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Profa. Inês Falcão UNIDADE II Psicologia Integrada O processo de Avaliação Psicológica: dimensões Envolve as concepções sobre quem avalia e quem é avaliado. Dados são produzidos de forma mútua: ambos são afetados pela própria situação da avaliação. Teste: era o mecanismo legitimado de produção de verdades sobre os sujeitos/grupos. Seus resultados geravam avaliações estáticas, modelando as representações sociais (taxonomias). Concepção de ciência, homem e sociedade: base da criação de instrumentos de avaliação e classificação de indivíduos/grupos: “artimanhas do poder”, “deficiências de capacidade” ou produção de desigualdade de direitos (exclusão social)? Ψ: responsabilidade social, postura crítica histórica e respeito DH. Teste: caráter complexo dos sujeitos/coletividades/sociedade. Análise contínua de práticas e saberes, ciência das potencialidades e limitações do sujeito (humanidades). DIALÓGICA HISTÓRICA POLÍTICA ÉTICA Fonte: Bicalho & Vieira (2018). Normal e patológico: são “categorias que distinguem, no plano social, o que é prescrito/aceito daquilo que é proscrito/recusado”. Normal como medida estatística. “O critério normativo se encontra pautado em um valor ou em um fato?” Atenção à complexidade das formas de organização social: os valores são contingentes! Caráter histórico e multideterminado dos conceitos de saúde e normalidade. Classe, cor, território e outros atravessamentos – especialmente, no Brasil: colonização e escravização como os processos de subjetivação estruturantes da população sob as formas atualizadas de diversas espécies de violência e desigualdades. Fonte: Bicalho & Vieira (2018). Res. CFP n. 009/2018: deve-se considerar diferentes amostras na construção e na atualização dos testes, que “deverão contemplar, preferencialmente, a representação demográfica de distintas regiões geopolíticas brasileiras”. Avaliação Psicológica e Direitos Humanos Relação íntima entre o conhecimento e o poder dentro da coletividade. O discurso que ordena a sociedade é, sempre, o discurso daquele que detém o saber. A partir do séc. XIX, principalmente, se configurou e se constituiu um “discurso” que ganhou um “lugar de poder”, que perdura até os dias de hoje. Conhecimento e poder Ainda que em uma proporção menor ou com um alcance mais restrito, o discurso que a própria Psicologia produz também não exerce essa mesma influência? “A fala médica não pode vir de quem quer que seja: o valor, a eficácia, os poderes terapêuticos e a sua existência como fala médica não são dissociáveis do personagem (definido por status), que tem o direito de articulá-lo, reivindicando, para si, o poder de conjurar o sofrimento e a morte”. O status médico e a sociedade Por que o discurso médico predomina sobre as outras especialidades? Fonte: Foucault (2004). Importante lembrar que os experimentos em laboratórios possibilitaram a consolidação da Psicologia como ciência. Portanto, deve-se levar em consideração tanto os aspectos de formulação e validação, bem como de aplicação, discussão e análise, além de se fazer a distinção entre a testagem e a avaliação. Definição dos traços: inteligência/personalidade/cognição. Teoria do conhecimento a partir da qual os testes são gerados. Situação de testagem propriamente dita. Critério estatístico e normalização de base, validade, fidedignidade, padronização. Conhecimento para decodificar as informações técnicas: os resultados têm grande impacto para as pessoas, os grupos e as sociedades. Avaliação Psicológica, Testes e Direitos Humanos Fonte: https://www.maxpixel.net/static/photo/1x/Diver se-Multicultural-People-Black-Character- Crowd-6026674.png Assim, não se trata de aceitar ou rejeitar, uma noção quanti ou qualitativa, mas de articular os efeitos da pesquisa (e da própria avaliação) com a vida das pessoas. Avaliação Psicológica: também não pode ser concebida como uma forma ritualisticamente científica de estabelecer as