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CADERNO DE DIREITO DO CONSUMIDOR - aurisvaldo - 2021 2

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DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
CADERNO DE NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 
 
BIBLIOGRAFIA 
1 - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor – Cláudia M, Bruno Miragem e 
Antônio. – Editora Revista dos Tribunais. 
2 - Manual de Direito do Consumidor – Cláudia M, Leonardo R, Bruno Miragem. – 
Editora Revista dos Tribunais. 
3 - Curso de Direito do Consumidor – Bruno Miragem – Editora Revista dos Tribunais. 
( é o principal). 
 
 
 
1) NOÇÕES GERAIS: 
. Anteriormente o Direito do Consumidor não era um ramo autônomo do Direito, mas 
sim um conjunto de direitos que eram dos consumidores. 
. Os romanos inventaram o Direito Civil a mais de 2 mil anos. 
. Idade Média – normas de proteção ao consumidor. – Punições e prevenções eram 
desproporcionais. 
. França da Idade Média punia com banho escaldante aquele que adicionasse 
água ao leite. 
. Sempre houve um certo nível de proteção para com o consumidor. 
. Ordenações Filipinas foram as primeiras leis que vigeram aqui no Brasil no período 
colonial. – Os portugueses organizavam o seu Direito a partir das Ordenações do 
Reino. – Afonsinas, Manuelinas e Filipinas. – Tinham normas de proteção ao 
consumidor (inclusive que protegem o cliente do advogado – “o advogado que 
ocasionasse a perda da causa por desídia, poderia ser punido”). 
. Já no século XIX existem leis que buscavam limitar a publicidade, sobretudo a 
publicidade de medicamentos. 
. O Direito precisa se reinventar em face das mudanças céleres da sociedade, 
principalmente no ramo da comunicação. 
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 
 
. O que nunca houve e só ocorre no Brasil no final do século XX (e no mundo já 
acontecia desde a 2ª metade do século XX) foi a preocupação em criar/estabelecer 
políticas públicas de proteção do consumidor. – FENÔMENO RECENTE. 
 . E por quê só surge no Brasil na década de 90? Na segunda metade do século 
XX? Por que o Direito do consumidor surge tão tardiamente, embora manifestações 
pontuais a respeito dos consumidores sempre existiram? 
. O capitalismo que deu acesso ao consumo de forma abrangente. – Criando um 
sistema de proteção a dignidade da pessoa. 
. Ao mesmo tempo que o capitalismo dar acesso ao consumo, ele torna o ato de 
consumir perigoso. – Ele democratiza o risco. – No passado, quando se precisava de 
um medicamento, o médico prescrevia e a farmácia iria aviar (fazer) o referido 
medicamento, já hoje é feito em massa = aquilo que é feito para cessar um sintoma, 
pode causar tantos outros colaterais. - Atualmente, um único medicamento tem o 
potencial de causar dano a um número indeterminado de pessoas. 
. Sociedade afluente, como dito, é fruto do sistema capitalista e, traz a 
possibilidade de que se demande algo além da satisfação de necessidades básicas 
– essa é a razão do surgimento tardio do direito do consumidor no Brasil. Antes, o 
sistema econômico vigente não demandava a proteção ao consumidor e, isso 
explica o surgimento do direito do consumidor de forma tardia no Brasil. 
Com essa perspectiva é que deve ser visto o direito do consumidor: como 
um direito que busca compatibilizar o sistema de produção capitalista com a 
proteção humana – por isso o direito do consumidor é um ramo do direito tão 
protetista. 
. No ano de 1972 realizou-se, em Estocolmo, a Conferência Mundial do Consumidor. A 
Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 1985, por meio da Resolução 
39/248, estabeleceu diretrizes para o direito do consumidor, reconhecendo a 
necessidade de proteção desse agente econômico vulnerável, em suas relações frente 
aos fornecedores. 
. No Brasil, a CF/88 erigiu o Direito do Consumidor à categoria de direito fundamental. 
. Em 1990, editou-se o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990). 
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 
 
. A FINALIDADE DO CDC: em linhas gerais visa proteger o consumidor (agente 
vulnerável), reduzindo a desigualdade existente entre ele e o fornecedor na relação de 
consumo, com o consequente reestabelecimento do equilíbrio. 
. CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 170: “A ordem econômica, fundada na valorização do 
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - 
defesa do consumidor; 
. O capitalismo adotado tem o fim de conferir a todos uma existência digna, 
conforme os ditames da justiça social: os valores da pessoa humana se 
sobrelevam em relação ao lucro. Acima do interesse legitimo do lucro, estão 
os valores essenciais da pessoa humana. Os valores que são intrínsecos ao 
ente humano estão acima da busca natural e legítima do lucro. Para que de fato a 
ordem econômica atinja o objetivo de assegurar a todos uma existência digna 
conforme os ditames da justiça social, o próprio ar t. 170 dispõe a necessidade de 
observância de determinados princípios e, um desses princípios é a defesa do 
consumidor. 
. Dentre os valores que devem pautar a ordem econômica entendida como o 
conjunto de agentes que atuam no mercado, está a defesa do consumidor. 
Impondo esse princípio como um princípio da ordem econômica, a Constituição 
Federal impõe à ordem econômica deveres positivos e negativos. Do ponto 
de vista negativo, a ordem econômica não pode atuar em prejuízo do 
consumidor. Do ponto de vista positivo, toda atuação da ordem econômica deve ser 
no sentido de satisfazer o consumidor e suas necessidades. Nesse sentido, 
é o direito do consumidor um mecanismo de compatibilização do sistema de 
produção capitalista com a proteção da pessoa humana no âmbito das relações de 
consumo. 
. Direito do Consumidor é o conjunto de normas e princípios que regula a tutela de um 
sujeito especial de direitos, a saber, o consumidor, como agente privado vulnerável, 
nas suas relações frente a fornecedores. - Destaca-se que o enfoque, no Brasil, é a 
tutela do sujeito vulnerável, por isso se tutela o consumidor. 
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 
 
