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© Laís Costa, Biomedicina - UFRJ O sistema colinérgico compreende a inervação exercida (majoritariamente) pelo sistema nervoso parassimpático e o sistema nervoso somático (SNS). O primeiro fazendo parte do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), que assim como o segundo é uma subdivisão do Sistema Nervoso Periférico eferente (SNP), e controla a vida vegetativa, ou seja, atua de maneira involuntária. Já o segundo possui controle voluntário. A principal diferença anatômica entre ambos, reside no fato que a inervação somática é formada por um neurônio colinérgico que parte do SNC e inerva o músculo esquelético e o controla a partir de sua conexão com a região da placa motora (ou junção neuromuscular). Por outro lado, no SNA a via efetora é composta por 2 neurônios (pré e pós ganglionar) que fazem sinapse em um gânglio autonômico e inervam: glândulas exócrinas, músculo liso visceral, músculo liso vascular, músculo cardíaco, etc. No Sistema Nervoso Parassimpático a fibra pré-ganglionar é longa e parte da porção craniossacral da medula espinhal. O mediador químico (neurotransmissor) - acetilcolina (Ach) - liberado na sinapse pré-ganglionar é o mesmo para o simpático e o parassimpático, o que difere é na sinapse pós-ganglionar (sinapse neuroefetora), que no caso do sistema parassimpático permanece sendo Ach e no simpático existem variações. No sistema somático o neurônio responsável pela inervação libera acetilcolina (Ach) na junção neuromuscular. Usualmente, os efeitos do sistema nervoso simpático e parassimpático se opõe em um mesmo órgão, de maneira geral, o parassimpático atua em situações de relaxamento ou descanso, enquanto o simpático rege situações de luta ou fuga. Assim, o parassimpático promove broncoconstrição, além de efeitos cronotrópicos (frequência), inotrópicos (força) e dromotrópicos (velocidade do PA pelas fibras de Purkinje) negativos. Nos olhos, o parassimpático estimula o ajuste do cristalino para visão de perto (acomodação), além disso, há diminuição do diâmetro da pupila (miose). No trato gastrointestinal há estimulo a salivação, a produção de secreções gastrointestinais e do peristaltilsmo, assim como contração do musculo liso intestinal e relaxamento dos esfíncteres. No trato urinário há a facilitação da micção, com contração da parede da bexiga e relaxamento dos esfíncteres. © Laís Costa, Biomedicina - UFRJ ACETILCOLINA A acetilcolina precisa ser sintetizada a partir do Acetil-CoA e da colina. O primeiro é produto da respiração celular, enquanto o segundo é captado através de um transportador de membrana (CHT) em cotransporte com o sódio. Ambos são unidos pela colina-acetiltransferase (ChAt), formando acetilcolina que é internalizada para aas vesículas por um transportador específico (VAT). Quando ocorre a despolarização, essas vesículas são mobilizadas através de Rabs e SNAREs, que interagem e se fundem, liberando acetilcolina na fenda sináptica. Quando fora da célula, a acetilcolina pode se difundir, ou sofrer biotransformação por enzimas (acetilcolinesterase na fenda e butirilcolinesterase no plasma). Os hemicolínicos inibem o cotransporte de colina com o sódio, impedindo a neurotransmissão colinérgica. Outro ponto de intervenção é a captação vesicular pelo vesamicol, impedindo a internalização da acetilcolina nas vesículas sinápticas. Além disso, a toxina botulínica interage de forma irreversível com as SNAREs, impedindo a liberação da acetilcolina. Ela pode ser utilizada na estética porque paralisa os músculos faciais (modulação do sistema nervoso somático). Outra aplicação serve para hiperhidrose (sudorese exacerbada), pois ela reduz a ação das glândulas sudoríparas. A inibição da acetilcolinesterase causa aumento da neurotransmissão colinérgica, por aumento da biodisponibilidade da acetilcolina. Receptores colinérgicos Existem dois tipos de receptores que respondem a acetilcolina, estes são: receptores muscarínicos (acoplados a proteína G) e os nicotínicos (canais iônicos). No primeiro caso, são possíveis diferentes associações com a proteína G, enquanto que no segundo a partir da ligação de duas moléculas de ACh ao receptor nicotínico, abre-se um poro permeável a sódio que irá então despolarizar