diferenças individuais, mas de se tornar espaço para a singularidade. Direitos Humanos: conquista diária. Avaliação Psicológica, Testes e Direitos Humanos “Assistimos, em épocas passadas, e estamos assistindo, nos dias de hoje, ao desrespeito dos direitos humanos em países onde eles são legais e constitucionalmente garantidos. Mesmo em países de longa estabilidade política e tradição jurídica, os direitos humanos são, em diversas situações concretas, rasgados e vilipendiados”. (HERKENHOFF, 1997, p. 47 apud BICALHO & VIEIRA, 2018). Metodologia: caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade: concepções teóricas da abordagem, conjunto de técnicas utilizadas e a criatividade do pesquisador; conjunto de técnicas composto de um instrumental claro, coerente e elaborado. Teoria e Metodologia: sempre caminham juntas. Pesquisa: atividade básica da ciência em sua indagação e construção da realidade; toda a pesquisa se inicia a partir da colocação de um problema, uma dúvida e uma questão. Pesquisa Quantitativa: utiliza a linguagem matemática (estatística) para descrever, representar e interpretar os seus objetos de estudo: o método busca regularidades com vistas a estabelecer as relações causais que possibilitem realizar as previsões (questionários, escalas e testes). Pesquisa Qualitativa: não se reduz à operacionalização de variáveis, pois aprofunda-se no mundo dos significados e das relações humanas, não captado por estatísticas. Objetiva descrever, analisar e compreender os distintos fenômenos, a partir da ótica dos participantes (entrevista, observação e investigação participativa, entre outros). A pesquisa em Psicologia Uma escola da rede pública encaminha para uma clínica-escola 30 crianças, todas elas cursando a primeira série do Ensino Fundamental. A queixa principal dos professores é que essas crianças não aprendem. A partir disto, considere as afirmações a seguir: I. Um psicólogo escolar crítico poderia levantar a hipótese de um problema sociocultural. A escola poderia não estar adequada na tarefa de alfabetizar estas crianças que seriam provenientes de realidades socioculturais diferentes daquela esperada pelo sistema; II. Um psicólogo escolar crítico poderia encaminhar todas as crianças para o psicodiagnóstico interventivo, para que fossem submetidas aos testes de inteligência, porque descartariam as possíveis deficiências; III. Um psicólogo escolar crítico poderia encaminhar todas as crianças para um diagnóstico psicopedagógico, uma vez que a queixa é de distúrbio de aprendizagem; IV. Um psicólogo clínico não levantaria como hipótese um problema de ordem institucional, pois o fracasso escolar é decorrente de fatores intraescolares; V. Um psicólogo clínico poderia visitar a escola para entender melhor o encaminhamento das crianças. Interatividade Está correto o que se afirma em: a) I, II e V. b) I, IV e V. c) I. d) I e V. e) I, III e IV. Interatividade Está correto o que se afirma em: a) I, II e V. b) I, IV e V. c) I. d) I e V. e) I, III e IV. Resposta Uma escola da rede pública encaminha para uma clínica-escola 30 crianças, todas elas cursando a primeira série do Ensino Fundamental. A queixa principal dos professores é que essas crianças não aprendem. A partir disto, considere as afirmações a seguir: I. Um psicólogo escolar crítico poderia levantar a hipótese de um problema sociocultural. A escola poderia não estar adequada na tarefa de alfabetizar estas crianças que seriam provenientes de realidades socioculturais diferentes daquela esperada pelo sistema; II. Um psicólogo escolar crítico poderia encaminhar todas as crianças para o psicodiagnóstico interventivo, para que fossem submetidas aos testes de inteligência, porque descartariam as possíveis deficiências; III. Um psicólogo escolarcrítico poderia encaminhar todas as crianças para um diagnóstico psicopedagógico, uma vez que a queixa é de distúrbio de aprendizagem; IV. Um psicólogo clínico não levantaria como hipótese um