. A CF/88 consagrou a defesa do consumidor como um direito fundamental, nos 
termos do art. 5º, XXXII, in verbis: 
. “Art. 5º XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor”. 
. É um direito de terceira geração/dimensão, está dentro dos direitos difusos. 
. Esse inciso não determina a edição do CDC. – O Estado segundo esse inciso 
não está incumbido de editar leis, mas sim de ter uma atuação permanente em defesa 
do consumidor. 
 . Nesse sentido, contraria a ordem constitucional qualquer iniciativa do 
Estado brasileiro que implicar em desproteção ao consumidor, seja na seara 
legislativa, executiva ou em qualquer outra. - Esse dispositivo constitucional 
reforça a proibição do retrocesso em âmbito de direito do consumidor. Esse 
princípio que se aplica a qualquer direito social é reforçado diante do direito 
do consumidor, na medida em que o Estado deve proteger o consumidor. Mitigar 
a proteção ao consumidor seria atuar contrariando o mandamento 
constitucional no sentido de promoção ao consumidor. Mais do que isso, esse 
dispositivo reconhece a vulnerabilidade do consumidor. 
 . PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE É UM PRINCÍPIO INFRACONSTITUCIONAL 
EXPRESSO (ART. 4°, CDC) E UM PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL IMPLÍCITO (o art. 5°, XXXII 
determina a defesa do consumidor,e quem precisa de defesa é aquele que é frágil). 
 . CF dispõe sobre a fragilidade do consumidor = vulnerabilidade. 
. A vulnerabilidade é multifacetária – a vulnerabilidade do consumidor não 
deve ser vista somente do aspecto econômico. Os consumidores são vulneráveis, mas 
em algumas situações há uma hipervulnerabilidade. – Um exemplo é o paciente em 
relação ao médico. 
. Art. 1° do CDC – “O presente código estabelece normas de proteção e defesa do 
consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 
170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias”. 
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
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. Art. 48: “O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da 
Constituição, elaborará código de defesa do consumidor; 
 
. Art. 927 do CC/02, parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade 
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os 
direitos de outrem”. 
. Art. 14 do CDC: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência 
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à 
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua fruição e riscos”. 
. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada 
mediante a verificação de culpa. 
 
2) NORMA DE ORDEM PÚBLICA: 
 
