Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tamires Lima dos Santos Direito Internacional Direito Internacional Público e Privado – Paulo Henrique Gonçalves Portela → Origem O entendimento clássico é o de que a sociedade internacional é formada apenas por Estados soberanos, noção vinculada à Paz de Vestfália, celebrada no século XVII, quando o ente estatal se estabeleceu como detentor do monopólio da administração da dinâmica das relações internacionais da sociedade que governava. A partir do século XX, as organizações internacionais também passaram a ser vistas como parte da ordem internacional. Formou-se, assim, uma visão do Direito Internacional Público como voltado apenas à regulamentação do relacionamento entre os Estados e os organismos internacionais, ou somente dos entes estatais entre si, visto que, na realidade, as próprias organizações internacionais são criadas e compostas por Estados. → Conceito Por Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva e Hildebrando Accioly: ‘’o conjunto de normas jurídicas que regulam as relações mútuas dos Estados e, subsidiariamente, as demais pessoas internacionais, como determinadas organizações e indivíduos.’’ → Divisão → As relações internacionais observadas sobre o prisma jurídico As relações internacionais caracterizam-se pela complexidade, pois são entendidas como uma teia de laços que entrelaçam pessoas jurídicas e naturais que perpassam as fronteiras nacionais. O Direito Internacional Público Privado Regula relações entre particulares Normas jurídicas internacionais. Tutela não só vínculos estabelecidos entre os Estados e organizações internacionais, mas também uma gama de questões de interesse dos indivíduos. Atores internacionais: Estados; Organizações Internacionais intergovernamentais; Indivíduos; ONGs e empresas transnacionais. universo do relacionamento internacional envolvia somente os Estados em sua percepção tradicional, no entanto, na atualidade, abrange um rol variado de atores, que inclui também as organizações internacionais, as ONGs, as empresas e os indivíduos, dentre outros, que formam a sociedade internacional, cuja dinâmica é pautada por diversos fatores como, política, economia, geopolítica, poder militar, cultura e por fim, aos interesses, necessidades e ideais humanos. Um dos elementos que permitem a evolução da vida internacional é o Direito, especialmente o Direito Internacional Público, ramo da Ciência Jurídica que visa a regular as relações internacionais com vistas a permitir a convivência entre os membros da sociedade internacional e a realizar certos interesses e valores. → Sociedade internacional Um conjunto de vínculos entre diversas pessoas e entidades interdependentes entre si, que coexistem por diversos motivos e que estabelecem relações que exigem a devida disciplina. A sociedade apoia-se na vontade de seus integrantes, que decidiram se associar para atingir certos objetivos que compartilham. É marcada, portanto, pelo papel decisivo da vontade, como elemento que promove a aproximação dos seus membros, e pela existência de fins, que o grupo pretende alcançar. É comum confundir os termos ‘’sociedade internacional’’ e ‘’comunidade internacional’’ mas a doutrina os diferencia: Sociedade internacional Comunidade internacional Aproximação e vínculos intencionais Aproximação e vínculos espontâneos Aproximação pela vontade Aproximação por laços culturais, religiosos, linguísticos etc. Objetivos comuns Identidade comum Possibilidade de dominação Ausência de dominação Interesses Cumplicidade entre os membros → Características da sociedade internacional Universalidade: abrange o mundo inteiro, mesmo que o nível de integração de alguns de seus membros não seja tão profundo; Heterogeneidade: inclui atores que podem apresentar diferenças entre si, de cunho econômico, cultural etc. Descentralização: não há um poder central internacional, mas sim vários centros de poder; Proibição do uso da força: último recurso a ser empregado para resolução de conflitos; Coordenação: por causa da ausência de um poder central, seus membros precisam da coordenação dos seus interesses, evitando a subordinação; Horizontalidade: a falta de subordinação permite a soberania de todos os Estados, independência e autonomia. Humanização: o ser humano como centro de proteção. → Fundamentos • Teoria