverá de levantar a garantia secundária. Quando o 
que era para não ser feito o foi, então pode-se acionar esse instrumento de proteção. 
Exemplo: é garantia primária de que não haverá penas de caráter perpétuo. Essa garantia não é 
observada pelo legislador, o qual cria o crime e comina a pena com pena privativa de liberdade de caráter 
perpétuo. Neste caso, há uma garantia secundária na própria Constituição, a qual se dará por meio do 
controle de constitucionalidade, julgando o ato nulo. 
Ferrajoli terá como base da sua teoria garantista penal os 10 axiomas ou implicações deônticas: 
Nulla poena sine crimine (Não há pena sem crime): Alguém não pode ser apenado se não cometeu 
crime. É o princípio da retributividade ou da consequencialidade da pena em relação ao delito. 
Nullum crimen sine lege (Não há crime sem lei): não há crime sem que haja lei, refletindo o princípio 
da legalidade, no sentido lato ou no sentido estrito. 
Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Não há lei penal sem necessidade): é reflexo do princípio da 
necessidade ou da economia do direito penal, ambos decorrem do princípio da intervenção mínima. 
Nulla necessitas sine injuria (Não há necessidade sem ofensa a bem jurídico): decorre do princípio 
da lesividade ou ofensividade do evento. Significa dizer que os tipos penais devem descrever condutas que 
ofendam bens jurídicos de terceiros. 
Nulla injuria sine actione (Não há ofensa ao bem jurídico sem ação): não há materialidade, sendo 
necessário que seja exteriorizada a ação. É o princípio da materialidade ou da exterioridade da ação. 
Nulla actio sine culpa (Não há ação sem culpa): o indivíduo deve ter cometido uma ação, mas com 
dolo ou culpa. Trata-se de corolário do princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal. 
Nulla culpa sine judicio (Não há culpa sem processo): o indivíduo deve ser submetido a um processo, 
não podendo ser considerado culpado sem este. É decorrência do princípio da jurisdicionalidade no sentido 
lato ou estrito. 
Nulla judicium sine accustone (Não há processo sem acusação): para se instaurar um processo, é 
necessário que alguém o instaure. Trata-se de uma garantia, fruto do princípio acusatório ou da separação 
ente o juiz e a acusação. 
Nulla accusatio sine probatione (Não há acusação sem prova): o ônus da prova é de quem acusa. É 
aplicação do princípio do ônus da prova ou da verificação. 
Nulla probatio sine defensione (Não há prova sem defesa): a prova não existe sem que a defesa 
tenha tido a oportunidade de se manifestar sobre ela. Trata-se do princípio da defesa ou da falseabilidade. 
Os axiomas de Ferrajoli estão todos ligados: não há pena sem crime e não há crime sem lei; não há 
lei sem necessidade e não há necessidade se não houver ofensa, de modo que não há ofensa se não houver 
ação. Ação é a exteriorização: não se puno o pensamento, é preciso que haja uma ação para que haja punição. 
SAMER AGI E ROBERTA CORDEIRO LIÇÕES PRELINIMINARES DE DIREITO PENAL • 1 
18 
Não há ação sem culpa; a responsabilidade penal é subjetiva e não se considera alguém culpado sem o devido 
processo legal. O processo legal só existe se houver uma acusação (princípio acusatório) e ninguém pode 
acusar sem provas, de modo que não há que se falar em provas se a defesa não pode se manifestar a respeito 
daquilo. 
Por isso, na fase pré-processual, fala-se em elementos informativos que vão se confirmar ou não em 
sede processual. 
4.8. Direito penal secularizado 
A ideia do Direito Penal secularizado é separar o direito penal da Igreja. 
O direito penal secularizado, de acordo com Luigi Ferrajoli, é a ideia de que inexiste uma conexão 
entre o direito e a moral. O direito penal não tem a missão de reproduzir os elementos da moral ou de outro 
sistema metajurídico de valores éticos-políticos, como os dogmas religiosos. Essa secularização (laicização) é 
a ruptura entre a cultura eclesiástica e as doutrinas filosóficas, especialmente entre a moral do clero e a 
forma de produção da ciência. Por isso, o Estado não deve nem se imiscuir coercitivamente na vida moral 
dos cidadãos, nem promover coativamente sua moralidade, mas tutelar sua segurança, impedindo que se 
lesem uns aos outros. Com o princípio da secularização, busca-se preservar a pessoa numa esfera em que é 
ilícito proibir, julgar e punir a esfera do pensamento, das ideias. Exemplo: Ordenações Afonsinas, fundada 
nos dogmas religiosos. 