. Normas do Direito do Consumidor são de ORDEM PÚBLICA - Razão das raízes 
constitucionais, isto é, o vínculo que há entre as normas do Direito Consumidor e o 
respeito a dignidade humana. – Tutelam interesses comuns a sociedade. 
 . Algumas consequências disso: (i) superioridade das normas do CDC, só que 
isso não é mais admitido pela jurisprudência; (ii) obrigatória intervenção do MP em 
todas as lides envolvendo consumo, mas isso também foi afastado pelos tribunais, de 
tal forma que não é mais obrigatória a intervenção; (iii) retroatividade mínima das 
normas do CDC, se aplicando a efeitos futuros de atos perfeitos, mas isso também não 
é mais aceito. – As duas consequências ainda se mantém: (iv) inderrogabilidade das 
normas do CDC por vontade das partes – AS PARTES NÃO PODEM ESTIPULAR EM UM 
CONTRATO CONTRARIANDO O SISTEMA DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR; (v) 
possibilidade de aplicação de ofício – exemplo da desconsideração da personalidade 
jurídica e a inversão do ônus da prova (o juiz pode aplicar as normas do direito do 
consumidor independente de requerimento dele no processo). 
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
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 . OBS: segundo o art. 18 do CDC, quando um produto tem vício, o fornecedor, 
como regra, tem o prazo de 30 (trinta) dias para sanar o vício. Todavia, esse prazo 
pode ser ampliado (não ultrapassando 180 dias) ou reduzido (no mínimo com prazo de 
7 dias). – MAS, PODE OCORRER DO PRAZO SER POSTERIORMENTE REDUZIDO PELO 
CÓDIGO = A INDERROGABILIDADE SÃO APENAS DAS NORMAS QUE PROTEGEM O 
CONSUMIDOR, DE TAL FORMA QUE PODEM SER AMPLIADAS, O QUE NÃO PODE 
OCORRER É RESTRIÇÃO. 
. O CDC foi editado para regular as relações jurídicas de consumo, e não qualquer 
relação jurídica. 
3) POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO: 
. Relação jurídica: 
 . Sujeito ativo ------ BENS/PRESTAÇÕES ------- Sujeito passivo. 
. Relação de consumo padrão: quando numa determinada relação jurídica houver um 
vínculo entre fornecedor e consumidor, envolvendo produto/serviço. 
 . Consumidor -------- PRODUTO/SERVIÇO ------- Fornecedor. 
. Relação de consumo por equiparação: precisa investigar qual seria o fato propulsor. 
. Para aplicar o CDC é preciso estar diante de uma relação de consumo. 
4) CONSUMIDOR: 
. Conceito presente no art. 2° do CDC: 
 . Art. 2°: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final”. 
. Ente despersonalizado pode ser consumidor. – O Código não menciona, mas a 
doutrina e jurisprudência admitem. 
. Qualquer pessoa física pode ser consumidora independente da sua condição de 
vulnerabilidade. – Por outro lado, a Pessoa Jurídica precisa demonstrar sua 
vulnerabilidade (vulnerabilidade relacional) no caso concreto para ser considerada 
consumidora. 
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. No Código de Defesa do Consumidor não se tem apenas um conceito. – Tem-se um 
conceito no art. 2° (consumidor padrão), mas existem outros consumidores 
(consumidores por equiparação). 
. Relação de consumo padrão = envolve um consumidor padrão. 
. Relação de consumo por equiparação = envolve um consumidor por equiparação. 
. Para a relação de consumo padrão, é preciso que encontremos a configuração: 
consumidor – produto/serviço – fornecedor. 
. Para a relação de consumo por equiparação, sua caracterização bastará que atenda 
ao art. 2°, parágrafo único; art. 17 ou art. 29. – Não precisa que se atenda a 
configuração de consumidor-produto/serviço-fornecedor. 
. Teoria Finalista Clássica (também chamada de subjetiva ou 
minimalista): 
 . Se conforma com a destinação final fática ou destinação final meramente 
fática. - Reputa consumidor toda pessoa física ou jurídica que se vale de um bem como 
destinatário final fático e econômico. 
 . De fato, porque o bem será para o seu uso pessoal; consumidor final 
econômico porque o bem adquirido não será utilizado ou aplicado em qualquer 
finalidade produtiva, tendo o seu ciclo econômico encerrado na pessoa do adquirente. 
. Teoria Objetiva (maximalista): 
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
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 . A Teoria Maximalista, conforma-se com a destinação final fática (ou 
meramente fática), em que ser destinatário final fático é adquirir o bem para si próprio 
ou até mesmo para outro, mas sem ânimo de especulação, de obtenção de lucro. 
Assim, aquele que adquire o bem com o objetivo de repassá-lo para outrem 
onerosamente, não é 
. Teoria Finalista Mitigada ou Temperada ou Aprofundada: 
. Trata como consumidor toda pessoa física ou jurídica que se vale de um bem 
como destinatário final fático e econômico. Entretanto, prevê a possibilidade de 
mitigação da rigidez do caráter cumulativo nas hipóteses em que houver 
vulnerabilidade na relação travada entre o potencial consumidor e o potencial 
fornecedor, ocasião em que o bastará que a pessoa física ou jurídica seja tida como 
destinatária final fática para que seja reputada como consumidora. 
. Destinatário final fático é toda pessoa física ou jurídica que utiliza um bem ou 
serviço como último integrante da cadeia de consumo. Ou seja, é aquele que exaure 
em benefício próprio todo o potencial econômico do produto ou serviço, retirando-o 
de circulação. 
. Destinatário final econômico é toda pessoa física ou jurídica que se serve de 
um bem ou um serviço fora de uma atividade econômica. É aquele que não incorpora 
o bem ou serviço no processo produtivo de uma atividade prestada no mercado. 
. Predomina essa teoria em nosso ordenamento. 
. O STJ reconhece a Teoria Finalista Mitigada. - Cita-se, como exemplo, o caso 
do taxista que celebra um contrato de financiamento com uma instituição financeira 
para a aquisição de um veículo que será empregado em sua atividade profissional. 
Embora não seja ele o destinatário final do produto, poderá ser considerado 
consumidor por ser vulnerável (fática, jurídica e tecnicamente) frente ao fornecedor. 
 
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
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ação: 
. O CDC se preocupou com todas as fases da relação de consumo (pré-contratual, 
contratuale pós-contratual), assim como com toda e qualquer repercussão que 
possa resultar de uma relação de consumo; por tal razão, não limitou o legislador o 
conceito de consumidor destinatário final estampado no caput, do artigo 2º, do CDC, 
equiparando a consumidores outras pessoas que, a princípio, não seriam 
beneficiadas pelo CDC, mas cuja ausência de equiparação acarretaria em um abismo 
na proteção de direitos. 
 
. Assim, encontramos três outros conceitos de consumidores, não destinatários 
finais, mas, sim, elevados por equiparação à categoria de consumidores, merecendo, 
assim, a proteção estampada na legislação consumerista, sendo eles: a coletividade 
de pessoas (parágrafo único do art. 2º do CDC), as vítimas do acidente de 
consumo (art. 17 do CDC) e as pessoas expostas às práticas comerciais (art. 29 do 
CDC). 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608698/artigo-2-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608666/par%C3%A1grafo-1-artigo-2-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608698/artigo-2-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 
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. Consumidor-coletividade: A norma do referido artigo estabelece, portanto, que 
toda e qualquer pessoa, tão somente pela possibilidade de estar exposta a alguma 
prática comercial, é considerada como consumidor. Desta maneira, independente 
aferir quantas e quais são essas pessoas, ou mesmo, a norma traz um conceito 
difuso. 
 
 
 
 
 
 
. Consumidor-vítima: é o chamado acidente de consumo = todo evento no ciclo que se 
inicia com a produção e vai até o consumo final, e que ocasiona danos ao consumidor. 
 