problema de ordem institucional, pois o fracasso escolar é decorrente de fatores intraescolares; V. Um psicólogo clínico poderia visitar a escola para entender melhor o encaminhamento das crianças. Resposta Está correto o que se afirma em: a) I, II e V. b) I, IV e V. c) I. d) I e V. e) I, III e IV. Resposta Atividade clínica: Potencialidade para promover a confiança terapêutica através de acolhimento e escuta; Modelo técnico-científico reduz a prática clínica à mera triagem, com simples atividade de encaminhamento de pacientes para os especialistas; estes, sim, através de técnicas, efetuarão o real tratamento. Encontro com o outro: O domínio do saber não é um lugar seguro, porque ele não fornece as respostas exatas nem verdadeiras, também, não alivia a angústia diante da alteridade que aparece no encontro; A redução da alteridade se dá na medida em que se procura encaixar o outro em um esquema de referência dado pelo saber técnico, representando o saber racional sobre a irracionalidade (desvios) do paciente para controlá-la ou ajustá-las às normas. A clínica do Psicodiagnóstico Interventivo Psicodiagnóstico Infantil (10/12 sessões): 6 ou 7 sessões com os pais; as demais com a criança. A clínica do Psicodiagnóstico Interventivo: etapas do processo * Após conhecer a criança, as sessões com os pais e a criança são alternadas. Entrevista inicial Anamnese Observação lúdica Testes Visita domiciliar Visita escolar Laudo psicológico Devolutiva dos pais Devolutiva das crianças Um psicodiagnóstico não pode ser vertical, assumindo o psicólogo a posição de detentor do saber e das técnicas (entrevista e testes) para solicitar que o sujeito responda, passivamente, às suas solicitações. Quando, assim, é feito, nem sempre o sujeito compreende o processo; muitas vezes, não sabendo referir o que foi feito: quando muito, lembra do encaminhamento ou de um “nome” de diagnóstico. Ainda que se efetue uma coleta de dados para a organização do raciocínio clínico psicológico que orientará o processo, ele “não pode ser, apenas, um momento de transição, passaporte para o atendimento posterior, este sim, considerado significativo (porque é capaz de provocar as mudanças), no qual o cliente encontrará acolhida para as suas dúvidas e os seus sofrimentos”. Fonte: Ancona-Lopez (2013, p. 23). A clínica do Psicodiagnóstico Interventivo: horizontalidade O processo psicodiagnóstico deve ser estabelecido em uma relação horizontal. Avaliação Psicológica: presença. Finalizando Fonte: https://www.maxpixel.net/static/photo/1x/Sacred-Present-Sense-Symbol-Being-Presence-Spiral-1000771.jpg Carolina tem 11 anos e mora com a avó paterna, desde que os seus pais se separaram, há 6 anos. O pai e a mãe, depois da separação tumultuada, mudaram-se para outros estados e pouco contato tiveram com a menina. O pai telefona 4/5 vezes no ano e sempre aparece no Natal com muitos presentes; quando está com ela, mantém um relacionamento amigável, como se fosse um parente muito distante. A mãe nunca mais viu a menina, apenas, conversa por telefone; passa muito tempo sem ligar, mas, às vezes, telefona várias semanas seguidas; manda, pelo correio, presentes para a Carolina na data de seus aniversários e no Natal. Dona Vanda, a avó, cuida de toda a educação da criança. Recentemente, a mãe voltou e quer ficar com a criança. O pai, quando soube, se contrapôs e quer levar Carolina para morar com ele. A avó não admite que retirem Carolina de sua casa, pois foi ela quem praticamente a criou. Neste cenário de brigas, discussões e ameaças, Carolina não quer mais ir à escola, por medo de ser raptada pelos pais e apresenta enurese noturna. A disputa pela guarda da criança vai para a justiça. Dona Vanda procura a psicóloga, sem o conhecimento dos pais da menina, pedindo um laudo psicológico que a favoreça na disputa, pois Carolina não quer morar com a mãe ou o pai. Pretende levar o laudo ao juiz, no processo. Interatividade Baseados no relato, podemos afirmar que: