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Espécies de Interpretação

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13 Isabele Espairani - DPP 
 
 
 
 
 Interpretar a lei é penetrar-lhe o verdadeiro e 
exclusivo sentido. 
 
 
I - QUANTO AO SUJEITO QUE A REALIZA 
A INTERPRETAÇÃO: 
AUTÊNTICA: procede da mesma origem que 
a lei e tem força obrigatória. Quando vem 
inserida na mesma lei é chamada contextual. 
Exemplo: Art. 302 CPP. Qualquer do povo 
poderá e as autoridades policiais e seus 
agentes deverão prender quem quer que seja 
encontrado em flagrante delito. 
Art. 303 CPP. Nas infrações permanentes, 
entende-se o agente em flagrante delito 
enquanto não cessar a permanência. 
Art. 327 CF. Considera-se funcionário 
público, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce 
cargo, emprego ou função pública. Parágrafo 
único. Equipara-se a funcionário público quem 
exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal. 
Pode ser promovida por lei posterior, com o 
fim de dissipar incerteza ou obscuridades. O 
próprio legislador que especifica. 
DOUTRINÁRIA: (doutrinal ou científica): é 
aquela feita pelos escritores ou comentadores 
do Direito (não tem força obrigatória). 
Constituída da communis opinio doctorum. 
JUDICIÁRIA (JURISPRUDENCIAL): deriva 
dos órgãos judiciários (juízes e tribunais). 
Orientação que os juízos e tribunais vêm 
dando à norma. Não tem força obrigatória, 
salvo na súmula com efeito vinculante. 
A jurisprudência é o conjunto de 
manifestações judiciais sobre determinado 
assunto legal, exaradas num sentido 
razoavelmente constante. 
 
 
 
Súmula consiste no condensamento de um 
entendimento predominante (majoritário) de 
um tribunal a respeito da aplicação de uma 
norma ou determinado instituto. Exemplo: Art. 
28-A CPP, uma turma entende que se não 
tiver sentença pode retroagir, e outra que 
retroage até durante a sentença. 
Ou seja, pode haver súmulas diferentes de 
acordo com cada turma. Para resolver essa 
controvérsia, há a súmula com efeito 
vinculante. Súmula com efeito vinculante é a 
decisão de 2/3 após reiteradas decisões sobre 
matéria constitucional. É editada no caso de 
existência de controvérsia que acarrete grave 
insegurança jurídica e relevante multiplicação 
de processos sobre questão idêntica. Tem 
força obrigatória. 
Art.103-A-CF. O Supremo Tribunal Federal 
poderá, de ofício ou por provocação, mediante 
decisão de dois terços dos seus membros, 
após reiteradas decisões sobre matéria 
constitucional, aprovar súmula que, a partir de 
sua publicação na imprensa oficial, terá efeito 
vinculante em relação aos demais órgãos do 
Poder Judiciário e à administração pública 
direta e indireta, nas esferas federal, estadual 
e municipal, bem como proceder à sua revisão 
ou cancelamento, na forma estabelecida em 
lei. 
Também há efeito vinculante nas ações 
diretas de inconstitucionalidade e nas ações 
declaratórias de constitucionalidade de lei ou 
ato normativo federal. 
Art.102 CF. Compete ao Supremo Tribunal 
Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: § 2º As decisões 
definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo 
Tribunal Federal, nas ações diretas de 
inconstitucionalidade e nas ações 
declaratórias de constitucionalidade 
produzirão eficácia contra todos e efeito 
vinculante, relativamente aos demais órgãos 
do Poder Judiciário e à administração pública 
Espécies de interpretação 
Tipos de Interpretação 
 