o componente pós-sináptico. → Muscarínicos: M4 e M5 menos conhecidos e expressos principalmente no SNC. M1, M2 e M3 são os mais bens conhecidos, estando presentes no SNC, coração e músculo liso, respectivamente. → Nicotínicos: receptores Nn (ganglionares) e de placa motora (Nm). A ativação dos primeiros leva a permeação de sódio, assim como os de placa motora. Possuem homologia grande, mas são diferentes, logo, é possível bloquear um sistema sem interferir com o outro, pois as subunidades que formam o receptor são distintas, permitindo o bloqueio farmacológico de um e não de outro. OBS: receptor nicotínico expresso na sinapse pós- ganglionar do simpático e do parassimpático . OBS: Expressão importante de receptor M2 na porção pré- sináptica, envolvido no feedback negativo da produção de acetilcolina. IP3 e DAG IP3 e DAG Placa motora Neurônio pós-ganglionar, dendritos Gq Gi Gq Gi Gq M3 M4 M5 Nm Nn SNC e gâglio Coração, neurõnios, músculo liso Glândulas, músculo liso e endotélio SNC SNC M1 M2 IP3 e DAG © Laís Costa, Biomedicina - UFRJ FÁRMACOS COLINOMIMÉTICOS Os colinomiméticos são fármacos que mimetizam a acetilcolina de forma direta ou indireta, os primeiros atuam como agonistas dos receptores colinérgicos. Já os últimos atuam de maneira a aumentar a biodisponibilidade da acetilcolina. Por exemplo, um fármaco que bloqueia a acetilcolinesterase é um fármaco colinomimético de ação indireta. Nos colinomiméticos de ação direta destacam-se os ésteres de colina (acetilcolina, metacolina, ácido carbâmico, carbacol e betanecol) e os alcaloides (muscarina, pilocarpina, nicotina e lobelina). Os ésteres de colina são fármacos mal absorvidos e deficientemente distribuídos para o SNC, isso se dá em partes por conta de sua estrutura química (presença de carga). Em contrapartida, os alcaloides São bem absorvidos por várias vias de administração, por exemplo, a nicotina é bem absorvida pela pele. A muscarina é mal absorvida pela via oral, mas mesmo assim pode levar a efeitos centrais, como na ingestão de cogumelos (amina quaternária). Ação muscarínica → Nos olhos a ativação dos receptores muscarínicos estimula a contração do musculo liso do esfíncter da íris (miose) e do músculo ciliar (acomodação), ajustando a visão para distâncias curtas. Além disso, a contração do músculo ciliar facilita a drenagem do humor aquoso, importante para evitar o aumento da pressão intraocular que pode culminar em glaucoma. Terapeuticamente, a administração de um colírio de betamicol ou pilocarpina provoca esta contração, facilitando a drenagem do humor aquoso. → No sistema cardiovascular, a ação muscarínica promove efeitos ino, dromo e cronotrópicos negativos. Controversamente, em baixas doses a acetilcolina causa vasodilatação e taquicardia reflexa, por conta do sistema de controle da pressão arterial, via barorreceptores. Em altas doses a acetilcolina promove bradicardia e redução da condução do PA. Também ocorre diminuição da resistência vascular periférica (vasodilatação) via NO, porém, não é uma vasodilatação direta. O musculo liso vascular é revestido por células endoteliais e o receptor muscarínico se encontra nestas, ao ser ativado por acetilcolina, ocorre produção de NO que se difunde para o músculo liso adjacente, promovendo então vasodilatação indireta. Outro ponto é que a acetilcolina tem efeitos depressores sobre o coração via receptor M2 e também reduz a liberação de noradrenalina na terminação simpática. → No sistema respiratório, o principal efeito é a broncoconstrição e o aumento na produção de muco. Um aerossol de acetilcolina ou de carpacol/metacolina, muitas vezessão usados em modelos experimentos para avaliação da função pulmonar. → No trato gastrointestinal a ação muscarínica promove aumento de secreções e motilidade do TGI, a partir da contração das paredes e relaxamento dos esfíncteres. No trato genitourinário ocorre contração do músculo detrusor e relaxamento do trígono da bexiga, contração das paredes e relaxamento dos esfíncteres. Ação Nicotínica O SNC exibe predominância de receptores muscarínicos (cérebro) e de nicotínicos na medula. Em altas concentração, tóxicas, a nicotina pode causar tremores, êmese (vômito), estímulo do centro respiratório, distúrbios da audição e visão, confusão