 
 
 
 . Assim, se alguém for atropelado em razão de falha no sistema de freios do 
veículo, poderá, em razão do acidente de consumo, promover ação em face da 
montadora, para reparação de seu prejuízo. 
 . Tal raciocínio se mostra correto à medida que, como dito, embora não tenha 
qualquer relação com a montadora, teria este terceiro direito de ter seus danos 
integralmente reparados, contudo, não havendo tal equiparação, apenas seria 
admitido o fundamento na responsabilidade civil decorrente do ato ilícito posto 
no Código Civil (arts. 186 c/c 927, ambos do CC) que tem como premissa a 
responsabilidade subjetiva. 
 . Avião que cai uma turbina em lugar habitável e que ocasiona lesões em 
algumas pessoas que estavam na região. – Essas pessoas serão consumidoras por 
equiparação. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10718759/artigo-186-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677854/artigo-927-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
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. O CDC para esta situação – responsabilidade pelo fato do produto (art. 12, CDC) em 
razão do risco da atividade desenvolvida pelo fornecedor, este absorve pelo lucro 
almejado o prejuízo decorrente da insegurança de seus produtos que geram 
prejuízos aos consumidores, de forma objetiva, ou seja, independentemente da 
aferição da culpa em sentido amplo, bastando a existência dos elementos essenciais 
do dever de indenizar (fato, dano e nexo de causalidade). 
 
. Assim, não fosse a equiparação posta o terceiro vitimado pelo acidente de 
consumo, estaria em desvantagem ao ter que provar a culpa do fornecedor, 
enquanto o consumidor destinatário final igualmente prejudicado não necessitaria, 
além de todas as demais vantagens que a lei consumerista garante ao consumidor 
por ser tido como vulnerável no mercado de consumo. 
 
. Podemos exemplificar, também, a aplicação do art. 17 do CDC no caso da trágica 
explosão que ocorreu no shopping Osasco, no Estado de São Paulo. No dia 11 de 
junho de 1996, véspera do Dia dos Namorados, uma explosão na praça de 
alimentação do Osasco Plaza Shopping matou 42 pessoas e feriu 472. Todos os 
prejudicados pela explosão tiveram seus direitos protegidos à luz do CDC, por serem 
considerados consumidores por equiparação. 
. Consumidor-exposto às práticas comerciais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606811/artigo-12-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605721/artigo-17-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
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5) Fornecedor: 
. Não existe fornecedor padrão ou por equiparação. – Ou se é fornecedor na forma do 
caput do art. 3° do CDC, ou não haverá. 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem 
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou 
prestação de serviços. 
 
. Pelo conceito, podemos fazer algumas observações: 
a) O Estado poderá ser considerado fornecedor, eis que fornecedor é “toda 
pessoa (...) pública ou privada (...); 
b) A massa falida, a sociedade de fato, o espólio, os camelôs, igualmente, 
podem ser considerados fornecedores, tendo em vista que são entes 
despersonalizados; 
c) A enumeração das atividades é exemplificativa. Assim, qualquer outra 
atividade, não prevista em lei, que representar a colocação de produtos ou a prestação 
de serviços no mercado de consumo, poderá ser considerada para se reconhecer a 
figura do fornecedor. 
. Há alguma atividade econômica que não caracterize a atividade de fornecedor? O 
elenco do caput do art. 3° se esgota ali? Ele é capaz de abrigar qualquer atividade 
econômica. 
. Produção engloba qualquer atividade primária, seja o extrativismo (como a 
mineração), a atividade industrial ou pecuária. 
. Montagem é uma espécie de atividade industrial, que recai sobre produto pré-
industrializado. 
. Transformação a atividade industrial recai sobre a matéria prima (indústria que 
produz fios de cobre, por exemplo). 
. Pessoa jurídica de direito público pode ser fornecedor. 
 DIREITO DO CONSUMIDOR – PROFESSOR AURISVALDO – 2021.2 
 
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. Pessoa jurídica sem fins lucrativos pode ser fornecedor? Sim, como o exemplo das 
Obras Sociais Irmã Dulce, Fundação José Carvalho, Fundação José Silveira (proprietária 
do hospital Santo Amaro) etc. 
 . OBS.: as pessoas jurídicas sem fins lucrativos, inclusive as que ostentam a 
certificação de filantrópicas, podem ser abrigadas pelo conceito de fornecedoras, caso 
forneçam no mercado, com certa habitualidade e especialidade, produto ou serviço, 
mediante remuneração. 
. Observe o Resp. 519.310/SP, em que o STJ manifestou-se sobre a possibilidade de 
entidades beneficentes ou filantrópicas prestarem serviços: 
Processual civil. Recurso especial. Sociedade civil sem fins lucrativos 
de caráter beneficente e filantrópico. Prestação de serviços médicos, 
hospitalares, odontológicos e jurídicos a seus associados.Relação de 
consumo caracterizada. Possibilidade de aplicação do Código de 
Defesa do Consumidor. Para o fim de aplicação do Código de Defesa 
do Consumidor, o reconhecimento de uma pessoa física ou jurídica 
ou de um ente despersonalizado como fornecedor de serviços atende 
aos critérios puramente objetivos, sendo irrelevantes a sua natureza 
jurídica, a espécie dos serviços que prestam e até mesmo o fato de se 
tratar de uma sociedade civil, sem fins lucrativos, de caráter 
beneficente e filantrópico, bastando que desempenhem determinada 
atividade no mercado de consumo mediante remuneração. Recurso 
especial conhecido e provido. 
 
