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MANEJO DO COMPORTAMENTO NA ODONTOPEDIATRIA

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Manejo do Comportamento na Odontopediatria 
Para atuar na Odontopediatria, existem 3 itens que são muito importantes, e que o CD deve ter o 
domínio: 
 Conhecimento da Psicologia Infantil 
 Conhecimento técnico-científico 
 Paciência (sendo este conceito talvez o mais 
importante, já que sem ela, é impossível 
prosseguir com o atendimento) 
 
{Características Básicas do Desenvolvimento Infantil} 
Bebês (0-3 anos) 
 De acordo com Freud: 
o Fase Oral: É através da boca que a criança busca a sobrevivência, o conhecimento do 
mundo e o prazer 
o Fase Anal: Há o controle dos esfíncteres 
 É um ser humano totalmente dependente da mãe 
 É a idade das descobertas, querendo ver e tocar tudo à sua frente, mas seu interesse pelos objetos 
dura pouco, assim como pelas pessoas 
 Têm tendência à impaciência 
 Fases: 
o 7 meses: Começa a pegar e interagir com objetos (capacidade físico-motora) 
o Até 1 ano e meio: Começa a treinar a engatinhar, ficar em pé e andar 
o Final do 2º ano: A criança já diz diversas palavras e inicia a formação de frases 
 No atendimento odontológico: 
o Na maioria dos casos, haverá choro e resistência 
o Medo de estranhos 
o O atendimento deve ser rápido (em torno de 10 a 20 minutos) 
 
Idade Pré-Escolar (3-5 anos) 
 Até os 4 anos, as reações de medo são muito comuns nas crianças: 
o Medo do desconhecido (pessoas, ambientes, situações novas) 
o Medo do inesperado (movimentos bruscos, ruídos altos e intensos) 
o Medo da possibilidade de ser abandonada (afastamento da mãe ou outro responsável) 
 É uma criança curiosa, quer saber de tudo e entender tudo (fase das perguntas “como?” e “por 
quê?”) 
 É uma criança crítica, que consegue captar a sinceridade ou a falsidade nas pessoas 
Todos esses conceitos formarão um tripé 
muito importante para evitar traumas na 
criança! 
Para melhorar a situação, o ideal é sempre motivar frente a uma atitude positiva. Além disso, contato 
físico e comunicação não-verbal são essenciais nesta fase, para que o bebê se sinta acolhido pelo 
profissional! 
 Suas atividades devem ter algum objetivo, ou seja, o profissional deve incluí-la no atendimento, 
mostrando como tudo funciona e como ela pode ajudá-lo naquele momento 
 No atendimento odontológico: 
o Há um aumento da capacidade de compreensão e senso de responsabilidade 
o É importante fazer elogios quanto à aparência e suas capacidades 
o Se a criança não estiver bem preparada (ou seja, se o CD não explicou muito bem o que ia 
fazer, não mostrou o que estava fazendo), pode desencadear uma reação de descontrole 
na criança 
o Ela já consegue ficar sentada e de boca aberta por até 30 minutos 
 
Idade Escolar (6-12 anos) 
 Dos 6 aos 10 anos: É o período de socialização e início da vida escolar 
o De acordo com Freud: 
 Fase de Latência, em que há a descoberta da vida social em grupo 
o De acordo com Piaget: 
 Há um aumento da capacidade de raciocínio e de compreensão; as relações ficam 
mais duradouras e começam a gostar das pessoas de forma mais objetiva 
o É o período em que se começa o desprendimento do quadro familiar 
 Dos 10 aos 12 anos: É o período da pré-adolescência ou período intelectual 
o Nesse meio tempo, esse paciente não é mais simplesmente uma criança, mas também não 
é um adulto 
o Já podem dissimular sentimentos e dificuldades, podendo até mesmo construir barreiras 
com o CD 
o Já apresentam a capacidade de compreender questões técnicas e científicas 
o Não gostam da intrusão dos pais! 
 No atendimento odontológico: 
o Devido ao desenvolvimento intelectual, o tratamento tende a se tornar extremamente 
mais fácil 
o Apresenta domínio emocional e suporta situações desagradáveis 
o É importante valorizar as suas reações e NÃO as tratar como crianças 
 
