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Introdução à falência empresarial

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INTRODUÇÃO À FALÊNCIA EMPRESARIAL 
 
1. Introdução: 
 
Quando nós estudamos o conceito de Direito Empresarial, nós aprendemos 
que se trata de um ramo da ciência do Direito que estuda as normas jurídicas que 
regem o exercício da empresa e o empresário, que é o titular da empresa. No caso do 
Direito Falimentar, trata-se de uma subdivisão do Direito Empresarial, que lida 
especificamente com a legislação aplicável à situação de crise econômico-financeira 
do empresário, visando a sua superação (através da recuperação da empresa, seja 
judicial ou extrajudicial) ou a sua resolução (por meio da falência). 
Em relação à legislação falimentar, a base do nosso estudo será a Lei 
11.101/05 (nossa atual “Lei de Falências”), com as modificações trazidas 
recentemente pela Lei 14.112/20. A atual Lei de Falências foi uma lei muito importante 
no nosso Direito Empresarial, pois ela substituiu o antigo Decreto-Lei 7.661/45 e 
trouxe diversas inovações para modernizar o regramento jurídico falimentar, dentre 
elas o instituto da recuperação extrajudicial. 
 
2. A insolvência do empresário 
 
Nós já falamos que a falência se aplica a uma situação de crise do empresário. 
E o que vem a ser essa situação de crise? Bem, em geral nós sabemos que a 
responsabilidade civil é em regra patrimonial, isto é, o devedor responde pelas suas 
dívidas com o seu patrimônio (art. 789 do CPC1). Em outras palavras, são os bens do 
devedor que garantem o direito dos credores. Assim, se ocorrer o inadimplemento 
de alguma obrigação pelo devedor, o credor poderá realizar a execução judicial do 
crédito. Aí, por ordem do Juiz, será possível invadir o patrimônio do devedor e 
satisfazer o direito do credor (por meio de atos como a penhora, arresto, avaliação, 
leilão etc.). Geralmente essa execução é individual, ou seja, cada credor é 
responsável por ajuizar a sua execução para satisfazer o seu crédito. 
Porém, se o devedor começar a acumular muitas obrigações inadimplidas, 
pode chegar a um ponto em que o patrimônio do devedor não será mais suficiente 
para quitar todos os credores. Esse momento é chamado de insolvência, que é 
quando o devedor possui um passivo (o que ele tem a pagar) maior que os ativos (o 
que ele tem a receber) do seu patrimônio. Aí já não é mais possível executar os 
créditos individualmente, pois isso poderia gerar injustiça na hora do pagamento (por 
exemplo, um banco que tem um crédito de valor alto e que acabou de vencer, por ter 
mais condições de cobrar a dívida, poderia vir a receber antes de vários trabalhadores 
com créditos de valor baixo e já vencidos há muito tempo. 
Por isso é que, quando ocorre a insolvência do devedor, para evitar qualquer 
injustiça nos pagamentos, é preciso que a execução de todos os créditos seja feita 
coletivamente, com o concurso de todos os credores, chamada de “execução 
concursal”2. Só assim será possível estabelecer condições para o tratamento 
 
1 Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de 
suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei. 
2 A palavra “concurso” aqui não significa competição/prova, como na expressão “concurso público”. A 
palavra concurso significa concentração/reunião de todos os credores, como na expressão “concurso 
de crimes”. 
 