a) Para que o laudo psicológico seja completo, a psicóloga deve convocar as pessoas que tivessem convivido com o casal e a criança, e pudessem emitir opiniões mais neutras sobre essas relações. b) A psicóloga deveria realizar um psicodiagnóstico da criança, garantindo a presença dos pais. c) A psicóloga deve elaborar um laudo com todas as informações colhidas, não só das entrevistas, mas, também, dos testes aplicados, porque, só assim, o juiz pode tomar uma decisão adequada ao caso. d) Não convocar o pai e a mãe; neste caso, não se constitui em falta de ética, porque o que importa são as imagens parentais internalizadas e não reais. e) A psicóloga deve ouvir a menina e o seu laudo deve estar baseado nos desejos desta. Interatividade Baseados no relato, podemos afirmar que: a) Para que o laudo psicológico seja completo, a psicóloga deve convocar as pessoas que tivessem convivido com o casal e a criança, e pudessem emitir opiniões mais neutras sobre essas relações. b) A psicóloga deveria realizar um psicodiagnóstico da criança, garantindo a presença dos pais. c) A psicóloga deve elaborar um laudo com todas as informações colhidas, não só das entrevistas, mas, também, dos testes aplicados, porque, só assim, o juiz pode tomar uma decisão adequada ao caso. d) Não convocar o pai e a mãe; neste caso, não se constitui em falta de ética, porque o que importa são as imagens parentais internalizadas e não reais. e) A psicóloga deve ouvir a menina e o seu laudo deve estar baseado nos desejos desta. Resposta Baseados no relato, podemos afirmar que: a) Para que o laudo psicológico seja completo, a psicóloga deve convocar as pessoas que tivessem convivido com o casal e a criança, e pudessem emitir opiniões mais neutras sobre essas relações. b) A psicóloga deveria realizar um psicodiagnóstico da criança, garantindo a presença dos pais. c) A psicóloga deve elaborar um laudo com todas as informações colhidas, não só das entrevistas, mas, também, dos testes aplicados, porque, só assim o juiz pode tomar uma decisão adequada ao caso. d) Não convocar o pai e a mãe; neste caso, não se constitui em falta de ética, porque o que importa são as imagens parentais internalizadas e não reais. e) A psicóloga deve ouvir a menina e seu laudo deve estar baseado nos desejos desta. Resposta Responsável Legal Ética do Sigilo Autonomia Profissional Conhecimento teórico Campo de Atuação Sigilo dos Testes Baseados no relato, podemos afirmar que: a) Para que o laudo psicológico seja completo, a psicóloga deve convocar as pessoas que tivessem convivido com o casal e a criança, e pudessem emitir opiniões mais neutras sobre essas relações. b) A psicóloga deveria realizar um psicodiagnóstico da criança, garantindo a presença dos pais. c) A psicóloga deve elaborar um laudo com todas as informações colhidas, não só das entrevistas, mas, também, dos testes aplicados, porque, só assim, o juiz pode tomar uma decisão adequada ao caso. d) Não convocar o pai e a mãe; neste caso, não se constitui em falta de ética, porque o que importa são as imagens parentais internalizadas e não reais. e) A psicóloga deve ouvir a menina e o seu laudo deve estar baseado nos desejos desta. Resposta ANCONA-LOPEZ, S. (Org.) Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. São Paulo: Cortez Editora, 2013. BICALHO, P. P. G.; VIEIRA, E. S. Direitos Humanos e Avaliação Psicológica: indissociabilidade do compromisso ético-político profissional. Psicologia, Ciência e Profissão, Brasília, 2018, v. 38, n. spe, p. 147-158. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução 009/2018, 2018. Disponívelem: http://www.pol.org.br FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Aula inaugural no College de France, pronunciada em 02 de dezembro de 1970. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2004. Referência das imagens: https://www.maxpixel.net/ Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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