{Primeiro Contato com o Dentista} 
 As crianças devem se sentir acolhidas, de modo que se sintam seguras 
 O CD deve entender as dificuldades e limitações da criança, não só para o planejamento técnico, 
mas também para compreender a relação que será estabelecida, além da forma com que o 
paciente lidará com o tratamento 
Anamnese 
 Hábitos familiares de higiene oral 
 Alergias, doenças 
 Uso de chupeta, hábitos deletérios 
 Tipo de amamentação, alimentação atual 
 Nível cultural e social 
 Regionalismo 
 Relação da criança no contexto familiar 
(irmãos, filho único) 
 Nível cognitivo/escolar 
 Temperamento, personalidade 
 Reação a estranhos 
 Experiências prévias no dentista 
 
Durante a anamnese, é importante esclarecer para a criança o porquê ela está ali. Isso é importante, pois 
o desconhecimento das razões deixa a ansiedade aumentar. 
CUIDADO COM AS MENTIRAS! As crianças percebem tudo ao seu redor! 
Além disso, aproveitar para perguntar para a criança sobre os seus gostos, desenhos preferidos, tipo de 
música favorita, o que mais gosta de fazer etc. 
A brincadeira pode ser uma maneira de lidar com a ansiedade (Winnicott): Se a criança se sentir confiante 
e segura, ela irá colaborar mais com o tratamento. 
 
A partir do conhecimento do desenvolvimento cognitivo da criança, podemos escolher qual é a melhor 
técnica de manejo e elaborar um Plano Guia de Comportamento: 
 
Dor 
 Evitar experiências dolorosas pode contribuir para a construção de um relacionamento verdadeiro 
entre a criança e o profissional dentista, além disso incentivar atitudes positivas em visitas futuras 
 Portanto, é até indicado “gastar” um pouco mais de tempo na prevenção e na redução da dor 
 É importante que o CD observe as expressões faciais, o choro, as reclamações constantes, rubor 
e até os movimentos corporais que a criança exerce, que podem ser sinais de dor (não se deve 
subestimar ou ignorar esses aspectos! 
 
Contexto Social e Familiar 
 A criança é um reflexo do meio familiar em que ela vive, por isso que a família é um aspecto muito 
importante da consulta odontológica pediátrica 
 Os pais são considerados a chave para o desenvolvimento psicológico, social e cognitivo da 
criança 
 A ansiedade da criança é influenciada pela ansiedade e hostilidade dos pais 
 Crianças que possuem uma boa união e segurança familiar tendem a ser mais empáticas e 
altruístas, já crianças com pais agressivos tendem a não apresentar sensibilidade 
 IMPORTANTE: Pais que tiveram experiências negativas no dentista podem transmitir sua própria 
ansiedade e medo à criança! 
 É essencial orientar os pais previamente às consultas: 
o Qual é o comportamento esperado da criança durante o atendimento 
o O que os pais podem dizer/fazer durante o tratamento, tanto no consultório 
quanto em casa 
o Se os pais estarão ausentes ou presentes durante o atendimento 
 Os pais estarão atentos ao estilo de comunicação e detalhes que o CD dá no atendimento ao seu 
filho 
Apesar da anamnese ser feita com os pais/responsáveis, o ideal é que a criança seja incluída na 
conversa, deixando que ela responda a algumas perguntas 
 
O que se esperar de um consultório de Odontopediatria e dos profissionais dessa área? 
Profissional CD e Auxiliares 
 Aparência zelosa e bem cuidada 
 Gentileza para com os pacientes e familiares 
 Sem grandes alardes ou muita intimidade, pois 
isso pode assustar a criança 
Consultório e Consulta 
 Limpeza e organização 
 Vocabulário adequado ao nível cognitivo da criança 
 A sala de espera infantil não deve ser um playground, pois a criança pode querer ficar ali por 
muito tempo e não querer sair para ser atendida 
Instrumentais 
 Deve-se ter ordem e cuidado com os materiais 
 Garante um aumento da produtividade e um melhor rendimento do profissional 
 O instrumental deve ficar fora da vista do paciente, sendo apresentado a ele de forma gradual 
Horário da Consulta 
 Agendar um horário em que a criança está mais descansada, evitando horários de cochilo ou da 
escola, pois o sono e o cansaço podem afetar negativamente o comportamento durante o 
atendimento 
 Para pacientesde até 7 anos, as consultas devem durar no máximo 20-30 minutos 
 Consultas mais rápidas ajudam no manejo do comportamento 
 