4.9. Direito penal subterrâneo e direito penal paralelo 
A classificação de Zaffaroni se refere aos sistemas penais paralelos e subterrâneos. 
Direito penal paralelo: é paralelo ao direito penal oficial. Ao lado da atuação do Estado, por não ser 
essa atuação suficiente, surgem outros mecanismos de direito penal. É como se no âmbito particular surgisse 
um direito penal paralelo extraestatal. O sistema penal formal do Estado não exerce grande parte do poder 
punitivo, de forma que outras agências acabam se apropriando desse espaço e passam a exercer o poder 
punitivo paralelamente ao Estado. Exemplo: médicos aprisionando doentes mentais. 
Direito penal subterrâneo: é um direito penal do “andar de baixo”. Dentro da própria estrutura do 
Estado, mas no “andar de baixo”, é construída uma estrutura de direito penal. Diante da constatação de que 
o sistema que está positivado (o sistema que é visto, que está “no térreo, no andar decima”) não é eficiente, 
no “andar de baixo” são organizadas formas de exercer o poder punitivo. Ocorre quando as instituições 
oficiais atuam com poder punitivo ilegal, acarretando abuso de poder. Os próprios agentes do Estado passam 
a atuar ilegalmente. Exemplo: desaparecimentos de indivíduos pela polícia; extorsões mediante sequestro 
etc. 
4.10. Direito penal quântico 
O direito penal quântico é o direito penal que não se contenta com a mera relação de causalidade 
(relação física de causa e efeito), mas também com elementos indeterminados, como o nexo normativo e a 
tipicidade material, a serem aferidos pelos operadores do direito diante da análise do caso concreto. 
Para se imputar a alguém um resultado, não basta que o sujeito tenha praticado uma conduta que 
tenha levado àquele resultado e que ele tenha a vontade de praticar aquela conduta. Não basta, também, 
sequer a causalidade subjetiva ou psíquica. É preciso que, antes de observar tudo isso, se observe quais 
critérios objetivos me permitam imputar àquele sujeito a prática daquela conduta, por isso o nome “teoria 
da imputação objetiva”. Para imputar um crime a alguém é preciso que ele tenha criado ou incrementado 
SAMER AGI E ROBERTA CORDEIRO LIÇÕES PRELINIMINARES DE DIREITO PENAL • 1 
19 
um risco juridicamente proibido, que haja a realização desse risco no resultado e que o resultado esteja 
dentro do alcance do tipo. 
Esses três parâmetros são objetivos para que se possa imputar a alguém a prática de um crime. Há 
exigência um nexo normativo. 
O direito penal quântico é limitador, uma vez que exige critérios objetivos para atribuir uma conduta 
a quem realizou uma prática criadora de risco juridicamente proibido. Nem sempre que houver uma 
causalidade física se imputará a alguém um crime. Outro critério que se admite no direito penal quântico é 
a tipicidade material, a qual afirma que se não houver a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, o direito penal 
não deve intervir. Não basta a causalidade física, é preciso que se analise se o bem jurídico tutelado foi 
efetivamente lesado ou não. 
Dessa maneira, pode-se caracterizar o Direito Penal Quântico pela existência de uma imprecisão no 
direito, que se afasta da dogmática penal e se aproxima da política criminal. Com isso, há uma nítida exigência 
da tipicidade material, afastando da esfera penal condutas socialmente aceitas que não trazem uma carga 
mínima de lesão ao bem jurídico (sendo que o direito penal quântico se agarra também na teoria da 
imputação objetiva). 
4.11. A escola de Kiel – Direito penal da Alemanha nacional-socialista 
As concepções de direito, especialmente a de direito penal na Alemanha nacional-socialista, 
reproduzem a ideia de formação de um povo de uma só raça, a germânica, com um só sentimento. 
A partir dessa ideia, a lei é parte do direito, mas não limita sua atuação. Atrás de cada tipo penal há 
um tipo de autor que o legislador quer punir. Portanto, se alguém adota um comportamento que fere o 
sentimento social, pode o juiz se valer do tipo penal que se mostre mais próximo de tal comportamento 
antijurídico para punir o agente. 
Permite-se, portanto, a aplicação da analogia incriminadora. O papel do juiz passa a ser 
demasiadamente criativo na função de punir e preceitos como da legalidade cedem ante a busca da 
construção de uma sociedade completamente harmônica, o que só seria possível com uma única raça, pura 
(Teoria do Delito. Miguel Reale Jr. 2ª ed. rev. São Paulo: RT, 2000). 