 
paritário entre os credores para o recebimento do seu crédito, sem privilégios fora da 
lei (par conditio creditorum). 
É justamente para isso que serve o processo de falência, para possibilitar a 
execução concursal do devedor pelos seus credores, de maneira transparente e 
paritária e com a habilitação de todos os créditos devidos pelo empresário falido. 
Porém, aqui é preciso muita atenção! Quando se trata de devedor 
empresário, o estado de insolvência não é apenas econômico (quando o seu 
patrimônio fica menor que as dívidas), pois é até bastante comum que em alguns 
momentos o empresário tenha mais dívidas do que seu patrimônio poderia suportar. 
Por isso, a insolvência para fins falimentares não é meramente uma insolvência 
econômica/patrimonial, mas é principalmente uma insolvência jurídica, também 
chamada de presumida, que é definida legalmente pelo art. 94 da Lei 11.101/053. De 
acordo com esse artigo, o empresário será considerado insolvente quando: a) for 
injustificadamente impontual no cumprimento de obrigação líquida superior a 40 
salários-mínimos; b) incorrer em execução frustrada; e c) praticar ato de falência. 
Nesses casos, mesmo que o patrimônio do empresário seja maior que a totalidade 
dos seus débitos (ou seja, mesmo que não haja insolvência econômica/patrimonial), 
haverá insolvência jurídica e poderá ser iniciado o processo de falência (REsp 
1.532.154/SC4). Por outro lado, ainda que o empresário seja patrimonialmente 
insolvente, se não for demonstrada uma das situações previstas no art. 94 da Lei 
11.101/05 não poderá ser iniciado o processo de falência. 
Claro que, na prática, quem está economicamente insolvente acaba se 
enquadrando em ao menos uma das hipóteses legais. Porém, o fato é que 
juridicamente falando, a insolvência para fins falimentares só ocorre nas situações 
 
3 Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: I – sem relevante razão de direito, não paga, no 
vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma 
ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; II – executado 
por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro 
do prazo legal; III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação 
judicial: a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento 
para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo 
a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento 
de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência 
de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para 
prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com 
bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar 
representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento 
ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa 
de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. 
4 DIREITO EMPRESARIAL. PEDIDO DE FALÊNCIA INSTRUÍDO COM TÍTULO EXECUTIVO 
EXTRAJUDICIAL DE VALOR SUPERIOR A 40 (QUARENTA) SALÁRIOS-MÍNIMOS. INDÍCIOS DE 
INSOLVÊNCIA PATRIMONIAL DO DEVEDOR. DESNECESSIDADE. O autor do pedido de falência 
não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou da insuficiência patrimonial do devedor, 
bastando que a situação se enquadre em uma das hipóteses do art. 94 da Lei nº 11.101/2005. Assim, 
independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial, é possível a decretação 
da quebra do devedor que não paga, sem relevante razão de direito, no vencimento, obrigação 
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº 
11.101/2005). (STJ. 3ª Turma. REsp 1.532.154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 
18/10/2016) (Info 596). 
 
 
previstas em lei, independentemente da questão patrimonial. Vamos analisar 
rapidamente cada uma dessas hipóteses acima: 
a) Impontualidade injustificada de obrigação líquida superior a 40 salários-
mínimos: impontualidade é o vencimento sem pagamento e sem justificativa 
jurídica para o inadimplemento (aquelasprevistas no art. 96 da Lei 
11.101/055). Já obrigação liquida é aquela constante de título executivo 
judicial (art. 515 do CPC6) ou extrajudicial (art. 784 do CPC7). Cuidado! Alguns 
tipos de obrigação não podem ser exigidos na falência, e por isso não servem 
de fundamento para a insolvência jurídica do devedor, como é o caso das 
obrigações a título gratuito, como por exemplo uma doação (art. 5º da Lei 
11.101/058). Por fim, vale observar que a prova da impontualidade do título 
deve ser provada pelo protesto, que em geral é um protesto especial para 
fins falimentares, cuja principal diferença do protesto cambial comum é a 
 
5 Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será decretada se 
o requerido provar: I – falsidade de título; II – prescrição; III – nulidade de obrigação ou de título; IV – 
pagamento da dívida; V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a 
cobrança de título; VI – vício em protesto ou em seu instrumento; VII – apresentação de pedido de 
recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; VIII – 
cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada 
por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de 
exercício posterior ao ato registrado. 
6 Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos 
previstos neste Título: I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de 
obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; II - a decisão homologatória 
de autocomposição judicial; III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer 
natureza; IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos 
herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as 
custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; VI - a sentença penal 
condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral; VIII - a sentença estrangeira homologada 
pelo Superior Tribunal de Justiça; IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do 
exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça. 
7 Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a 
debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III - o 
documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; IV - o instrumento de 
transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos 
advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; V - o contrato 
garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por 
caução; VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; VII - o crédito decorrente de foro e 
laudêmio; VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como 
de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; IX - a certidão de dívida ativa da 
Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos 
créditos inscritos na forma da lei; X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias 
de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde 
que documentalmente comprovadas; XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro 
relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados 
nas tabelas estabelecidas em lei; XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei 
atribuir força executiva. 
8 Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: I – as obrigações a título 
gratuito; II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na 
falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. 
 