14 Isabele Espairani - DPP 
direta e indireta, nas esferas federal, estadual 
e municipal. 
Os precedentes judiciais são considerados 
fonte do Direito, ou seja, a 
decisão judicial prolatada em um caso 
concreto produz norma jurídica de efeitos 
vinculantes para processos futuros 
II- QUANTO AO MODO OU AOS MEIOS 
EMPREGADOS 
LITERAL, GRAMATICAL OU SINTÁTICA: 
leva-se em conta o texto da lei e a significação 
das palavras. Somente com a leitura da norma 
já se compreende o texto. 
SISTEMÁTICA: leva-se em conta a norma 
colocada num todo, como integrante de um 
ordenamento jurídico, isto é, ligá-la a outras 
normas que disciplinam a mesma matéria. 
Não pode ser vista isoladamente. 
Art. 311 CPP. Em qualquer fase da 
investigação policial ou do processo penal, 
caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, 
a requerimento do Ministério Público, do 
querelante ou do assistente, ou por 
representação da autoridade policial. 
Art. 312 CPP. A prisão preventiva poderá ser 
decretada como garantia da ordem pública, da 
ordem econômica, por conveniência da 
instrução criminal ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova 
da existência do crime e indício suficiente de 
autoria e de perigo gerado pelo estado de 
liberdade do imputado. 
Nestes dois artigos é dado amplo poder ao 
juiz, mas o art. 282 limita-o. Por esse motivo, 
não pode prender preventivamente usando 
como fundamento apenas os artigos 311 e 
312, deve-se interpretar as leis observando 
como um todo. 
TELEOLÓGICA: busca-se a finalidade da 
norma. 
Art. 109. Aos juízes federais compete 
processar e julgar: IX - os crimes cometidos a 
bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competência da Justiça Militar. 
Questiona-se o que é navio para o legislador, 
pois há tratados que disciplinam de forma 
diferente o seu significado. 
PROGRESSIVA: (adaptativa ou evolutiva): 
aquela que objetiva ajustar a lei às 
transformações sociais, jurídicas, científicas e 
até mesmo morais que se sucedem no tempo 
e que interferem na efetividade que buscou o 
legislador com a sua edição. Ex. art.68 do 
CPP – inconstitucionalidade progressiva da 
norma. 
Art. 68 CPP. Quando o titular do direito à 
reparação do dano for pobre (artigo 32, §§ 
1o e 2o), a execução da sentença 
condenatória (artigo 63) ou a ação civil 
(artigo 64) será promovida, a seu 
requerimento, pelo Ministério Público. 
Inconstitucionalidade progressiva da norma, a 
norma só se torna inconstitucional a medida 
que a Defensoria avança, onde tem defensor, 
o MP se retira. Apenas o MP realizava essa 
assistência, e a partir do momento que a 
defensoria se tornou obrigatória em todos os 
estados houve essa interpretação. 
HISTÓRICA: analisa-se o contexto da 
votação do diploma legislativo para entender 
a feitura da norma. Consulta os anais da lei 
que precedeu a sua aprovação. 
III – QUANTO AO RESULTADO 
DECLARATIVA: quando as palavras da lei 
encontra correspondência com a vontade 
normativa. Não há necessidade de se conferir 
um sentido mais amplo ou mais restrito à 
norma. Ex. art.248 – casa habitada – ocupada 
por uma ou mais pessoas. Não houve 
ampliação ou restrição do alcance normativo. 
Art. 248 CPP. disciplina sobre a casa 
habitada, sendo ela a ocupada por uma ou 
mais pessoas. Não houve ampliação ou 
restrição do alcance normativo, entende-se 
por si só. 
RESTRITIVA: quando se reduz o alcance da 
norma para que se possa encontrar a sua 
exata vontade. A norma é demasiadamente 
genérica e disse mais do que a aparência 
demonstra. Ex.art.271-CPP. 
 
