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DOENÇA HEMOLÍTICA PERINATAL AULA 6 – GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA III Ocorre uma anemia fetal decorrente da produção de anticorpos maternos contra hemácias fatais. O feto apresenta um grupo de antígenos em suas hemácias diferente do grupo antígeno da sua mãe. E isso vai estimular o sistema imune materno que tenta destruir essas hemácias que ele não reconhece como próprias da gestante. Essa destruição das hemácias fetais resulta em anemia no feto. Então, temos uma doença hemolítica perinatal. O feto e até o recém-nascido tem suas hemácias destruídas pelo sistema imune materno. A presença de anticorpos maternos contra os antígenos das hemácias fetais. Esses anticorpos destroem as hemácias que gera anemia fetal. → ABO e Rh 98% dos casos → Lewis, Kell, Duffy, Kidd, X, P, M, N e S. esses são antígenos que não são comuns e nem são exames obrigatórios no pre natal. Associado a hemotransfusão, não são graves. → Maior gravidade para incompatibilidade Rh. É uma incidência decrescente pois já tem descoberta da imunoglobulina anti-Rh. SISTEMA ABO → Forma mais comum de DHPN (25-30% das gestações). Os anticorpos contra o sistema AB0. Mas não resulta em uma doença grave. → A gestante tem um antígeno Anti-A ou Anti-B e o feto tem um anticorpo Anti-A ou Anti-B que tem suas hemácias destruídas. → A gestante não precisa de contato prévio para criar esse anticorpo, então cria ao longo da sua vida esse anticorpo Anti-A ou anti-B que acabam passando pela placenta e destruindo as hemácias. → Hemólise branda → A incompatibilidade com o sistema ABO protege contra incompatibilidade Rh. Protege contra a doença mais grave porque rapidamente quando essas doenças mais graves entram no sistema materno para sensibilizar a mãe, essas hemácias vão ser fagocitadas porque a mãe já vai ser sensibilizada previamente contra o ABO. Como nesse caso, a paciente não precisa de contato prévio para formar anticorpos Anti-A ou Anti-B, assim que o feto entra em contato com circulação materna, os anticorpos que já estão formados irão destruir as hemácias fetais. Já no Rh, precisa do contato prévio. Não se pede coombs indireto para incompatibilidade ABO já que as pacientes já possuem anticorpos naturais. E também não se faz imunoglobulinas. SISTEMA RH → Antígeno D, C, c, E, e. O antígeno D é o mais importante e é o que causa doença grave. → Só é presentes em hemácias Para criar o anticorpo Anti-D, anti-C ou Anti-E, precisa da hemácia do feto que tenha algum desses antígenos entra em contato com a circulação materna e vai ser sensibilizada contra as hemácias e os anticorpos cruzam a placenta para destruir as hemácias do feto. Então, precisa do contato prévio. FISIOPATOLOGIA PRIMEIRA GESTAÇÃO: Gestante Rh – e Parceiro Rh + e o feto Rh + → possibilidade de sensibilização do sistema imune materno e isso ocorre quando tem uma hemorragia fetomaterna (placenta previa, infecção congênita de toxoplasmose onde se faz um procedimento invasivo), assim, leva a entrada de sangue do feto na circulação materna. Quando tem entrada de sangue do feto que é Rh negativo entra na circulação materna que é Rh positivo, cria anticorpos e destrói hemácias fetais que possuem o antígeno D na sua superfície (mais comum). Nessa primeira gravidez, não vai ter muito problema porque a resposta inicial do sistema imune cria anticorpos IgM que não passam pela placenta. O problema é nas gestações subsequentes. SEGUNDA GESTAÇÃO: Temos os anticorpos já maduros e mais antigos que são do tipo IgG que passa a placenta. E vão destruir as hemácias. E levam a hemólise fetal. QUADRO CLINICO O que pode acontecer com o bebê? → Anemia fetal → Começa a fazer eritropoiese extramedular, cresce fígado, baço para compensar a anemia → Diminuição da viscosidade sanguínea → Hipercinesia com o aumento do debito cardíaco para compensar a anemia. → O bebe pode ficar hidrópico – inchaço porque ele perde os controles dos fluidos. Derrame de serosas e do tegmento → Óbito fetal Quando o IgG passa da mãe para o feto e destrói as hemácias, provocando hemólise, o feto começa a procurar outros sítios para produzir as hemácias e ai acontece a hematopoiese extramedular no fígado e no baço que gera um aumento desses. Pode evoluir para uma falência cardíaca e hepática (hipertensão porta e hipoproteinemia). Através de uma anamnese detalhada, a gente vê quem de fato tem fatores de risco que podem fazer a DHPN como histórias de transfusões (se for a primeira gestação, não se preocupa tanto, se preocupar mais com a profilaxia do que a doença em si). Só que se ela já fez DHPN, quer dizer que ela já tem anticorpos. Principalmente se for do mesmo pai da criança. Ela tem uma chance de 75% de fazer DHPN. Sempre avaliar a incompatibilidade do casal. DIAGNÓSTICO COOMBS INDIRETO: é um teste que colhe o sangue da gestante para avaliar se ela tem ou não anticorpos contra a hemácia. Esse teste vai dizer se a paciente já foi sensibilizada ou não. O teste de coombs marca o risco de desenvolver a doença e não sua gravidade. Deve fazer na gestante que é Rh negativo e parceiro Rh positivo. Se o coombs indireto for negativo: ela não criou anticorpo, não foi sensibilizada. Deve-se fazer o exame no início do pre natal e repetir com 28, 32, 36 e 40 semanas e repetir no pós-parto se tem casos de incompatibilidade Rh e coommbs indireto negativo. Coombs indireto