 
identificação da pessoa que recebeu a notificação (Súmula 361 do STJ9)10, 
realizado no Cartório de Protestos no domicílio do devedor. Por exemplo, no 
caso de cheque, o STJ já decidiu que é necessário o protesto do título para 
comprovar a impontualidade do devedor, que deve ser realizado no prazo de 
6 meses da ação cambial, contados do término do prazo de apresentação 
(REsp 1.249.866/RJ11) 
b) Execução frustrada: é uma situação caracterizada por uma “tríplice omissão”, 
que é a inexistência de pagamento, inexistência de depósito e inexistência de 
nomeação de bens à penhora pelo empresário executado. Aplica-se aos 
casos de execução individual comum, em que o empresário e executado por 
algum credor individual, sem necessidade de demonstração de insolvência. A 
prova da execução frustrada se faz por simples certidão do Juízo onde tramitar 
a execução, atestando que houve a tríplice omissão. Não necessidade de 
protesto do título executado nesse caso, e ele pode ser até mesmo inferior a 
40 salários-mínimos. 
c) Atos de falência: são os atos previstos no inciso III do art. 94 da Lei 11.101/05, 
e que pressupõem um estado de insolvência patrimonial do empresário, que 
em geral tenta frustrar o pagamento das obrigações devidas aos credores. 
 
Quadro resumo: 
 
HIPÓTESES DE INSOLVÊNCIA PRESUMIDA 
Impontualidade injustificada de obrigação líquida superior a 
40 salários-mínimos 
Frustração de execução (tríplice omissão) 
Prática de atos de falência (art. 94, III) 
 
9 STJ. Súmula 361. A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa devedora, 
exige a identificação da pessoa que a recebeu. 
10 “Salientado isso, tem-se que, do ponto de vista falimentar, o protesto é medida obrigatória para 
comprovar a impontualidade do devedor (art. 94, I, da Lei 11.101/2005). Sobre a distinção entre o 
protesto cambial e o protesto falimentar, parte da doutrina ensina que: ‘Conforme sua finalidade, o 
protesto extrajudicial se subdivide em: cambial e falimentar (também denominado de protesto especial). 
Aquele é o modo pelo qual o portador de um título de crédito comprova a sua apresentação ao devedor 
(por exemplo, para aceite ou pagamento). Constitui uma faculdade do credor, um ônus do qual ele deve 
desincumbir-se para assegurar seu direito de ação contra os coobrigados no título, como endossantes 
e avalistas, mas é dispensável para cobrar o crédito do devedor principal. Por outro lado, o protesto 
para fins falimentares é obrigatório e visa a comprovar a impontualidade injustificada do devedor 
empresário, tornando o título hábil a instruir o pedido de falência [...]. Cabe esclarecer, entretanto, que 
tal distinção é meramente acadêmica, uma vez que o protesto é único e comprova o mesmo fato: a 
apresentação formal de um título, independentemente da finalidade visada pelo credor (se pedido de 
falência ou garantia do direito de ação contra coobrigados)’”. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.249.866-SC, Rel. 
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 6/10/2015) (Info 572) 
11 DIREITO EMPRESARIAL. PRAZO DE REALIZAÇÃO DE PROTESTO PARA FINS 
FALIMENTARES.O protesto tirado contra o emitente do cheque é obrigatório para o fim de comprovar 
a impontualidade injustificada do devedor no procedimento de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005) 
e deve ser realizado em até 6 meses contados do término do prazo de apresentação (prazo 
prescricional da ação cambial). (STJ. 3ª Turma. REsp 1.249.866-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, julgado em 6/10/2015) (Info 572). 
 