15 Isabele Espairani - DPP 
Lendo o art.271-CPP entende-se que ao 
assistente será permitido anular todos os 
meios de prova, mas a doutrina diz que este 
não pode anular as provas testemunhais, pois 
o momento de anular é na denúncia e o 
assistente vem posteriormente. O intérprete 
deve fazer uma interpretação restritiva nesse 
alcance. 
EXTENSIVA: leva à aplicação da lei a casos 
não expressamente incluídos na sua fórmula, 
mas virtualmente compreendidos no seu 
espírito. É necessário ampliar o alcance da lei 
em casos não previstos na fórmula. 
Ex. art. 254. hipóteses em que o juiz pode 
comprometer a imparcialidade do julgamento, 
deseja o legislador que ele se afaste. Na lei 
não é citada a relação com mãe, por exemplo, 
mas é necessário interpretar extensivamente 
a necessidade de afastar o juiz por bom 
senso. Interpretar por literalidade afetaria o 
processo. 
Se o juiz já julgou o réu anteriormente e 
julgaráposteriormente novamente, não 
afetará a sua imparcialidade. 
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (espécie 
de int. extensiva): ocorre quando fórmulas 
casuísticas inscritas em um dispositivo são 
seguidas de expressões genéricas abertas, 
entendendo-se que estas somente 
compreende os casos análogos destacados 
por aquelas. A própria lei determina a 
interpretação. 
Ex. Art. 121, IV CP. à traição, de emboscada, 
ou mediante dissimulação ou outro recurso 
que dificulte ou torne impossível a defesa do 
ofendido. 
As normas casuísticas do artigo são 
consideradas recursos que dificultam a defesa 
do ofendido, e qualquer outro recurso 
semelhante que qualifica uma surpresa para a 
vítima se encaixa como qualificadora. Essa 
expressão genérica aberta qualifica apenas 
aos casos análogos, interpretação analógica, 
e não é aplicada, necessariamente, in bonam 
partem. 
Exemplo: Artigo 6º, CPP. Logo que tiver 
conhecimento da prática da infração penal, a 
autoridade policial deverá: IX – averiguar a 
vida pregressa do indiciado, sob o ponto de 
vista individual, familiar e social, sua condição 
econômica, sua atitude e estado de ânimo 
antes e depois do crime e durante ele, e 
quaisquer outros elementos que contribuírem 
para a apreciação do seu temperamento e 
caráter. Perguntar a opinião sobre 
determinado assunto (racismo estrutural e 
feminicídio, por exemplo) e observar o 
comportamento, que pode estar ligado, direta 
ou indiretamente ao fato. Essa expressão 
genérica aberta abrange elementos análogos 
que contribuírem para a apreciação do seu 
temperamento e caráter e que estejam de 
acordo com o crime praticado, interpretação 
analógica. 
ANALOGIA: autointegração da lei - princípio 
jurídico segundo o qual a lei estabelecida para 
um determinado fato a outro se aplica, embora 
por ela não regulado, dada a semelhança em 
relação ao primeiro. 
Exemplo: Art. 354 CPP. A precatória 
indicará: I - o juiz deprecado e o juiz 
deprecante; II - a sede da jurisdição de um e 
de outro; Ill - o fim para que é feita a citação, 
com todas as especificações; IV - o juízo do 
lugar, o dia e a hora em que o réu deverá 
comparecer. 
Art. 783 CPP. As cartas rogatórias serão, pelo 
respectivo juiz, remetidas ao Ministro da 
Justiça, a fim de ser pedido o seu 
cumprimento, por via diplomática, às 
autoridades estrangeiras competentes. 
As solicitações de juízes para outros juízes 
são chamadas de cartas precatórias. Nelas 
são dados instrumentos para informar e 
auxiliar o outro no entendimento do processo. 
Já as solicitações de juízes nacionais para 
juízes de outro país são chamadas de cartas 
rogatórias. A diligência entre as duas cartas 
são as mesmas, por isso é aplicado a norma 
que regula o art. 354 para as cartas rogatórias 
desamparadas. 
DIFERENÇA ENTRE INTERPRETAÇÃO 
ANALÓGICA E ANALOGIA: Na primeira, a 
vontade da lei é abranger os casos análogos 
àqueles por ela regulados. Na segunda não há 
 
16 Isabele Espairani - DPP 
essa voluntas legis, não existe essa vontade, 
mas o intérprete preenche o claro, a lacuna 
para a completude jurídica. 
 