positivo: < 1:8 – repetir o exame mensalmente até o parto. Quer dizer que a paciente teve contato com as hemácias fetais, criou anticorpos só que não são tão fortes, não são capazes de criar uma anemia grave no bebê. Coombs indireto > 1:8 – avaliação da anemia fetal. Pode ter uma anemia grave. Fazer amniocentese, dopller de ACM para investigar a anemia. COMO AVALIAR A ANEMIA? ESPECTOFOMETRIA: é uma forma de predição da anemia, só que ele é um exame invasivo que consiste em colher o liquido amniótico e avaliar a concentração e bilirrubina a partir da diferença da densidade ótica. Faz-se uma amniocentese, colhe o liquido amniótico. Foi abandonado porque é invasivo. CORDOCENTESE: outra forma de avaliação da anemia. Esse é o padrão ouro. Se suspeitamos de uma anemia fetal grave, faz a cordocentese. Também é um exame invasivo mas permite a dosagem da hemoglobina. Vai lá no cordão umbilical, colhe o sangue e faz o hematócrito. Quando tem um hematócrito < 30% - considera-se anemia fetal grave. A cordocentese permite, ainda, a terapêutica, pode transfundir o bebê através da cordocentese. É um exame difícil só é indicado quando há alteração na espectofotometria ou doppler. DOPPLERVELOCIMETRIA: MELHOR EXAME, NÃO É INVASIVO. → Rastreamento de escolha → Circulação hiperdinâmica de resposta Quando o feto faz anemia ele tem uma circulação hipodinamica de resposta, aumento do debito cardíaco, hipercinesia. Com o doppler, pega a A. cerebral média que está no polígono de wilis, calcula a velocidade do sague passando na artéria. <1,5 múltiplos da mediana: pode ter uma anemia, mas não é grave. >1,5 multiplos da mediana: grave. A partir de 20-24 semanas com coombs > 1:8. Já pode triar anemia. TRATAMENTO Se a paciente já tem coombs indireto positivo, não adianta mais fazer profilaxia, tem que investigar a anemia fetal. Quando no exame de rastreamento por exemplo a dopplerfluxemetria, e vi que esse bebê provavelmente tem uma anemia muito grave. → Doppler da ACM Vmax > 1,5 MoM → Espectofotometria na zona 3 → Hidropsia fetal – bebê muito acometido, não precisa nem de exames. Transfusão intrauterina: cordocentese. A partir de 20 semanas, sempre que tiver hematócrito abaixo de 30%, Hb fetal < 10g/dl ou fetos hidrópicos. O alvo é manter o hematocrino em torno de 40-45%. Após cada transfusão o exame de USG perde a validade e tem que acompanhar com cordocentese. Parto: exsanguineotransfusão. O que vai decidir entreesses dois é a idade gestacional. < 34 semanas: transfusão intrauterina. >34 semanas: parto. Maturação pulmonar. Sobre o parto: → Priorizar via vaginal → Ocitocina → Amnitomia oportuna → Placenta → Clampeamento do cordão umbilical. PROFILAXIA A profilaxia é muito importante, a gente não quer que nossa paciente seja sensibilizada, mesmo que aja incompatibilidade do casal. → Imunoglobulina anti-D: toda vez que tiver a entrada de sangue fetal na circulação materna, faz essa imunoglobulina para esses anticorpos exógenos destroem as hemácias do feto antes que o sistema imune da gestante cria esses anticorpos e eles sejam sensibilizados. Ou seja, esses anticorpos que estão vindo de fora, impedem que o SI perceba que as hemácias do feto (que tem antígeno D na superfície) consigam ativar o SI da gestante. Fundamental: só pode ser para paciente que não tem esses anticorpos anti-D. se a paciente já foi sensibilizada, se ela já tem esse coombs indireto positivo, não adianta dar imunoglobulina anti-D para ela porque na próxima gestação, a resposta imune já está montada. Agora, se a paciente tem o coombs indireto negativo, ou seja, ela não foi sensibilizada, é recomendado aplicar a imunoglobulina anti-D para criar os anticorpos que irão atrapalhar as gestações futuras. Então, em gestantes não sensibilizadas: → Quando tem o parto, deve fazer a imunoglobulina Anti-D, de preferência até 72h pós parto. O parto é o momento de maior quantidade de sangue fetal na circulação materna. → Hemorragia na gestação – placenta previa, sangra muito, tem que fazer a profilaxia → Paciente submetida a procedimento invasivo por exemplo como amniocentese para avaliação congênita de toxoplasmose e ainda não foi sensibilizada, coombs indireto negativo, tem que fazer imunoglobulina porque caso entre hemácias fetais na circulação materna, serão destruídas pelas imunoglobulinas. → E ainda, temos uma recomendação de fazer com 28 semanas. Reduz a sensibilização materna ao longo da gestação. Porque é possível que essa sensibilização ocorra mesmo não tenha parto, nem hemorragia, nem procedimento invasivo. Alguns autores recomendam a aplicação universal em pacientes não sensibilizadas com 28 semanas. Isso protege a paciente até 40 semanas e avaliar a necessidade de reaplicar a profilaxia novamente. Isso não é um consenso. – Literatura americana. Após o parto, pode avaliar se ainda tem anticorpos circulantes quando faz essa vacina com 28 semanas ou aplicada depois do parto, avaliar se a imunoglobulina foi eficaz e faz isso a partir do: → Teste de Kleihaur: buscar hemácias fetais na circulação materna. → Coombs indireto A ampola de antimunoglobulina Anti-D tem 300 mcg que neutralizam 30 ml de sangue fetal. Quando utilizadas com 28 semas – reduz um risco de 2% se fizer só após o parto para 0,1%. A duração da imunoglobulina é de 12 semanas. fisiopatologia quadro clinico diagnóstico tratamento profilaxia
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