voluntarista: corrente doutrinária de caráter subjetivista, cujo elemento central é a vontade dos sujeitos de Direito Internacional. Para o voluntarismo, os Estados e organizações internacionais devem observar as normas internacionais porque expressaram livremente sua concordância em fazê-lo, de forma expressa ou tácita. O Direito Internacional repousa, portanto, no consentimento. • Teoria objetivista: a obrigatoriedade do Direito Internacional surge da existência de valores, princípios ou regras que se revestem de uma importância tal que delas pode depender o bom desenvolvimento e a própria existência da sociedade internacional. Nesse sentido, tais normas se colocam acima da vontade dos Estados e devem ser respeitadas por todos. • Teoria objetivista temperada: fundamenta o Direito Internacional na regra do pacta sunt servanda. É obrigatório por conter normas importantes para o desenvolvimento da sociedade internacional, mas que ainda dependem da vontade do Estado para existir. Assim, a partir do momento em que os Estados expressem seu consentimento em cumprir certas normas, devem fazê-lo de boa-fé. → Hierarquia entre normas de direito interno e internacional O Direito Internacional tem impacto direto no âmbito interno dos Estados. Com efeito, vários atos vinculados ao Direito das Gentes dependem de regras do ordenamento nacional, como a competência para a celebração de tratados. Com isso, em muitos casos, como no Brasil, as normas internacionais são incorporadas à ordem jurídica doméstica, facilitando sua aplicação nos territórios dos entes estatais. Entretanto, é possível que ocorram conflitos entre os preceitos de Direito Internacional e de Direito Interno, suscitando a necessidade de definir qual norma deveria prevalecer nessa hipótese. Em geral, a doutrina examina a matéria com base em duas teorias: o dualismo e o monismo. • Dualismo Premissa de que o Direito Internacional e o Direito Interno são dois ordenamentos jurídicos distintos e totalmente independentes entre si, cujas normas não poderiam entrar em conflito umas com as outras. Para o dualismo, o Direito Internacional dirige a convivência entre os Estados, ao passo que o Direito interno disciplina as relações entre os indivíduos e entre estes e o ente estatal. Ademais, a eficácia das normas internacionais não dependeria de sua compatibilidade com a norma interna, e o direito nacional não precisaria se conformar com o direito internacional. Vincula-se à ‘’teoria da incorporação’’, pela qual um tratado poderá regular relações dentro do território de um Estado somente se for incorporado ao ordenamento interno, por meio de um procedimento que o transforme em norma nacional. O ente estatal nega, portanto, aplicação imediata ao Direito Internacional, mas permite que suas normas se tornem vinculantes internamente a partir do momento em que se integrem ao Direito nacional por meio de diploma legal distinto, que adote o mesmo conteúdo do tratado, apreciado por meio do processo legislativo estatal cabível. OBS.: DUALISMO MODERADO ADOTADA PELO STF Pelo qual não é necessário que o conteúdo das normas internacionais seja inserido em um projeto de lei interna, bastando apenas a incorporação dos tratados ao ordenamento interno por meio de procedimento específico, distinto do processo legislativo comum, que normalmente inclui apenas a aprovação do parlamento e, posteriormente, a ratificação do Chefe de Estado, bem como, no caso do Brasil, um decreto de promulgação do Presidenteda República, que inclui o ato internacional na ordem jurídica nacional. • Monismo Premissa de que existe apenas uma ordem jurídica, com normas internacionais e internas, interdependentes entre si. Pelo monismo, as normas internacionais podem ter eficácia condicionada à harmonia de seu teor com o Direito interno, e a aplicação das normas nacionais pode exigir que estas não contrariem os preceitos de Direito das Gentes aos quais o Estado se encontra vinculado. Além disso, não é necessária a feitura de novo diploma legal que transforme o Direito Inter¬ nacional em interno. Para definir qual norma deverá prevalecer em caso de conflito, foram desenvolvidas duas vertentes teóricas dentro do monismo: o monismo internacionalista (ou “monismo com primazia do Direito Internacional”) e o monismo nacionalista (ou “monismo com primazia do Direito