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AV1 - História da psicologia UFRJ (Foucault e a História da Loucura)

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Sofia Victória Alves Farias 
Explique como Michel Foucault aborda a história da loucura em sua arqueologia e 
genealogia, explorando os seus principais conceitos. 
 
 O pensamento de Michel Foucault é extremamente variado e se preocupa com 
diversas questões, assim se configurando como uma estratégia de resistência em meio as 
lutas propostas. Seu trabalho teve diferentes fases bem determinadas como a arqueologia 
e a genealogia, dois quais resultaram análises importantes, a saber: a história da loucura 
e os dispositivos de poder. 
 Arqueologia do saber – (Década de 60) 
 Período importante em que Foucault tenta investigar e compreender as regras de 
formação de um discurso, em certas áreas do saber. Especialmente na História da 
Loucura, Foucault analisa os aspectos que contribuíram para a formação do conceito de 
um indivíduo “louco” – mostrando que o entendimento da loucura mudou ao longo da 
história, e que determinados discursos prevaleceram, sendo a loucura “excluída” e 
dominada pela razão. 
 Assim, percebe-se que “agindo num sentido excludente, a constituição do 
dispositivo psiquiátrico revelará em seu desenrolar o silenciamento, a distância e a 
tentativa de domínio da experiência trágica da loucura.” (FERREIRA, Arthur. A 
psicanálise e a psicologia nos ditos e escritos de Michael Foucault. Pág. 4). Uma breve 
história da loucura pode ser distribuída em 3 grandes períodos: 
 Período Renascentista - havia uma grande variedade quanto o tratamento dos 
loucos. Esses indivíduos eram percebidos como diferentes, tidos como aberrações e caso 
não causassem grandes transtornos em sociedade, eram de certa forma “valorizados” e 
expostos em feiras e festivais. Entretanto, se causassem desordens na vida pública o 
manejo desses indivíduos era totalmente diferente. Nesse período, como não havia um 
tratamento muito definido para a loucura, ou “casas de correção”, esses indivíduos eram 
postos para fora dos muros da cidade ou abandonados na “nau dos loucos”, lançados ao 
mar a própria sorte. Aqui começa uma separação e uma proposta de exclusão da loucura. 
 Período Clássico - (entre os séculos XVII e XVIII), havia uma certa concepção 
da loucura como uma doença dos nervos e alguns procedimentos médicos como os banhos 
terapêuticos. Essa época, fortemente conhecida como um período de divisões, entre alma 
x corpo, ciências humanas x ciências naturais, acentua também a discussão sobre razão x 
não razão. Assim, não apenas loucos, mas todos os indivíduos considerados sem “razão 
moral” - como ciganos, mendigos, libertinos -, eram recolhidos em Casas de Correção, as 
quais não tinham objetivo de tratamento, mas de reclusão. O processo de exclusão agora 
é muito mais claro e se torna uma modalidade institucional. 
 Período Moderno – Com a criação dos hospitais psiquiátricos, Pinel é 
considerado um “libertador” da loucura, pois os loucos são direcionados dos hospitais 
gerais para um espaço específico: os asilos. Mas ao mesmo tempo em que ocorre essa 
“libertação”, a loucura é aprisionada em um novo espaço – categorizada como doença 
mental, aprisionada pela medicina, retirando sua possibilidade de cidadania. Aqui surge 
a ideia de dominação louco/psiquiatra. 
 Foucault Genealógico – A analítica dos poderes (Década de 70) 
 Em sua genealogia, Foucault vai principalmente se preocupar com o “porquê” 
do conhecimento, tentando explica-los de forma detalhada pela analítica dos poderes. 
Segundo Roberto Machado, em seu livro Por uma Genealogia do Poder, o objetivo de 
Foucault não é descrever as compatibilidades e incompatibilidades entre saberes, mas 
explicar o seu aparecimento por condições de possibilidades externas aos próprios 
saberes. 
 Assim, em sua obra mais famosa “Vigiar e Punir”, Foucault conceitua que o 
poder não é um objeto para que possa ser possuído, mas sim algo que se exerce em uma 
relação de dominação entre corpos. Algumas de suas características fundamentais são: é 
exercido em rede por instituições disciplinares (sem aspecto de inferioridade ou 
superioridade). E é, principalmente, produtivo (a analítica dos poderes está 
constantemente produzindo/organizando relações e hábitos). Logo, com a criação de 
novas formas de existência, há o estabelecimento de novas formas de poder, – o que 
analisado através da História da Loucura, estabeleceu a relação louco/psiquiatra. 
 Modos de poder 
 Foucault também faz uma análise de diferentes tipos de poder, onde nos cabe 
uma análise de dois principais: 
 Soberania – É o poder que está estritamente baseado na lei, o rei é soberano em 
detrimento dos súditos. Só se opera quando se percebe o delito (de forma a controlar os 
comportamentos delinquentes). 
 Disciplina - Os indivíduos são encaixados em um padrão disciplinar. Há uma 
organização dos corpos no tempo e no espaço pelas instituições (produção de uma lógica 
que os indivíduos seguirão a vida inteira – corpos dóceis). Aqui, há também uma 
constante vigilância. Um exemplo clássico é o modelo do panóptico – a ideia de um pátio 
circular, do qual pode se observar todas a celas, mas os prisioneiros não conseguem saber 
se estão sendo observados ou não. Logo, por medo da punição os prisioneiros 
incorporariam as regras – tornando-se corpos dóceis. 
 Por isso a sociedade disciplinar é muito mais plástica/flexível, pois atua não só 
em delitos, mas principalmente coagindo, para que não haja delitos e, consequentemente, 
não haja punição (é mais vantajoso vigiar/coagir do que punir). 
 Desse modo, a História da Loucura se vê permeada pela lógica produtiva do poder 
que estabeleceu, criou o conceito de doença mental a partir da fundamentação dos 
hospícios, e enfatizou o poder disciplinar dentro dessas instituições. Como o doente não 
pode fazer escolhas por si próprio e precisa ser cuidado por que não tem condições de 
responder por seus atos, assim, a sua vontade é dominada por outro (psiquiatra), tornando 
essa instituição disciplinar um local de submissão da vontade do louco ao médico.

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