 
 
3. Princípios do Direito Falimentar: 
 
Mas, por que é importante regulamentar juridicamente essa situação de crise 
da empresa? Por causa do princípio da função social da empresa. Hoje em dia 
prevalece a ideia de que a empresa é uma atividade de extrema importância não só 
para o empresárioindividualmente considerado, mas para toda a sociedade. A 
atividade empresarial é um dos fatores de desenvolvimento econômico e social da 
comunidade, tanto que a própria Constituição Federal consagrou expressamente em 
seu texto a livre iniciativa como um dos princípios fundamentais da nossa República 
(art. 1º, IV, da CF/8812) e um dos princípios gerais da atividade econômica em nosso 
país (art. 170, caput e parágrafo único, da CF/8813). 
Partindo dessa ideia, a crise da empresa pode ser vista de diversos ângulos, 
dos quais podem ser extraídos quatro princípios do Direito Falimentar: 
a) do ponto de vista social, percebe-se que a atividade empresarial reúne não só 
os interesses dos empresários (o lucro), mas de diversas outras classes 
sociais, tais como os trabalhadores (interessados na manutenção dos postos 
de trabalho), os consumidores (interessados no fornecimento de bens e 
serviços), o Estado (interessado na arrecadação de impostos e no aumento de 
capital circulando), e a sociedade como um todo (interessada no investimento 
no desenvolvimento de recursos humanos, tecnológicos, infraestruturais etc.). 
Daí surge o princípio do impacto social da crise da empresa, pois quando 
ela entra em crise todos esses interesses são afetados. Por isso é interessante 
tentar recuperar e preservar a empresa, mantê-la operando, o que é feito pelo 
instituto da recuperação da empresa. 
b) do ponto de vista da responsabilidade do empresário, não se pode esquecer 
que a atividade empresarial sempre envolve um risco, pois ela sofre influência 
de diversos fatores econômicos e sociais que muitas vezes o empresário não 
controla. Questões macroeconômicas, governamentais, ambientais e outras 
podem ter impactos não só a nível local, como também regional e até mesmo 
mundial, afetando o exercício da atividade empresarial. A pandemia de Covid-
19 é um exemplo recente do impacto desses fatores de risco. Daí surge o 
princípio da inerência do risco, pela qual toda crise empresarial deve ser 
investigada, pois isso pode impactar vários setores da sociedade e causar 
graves prejuízos, ocasionando a necessidade de eventual responsabilização 
civil e criminal pelos danos causados. Um exemplo é o filme “As Loucuras de 
Dick e Jane”, que conta a história da quebra da Enron nos EUA. A Enron era 
uma pessoa jurídica empresária que explorava o ramo de geração de energia 
e chegou a ser a sétima maior dos EUA, com valor estimado em 68 bilhões de 
dólares. Porém, em 2001 foi descoberto um imenso esquema de fraude na 
companhia, o que resultou na sua falência. Foram mais de 4.000 empregados 
demitidos, e mais muitos outros que ficaram sem aposentadoria (lá eles 
 
12 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios 
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] IV - 
os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. 
13 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem 
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, [...]. Parágrafo único. 
É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de 
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
 
 
chamam de fundo de pensão), além de grandes prejuízos ao mercado 
financeiro e de ações, e ao governo americano. Só que quando foram ver os 
bens dos diretores, todos tinham recebido altíssimos valores em comissão e 
todos já estavam com seu patrimônio blindado. Isso mostra como é importante 
a regulação da crise empresarial, justamente para buscar a responsabilização 
pelos danos causados. 
c) do ponto de vista dos credores do empresário em crise, é preciso que a 
legislação proteja o seu direito e evite injustiças na hora do pagamento. Por 
isso é essencial que se estabeleça um procedimento para a arrecadação dos 
bens do empresário, identificação do número de credores, classificação da 
ordem de preferência para a quitação do crédito etc., o que é feito pelo 
processo de falência. Disso surgem mais dois princípios, que são os 
princípios da transparência e do tratamento paritário dos credores. Pelo 
princípio da transparência, os processos judiciais relacionados à crise 
empresarial, seja a recuperação judicial ou a falência, devem ser conduzidos 
com a máxima transparência possível, para permitir que os credores avaliem 
a eventual possibilidade de recuperação e fiscalizem os pagamentos dos 
débitos de acordo o previsto na legislação falimentar. Já pelo princípio do 
tratamento paritário dos credores (também chamado de par conditio 
creditorum), não é possível que o empresário falido estabeleça as preferências 
de pagamento, pois isso poderia levar a injustiças com os direitos dos credores. 
Assim, os credores dever ser classificados de acordo com uma ordem de 
preferência prevista em lei, e todos os credores de uma mesma classificação 
devem ser tratados igualmente, sem privilégios ilegais. Essa classificação é 
feita com base em vários critérios, como por exemplo na necessidade (créditos 
trabalhistas são preferenciais), no tipo de garantia (créditos com garantia real, 
como hipoteca ou penhor, são preferenciais) etc. 
 