. Ressalta-se que a atividade deve estar relacionada à atividade principal do 
fornecedor. Assim, por exemplo, a finalidade principal de uma universidade é a 
prestação de serviços educacionais. Quando a universidade vende um carro, usado em 
seu serviço administrativo, para adquirir outro, não será considerada fornecedora, pois 
não habitualidade na sua conduta. 
. Qualquer pessoa jurídica ou física, pública ou privada, nacional ou estrangeira, podem 
ser fornecedores. 
. A condição de fornecedor é caracterizada pela habitualidade (elemento anímico). – 
Aquele que exerce uma atividade econômica qualquer de maneira eventual, não atual, 
não é fornecedor. 
. Quando se analisou o conceito de consumidor, vimos que o elemento nuclear (o mais 
importante) era a expressão “destinatário final”. Há, da mesma forma, no conceito de 
fornecedor um elemento nuclear, qual seja: “desenvolvem atividade”. 
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. Deve existir: 
. Habitualidade – é a atividade exercida de forma reiterada, não apenas 
eventualmente. 
. Especialização – é o domínio da técnica, colocando o fornecedor em situação 
de superioridade em relação ao consumidor. 
. Finalidade econômica – é a contraprestação. Não se confunde com finalidade 
lucrativa. 
6) Produto: 
. Produto é: 
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
. Há bens que não são suscetíveis a relações de trocas. – Exemplo: a vida, que é um 
bem jurídico, mas não pode ser objeto de alienação; integridade física etc. – NÃO 
PODEM SER PRODUTOS, NÃO SE CARACTERIZAM COMO PRODUTOS. 
. Quando o §1° diz que produto é qualquer bem, isso deve ser entendido com uma 
ressalva: “qualquer bem, SUSCETÍVEL A TROCA”. 
. A onerosidade do fornecimento não integra o conceito de produto. 
 . Exemplo: amostra grátis de um cosmético. – Se você usou em casa e teve uma 
reação no couro cabeludo, há relação de consumo? Sim. 
. Há projeto no Congresso objetivando deixar claro que o fornecimento de produto a 
título filantrópico não constitui relação de consumo. 
 . Isso é diferente do fabricante/loja que dá amostra grátis, da padaria que faz 
degustação de pães, do supermercado que faz degustação de vinhos. Isso não é 
filantropia, é marketing = CONFIGURA RELAÇÃO DE CONSUMO. 
. OBS: Claramente, observa-se que o conceito de produto é amplo, abrangendo 
qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial (ambiente virtual). Em virtude do 
diálogo das fontes, como o CDC não traz o que é um bem móvel ou imóvel, utilizam-se 
os arts. 79 a 84 do CC. 
7) Serviço: 
. Serviço é a atividade fornecida no mercado mediante remuneração. 
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§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as 
de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter 
trabalhista. 
 
. A relação entre empregado x empregador, embora seja efetuada mediante 
remuneração, não configura relação de consumo. – MAS, mais além, o que se diz é: 
incidindo o direito do trabalho, não se incide a relação do CDC. 
. A relação de consumo quando envolver fornecimento de serviço, este 
necessariamente se dará a título oneroso? Não. 
. A remuneração que caracteriza a relação de consumo, tanto pode ser direta quanto 
indireta. 
 . Remuneração direta é aquela que se refere diretamente ao produto ou 
serviço. - identifica-se a contraprestação pecuniária do consumidor diretamente ao 
fornecedor. - Por exemplo, o consumidor vai até o fornecedor (loja) e adquire um 
sapato. 
 . A remuneração indireta é a forma de pagamento onde o fornecedor recebe 
outras vantagens, diversas do pagamento direto através da entrega de um bem, como 
a realização futura de um negócio, a angariação de novos clientes, ou a divulgação de 
um produto ou marca. – O fornecedor obtém a remuneração não diretamente do 
consumidor. Cita-se, como exemplo, o uso de redes sociais, bem como as milhas dos 
cartões de crédito. 
 . O STJ, no Resp. 566.468/RJ, firmou entendimento de que é possível que haja 
remuneração indireta, vejamos um trecho do julgado: Inexiste violação ao art. 3.º, § 
2.º, do Código de Defesa do Consumidor, porquanto, para a caracterização da relação 
de consumo, o serviço pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneração 
obtida de forma indireta. 
. A FILANTROPIA NÃO CARACTERIZA RELAÇÃO DE CONSUMO. 
. Cirurgias filantrópicas = não quer dizer que não haverá responsabilidade, o que se diz 
é que esta ocorrerá com base no Código Civil e não no CDC. 
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. OBS: os serviços públicos custeados pelos impostos, não caracterizam relação de 
consumo = porque não são prestados mediante remuneração. – Exemplo: saúde 
pública, educação pública. 
 . Imposto = quem paga imposto, não está pagando por serviço específico, já 
que é um tributo desvinculado. 
. OBS: serviços remunerados por tarifas (já é remuneração) = incide a relação de 
consumo. – Energia elétrica, telefonia, fornecimento de água, transporte público etc. 
. OBS: A atividade profissional deve ser desenvolvida no mercado de consumo, espaço 
de negócios não institucional no qual se desenvolvem atividades econômicas próprias 
do ciclo de produção e circulação dos produtos ou de fornecimento de serviços. 
. Serviços bancários, após discussões antigas, restou claro que SOFREM INCIDÊNCIA DO 
DIREITO DO CONSUMIDOR. – Até pela explicitude do parágrafo 2° do art. 3°, CDC. – O 
próprio STF já se manifestou sobre a constitucionalidade do §2º do art. 3º do CDC, na 
ADI 2591. 
. Súmula 297 do STJ – O CDC é aplicável as instituições financeiras. 
. Serviços advocatícios não configuram relação de consumo. – Hoje o entendimento do 
STJ foi pacificado quanto a isso, porque dizem “não se trata de atividade fornecida no 
mercado, pois advogado não pode fazer publicidade, têm legislação própria”. 
 . O professor discorda desse entendimento, porque plano de saúde também 
tem legislação própria e é regido pelo CDC; médicos também não tem atividade 
fornecida no mercado, mas é regido pelo CDC. 
. Contratos de crédito educativo também não são regidos pelo CDC, como o exemplo 
do FIES. 
 . Essa regra vale apenas para crédito educativo subsidiado pelo governo 
federal. – Ou seja, para financiamento próprio da faculdade irá sim incidir. 
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. Relação condominial (neste caso haveria um rateio de despesas, e não uma prestação 
de serviços propriamente), locação predial urbana, Previdência privada complementar 
fechada (Súmula 563) – TAMBÉM NÃO SOFREM A INCIDÊNCIA DO CDC. 
Súmula 563-STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às 
entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos 
contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas. 
 
