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Obesidade | Endocrinologia

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Melissa Cristina | UNIFTC - 6º Semestre | 2022.1 
Gasto
 
Energ
ético
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
A obesidade é uma doença crônica epidêmica caracterizada 
pelo excesso de peso proveniente do acúmulo de gordura 
corporal (tecido adiposo localizado ou generalizado) e por 
um índice de massa corporal igual ou acima de 30. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 IMC = É o peso (em kg) pela altura ao 
 quadrado (em metros). 
o Expectativa de vida reduz com o aumento do IMC: 
 
® IMC normal: quase 80% de chance de alcançar 70 anos; 
® IMC 35-40: 60% de chance de alcançar 70 anos; 
® IMC 40-50: 50% de chance de alcançar 70 anos; 
o Consequências Psíquicas da obesidade: 
® Discriminação educativa, laboral e social. 
® Preconceito e isolamento social. 
® Perda de autoestima e depressão. 
Epidemiologia 
o Um problema global: 
® A obesidade triplico em 40 anos: 14% obesos e 39% 
sobrepesos. 
® Responsável por variadas comorbidades: HAS, dislipidemia, 
DM2, doenças cardiovasculares, neoplasias, transtornos 
psiquiátricos e morte. 
o Prevalência da obesidade no Brasil: 
® Aumento de 67,8% nos últimos 13 anos. 
® Crescimento de 84,2% entre adultos de 25 a 34 anos. 
® Acometimento maior entre as mulheres de 20,7%. 
® Mais prevalente na população de baixa escolaridade. 
o Prevalência do excesso de peso no Brasil: 
® Atinge 55,7% da população adulta. 
® Aumento de 30,8% nos últimos 13 anos, principalmente na 
faixa etária entre 18 e 24 anos. 
® O crescimento foi de 21,7% entre os homens e de 40% nas 
mulheres. 
 
 
 
 
 
 
Fisiopatologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
A obesidade é uma doença de desequilíbrio calórico que 
resulta do excesso de calorias ingeridas acima do consumo 
corporal. Entretanto há fatores que influenciam essas 
variáveis como: 
1- Fatores ambientais: alimentação desregulada e 
inadequada (fácil acesso ao alimento, maior densidade 
energética do alimento, aumento de bebidas adoçadas, 
aumento das porções), sedentarismo, insônia, estresse, 
medicações e entre outros. 
2- Fatores genéticos: O risco de se tornar um adulto 
obeso é influenciado tanto pelo fato de ter sido obeso 
na infância como por ter tido pelo menos um dos pais 
obesos. 
o Múltiplos sinais hormonais interpretados pelo SNC 
que influenciam no apetite: 
 
Observação: 
® No núcleo arqueado, duas subpopulações de neurônios 
agem como sensores de primeira ordem para os sinais 
oriundos da periferia. Neurônios NPY (neuropeptídio 
Y)/AgRP (agouti-related peptide) são ativados durante 
períodos de jejum ou quando os estoques periféricos 
de energia estão baixos, enquanto neurônios pró- 
opiomelanocortina (POMC), hormônio melanócito-
estiluante alfa (α-MSH)/CART) estão ativos em 
períodos pós-prandiais ou quando existem grandes 
estoques periféricos de energia. O POMC/CART ao 
serem ativados irão melhorar a saciedade e diminuir 
a alimentação, já os AGRP/NPY ativados, estimulam a 
alimentação. 
® O controle funcional desses grupos de neurônios é 
feito predominantemente pela integração dos sinais 
produzidos pelos hormônios leptina e insulina, pelos 
sinais dos hormônios do trato digestório e pela própria 
disponibilidade de nutrientes. 
• Integração de sinais homeostáticos da saciedade: 
Explicação da imagem 01: 
A leptina é um hormônio da saciedade. 
1- O tecido adiposo produz a leptina. 
2- A mesma estimula POMC/CART levando a diminuição 
da alimentação. 
Endocrinologia E N D O C I R N L G A I O O 
Obesidade 
 
Inges
tão 
calór
ica 
Aumento do 
peso corporal 
 
 
3- Ademais, a leptina tem um efeito retroalimentar ao 
AGRP/NPY, inibindo assim os neurônios que aumentam 
a fome. 
 
