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Pneumologia Nathállia Machado Tut 01 – Med FTC 22.1 Fibrose Cística Tratamento Fibrose Cística O tratamento da Fibrose Cística é complexo, já que se trata de uma doença com comprometimento multissistêmico e crônico, necessitando de um tratamento abrangente e eficaz que resulte em um aumento da expectativa de vida dos pacientes. Pode ser classificado em: Tratamento Não-Medicamentoso Tratamento Medicamentoso Não Medicamentoso Fisioterapia Respiratória: ➔ É recomendada a todos os pacientes com FC, mesmo quando assintomáticos. Atividade Física Regular: ➔ Deve ser recomendado a todos os pacientes com FC nas diferentes faixas etárias, com frequência de 3-5 vezes na semana. Pacientes com FC apresentam limitação progressiva ao exercício físico e redução das atividades diárias, e a principal causa dessa intolerância está associada a redução da capacidade e da reserva ventilatória, perda da massa muscular esquelética e diminuição da função cardiovascular. A atividade física regular é importante para a manutenção da capacidade funcional e da função pulmonar. Pacientes com FC mais ativos apresentam melhor condicionamento físico, função pulmonar normal e melhor qualidade de vida. Nutrição: ➔ O paciente deve ser acompanhado por um nutricionista e necessita de uma dieta hipercalórica, hiperprotéica e hiperlipídica, com reposição de vitaminas lipossolúveis e de sais minerais. Lactentes até 2 anos devem repor cloreto de sódio – NaCl diariamente para evitar desidratação hiponatrêmica. Tratamento medicamentoso O tratamento consiste em abordar as consequências da disfunção da CFTR nos diferentes órgãos. TGI Insuficiência Pancreática: enzimas pancreáticas são indicadas com o objetivo de aumentar a absorção de Pneumologia Nathállia Machado Tut 01 – Med FTC 22.1 gordura e demais nutrientes, reduzir a frequência evacuatória, melhorar a consistência das fezes e favorecer o ganho ponderal. Doença Hepática relacionada à FC – DHFC: recomenda-se vigilância e intervenção nutricional para os pacientes com DHFC. Anteriormente era recomendado o uso de ácido ursodesoxicólico (AUDC), mas estudos concluíram ausência de efeitos significativos do uso do medicamento na DHFC. Portanto, o medicamento não deve ser incorporado ao tratamento. Pulmão Nebulizações: o tratamento diário da FC deve incluir nebulizações, seja de solução isotônica, hipertônica ou de medicamentos. Essencial que todo paciente tenha nebulizador em domicílio, uma vez que o tratamento pode requerer mais de uma nebulização ao dia. ➔ Nebulização com cloreto de sódio devem ser realizadas de 2-3 vezes ao dia; ➔ A solução hipertônica atua como hidratante das vias aéreas, provoca tosse auxiliando na eliminação das secreções pulmonares. Reduz exacerbações respiratórias e melhoram a função pulmonar. – Deve ser precedida de BD, já que podem causar broncoespasmo. ➔ Aconselha-se FR após a nebulização para otimização do clareamento de secreções pulmonares. Alfadornase: solução contendo enzimas que clivam seletivamente DNA. É usada via inalatória com o objetivo de reduzir a viscosidade do muco das vias aéreas, facilitando a expectoração e desobstruindo as vias. Indicada a partir de 6 anos nos estágios iniciais da doença devido a sua ação anti- inflamatória. Deve ser considerada nos pacientes mais jovens com sintomas respiratórios persistentes ou evidências de doença pulmonar precoce (bronquiectasias). Tratamento de infecções respiratórias: O tratamento da erradicação (primeira ou precoce) por P. aeruginosa visa eliminar a bactéria e postergar a infecção crônica. Existem diversas estratégias, sem superioridade de uma em relação às outras. O uso de ATB via inalatória permite maior concentração do Pneumologia Nathállia Machado Tut 01 – Med FTC 22.1 medicamento nas vias e menor toxicidade sistêmica. O uso regular retarda a deterioração da função pulmonar em pacientes cronicamente infectados pelo P. aeruginosa. Tobramicina: ATB mais estudado, uso inalatório, recomendado acima dos 6 anos em paciente com infecção crônica, independente da gravidade da doença. Recomendação: terapia de supressão por 28 dias em meses alternados, a fim de evitar resistência bacteriana. Em casos graves, pode-se preconizar o uso contínuo ou alternância de ATB. Pode-se associar ou não ao uso de ciprofloxacino oral. Em casos selecionados, pode-se optar por ATB intravenoso por 2 semanas seguido de ATB inalatório. O sucesso da erradicação é definido como ausência da bactéria por 1 ano nas culturas subsequentes ao término do tratamento. Modulação da CFTR Moduladores de CFTR atuam diretamente na proteína CFTR defeituosa, restaurando sua funcionalidade e são indicados conforme a mutação do paciente. - Potencializadores: aumentam a função da proteína CFTR (classes III, IV e V). - Corretores: agem nos defeitos da proteína não expressa na membrana (classe II). Ivacaftor: é um medicamento potencializador que facilita o transporte de cloreto ao aumentar a probabilidade de abertura do canal. É indicado para pacientes acima de 6 anos que apresentam alguns tipos de mutação classe III. A associação de ivacatfor