DPE/BA (2016 – FCC) – O CDC aplica-se às entidades abertas de 
previdência complementar e aos serviços remunerados prestados uti 
singuli, mas não se aplica às entidades fechadas de previdência 
complementar e nem aos serviços públicos uti universi.. Financiamento habitacional sofre incidência do CDC, com exceção dos que são 
regidos pela FCVS (Fundo de Compensação de Variação Salarial). 
. Plano de saúde de autogestão (destinado a um público determinado), como o CASSI, 
não sofrem incidência do CDC. 
 
 
 
 
 
 
 
O CDC: UMA NORMA PRINCIPIOLÓGICA 
 
1) Introdução: 
. O CDC é uma lei principiológica. 
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 . O CDC é uma lei principiológica, tendo em vista que consagra os princípios que 
devem ser seguidos em todas as relações de consumo. 
. As normas contidas no CDC possuem dicção aberta e procuram estabelecer 
parâmetros aptos a incidir com a maior amplitude possível nas relações jurídicas que 
contêm a presença de parte vulnerável identificada como consumidor. 
. Essa característica, aliada ao reconhecimento do CDC como microssistema, 
demanda que a interpretação de qualquer lei que afete a relação consumerista seja 
feita sob a óptica do CDC; e passa a ser ressaltada quando se tem em vista a influência 
exercida pela adoção da teoria do diálogo das fontes, que será estudada adiante. 
. Espécies de normas (Ronald Workin): 
 . Regra: descrição objetiva de uma conduta; positivação por explicitude 
(sempre explícitas, é preciso que haja previsão); aplicação excludente (incidindo uma 
regra, outra não existe). 
 . Princípios: valores agasalhados pelo sistema; positivação por explicitude ou 
implicitude (pode-se retirar um princípio da explicitude do sistema, mas ele também 
pode não estar explícito); admitem aplicação simultânea e coordenada (pode se aplicar 
simultaneamente mais de um princípio). 
2) Princípio da Vulnerabilidade: 
. É o principal princípio do sistema de defesa do consumidor. 
 . Vulnerabilidade consiste no estado de fraqueza, fragilidade do consumidor. – 
O consumidor é vulnerável porque ele é frágil. 
. Vulnerabilidade do CDC é multifacetária (não se expressa apenas no campo 
econômico), diferente da hipossuficiência do Direito do Trabalho (é apenas referente 
ao campo econômico). 
. Princípio constitucional implícito (pode ser inferido por implicitude nos arts. 5°, XXXII; 
170, V; e 48 ADCT) e infraconstitucional expresso (encontra-se menção expressa a esse 
princípio no art. 4, inciso I, do CDC). 
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. Relação com o princípio da igualdade. 
. Espécies: 
. Econômica: não é a mais importante expressão da vulnerabilidade. 
 . É a mesma que se tem no tocante a hipossuficiência do Direito do Trabalho. 
. Técnica: o consumidor não detém de informações técnicas acerca dos produtos que 
ele consome. 
 . Essa é a principal espécie da vulnerabilidade. 
 . Ligada às hipóteses em que o consumidor desconhece especificidades técnicas 
do produto ou serviço que está contratando ou adquirindo. 
. Informacional: não depende de conhecimento técnico, são informações gerais. 
 . Dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no 
processo decisório de compra. 
. Jurídica: ocorre quando o consumidor dispõe de parcos conhecimento jurídicos sobre 
o produto ou serviço que está contratando ou adquirindo. 
. Fática: consumimos para satisfazer necessidades, e não porque queremos. 
 . Atrelada à análise de circunstâncias fáticas ligadas à contratação do serviço ou 
aquisição do produto (ex.: monopólio, possibilidade de escolha, situação de urgência, 
etc.) além da questão econômica. 
. Reflexos: 
. Ele é o próprio fundamento da tutela protetiva. – Consumidor é um sujeito de 
direitos vulnerável. 
. Interage com outros princípios, potencializando esses demais princípios (boa-fé, 
conservação dos contratos e outros). 
. Presunção X Necessidade de comprovação no caso concreto: 
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. Como regra, para pessoa natural, a vulnerabilidade é presumida. 
. Para a Pessoa Jurídica, é necessária a comprovação da vulnerabilidade no caso 
concreto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
. Hipervulnerabilidade: 
. Alguns consumidores não são apenas vulneráveis, são hipervulneráveis, seja por sua 
condição e/ou em razão do contrato. 
 