Quadro resumo: 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO FALIMENTAR 
Princípio do impacto social da crise da empresa 
Princípio da inerência do risco 
Princípio da transparência 
Princípio do tratamento paritário dos credores 
 
4. O devedor no Direito Falimentar: 
 
A partir do conceito que acabamos de estudar é possível perceber que o 
Direito Falimentar só se aplica aos empresários, seja pessoa física ou jurídica (art. 1º 
da Lei 11.101/0514). Lembre-se que são considerados empresários aqueles que 
exercem a empresa. Quando o empresário for pessoa física, temos a figura do 
 
14 Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. 
 
 
empresário individual (art. 966 do CC15). Quando for pessoa jurídica, tem-se a 
sociedade empresária (art. 982 do CC16). Daí já podemos tirar algumas conclusões a 
respeito de quem poderá ser submetido ao direito falimentar: 
 
a) Devedores civis (que não sejam empresários): se uma pessoa física não é 
empresária individual, ou se uma pessoa jurídica não é empresária, não poderá 
se submeter ao regime falimentar. Nesse caso, serão aplicadas as regras do 
concurso de credores, previstas lá do Direito Processual Civil. Vale lembrar 
que, dentro das pessoas jurídicas previstas no art. 44 do CC17, somente a 
sociedade poderá ser empresária (e também a EIRELI, que foi recentemente 
excluída). Assim, as associações, fundações, sociedades simples (não 
empresárias) etc. não poderão se submeter à falência, pois tais pessoas 
jurídicas não exercem atividade empresarial. 
b) Cooperativas: as cooperativas possuem natureza jurídica de sociedade 
simples, não se enquadrando como empresárias por expressa disposição legal 
(art. 982, parágrafo único, do CC18). Por isso, não se sujeitam ao regime 
falimentar. 
c) Empresas públicas e sociedades de economia mista: embora essas pessoas 
jurídicas integrantes da administração pública possam exercer atividade 
empresarial, por expressa disposição legal elas não se submetem a falência 
(art. 2º, I, da Lei 11.101/0519). 
d) Instituições financeiras e demais agentes econômicos: embora essas pessoas 
jurídicas sejam empresárias, não se submetem ao regime falimentar também 
por expressa disposição legal (art. 2º, II, da Lei 11.101/0520). Para essas 
instituições foi previsto o regime de liquidação extrajudicial, previsto em 
diversas leis especificas que regulam esses mercados. 
 
 
Quadro resumo: 
 
 
15 Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera 
empresário quem exerce profissãointelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda 
com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa. 
16 Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o 
exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; 
e, simples, a cooperativa. 
17 Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as 
fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. 
18 Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o 
exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; 
e, simples, a cooperativa. 
19 Art. 2º Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista. 
20 Art. 2º Esta Lei não se aplica a: [...] II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de 
crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de 
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente 
equiparadas às anteriores. 
 
 
NÃO SE SUJEITAM A FALÊNCIA 
Devedores civis 
Cooperativas 
Empresa pública e sociedade de economia mista 
Instituições financeiras e demais agentes econômicos 
 
5. Competência no regime falimentar: 
 
A competência para processo falimentar em geral, que vale tanto para a 
falência como para a recuperação de empresa, é baseada no local do principal 
estabelecimento do devedor, no caso de empresário brasileiro, ou do local da filial 
de empresa que tenha sede fora do Brasil (art. 3º da Lei 11.101/0521). 
Geralmente, o principal estabelecimento do empresário é a sua sede, pois é 
ali que o empresário costuma concentrar todas as atividades relacionadas ao negócio. 
Porém, no caso de empresários que atuam em maior escala, muitas vezes a sede é 
apenas o centro administrativo, não havendo realização de negócios propriamente 
ditos. Assim, no caso de empresário com vários estabelecimentos, considera-se como 
principal estabelecimento aquele que concentrar o maior volume de negócios do 
empresário, isto é, aquele de maior importância econômica para o empresário e não 
necessariamente a sua sede. 
Vale frisar que o próprio STJ já decidiu que a competência do local do principal 
estabelecimento empresarial é absoluta e deve ser auferida no momento da 
propositura da demanda. Após, se houver modificação no volume de negócios dos 
estabelecimentos do empresário, essa modificação será irrelevante para a 
competência falimentar (CC 163.818/ES22). 
 