 
Dúvida: 
— Quanto mais tecido adiposo, mais leptina é produzida. 
Então, qual o motivo que o obeso não faz o contra-
balanço? 
Isso ocorre, pois a obesidade leva a uma resistência a ação 
central da leptina, tendo sua ação comprometida. 
Explicação imagem 02: 
No trato gastrointestinal, existe os hormônios denominados 
de incretinas que possuem efeito sacietôgeno. Estimula a 
POMC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Neurocircuitos envolvendo a regulação da 
alimentação: 
Explicação da imagem 03: 
1- O pâncreas produz insulina (dá saciedade). 
2- Pois, esse hormônio atua estimulando a POMC (em 
condições normais) e inibe AGRP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Explicação da imagem 04: 
A grelina é um hormônio que aumenta a fome. 
1- A grelina é produzida pelo o estômago e sua ação é 
estimular o AGRP e bloqueia a POMC. 
 
 
 
 
 
 
 
Dúvida: 
— Como o ozempic funciona na estimulação da saciedade? 
Ele é um agonista do GLP1 (peptídeo glucagon-like 1) e 
vai atuar de três formas; duas pelo SNC e uma pelo 
estômago. 
• No Sistema nervoso central: Principal. 
® Estimula a POMC; 
® Pode agir diretamente no núcleo do trato solitário 
levando a redução da alimentação; 
• No estômago: 
® Retarda o esvaziamento gástrico, permitindo a sensação 
de uma digestão lenta contribuindo assim, na saciedade. 
! Além desses mecanismos, o ozempic atua nas células B 
do pâncreas a produzir insulina. 
Comorbidades 
 
 
 
 
 
 
Existem diversas doenças que têm frequência muito 
aumentada nos obesos. Estas doenças são as principais 
responsáveis pelo aumento das taxas de mortalidade, da 
diminuição da expectativa e da qualidade de vida e são o 
motivo principal da necessidade do controle do peso. 
o A prevalência de comorbidades cresce com o 
aumento do IMC: 
 
! Sobrepeso e obesidade aumentam o risco de doenças 
cardiovasculares mesmo na ausência de anormalidades 
metabólicas. 
Diagnóstico 
o Avaliação – Perguntas: 
1- Momento do início de ganho de peso e seu curso clínico; 
2- Quantos kg ganhou; 
3- Fatores desencadeantes e de manutenção; 
4- Hábitos nutricionais; “come muito?” “o que come?” 
5- Atividade Física e estilo de vida; 
6- Aspectos psicológicos; 
7- Investigação de tratamentos anteriores e seus 
resultados; 
8- Sintomas sugestivos de doenças endócrinas e outras 
patologias; 
9- Uso de medicamentos; 
10- Presença de fatores de risco associados; 
Imagem 01 
Imagem 04 
Imagem 02 
Imagem 03 
 
 
o IMC + Circunferência abdominal: 
Como relatado anteriormente, a obesidade deve-se ao índice 
de massa corporal igual ou acima de 30. Porém, o IMC pode 
apresentar falhas (ex: IMC alto às custas de massa magra), 
sendo assim, há outras ferramentas para maior precisão: IMC 
+ circunferência abdominal. 
! A OMS declara risco para doenças cardiovasculares >102 
para homens e >88 para mulheres. 
A associação da medida da circunferência abdominal com o 
IMC pode oferecer uma forma combinada de avaliação de 
risco e ajudar a diminuir as limitações de cada uma das 
avaliações isoladas, mas no rastreamento inicial (prevenção 
primária), o IMC pode ser usado isoladamente. 
 