. Distinção da hipossuficiência: 
. Hipossuficiência no CDC é probatória, fundamentando a inversão do ônus da prova. 
. HIPOSSUFICIÊNCIA - Tem caráter processual e é presumida relativamente. Uma vez 
qualificada como consumidora, a pessoa será tida por hipossuficiente, incumbindo à 
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parte contrária demonstrar ausência de tal qualidade. A relevância do reconhecimento 
da hipossuficiência diz respeito à aplicação da inversão do ônus da prova, que será 
estudada adiante. 
. VULNERABILIDADE - Tem caráter material e é presumida absolutamente. Uma vez 
qualificada como consumidora, a pessoa será tida por vulnerável. 
3) Boa-fé objetiva: 
. Boa-fé subjetiva: 
. Estado psicológico. 
. Consciência de atuar conforme o direito, ainda que isso não seja a realidade. 
. É o contrário de má-fé. 
. Exemplos no CC: arts. 307, parágrafo único ; 309; 686; 1.214 e outros. 
. Boa-fé objetiva: 
 
 
 
 
 
 
 
. O contrário de boa-fé objetiva não é má-fé, é apenas a ausência desta. 
. Apenas a boa-fé objetiva é considerada como princípio. 
. Função interpretativa: preenche lacunas. 
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. Nesse plano, destaca-se o conteúdo do art. 113 do CCB, que estabelece 
diretrizes para a interpretação dos negócios jurídicos em alinhamento ao conteúdo 
que emana da boa-fé objetiva. Para Rosenvald e Chaves, essa função determina que “a 
leitura das cláusulas negociais privilegiará sentido que melhor conceda proteção à 
confiança”25 . A opção do legislador civilista pelo acolhimento da teoria da confiança 
(em contraposição à teoria da vontade e à teoria da declaração) é plenamente 
aplicável à interpretação contratual a ser realizada no microssistema consumerista, 
sendo reforçada pela função interpretativa da boa-fé objetiva e pelas disposições 
protetivas contidas no CDC (arts. 6º, II a V; 9º; 25; 30; 31; 35; 46 a 54). 
. Portanto, a interpretação dos contratos consumeristas, em especial nas 
hipóteses de lacuna, deve ser realizada a partir de “standards” de conduta 
razoavelmente traçados a partir das práticas comerciais, visando a preservação da 
finalidade econômico-social do negócio jurídico, sempre levando em conta a 
vulnerabilidade do consumidor. 
 
 
 
 
 
. Função criadora de deveres: deveres anexos de cooperação, cuidado, informação. – A 
violação constitui inadimplemento independente de culpa. 
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. Função limitadora do exercício de direitos: direitos devem ser exercidos conforme a 
boa-fé (caso contrário, consiste em abuso de direito). 
 
 
 
 
 
 
 
