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Gabriela Rodrigues @gabrielarodrigsp DOENÇAS DA PRÓSTATA CLÍNICA CIRÚRGIA – UROLOGIA Hematúria: presente em quase todas as doenças urológicas. HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA: • Tamanho normal da próstata = 20g aproximadamente. • Homens a partir dos 60 anos. • Proliferação estromal e epitelial da zona de transição da próstata – glândula exócrina. • Estroma – musculatura lisa. • Obstrução da uretra. A maioria dos tumores se desenvolvem na zona periférica → identificados no toque retal. Adulto: zona de transição → causa a HPB FATORES DE RISCO: 1. Idade avançada 2. Presença dos testículos – estado com homeostase normal de testosterona é importante para o desenvolvimento de HBP e CA de próstata (homens castrados não desenvolvem HBP) 3. Raça → negros 4. Obesidade 5. Hereditariedade SINTOMAS OBSTRUTIVOS: 25% aos 55 anos 50% aos 75 anos. ETIOLOGIA: • Aumento de estrogênio com o envelhecimento • Indução do receptor de androgênio • Próstata mais sensível a testosterona livre Testosterona no vaso sanguíneo → entra no receptor androgênico no núcleo celular → testosterona e enzima 5-alfa-redutase (transforma a testosterona em dihidrotestosterona (DHT) → complexo ativo → RNAm sinalizam que a célula produza fatores de crescimento que resultam na hiperplasia. A enzima 5-alfa-redutase é alvo de tratamento da HPB. FISIOPATOLOGIA: • Obstrução uretral • Reação do detrusor à obstrução • Disfunções vesicais associadas Gabriela Rodrigues @gabrielarodrigsp Sintomas obstrutivos: intrusão pelo lúmen, tônus da musculatura lisa. Sintomas irritativos: hipertrofia do músculo detrusor. Incidência dos sintomas aumentam com a idade. Muita glândula e pouco estroma → mecânico Pouca glândula e muito estroma → funcional Hiperatividade simpática → Tônus muscular → a próstata não necessariamente aumenta de tamanho. Fig. 3 - Hiperplasia compensatória da musculatura da bexiga. Fig. 4 – fase final de descompensação vesico- prostática. Musculatura da bexiga atrofia e vai sendo substituída por tecido conectivo que não tem função contrátil. Pode acontecer incontinência paradoxal porque a bexiga não contrai (musculatura detrusora perde a função). ESCORE DE SINTOMAS (IPSS): 0 – 7: sintomas leves 8 – 19: moderado 20 – 35: grave + Qualidade de vida: 0 – 6 (sendo 0 feliz e 6 infeliz). COMPLICAÇÕES: Cálculo vesical – muitos sintomas irritativos. ITU/prostatite – devido resíduos pós-miccionais aumentados. Hidronefrose e IRC – dilatação do trato urinário alto (rins) por aumento da pressão vesical. Gabriela Rodrigues @gabrielarodrigsp Hematúria – pode ser rompimento por vasos ou litíase vesical. Divertículos (na bexiga – hernias da parede vesical devido ao esforço miccional). Retenção urinária (bexigoma) EXAMES LABORATORIAIS: • PSA – em neoplasia, o valor fica muito aumentado. Na HPB pode ser normal ou aumentado. • Urina 1 – para descartar ITU e ver se tem hematúria • Creatinina e ureia • Citologia oncótica – mais raramente. EXAMES COMPLEMENTARES: Uretrocistografia miccional – quase não se pede mais. Contraste pela uretra. Propedêutica de estenose da uretra, pode ser utilizada. Para diagnóstico diferencial. Próstata de tamanho normal, mas com sintomas obstrutivos. Pacientes jovens com sintomas obstrutivos. USG/TC de aparelho urinário: Identificar IR, ITU, hematúria e histórico de litíase. USG: volume prostático e volume urinário residual. Transretal – é mais precisa, mas muito invasiva, usar se dúvida no USG abdominal. Abdominal – não é tão precisa, mas é a