o Ressonância Magnética e Tomografia 
computadorizada: 
Pouco usada. Tomografia computadorizada e a ressonância 
magnética estimam a quantidade de gordura visceral medida 
pela área de gordura na altura de L4-L5. 
o Pregas Cutâneas: 
A somatória de medidas de pregas cutâneas é realizada 
através de medidas por adipômetro, baseada em equações, 
obtém-se a densidade corporal e o percentual de gordura 
corporal. O único problema desse exame, seria a sua 
influência pela habilidade do avaliador. 
o Ultrassonografia: 
A ultrassonografia tem sido documentada para avaliar a 
gordura visceral podendo medir a espessura do tecido 
adiposo e tecidos mais profundos nas diferentes regiões 
corporais. Ainda não é bem aceito. 
o DEXA: 
É a densitometria óssea. Oferece o percentual de gordura. 
Seu problema é que o peso máximo para fazer o exame é 
150kg. 
o Bioimpedância: 
Através da massa livre de gordura, os aparelhos de 
bioimpedância fazem uma estimativa da taxa metabólica 
basal. Ajuda no acompanhamento, extremo importante. 
o Calorimetria Indireta: 
Pode ser útil na avaliação de desequilíbrios do balanço 
energético. Pode identificar indivíduos com taxa metabólica 
de repouso baixa,que seria um indicador de risco para ganho 
de peso, em pacientes hipometabólicos, que podem necessitar 
de tratamento mais intensivo. 
Tratamento 
O tratamento clínico da obesidade requer uma equipe 
multidisciplinar: nutricionista, educador físico, enfermeiro, 
fisioterapeuta, psicólogo e médico. Tendo uma conduta 
horizontal. 
o Não farmacológico: Mudança do estilo de vida. 
® Dietético: o tratamento dietético é mais bem sucedido 
quando aliado a um programa de modificação 
comportamental que envolva aumento no gasto 
energético, promovendo um balanço energético 
negativo. Esse procedimento pode necessitar de 
suporte emocional ou social, através de tratamentos 
específicos (psicoterapia individual, em grupo ou 
familiar). 
® Exercício: O exercício apresenta uma série de 
benefícios para o paciente obeso, melhorando o 
rendimento do tratamento com dieta. Entre os diversos 
efeitos estão: a diminuição do apetite; o aumento da 
ação da insulina; a melhora do perfil de gorduras; a 
melhora da sensação de bem-estar e autoestima. O 
paciente deve ser orientado a realizar exercícios 
regulares, pelo menos de 30 a 40 minutos, ao menos 
4 vezes por semana, inicialmente leves e a seguir 
moderados. 
 
Importante: 
A perda de 10-15% do peso melhora comorbidades: reduz 
o risco de DM2, reduz fatores de risco CV, melhora o perfil 
lipídico, melhora a pressão arterial, melhora apneia 
obstrutiva do sono e melhora a qualidade de vida. 
• Técnicas de estilo de vida: 
Mantenha um diário alimentar; maximize a percepção da 
alimentação evitando a alimentação automática; 
identifique os gatilhos da alimentação; não faça nada 
diferente enquanto come; alimente-se no local adequado; 
pouse os talheres entre os bocados e mastigue devagar 
os alimentos; 
o Farmacológico: 
Acompanhado pelo médico e com metas realistas. 
Deve-se estabelecer o grau de obesidade estando 
indicado o tratamento medicamentoso quando: 
1- IMC maior ou igual a 30 kg/m2; ou 
2- IMC maior ou igual a 25 ou 27 kg/m2 na presença 
de comorbidades (dependendo do medicamento); Além de 
3- Falha em perder peso com o tratamento não 
farmacológico. A história prévia de falência com tentativa 
com dieta com restrição calórica é suficiente. 
! Indivíduos com IMC normal e aumento da circunferência 
abdominal são considerados obesos viscerais e devem ser 
tratados na presença de comorbidades. 
! Perguntar se o paciente faz o uso de algum medicamento 
que esteja ocasionando aumento/dificuldade de perder 
peso. 
 