metal, fraqueza, convulsões e até mesmo o coma. É o principal receptor dos © Laís Costa, Biomedicina - UFRJ gânglios, sua ação é a mesma em gânglios simpáticos e parassimpáticos, com descarga simultânea em ambos os sistemas. → No sistema cardiovascular os efeitos da nicotina são preponderantemente simpaticomiméticos, resultando em aumento da descarga de adrenalina na medula adrenal. No trato gastrointestinal os efeitos parassimpaticomiméticos predominam. → Em doses muito altas há o bloqueio da transmissão sináptica, noo que diz respeito a sinapse neuromuscular ou da placa motora. Ocorrem fasciculações (contrações musculares repetidas) e uma contração forte de todo o músculo, seguida de bloqueio despolarizante e paralisia flácida. Isso se dá, pois há perda da resposta do receptor, visto que é como se este permanecesse em uma conformação inativa (canal aberto), parando de responder. OBS: Os agonistas são contraindicados para asmáticos (indução de broncoconstrição) e indivíduos com úlcera péptica (aumento da secreção de HCl). Os simpaticomiméticos de ação indireta são, em sua maioria inibidores da acetilcolinesterase. Entre eles, podemos citar: 1) Álcoois Quaternários: edrofônio (utilizado em teste de miastenia grave); 2) Ésteres de Ácido Carbâmico: neostigmina, fisostigmina, piridostigmina, ambemônio e demecário; 3) Derivados do Ácido Fosfórico (organofosforados): ecotiofato, paration, malation (inseticidades e agrotóxicos). Os organofosforados possuem potencial toxicológico grande, uma vez que são exatamente lipossolúveis, sendo bem absorvidos pela pele. Os álcoois quaternários se ligam ao sítio ativo da enzima, impedindo o acesso da acetilcolina. Não formam ligações covalentes (duração do efeito 2-10 min), e a ligação é reversível. Os ésteres de ácido carbâmico possuem ligação mais duradoura, porém ainda reversível. Já os organofosforados formam um complexo enzimático fosforilado estável que sofre um processo chamado envelhecimento – fortalecimento da ligação fósforo- enzima –, e por isso, considerados inibidores irreversíveis da acetilcolinesterase, ou seja, irreversível a partir do envelhecimento. A reversibilidade da intoxicação é tempo dependente. Em caso de intoxicação pode se administrar pralidoxima – um fármaco regenerador da colinesterase – nucleófilo que desfosforila o sítio ativo da enzima. Quanto aos efeitos sistêmicos dos colinomiméticos de ação indireta, estes são mais proeminentes sobre o sistema cardiovascular, trato gastrointestinal, olhos e junção neuromuscular. No sistema cardiovascular predominam os efeitos parassimpáticos. Entretanto, nos vasos os efeitos são menos pronunciados do que os agonistas de ação direta. Como efeitos finais, podemos observar uma leve bradicardia, com redução do débito cardíaco e nenhum ou pouco abaixamento da pressão arterial. No que se refere a sinapse neuromuscular, em doses terapêuticas, causam aumento da força de contração (miastenia grave). Em altas concentrações podem causar fibrilação e bloqueio despolarizante, podendo haver parada dos músculos respiratórios e morte. OBS: Alguns inibidores da acetilcolinesterase, como a neostigmina, tem ação estimulante nicotínica direta. OBS2: Chumbinho é uma mistura de organofosforados e pode causar exacerbação colinérgica, acarretando em aumento da salivação, micção e bronconcostrição. Causa, ainda, diarreia por aumento do peristaltismo. É possível haver fasciculação que precede a paralisia flácida. Aplicação Clínica dos Colinomiméticos Glaucoma: podem ser administrados agonistas muscarínicos (metacolina, carbacol, pilocarpina) e inibidores da acetilcolinesterase (fisostigmina, ecotiofato, isofluorato). Estes reduzem a pressão intraocular por facilitar a vazão do humor aquoso e também por diminuir sua secreção. Para o tratamento do glaucoma crônico, esses fármacos foram substituídos por bloqueadores beta de ação tópica e por derivados de PGs; Íleo paralítico e retenção urinária pós-cirúrgicos (dificuldade para defecar e urinar): desordens clínicas © Laís Costa, Biomedicina - UFRJ que envolvam depressão da atividade do músculo liso sem obstrução; Bexiga Neurogênica (retenção urinária pós-operatória, pós-parto ou secundária à lesão da medula); Boca Seca (xerostomia): tratamento com agonistas muscarínicos, como a