4.12. O direito penal comunista 
No direito penal comunista tem-se a clara ideia de que o direito não é um instrumento de 
transformação social, mas de manutenção da realidade em que uma classe exerce domínio sobre outro. O 
direito penal é despido de qualquer intenção reformatória. 
Quando passamos ao direito penal soviético, em sua ditadura do proletariado, o direito penal passa 
a servir aos interesses da revolução. Tem-se a possibilidade de emprego de analogia para incriminar condutas 
que, a despeito de não estarem descritas em tipo penal autônomo, mostram-se contrárias à sociedade 
socialista, à coletividade. Isso porque tais condutas evidenciam a periculosidade social do fato e, 
especialmente, a periculosidade social do autor. 
Em 1958, a possibilidade de emprego de analogia incriminadora no direito penal soviético é 
descartada, mas ainda persiste a importância da periculosidade social como critério para definição do crime. 
A ausência de periculosidade social da ação (ausência de risco à sociedade soviética e à ditadura do 
proletariado) exclui a ilicitude da conduta (Teoria do Delito. Miguel Reale Jr. 2ª ed. rev. São Paulo: RT, 2000). 
SAMER AGI E ROBERTA CORDEIRO LIÇÕES PRELINIMINARES DE DIREITO PENAL • 1 
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5. PRIVATIZAÇÃO DO DIREITO PENAL 
A privatização do direito penal é uma expressão que destaca a crescente participação da vítima, ou 
da importância dada à vítima, no âmbito criminal. 
A ideia é fazer com que a vítima retorne à situação que ostentava antes da prática do crime. Daí a 
ideia da justiça restaurativa e da pena cumprindo uma terceira função, chamada “terceira via da pena”: a 
pena não é mais para retribuir apenas o mal causado, nem para prevenir a nova prática de infrações pelo 
apenado ou pela sociedade, que ao ver o sujeito sendo penalizado desiste de praticar crimes, mas serve para 
restaurar a situação que a vítima tinha antes do crime. 
Trata-se do destaque dado às vítimas nos últimos anos, como ocorre com a Lei dos Juizados Especiais 
Criminais, nos quais é possível a composição civil, ou que seja declarada extinta a punibilidade em razão do 
cumprimento da transação penal ou da suspensão condicional do processo (sursis processual), ou até mesmo 
o sursis penal (suspensão condicional da pena). 
Para todos estes institutos, haverá a extinção da punibilidade, desde que tenha havido a reparação 
dos danos à vítima. Há, como se vê, uma maximização da importância dada à vítima. 
Outro exemplo é a Lei n.º 11.719/2008, que consagrou a hipótese de que o juiz criminal deve se 
manifestar no momento da sentença condenatória, a fim de fixar o mínimo indenizatório à vítima. 
Por conta de tudo isso, há um campo fértil para a teoria da justiça restaurativa. 
A justiça restaurativa cria a chamada terceira via da função da pena, pois a função da pena, 
tradicionalmente, seria a retribuição ao mal causado (ao mal do crime, o mal da pena) e a prevenção, que é 
fazer com que o indivíduo não volte a praticar crimes (prevenção especial) e fazer com que outros indivíduos, 
vendo aquele ser punido, optem por não cometer crimes (prevenção geral). Estas seriam as duas vias da 
função da pena: retribuição e prevenção. 
Todavia a partir do momento em que se busca a reparação da vítima por meio de indenização no 
âmbito criminal, bem como institutos despenalizadores diretamente ligados à vítima, passa-se a ter uma 
terceira função da pena, denominada de terceira via, exteriorizada pela reparação do dano causado. 
6. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL 
Jesús-María Silva Sánchez cria as chamadas velocidades do direito penal: 
Direito penal de 1ª velocidade: enfatiza infrações penais mais graves, as quais podem ser punidas 
com penas privativas de liberdade. Porém, para serem fixadas, é preciso que se observem todas as garantias 
do indivíduo que está sendo acusado. Todos os direitos e garantias fundamentais estão sendo observados, 
mas, ao final, pode ser que o sujeito seja condenado a uma pena privativa de liberdade. Exemplo: crime de 
homicídio. 
Direito penal de 2ª velocidade: temos um direito penal mais célere, porque há uma flexibilização de 
direitos e garantias fundamentais para que se tenha celeridade na punição. Esta velocidade se destina a 
infrações penais menos graves, eis que se aplicam penas não privativas de liberdade, como as penas 
alternativas. Exemplo: Leis dos Juizados Especiais. 
Direito penal de 3ª velocidade: há uma flexibilização de

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