 
Lembrando que essas normas estão com a 
eficácia suspensa. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura 
acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de 
investigação e a substituição da atuação 
probatória do órgão de acusação. (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) 
Esse artigo reafirmou o sistema acusatório 
puro, a separação entre órgão julgador e 
acusador. Nele há a expressa vedação da 
iniciativa do juiz na fase investigativa. O juiz 
das garantias não pode substituir a atuação do 
órgão acusatório (papel do promotor), ou seja, 
não pode acusar e investigar. Relação 
triangular. 
Livre sistema de produção de provas 
vedando-se as provas ilícitas. 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem 
a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, 
a produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e relevantes, observando a necessidade, 
adequação e proporcionalidade da medida; 
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
(artigo revogado – revogação tácita). 
A vedação da iniciativa do juiz, na fase 
investigativa, atende aos reclamos da 
doutrina, uma vez que o artigo 156, I do 
Código de Processo Penal permitia ao juiz, 
ampla liberdade probatória, com o poder, 
inclusive, de realizar diligências antes do 
mesmo oferecimento da denúncia. Verifica-
se, assim, que o artigo 3º-A derrogou o artigo 
156, extirpando o inciso I do mencionado 
artigo. 
A ampla liberdade probatória concedida ao 
juiz permitia que este, nas diligências 
determinadas, substituísse a função do 
Ministério Público. Daí a vedação expressa a 
tal substituição. 
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo 
controle da legalidade da investigação criminal e 
pela salvaguarda dos direitos individuais cuja 
franquia tenha sido reservada à autorização prévia 
do Poder Judiciário, competindo-lhe 
especialmente: 
Para os Alemães o Estado não pode ser 
abusivo e nem brando, deve equilibrar as duas 
ideias seguindo as normas constitucionais. 
Essa função é dada aos juízes da garantia. 
Função do juiz das garantias: a 
responsabilidade pelo controle da legalidade 
da investigação criminal e da proteção dos 
direitos individuais sujeitos à tutela do Estado-
Juiz. 
Ele se encarrega de verificar e aferir absoluta 
legalidade, protegendo as garantias 
constitucionais do investigado. Sua função 
acaba com o recebimento da denúncia. 
Ex: reserva de jurisdição, interceptação 
telefônica, sigilo fiscal, bancário. 
Se reveste da competência funcional absoluta 
para atuar nos estágios críticos da 
investigação criminal, e zelar pela 
salvaguarda dos direitos fundamentais do 
investigado e pelo controle da legalidade da 
investigação criminal. 
- “a ratio essendi da nova figura repousa em 
reforçar o modelo acusatório e assegurar a 
imparcialidade do juiz, evitando que o juiz da 
sentença seja ‘contaminado’ pelos elementos 
de informação colhidos na fase da 
investigação criminal. 
A figura do juiz das garantias atende a dois 
objetivos centrais. O primeiro se 
consubstancia em dar especialidade ao juiz 
que atua exclusivamente na fase de 
investigação, advindo daí a esperada 
expertise, eficiência e agilidade. O segundo 
objetivo consiste em “assegurar que o juiz do 
processo tenha plena liberdade crítica, em 
relação aos trabalhos da fase investigativa 
A omissão legislativa, quanto à necessidade 
do juiz das garantias nos tribunais se justifica 
Juiz de Garantias 
 