pilocarpina e a cevimelina que aumentam a secreção salivar); Para as desordens do TGI e do TGU, betanecol é o de ação direta mais utilizado. Já a neostigmina é o anticolinesterásico mais usado; Miastenia Gravis (fraqueza muscular): afeta todos os músculos, até aqueles necessários para a respiração. Nesse caso são utilizados inibidores da acetilcolinesterase. O edrofônio é empregado no teste diagnóstico para Miastenia gravis, de modo que se há Miastenia, há aumento da força muscular que se estende até 5 minutos. Também podem ser aplicados os seguintes fármacos: piridostigmina, neostigminan ambemônio; Os colinomiméticos também podem ser aplicados para reversão do bloqueio neuromuscular em cirurgias; Também podem ser utilizados para reverter Intoxicação com atropina; Doença de Alzheimer: tratamento da disfunção cognitiva, ex: tacrina (tetrahidroaminoacridina), donezepil (piperidina), galantamina (fenantreno), rivastigmina (carbamato); Toxicidade colinérgica → Toxicidade dos agonistas Quando em doses tóxicas, os agonistas muscarínicos podem levar à náusea, vômito, vasodilatação cutânea, diarreia, salivação, sudorese, broncoconstrição, em intoxicação - por exemplo - por cogumelos que contém alcaloides muscarínicos. Uma gota de nicotina pura é fatal, que é a quantidade de nicotina em 2 cigarros, entretanto, a maior parte da nicotina é destruída e perdida no ato de fumar. A reversão da toxicidade muitas vezes é obtida com administração de atropina. Os efeitos mais perigosos são os que acometem o SNC (convulsões, parada respiratória e coma), a despolarização da placa motora (bloqueio despolarizante levando à paralisia respiratória) e a hipertensão e arritmia cardíaca. O controle da toxidade inclui medidas como: indução de vômito, lavagem gástrica com carvão ativado, administração de atropina (controle dos sintomas muscarínicos) e diazepam (controle dos efeitos centrais). Para o bloqueio da placa motora, o tratamento farmacológico é irresponsivo – respiração mecânica. → Toxicidade dos inibidores de acetilcolinesterase A maior fonte de intoxicação são os inseticidas, como carbamato e organofosforados. Eles podem levar ao aparecimento de sintomas de intoxicação muscarínica (como os mencionados anteriormente), de efeitos centrais e do bloqueio neuromuscular. O tratamento inclui manutenção dos sinais vitais (respiração), remoção das roupas e limpeza da pele (eliminar fonte de contaminação), administração de atropina e pralidoxima, assim como de diazepam para controle das convulsões. Antagonistas muscarínicos 0s antagonistas muscarínicos podem ser alcaloides naturais ou derivados de origem sintética e semissintética. No grupo dos alcaloides naturais encontram-se a atropina (atropa belladonna e Datura stramonium) e a escopolamina (Hyoscyamus niger), cujo efeito central é maior. Elesatuam como antagonistas superáveis de receptores muscarínicos. A atropina é bastante seletiva para receptores muscarínicos com pouco ou quase nenhuma atuação nos receptores nicotínicos, entretanto não distingue entre os subtipos M1, M2 e M3. A atropina e a escopolamina são bem absorvidas pelo trato gastrointestinal. Em veículo adequado, a escopolamina é absorvida inclusive pela pele. Ambas são amplamente distribuídas para o SNC. Derivados quaternários © Laís Costa, Biomedicina - UFRJ (metilatropina, ipratrópio e tiotropina) em doses baixas não tem efeitos centrais. → No SNC, em doses terapêuticas, a atropina possui efeitos centrais mínimos, ao contrário da escopolamina que exibe efeitos centrais mais marcantes, podendo causar amnésia e sedação. Nos olhos podem causar midríase e ciclopegia (paralisia do músculo ciliar do olho, resultando na perda da capacidade de acomodação), de maneira que o indivíduo não consegue focar de perto. Há também redução da secreção lacrimal. Esses antagonistas são utilizados na oftalmologia para exame de fundo de olho, contudo, são contraindicados para pessoas com glaucoma. → No sistema cardiovascular provocam taquicardia (com pouco efeito sobre a pressão arterial) e possuem importante ação sobre o endotélio (liberação de NO).. Em doses tóxicas causam vasodilatação cutânea – rubor facial – como mecanismo compensatório em relação ao aumento de temperatura causado pela inibição da sudorese. → No sistema