{Técnicas de Manejo do Comportamento Não-Farmacológicas} 
Podem ser classificadas em “Restritivas” e “Não Restritivas”: 
Não Restritivas (Psicológicas) 
Comunicação Não-Verbal 
 Postura, expressão facial e linguagem corporal do CD influenciam no comportamento do paciente, 
as crianças sentem o afeto 
 Gestos de carinho 
 Sorrisos 
Termo de Consentimento 
Deve-se obter um termo de consentimento livre e esclarecido antes de se usar as técnicas de manejo: 
 Controle do tom de voz 
 Negociação da presença do acompanhante na sala de atendimento clínico 
 Estabilização protetora 
O auxiliar não deve interferir no manejo do 
CD, pois as crianças só prestam atenção em 
uma pessoa de cada vez, só respondem a 
um comando de cada vez! 
Distração 
 Desviar a atenção do paciente durante o procedimento ou em um momento que possa ser 
considerado desagradável, por meio de diversão 
 Podem ser usadas TVs, celulares, fones de ouvido, sempre respeitando a cultura da família 
 Além da diversão, o que pode ser feito é: Dar uma pausa no atendimento, usar filmes, cantar 
músicas, contar histórias 
Falar-Mostrar-Fazer 
 Falar 
 Explicação verbal dos procedimentos, de acordo com o nível cognitivo e intelectual da 
criança 
 Mostrar 
 Demonstrar os instrumentais, materiais e 
aparelhos que serão utilizados de forma prática 
e clara, explorando os aspectos visuais, 
auditivos e até sensitivos dos procedimentos, 
utilizando termos não aversivos 
 Fazer 
 Realizar o procedimento propriamente dito 
Modelagem (Observação Direta) 
 Utilizar modelos para demonstrar os procedimentos e o comportamento desejado da criança 
 Pode ser o responsável (utilizar a mãe do paciente é um dos métodos mais eficazes), irmão, colega 
ou até mesmo outro paciente que tenha um bom comportamento 
 Pode-se utilizar vídeos, fotos e até mesmo bonecos 
Reforço Positivo 
 Trata-se de reforçar o comportamento adequado da criança na intenção de estimular a repetição 
do bom comportamento 
 Social: Modulação positiva da voz, expressão facial, elogios verbais e demonstrações físicas de 
afeto por todos os membros da equipe 
 Não-Social: Lembrancinhas e brinquedos 
Presença ou Ausência dos Pais/Responsáveis 
 Pode ser benéfica ou prejudicial 
 A presença é contraindicada para pais que não querem ou não podem dar apoio afetivo 
(principalmente pais que sentem medo ou não gostam de consultas no dentista) 
 Pode ser utilizada como um prêmio, mas deve-se conversar e ouvir os pais antes da consulta 
 Esta técnica nunca deve ser usada em pacientes menores de 3 anos 
Dessensibilização (Condicionamento) 
 Se inicia com procedimentos mais simples indo até o mais complexo, de modo a ir aumentando a 
permanência da criança no consultório 
 Podem ser necessárias várias sessões para obter o comportamento ideal 
 
Com esta técnica, pode-se observar o 
desenvolvimento cognitivo da 
criança e até déficits de atenção! 
Pode ser eficaz também com o uso 
de um modelo! 
Controle de Voz 
 Alteração controlada do volume, tom ou ritmo da voz 
 É usada em momentos em que a autoridade precisa ser estabelecida 
 O tom de voz é firme e assertivo para obter a criança, mas sempre passado tranquilidade e 
carinho 
 Nunca se deve gritar e/ou hostilizar a criança 
 Nesta técnica é possível observar o desenvolvimento cognitivo da criança e se há déficits de 
comunicação 
 Deve ser comentado com pais, para que eles não entendam esta técnica da forma errada 
 Nunca deve ser aplicada em pacientes menores de 3 anos 
 
Restritivas 
São feitas quando não se consegue realizar o atendimento através das técnicas psicológicas. Para isso, os 
pais devem ter o conhecimento prévio e devem ter assinado o termo de consentimento. 
Estabilização Protetora (Contenção Física) 
 Trata-se da limitação da liberdade de movimentos (com ou sem dispositivo restritivo) 
 O objetivo é proteger o paciente, CD e auxiliares e promover a conclusão do tratamento 
 Pode ser realizada pelo próprio CD, equipe e/ou, preferencialmente, pelos pais ou responsáveis 
 É indicada para pacientes muito jovens e não colaboradores 
 É contraindicada para pacientes com restrições de saúde 
 
{Técnicas de Manejo do Comportamento Farmacológicas} 
 Sedação mínima pelo uso de benzodiazepínicos 
 Sedação mínima pela inalação da mistura de Óxido 
Nitroso e Oxigênio 
 Anestesia geral 
 
 
 
 
São técnicas que necessitam de 
treinamento e formação específica!

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