17 Isabele Espairani - DPP 
- “o risco que se busca evitar no primeiro grau 
não existe no julgamento colegiado. Ainda que 
o relator atue nas duas etapas da persecução, 
na fase do processo o julgamento é plural. O 
resultado não depende absolutamente do seu 
convencimento”. 
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos 
termos do inciso LXII do caput do art. 5º da 
Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 
13.964/2019) 
II - receber o auto da prisão em flagrante para o 
controle da legalidade da prisão, observado o 
disposto no art. 310 deste Código; (Incluído pela 
Lei nº 13.964/2019) 
O juiz das garantias, além de ser o 
destinatário do auto de prisão em flagrante, 
deverá aferir a legalidade da referida prisão. 
Assim, caso a prisão e a lavratura do referido 
auto se concretizaram, nos termos dos artigos 
301 a 308 do CPP e havendo a necessidade 
da permanência da segregação cautelar, será 
decretada a prisão preventiva do autuado. Em 
se tratando da hipótese de liberdade 
provisória, o juiz das garantias observará 
eventual aplicação cumulativa das medidas 
cautelares (ou contra cautelares) dispostas no 
artigo 319 do CPP. 
III - zelar pela observância dos direitosdo preso, 
podendo determinar que este seja conduzido à 
sua presença, a qualquer tempo; (Incluído pela Lei 
nº 13.964/2019) 
Ao determinar que o juiz zele pela observância 
dos direitos dos presos deseja o legislador 
que o magistrado seja rigoroso na aferição da 
legalidade da prisão, como também na sua 
própria manutenção, de forma que a prisão 
cautelar somente poderá se concretizar 
quando não for possível a submissão do 
agente às medidas cautelares diversas da 
prisão (ultima ratio). 
Legitima o legislador a requisição do preso 
pelo juiz das garantias, consubstanciada na 
denominada audiência de custódia, até então 
disciplinada apenas pela Resolução nº 213/15 
do Conselho Nacional de Justiça e replicada 
por normas internas dos tribunais de justiça. 
A audiência de custódia será desnecessária 
quando for o caso de relaxamento da prisão e 
da hipótese do artigo 310, III do CPP. 
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer 
investigação criminal 
O Juiz das garantias tem a função jurisdicional 
de aferir a legalidade de toda investigação 
criminal, com o propósito de obstar eventual 
abuso de autoridade, nesta primeira fase da 
persecução penal. Assim, tanto autoridade 
policial, como Ministério Público deverão 
informar eventual instauração de 
procedimento investigatório, de natureza 
criminal. 
Como, de acordo com a nova redação do 
artigo 28 dada pela Lei 13.964/19, o 
arquivamento será efetivado no próprio 
Ministério Público, o referido arquivamento 
também deverá ser comunicado ao juiz 
criminal, notadamente para registro e eventual 
certidão de antecedentes criminais 
V - Decidir sobre o requerimento de prisão 
provisória ou outra medida cautelar, observado o 
disposto no § 1º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 
13.964/2019) 
Prisão provisória é uma expressão que está 
fora de uso, o correto é prisão cautelar para 
diferenciá-la da prisão penal. Quem decide 
sobre a prisão preventiva é o juiz das 
garantias, após do pedido da polícia. Ela é 
decidida como última ratio, tendo outras 
hipóteses para substitui-la e submeter ao réu. 
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida 
cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, 
assegurado, no primeiro caso, o exercício do 
contraditório em audiência pública e oral, na forma 
do disposto neste Código ou em legislação 
especial pertinente 
Como o juiz das garantias é o responsável 
pela aferição da legalidade da prisão e pela 
salvaguarda dos direitos individuais dos 
investigados evidentemente todo pedido de 
prisão cautelar (preventiva e temporária) ou 
prorrogação deverá ser por ele analisado, sob 
o manto da legalidade e oportunidade. Aliás a 
prisão cautelar, como medida odiosa, deve ser 
reservada aos casos excepcionais, com 
demonstração explícita da medida extrema. 
 
18 Isabele Espairani - DPP 
O juiz das garantias independentemente da 
manifestação das partes poderá revogar a 
prisão cautelar quando entender que não se 
encontram mais presentes os motivos 
ensejadores da prisão. 
O artigo 319 do CPP estabeleceu outras 
medidas cautelares, de natureza diversa da 
prisão. Além de decidir sobre a imposição de 
tais medidas, o juiz das garantias poderá 
substitui-la ou revogá-las. Quando o juiz 
prorrogar a prisão preventiva ou medida 
cautelar o legislador impõe a adoção do juízo 
do contraditório, inclusive, com a designação 
de audiência. 
VII - decidir sobre o requerimento de produção 
antecipada de provas consideradas urgentes 
e não repetíveis, assegurados o contraditório 
e a ampla defesa em audiência pública e oral. 
A prova irrepetível é aquela que se caracteriza 
justamente pelo fato de que não poderá ser 
novamente realizada “em virtude do 
desaparecimento, destruição ou perecimento 
da fonte probatória. Podem ser produzidas na 
fase investigatória e em juízo, sendo que, em 
regra, não dependem de autorização judicial” 
(Renato Brasileiro). Cite-se como exemplo, o 
exame de corpo de delito. 
A prova antecipada é aquela que deveria ser 
realizada no momento da instrução criminal, 
mas em virtude de urgência e relevância, será 
colhida em momento antecipado, com o 
devido contraditório, eu audiência pública e 
oral, na presença do Ministério Público e 
advogado, sendo realizada até mesmo na 
fase de inquérito policial. Diante da relevância 
e da urgência demonstradas, o juiz das 
garantias poderá então deferir a sua produção 
antecipada, como na hipótese do depoimento 
ad perpetuam rei memoriam, a que se refere 
o artigo 225 do Código de Processo Penal. O 
juiz das garantias não poderá realizar tais 
provas, de ofício. 
 
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