 
 
 
• Medicamentos aprovados no brasil: 
Existem, atualmente, três medicamentos aprovados para 
tratamento da obesidade no Brasil: sibutramina, orlistate e 
liraglutida 3,0 mg. 
 
® Sibutramina: Inibição da receptação das norepinefrina 
e serotonina. 
 
A sibutramina bloqueia a recaptação de noradrenalina (NE) e 
de serotonina (SE) e leva a redução da ingestão alimentar. 
! Estudo STORM: perda de peso e manutenção – demonstra 
que, se o paciente permanecer a medicação o peso se 
mantém. 
! Estudo SCOUT: Os resultados finais mostraram um aumento 
de 16% do risco de desfechos cardiovasculares não fatais 
combinados no grupo sibutramina em relação ao grupo 
placebo. 
® Orlistate: 
 
É um análogo da lipstatina inibidor de lipases gastrintestinais 
(GI) que se liga no sítio ativo da enzima através de ligação 
covalente, fazendo com que cerca de um terço dos 
triglicérides ingeridos permanecem não digeridos e não sejam 
absorvidos pelo intestino, sendo eliminados nas fezes. 
® Liraglutida: é um agonista do peptídeo semelhante ao 
glucagon-1 (GLP-1). 
 
A liraglutida estimula diretamente os neurônios que 
sintetizam POMC/CART e indiretamente inibe a 
neurotransmissão nos neurônios que expressam NPY e 
AgRP, vias de sinalização dependentes de GABA. Estes 
resultados indicam que o GLP-1R está expresso em 
neurônios do núcleo arqueado (ARC) do hipotálamo 
envolvidos na perda de peso. Seu principal efeito colateral 
é náuseas. Cerca de 63% dos pacientes perde acima de 
5% do peso e cerca de 15% perde acima de 15% do peso. 
• Medicamentos de uso off label: 
São medicamentos utilizados em condições diversas 
daquelas que constam na bula. 
® Fluoxetina: Inibidor da receptação de serotonina. A 
fluoxetina demonstrou efeito transitório de perda de 
peso, presente principalmente nos seis primeiros meses 
de uso, após o qual ocorre recuperação do peso 
perdido, não sendo por isso indicada para tratamento 
em longo prazo da obesidade. 
® Topiramato: tratamento para epilepsia e enxaqueca; 
age sobre diversos neurotransmissores, tendo efeitos 
inibitórios sobre receptores de glutamato; 
® Naltrexone + Bupropiona: A bupropiona atua sobre os 
receptores adrenérgicos e dopaminérgicos no 
hipotálamo e a naltrexona é um antagonista do 
receptor opióide; Ambos aumentam a atividade POMC. 
® Semaglutida: OZEMPIC. 
® Lisdexanfetamina/Venvanse: é um pró-fármaco da 
dextroanfetamina, que inibe a receptação de 
dopamina e norepinefrina e promove liberação de 
neurotransmissores de monoaminas, aprovada para 
tratamento TDAH. Foi aprovado para o tratamento de 
transtorno de compulsão alimentar periódico. 
o Cirúrgico: 
A cirurgia bariátrica é um recurso consistente nos casos 
de obesidade grave com falha documentada de 
tratamento clínico, proporcionando aos pacientes uma 
redução nos índices de mortalidade e melhora de 
comorbidades clínicas. As indicações formais para 
operações bariátricas são: idade de 18 a 65 anos, IMC 
maior a 40 kg/m2 ou 35 kg/m2 com uma ou mais 
comorbidades graves relacionadas com a obesidade e 
com insucesso na perda de peso. 
! Tipos: Derivação gástrica em Y-de-Roux; Gastrectomia 
vertical (sleeve – perde menos peso do que o Y de 
roux); Banda gástrica ajustável; Derivação 
biliopancreática à duodenal switch. 
Referências: 
- Diretrizes Brasileiras de Obesidade (4º edição). 
- Williams - Tratado de Endocrinologia (11º edição). 
- Transcrição da aula de Dr. Fábio Trujilho,

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