respiratório causam broncodilatação e diminuição das secreções. → No TGI há diminuição das secreções (salivar e gástrica) e da motilidade. No Trato genitourinário, relaxam o músculo da bexiga, lentificando a micção, contudo, pode precipitar a retenção urinária em homens com hiperplasia prostática. Suprimem a sudorese nas glândulas sudoríparas (febre atropínica). Doença de Parkinson (em associação com levodopa), para alívio do parkinsonismo em pacientes fazendo uso de antipsicóticos; Cinetose (escopolamina); Oftalmologia (exame de fundo de olho) ou agonistas adrenérgicos; Úlcera Péptica: pirenzepina, telezenpina (desuso) retardam o tempo de esvaziamento gástrico, aumentando a exposição do ácido. Substituídos pelos inibidores de bomba e antagonistas H2; Diarreia dos Viajantes (em geral em combinação com opioide); DPOC e asma (menos frequente) – ipratrópio e tiotropina; Em casos de intoxicação com organofosforados ou cogumelos; Incontinência urinária e alívio dos espasmos da bexiga após cirurgia urológica – oxibutinina, darfenacim, solifenacim, tolterodine. OBS: efeitos adversos incluem midríase e cicloplegia, boca seca, bloqueio da função parassimpática (em doses altas), alucinações, taquicardia, pele quente e vermelha, agitação, aumento de temperatura corporal. OBS2: os antagonistas muscarínicos são contraindicados para indivíduos com glaucoma e hipertrofia prostática. Antagonistas dos Receptores Nicotínicos Neuromusculares Estes incluem os bloqueadores neuromusculares e os espasmolíticos (com ação central), são todos hidrofílicos (não atravessam a barreira hemato-encefálica) e inativos por via oral. © Laís Costa, Biomedicina - UFRJ Seu mecanismo de ação inclui o bloqueio despolarizante e o não-despolarizante. O primeiro se refere ao bloqueio de canal aberto, que impede o fechamento do canal – despolarização persistente – com fasciculação seguida de paralisia flácida. Já o segundo, ao bloqueio superável do receptor nicotínico, havendo fraqueza muscular seguida de paralisia flácida. Alguns fármacos desta categoria incluem: Não-despolarizantes: Curare (D-tubocurarina), Atracúrio, Doxacúrio, Mivacúrio, Pancurônio e Vecurônio; Despolarizantes (excesso de ativação): em geral de difícil controle e pequeno valor clínico, podemos citar a succinilcolina e o decametônio (desuso). Paralisia muscular esquelética em procedimentos cirúrgicos (cirurgias abdominais e torácicas); Controle da Ventilação; Entubação traqueal; Terapia eletroconvulsiva; Tratamento de convulsões (ocasional). OBS: efeitos adversos incluem mialgia, hipercalemia, aumento da pressão intraocular, aumento da pressão intragástrica (regurgitação), colapso cardiovascular (liberação de histamina e apneia prolongada. Anestésicos voláteis (aumentam a potência do efeito bloqueador nãodespolarizante); Interação entre succinilcolina e anestésicos halogenados: podem causar hipertermia maligna (espasmo muscular + acidose metabólica + aumento de temperatura), uma condição onde há liberação anormal de cálcio dos estoques intracelulares dos músculos esqueléticos; Antibióticos (aminoglicosídeos): diminuem a liberação de acetilcolina do terminal pré-ganglionar (competição com Ca++) e em menor extensão bloqueiam canais de cálcio tipo P; Reversão do Bloqueio Neuromuscular Não- Despolarizante (inibidores da acetilcolinesterase): neostigmina, piridostigmina, edrofônio. Sugamadex (ciclodextrina), revertem a ação dos bloqueadores esteroidais por formação de complexo inativo. OBS: Não administrar inibidor de acetilcolinesterase + succinilcolina, pois causam bloqueio prolongado e intenso. © Laís Costa, Biomedicina - UFRJ Fármacos bloqueadores ganglionares São fármacos que bloqueiam receptores nicotínicos em gânglios autonômicos simpáticos e parassimpáticos. Exemplos incluem: Hexametônio, Mecamilamia, Tetraetilamônio e Trimetafano. Podem causar cicloplegia e dilatação pupilar, hipotensão (vasodilatação venular e arterial, assim como taquicardia reflexa) e constipação. São aplicados na clínica infrequentemente, mas podem ser utilizados para emergências hipertensivas (suplantados por outros agentes anti-hipertensivos). Efeitos adversos incluem boca seca, constipação, retensão urinária e hipotensão postural.
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