 
4) Conservação dos contratos: 
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. É um princípio implícito. 
. Cláusulas abusivas são nulas de pleno direito (nulidade absoluta) – diante de uma 
cláusula nula, em consonância ao Direito Civil, o que o juiz faz? Pronuncia/declara a 
nulidade, ele não pode conservar um contrato nulo. Por outro lado, no Direito do 
Consumidor, o juiz não está adstrito a declaração de nulidade, ele pode rescrever o 
contrato, conservá-lo e/ou até mesmo estabelecer direitos e obrigações que as partes 
antes não previram. 
. Diante dos vícios redibitórios, no Direito do Consumidor, este pode exigir a 
substituição do produto, implicando na conservação do contrato. 
. OBS: o consumidor quando contrata algo objetiva satisfazer uma necessidade sua, via 
de regra precisa daquele contrato,então isso justifica tudo isso. 
. CDC diz no art. 51, § 2º, que a nulidade de uma cláusula contratual abusiva não 
invalida o contrato, exceto quando da ausência dessa cláusula, apesar dos esforços de 
integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. Portanto, o diploma 
consumerista adota a mesma linha do Código Civil que estabelece, em seu art. 184, 
que “respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não 
prejudicará o negócio jurídico na parte válida, se for possível fazer essa separação 
entre a parte inválida e a parte válida.” 
. Assim, diversamente do que possa aparentar eventual demanda que decorra 
da condição de hipossuficiente do consumidor, a nulidade de cláusulas contratuais em 
contratos submetidos ao CDC não implica na anulação total da avença. 
5) Princípio da transparência: 
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. Alguns (grande maioria) entendem que é um princípio autônomo, para outros é um 
reflexo do princípio da boa-fé. 
. Isso reflete no dever de informação contratual (o consumidor tem o direito de 
conhecer previamente o conteúdo do contrato) + dever de redação clara dos 
contratos. 
. A Política Nacional das Relações de Consumo busca, dentre outros objetivos, 
assegurar a transparência das relações de consumo, conforme o art. 4º, caput, do CDC. 
Pretende o legislador, a partir da positivação desse princípio, oportunizar às partes 
envolvidas na relação consumerista amplo acesso às informações que envolvam o 
produto ou serviço negociado, desde sua fabricação ou execução, passando por sua 
comercialização, utilização e vida útil. 
. O consumidor, portanto, é titular do direito de exigir toda informação que julgue 
necessária à avaliação do produto ou serviço, bem como acerca do contrato que 
envolva a negociação em si. O fornecedor, por seu turno, encontra-se obrigado a, de 
acordo com a boa-fé objetiva, expor de maneira clara e adequada todas as 
informações que envolvam o produto ou serviço que coloque no mercado. 
. Tais diretrizes são reforçadas pelos arts. 6º, III e 31 do CDC, sendo que este último 
adjetiva a informação exigida do fornecedor como “corretas, claras, precisas, 
ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, 
quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros 
dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos 
consumidores.” 
. São exemplos de aplicação desse princípio: 1) vedação de cláusulas dúbias em 
prejuízo do consumidor (art. 47 do CDC); 2) Súmula 402 do STJ: “O contrato de seguro 
por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa de 
exclusão”; 3) aplicação da teoria da aparência na cadeia de consumo (REsp 1077911). 
. Como se percebe, o espectro de atuação do princípio da transparência é amplo, 
informando a relação consumerista em sua fase pré-contratual (ex.: exigências 
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contidas na seção relativa à proteção à saúde e segurança –– arts. 8º a 10 do CDC), 
contratual (ex.: princípio da oferta –– art. 30 do CDC) e pós-contratual (art. 10, § 1º do 
CDC). 
. Exemplo: contrato que dizia “se o sinistro for decorrente de culpa grave do segurado, 
a seguradora se exime da sua obrigação”. 
 . Culpa grave = termo técnico que até os juristas divergem do que seria. Alguns 
dizem que somente o dolo seria culpa grave, outros dizem que imprudência seria etc. 
 . A médica desse caso tinha dado uma “roubadinha” no trânsito, uma pequena 
contramão para evitar fazer um retorno longínquo. – A seguradora alegou culpa grave, 
com incorreu em infração gravíssima. – O juiz determinou que deveria ser pago sim, 
pois violou o dever de informação contratual, ela assinou mas não teve acesso prévio a 
apólice; a redação não foi clara, pois o seria uma culpa grave? Resultado = essa 
cláusula foi considerada nula, e a seguradora obrigada a cumprir com sua obrigação. 
6) Princípio da prevenção de danos e efetiva prevenção de danos: 
. Dentre os direitos básicos do consumidor, o art. 6º, VI, estabelece que o consumidor 
tem direito à efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos. Cuida-se de previsão legal que estabelece a reparação 
integral como diretriz a ser seguida pelo intérprete, visando a ampla reparação do 
dano eventualmente experimentado, em qualquer de suas vertentes, como forma, 
inclusive, de prevenir a ocorrência de novas violações (função dissuasória). 
. No Direito Ambiental o que se chama de precaução, aqui chamamos de efetiva 
prevenção. 
 . Princípio da prevenção de anos é o mesmo direito da prevenção do Direito 
Ambiental. 
. Princípio da prevenção = age quando há certeza da insegurança. 
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 . Quando há CERTEZA da insegurança, todos os cuidados devem ser tomados 
para atender e proteger os direitos dos consumidores. – Isso pode explicar em dar 
determinada informação, tirar algum produto do mercado etc. 
 . AQUI O PRODUTO É INSEGURO tecnicamente/cientificamente. 
. Princípio da efetiva prevenção ou precaução = age quando há incerteza da segurança. 
 . Há uma incerteza técnica/científica da segurança do produto. 
 . Quando há INCERTEZA da insegurança, deve se agir como se certeza tivesse da 
insegurança, devendo se tomar os mesmos cuidados ditos anteriormente, a depender 
de cada caso concreto, para salvaguardar os direitos do consumidor. 
. Risco aceitável = informar, minimizar os riscos. 
 . Exemplo: brinquedos que tem partes tão pequenas que poderiam ser 
engolidas pelas crianças, mas aí colocam na caixa qual a faixa etária permitida para o 
seu uso. 
7) Equidade: 
. Igualdade material. 
. Existe uma discussão se de fato esse princípio existe, ou se seria apenas outro lado do 
princípio da vulnerabilidade. 
8) Outros princípios: 
. Princípio da efetiva reparação de danos – art. 6°, VI, CDC. – Todo esforço deve ser 
voltado para reparar de maneira efetiva os danos sofridos pelos consumidores. 
. Princípio da Repressão Eficiente dos Abusos – art. 4°, VI, CDC. – 
 . CDC, Art. 4º, VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados 
no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de 
inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que 
possam causar prejuízos aos consumidores. 
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. Princípio da Harmonização do mercado de consumo – art. 4°, III, CDC. 
 . Nos termos do art. 4º, III do CDC, o direito consumerista pátrio tem como 
princípio de alto relevo a “harmonização dos interesses dos participantes das relações 
de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de 
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais 
se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na 
boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores”. Embora seja 
claro que a estrutura do diploma consumerista se dá a partir do reconhecimento do 
consumidor como parte vulnerável e protagonista, o legislador deixa claro, ao elencar 
os princípios que regem o CDC, a existência de norte interpretativo que demanda a 
harmonização dos interesses entre a defesa do consumidor e o desenvolvimento 
econômico. A tensão entre o setor produtivo e a representação de interesses dos 
indivíduos que compõem o mercado, comumente representados pelo Estado, 
manifesta-se corriqueiramente em economias de mercado que adotam o sistema 
capitalista como forma de organização da produção, opção que mais se adequa ao 
sistema constitucional brasileiro. José Geraldo Brito Filomeno,ao comentar o princípio 
da harmonização, identifica três grandes instrumentos como caminhos de sua 
efetivação: 1) o sistema de SACs (Sistemas de Atendimento ao Consumidor), 
regulamentado pelo Decreto nº 6.523/2008 e pela Portaria 2.014/2008; 2) a 
convenção coletiva de consumo, prevista no art. 107 do CDC; e 3) a realização de 
“recalls” em observância ao art. 10 do CDC e Portaria 789/2001 do Ministério da 
Justiça. Dada a textura aberta contida no princípio da harmonização e sua inegável 
inserção na tensa relação entre participantes de mercados e intervenção estatal na 
economia, pode-se dizer que esse princípio é uma das primeiros e mais relevantes 
“portas de entrada” à realização das teorias que examinam a relação entre direito e 
economia. 
 
 
 
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