com lumacaftor (corretor) foi avaliada e não recomendada por insuficiência de evidências. Doença pulmonar avançada: oferecer as opções disponíveis no manejo da doença pulmonar avançada e os cuidados paliativos, com analgesia, sedação e conforto. Transplante pulmonar: Será indicado quando: ➔ Expectativa de vida prevista menor que 50% em 2 anos e com limitações funcionais classe III ou IV do NYHA; ➔ Pacientes adultos com VEF1 < 30%, distância percorrida no Pneumologia Nathállia Machado Tut 01 – Med FTC 22.1 teste de caminhada de 6 minutos menor que 400m; ➔ Piora clínica ou funcional acelerada; ➔ Pressão sistólica de artéria pulmonar > 35mmHg; ➔ Pacientes com episódios de pneumotórax ou hemoptise. Diabetes Pacientes com FC podem desenvolver diabetes e ter uma piora da função nutricional e da função pulmonar. Todo paciente > 10 anos devem realizar teste de tolerância oral anualmente. *TTOG de preferência em momento de estabilidade clínica, quando piora inexplicável do quadro, antes de transplante, quando em uso de corticoide sistêmico, antes e durante a gestação e quando em uso de alimentação enteral. O diagnóstico e tratamento são semelhantes ao diabetes não relacionado a FC. Doença Óssea A baixa densidade mineral óssea é comum na FC, podendo ocorrer desde a infância. Recomenda-se realizar a densitometria óssea a partir de 8 a 10 anos e repetir a cada 1-5 anos a depender da apresentação clínica. Doença dos Seios Nasais Orientar sobre a lavagem nasal de alto volume com cloreto de sódio diariamente -> auxilia na eliminação de secreções, melhora sintomas locais e previne complicações infecciosas. Pode-se usar soluções hipertônicas em casos refratários. Considerar tratamento com anti- inflamatórios, ATB e corticoide tópico. Imunizações: todo paciente com FC deve ser imunizado contra Hepatite B devido ao alto risco de hepatopatia relacionada à doença, assim como para influenza e pneumococo devido a doença pulmonar crônica. Esquemas Alfadornase (ampola de 2.5mg em 2.5mL de solução): 2.5mg uma vez ao dia com nebulizador. Tratamento contínuo, sem duração prévia definida. Paciente com exacerbação ou doença mais grave pode realizar duas inalações ao dia. ➔ Deve ser inalada, no mínimo, 30 minutos antes da FR para melhores resultados. Ivacaftor: paciente > ou = a 6 anos, pesando, pelo menos, 25kg. Recomendado uso contínuo. Pneumologia Nathállia Machado Tut 01 –Med FTC 22.1 ➔ Tomar 1 comprimido a cada 12h, dose diária total de 300mg. Interromper se paciente apresentar elevação de transaminases acima de 3x o valor limite superior da normalidade ou se os objetivos não forem alcançados em 3 meses de tratamento (redução de, pelo menos, 30mmol\L de cloreto no suor e aumento de VEF1 igual ou maior que 5% do valor prévio). Pancreatina: dose inicial depende do peso do paciente e pelo grau de ingestão de gordura da dieta. Uso contínuo com duração indefinida. Recomenda-se 500-1.000U lipase\Kg por refeição principal, aumentando se resposta não satisfatória (persistência da esteatorreia ou sem ganho ponderal suficiente). A dose máxima não deve ser maior que 2.500U\Kg\refeição de lipase, risco de colonopatia fibrosante. Tobramicina: ampola de 300mg, inalada duas vezes ao dia por 28 dias após FR. Nebulizar com BD antes da tobramicina para prevenir broncoespasmo. Administrar após a FR para melhor resultado. O tratamento deve ser realizado por 28 dias, se bactéria encontrada após esse período, pode repetir o tratamento. O tratamento da colonização crônica deve ser feito em ciclos de 28 dias com períodos sem medicação de forma alternada. Suspender tratamento se paciente sem P. aeruginosa em culturas por um período de 1 ano. Monitoramento Recomenda-se monitorizar a resposta terapêutica com controle clínico periódico a cada 2 a 3 meses. Avaliar em cada consulta as doses de uso, nebulizador utilizado e se o paciente está seguindo as recomendações de limpeza e desinfecção, horário da administração dos medicamentos, efeitos adversos. A coleta de secreção respiratória para cultura pode ser realizada nas consultas, com intervalo máximo de 3 meses, nas exacerbações pulmonares agudas e após o tratamento de erradicação do patógeno. Recomenda-se triagem anual para micobactérias e fungos para pacientes que expectoram ou quando a evolução clínica é desfavorável. Realizar espirometria pré e pós BD a partir dos 5 anos em toda visita Pneumologia Nathállia Machado Tut 01 – Med FTC 22.1 clínica ou, no mínimo, duas vezes ao ano. Pacientes com FC possuem maior risco de câncer colorretal e necessitam de rastreio precoce. Corticoide inalatórios na FC ➔ Não existem evidências que suportem o uso de CI na FC de forma rotineira, mas pode-se utilizar em pacientes com asma associada. ➔ O uso crônico de corticoides orais não é recomendado pelo risco de efeitos adversos significativos, como aumento do risco de diabetes e retardo do crescimento. Broncodilatadores Estudos mostraram benefícios somente em pacientes com hiper- responsividade brônquica comprovada ou diagnóstico de asma. Em paciente asmático é recomendado o uso de BD associado a CI.
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