mais usada. Fluxometria: não é invasivo. < 10 ml/s – obstrução. > 15 ml/s – é normal. Estudo urodinâmico: para diagnostico diferencial. Mais funcional do esvaziamento vesical. Próstata pequena, extremos de idade e doenças neurológicas associadas (bexiga neurogênica). DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: • Estenose uretral • Hipertrofia do colo vesical (Doença de Marion – raro, pacientes jovens) • Cálculos de bexiga • ITU • Bexiga neurogênica TRATAMENTO: Gabriela Rodrigues @gabrielarodrigsp Bloqueador-alfa-adrenérgico: “relaxar” o tônus muscular de modo que a urina vai fluir com mais facilidade. Efeito de até 7 – 10 dias Inibidores 5-alfa-redutase: atua na glândula e auxilia na diminuição da próstata. Demora de 3 – 4 meses para ter efeito. Terapia combinada: junção dos dois medicamentos. Efeitos colaterais: finasterida – 5mg/dia. Cirurgia: falha da terapia medicamentosa, intolerância medicamentosa, retenção urinária, cálculos vesicais associados, IR, dilatação do trato urinário alto. RTU: ressecção da zona de transição para aliviar a obstrução. Complicações: estenose de uretra, esclerose de colo vesical, síndrome de ressecção transuretral (náusea, vômitos, confusão, hipertensão e bradicardia – ressecções monopolares > 90min cirurgia – tratar hipervolemia e hiponatremia). Incisão transuretral de próstata: próstatas pequenas < 30g com obstrução. VTUP: vaporização transuretral de próstata. HoLEP: enucleação prostática com laser de Hólmio. Prostatectomia aberta (subtotal). Cerca de 10 anos a próstata volta a crescer. CÂNCER DE PRÓSTATA: OBS: Próstata não tem função sexual. Gabriela Rodrigues @gabrielarodrigsp Feixe vásculo-nervoso: realizar ereção peniana, o paciente pode ter disfunção erétil e incontinência urinária. Zona periférica – maior incidência de tumores. Incidência aumenta com a idade (pico 60-70 anos). Necrópsia: presença de CA em 80% dos homens com idade > 90 anos. FATORES DE RISCO: • Idade; • Raça negra (melanina – deficiência no metabolismo da vitamina D); • Histórico familiar; • Dieta rica em gordura animal, calórica, carne vermelha e pobre em fibras – aumenta a incidência de CA de próstata. FATORES DE PROTEÇÃO: • Fitoestrógenos • Vitamina A e carotenoides • Vitamina D • Chá verde • Parar de fumar e praticar atividade física (inibidores de 5-alfa-redutose) Finasterida e dutasterida – não é de rotina, em pacientes com CA em uso desses medicamentos apresentaram tumores de maior grau. CLÍNICA: • 80% são assintomáticos • Sintomas: doença localmente avançada ou metastática • Noctúria, polaciúria, jato fraco • Em doença avançada: sintomas secundários ao crescimento tumoral e compressão • Doença óssea metastática: dor lombar, síndrome de compressão radicular (parestesias, paresias, incontinência urinária e fecal) DIAGNÓSTICO: • Toque retal Gabriela Rodrigues @gabrielarodrigsp • PSA (>2,5) RASTREAMENTO: 50 anos ou 45 anos se histórico familiar ou raça negra. PSA AJUSTADO À IDADE: A próstata pode ter tamanho normal, mas com o PSA > 2,5 pode suspeitar de CA. Entre 0,1 e 0,18 ng/ml/cm3 devem indicar biópsia de próstata. *Dificuldade em manter as medidas de PSA registradas e em mesmo laboratório ao longo dos anos. Quanto maior a porcentagem, menor a chance de CA. PSA Livre maior parte está ligada a proteases inibidoras – PSA complexado (cPSA) Aproximadamente 5-35% são compostos por formas não ligadas – PSAL Proporção entre PSAL e PSA total é utilizada para aumentar a especificidade na detecção do CA e diminuir o número de biópsias desnecessárias. PSAL / PSA total – valor de corte segundo Medcel 2021 de 25% O PSA pode se apresentar elevado nos quadros de prostatite, e seu nível não é utilizado isoladamente para estagiamento e seleção de candidatos para prostectomia radical. PSA: no pré-op não define acuradamente caso o carcinoma se apresente com ou sem invasão capsular. Elevações de PSA podem ser encontradas em: após exame retal digital, instrumentação uretral, massagem prostática, USG transretal, biópsia prostática por agulha, retenção urinária, infarto ou isquemia prostáticas, relação sexual. GabrielaRodrigues @gabrielarodrigsp Grau histológico de Gleason – fator prognóstico. Anota o primeiro mais frequente e o segundo mais frequente (Gleason 3 + 4 = 7) EXAMES COMPLEMENTARES: 1. Biópsia de próstata 2. Ressonância magnética ESTADIAMENTO: LINFONODOS: ESTRATÉGIA DE TRATAMENTO: T1, T2 ou T3 (localizados) – observação, cirurgia, radioterapia, crioterapia. T4 ou qualquer T N+ M+ (sistêmico) – hormonioterapia, QT, radioterapia, paliativa para metástases. Conduta expectante: observação vigilante (Estágio I e II): Idade avançada, Comorbidades, Tumores diferenciados (menos agressivos) ou volume tumoral reduzido. Seguimento – PSA e toque retal 6/6 meses + Gabriela Rodrigues @gabrielarodrigsp considerar biópsia a cada avaliação. Se progressão da doença, considerar tratar. Prostatectomia radical: remoção da próstata e vesículas seminais 1. Retropúbica (aberta) 2. Vídeolaparoscópica 3. Robótica (superior aos demais métodos em estudos, mas custo muito alto) 4. Perineal (em desuso) 5. Seguimento – PSA em níveis indetectáveis em 4 semanas 6. Complicações - disfunção erétil, incontinência urinária e estenose de uretra. Radioterapia: 1. Externa ou braquiterapia 2. Preferida em pacientes de alto risco cirúrgico 3. Complicações – disfunção erétil, incontinência urinária, estenose de uretra, proctite, cistite, diarreia e sangramentos. METÁSTASE (CA AVANÇADO): Não existe cura, apenas cuidados paliativos. Gleason > 7 – doença metastática. Castração química ou cirúrgica: Testículos (99%) e adrenais (1%) – produção de testosterona. Estado de orquiectomia – análogos LHRH - hipófise não produz LH – testículo não produz testosterona – eixo hipotálamo-hipófise-gonadal. Anti-androgênicos impedem a ação da adrenal. Terapia hormonal: Estrogênios, dietilestilbestrol, agonista GnRH, leuprolida, goserelina, antiandrogênicos, acetato de ciproterona, bicalutamida, flutamida, nilutamida, inibidores adrenais, cetoconazol, aminoglutetimida. Doença avançada – castração química ou cirúrgica – permite melhora sintomática, queda do PSA e aumento da sobrevida. Resistentes à castração: 1. Agentes biológicos (sipuleucel-T) 2. Citotóxicos (quimioterapia com taxanos de 1a e 2a geração) 3. Hormonais (abiraterona, orteronel e enzalutamida) 4. Radioisótopos (rádio-223) 5. Inibidores de tirosina quinase (cabozantinibe) 6. Anticorpos monoclonais (denosumabe) Recorrência bioquímica: Definimos recorrência bioquímica quando o valor de PSA ≥ 0.2 ng/mL, confirmado por segundo exame, após prostatectomia radical. A recorrência bioquímica após radioterapia é definida como o aumento (confirmado) do PSA de ≥ 2 ng/mL após atingir o nadir. Nadir – valor mais baixo em uma série de exames. PATOLOGIA: Gabriela Rodrigues @gabrielarodrigsp 95% - adenocarcinomas Demais: carcinoma de células transicionais, neuroendócrinos, sarcomas e linfomas 60 - 70% – se originam na zona periférica 10 - 20% – se originam na zona transicional 5 - 10% – se originam na zona central
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