interno”): − Monismo internacionalista: Hans Kelsen. Direito das Gentes é a ordem hierarquicamente superior, da qual derivaria o Direito interno e à qual este estaria subordinado. Nesse sentido, o tratado teria total supremacia sobre o Direito nacional, e uma norma interna que contrariasse uma norma internacional deveria ser declarada inválida. Esta modalidade do monismo internacionalista é também conhecida como “monismo radical”. − Monismo nacionalista: Hegel. Prega a primazia do Direito interno de cada Estado. Funda menta-se no valor superior da soberania estatal absoluta. Os Estados só se vinculariam às normas com as quais consentissem e nos termos estabelecidos pelas respectivas ordens jurídicas nacionais. Em consequência, o ordenamento interno é hierarquicamente superior ao internacional e, com isso, as normas internas deveriam prevalecem frente às internacionais. O monismo internacionalista é a teoria adotada pelo Direito Internacional, como determina o artigo 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, que dispõe que “Uma parte não pode invocar as disposições de seu Direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado”. Com isso, as normas internacionais deveriam prevalecer sobre a própria Constituição do Estado. DUALISMO MONISMO Duas ordens jurídicas, distintas e independes entre si Uma só ordem jurídica Uma ordem jurídica internacional e outra interna Uma ordem jurídica apenas, com normas internacionais e internas Impossibilidade de conflito entre direito interno e internacional Possibilidade de conflito entre direito interno e internacional Necessário diploma legal interno que incorpore e o conteúdo da norma internacional: teoria da incorporação. Não há necessidade de diploma legal interno. → Fontes do Direito Internacional • Material: Fatores políticos, econômicos, culturais e sociais que condicionam a formação da norma jurídica. • Formal: Dão forma ao tratamento dado pela sociedade a determinado valor. São processos de criação de normas jurídicas e seu modo de exteriorização. Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça 1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar; 2. as convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 3. o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito; 4. os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 5. as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59. 6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono, se convier às partes. • Primária: Tratados, costumes e Princípios Gerais do Direito; • Secundária: Jurisprudência, doutrina, analogia, equidade, atos unilaterais dos Estados, decisões de organizações internacionais. OBS.: não há hierarquia entre as fontes! Exceções: • Art. 103 da Carta das Nações Unidas: No caso de conflito entre as obrigações dos Membros das Nações Unidas, em virtude da presente Carta e as obrigações resultantes de qualquer outro acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas em virtude da presente Carta. • Normas jus cogens: compreende o conjunto de normas imperativas aceitas e reconhecidas pela comunidade internacional, que não podem ser objeto de derrogação pela vontade individual dos Estados, de forma que essas regras gerais só podem ser modificadas por outras de mesma natureza. → Organização das Nações Unidas Corresponde a uma organização internacional a qual reúne países voluntariamente com a intenção de promover a paz, a cooperação e o desenvolvimento mundial. • Qual diploma a criou? A Carta das Nações Unidas. • Qual a sua função? A ONU tem o poder de discutir e tomar medidas necessárias para questões enfrentadas pela sociedade, como a questão da paz mundial, as mudanças climáticas, o desenvolvimento sustentável, os direitos humanos, o desarmamento, o terrorismo, a igualdade de gênero, a produção de alimentos, as emergências de saúde etc. • Qual a sua estrutura? Formada por: Assembleia Geral, Conselho de Segurança, Conselho Econômico e Social, Conselho de Tutela, Tribunal Internacional de Justiça e o Secretariado das Nações Unidas. https://brasilescola.uol.com.br/biologia/mudancas-climaticas.htm https://brasilescola.uol.com.br/geografia/desenvolvimento-sustentavel.htm https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/direitos-humanos.htm https://brasilescola.uol.com.br/historia/terrorismo.htm
Compartilhar