21 Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação 
judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de 
empresa que tenha sede fora do Brasil. 
22 DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DIREITO FALIMENTAR. JUÍZO FALIMENTAR E RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL. COMPETÊNCIA ABSOLUTA. PRINCIPAL ESTABELECIMENTO DO DEVEDOR. 
MOMENTO DA PROPOSITURA DA AÇÃO. É absoluta a competência do local em que se encontra 
o principal estabelecimento para processar e julgar pedido de recuperação judicial, que deve 
ser aferido no momento de propositura da demanda, sendo irrelevantes para esse fim 
modificações posteriores de volume negocial. O Juízo competente para processar e julgar pedido 
de recuperação judicial é aquele situado no local do principal estabelecimento (art. 3º da Lei n. 
11.101/2005), compreendido este como o local em que se encontra "o centro vital das principais 
atividades do devedor". Embora utilizado o critério em razão do local, a regra legal estabelece critério 
de competência funcional, encerrando hipótese legal de competência absoluta, inderrogável e 
improrrogável, devendo ser aferido no momento da propositura da demanda - registro ou distribuição 
da petição inicial. A utilização do critério funcional tem por finalidade o incremento da eficiência da 
prestação jurisdicional, orientando-se pela natureza da lide, assegurando coerência ao sistema 
processual e material. Destaca-se que, no curso do processo de recuperação judicial, as modificações 
em relação ao principal estabelecimento, por dependerem exclusivamente de decisões de gestão de 
negócios, sujeitas ao crivo do devedor, não acarretam a alteração do juízo competente, uma vez que 
os negócios ocorridos no curso da demanda nem mesmo se sujeitam à recuperação judicial. Assim, 
conclusão diversa, no sentido de modificar a competência sempre que haja correspondente alteração 
do local de maior volume negocial, abriria espaço para manipulações do Juízo natural e possível 
embaraço do andamento da própria recuperação. Com efeito, o devedor, enquanto gestor do negócio, 
 
 
Uma outra característica da competência do Juízo falimentar é que ela é 
universal (universalidade do juízo falimentar). Isso quer dizer que, uma vez decretada 
a falência no Juízo competente, todos os demais processos eventualmente existentes 
que tratem de bens, interesses e negócios do empresário falido deverão ser 
processados e julgados pelo Juízo da falência. Em outras palavras, o Juízo falimentar 
atrai a competência para julgar todas as demandas patrimoniais contra o empresário 
falido (art. 76, primeira parte, da Lei 11.101/0523). 
Existem algumas exceções a essa universalidade do juízo falimentar, de 
modo que algumas ações não serão reunidas ao processo falimentar e continuarão 
com suas competências originarias. São elas: a) reclamações trabalhistas; b) 
execuções fiscais; c) demandas não reguladas na Lei de Falências em que o 
empresário falido por autor (art. 76, parte final, da Lei 11.101/0524). 
 
6. Administrador judicial: 
 
O administrador judicial é um profissional nomeado pelo juiz para auxiliar na 
condução dos processos de falência ou de recuperação de empresa. Esse 
administrador deve ser preferencialmente um advogado, economista, 
administrador de empresas ou contador (art. 21 da Lei 11.101/0525). Também é 
possível que seja contratada uma pessoa jurídica especializada para exercer a 
função de administrador judicial, mas, nesse caso, deverá ser indicado um profissional 
responsável para assinar o termo de compromisso (art. 21, parágrafo único, da Lei 
11.101/0526). Uma vez nomeado o administrador judicial, ele deverá assinar um termo 
de compromisso no prazo de 48 horas (art. 33 da Lei 11.101/0527). 
Em geral, cabe ao administrador judicial a organização do processo 
falimentar e a comunicação com os credores do devedor, visando atender aos 
princípios da transparência e do tratamento paritário. Por exemplo, cabe ao 
administrador elaborar a relação e consolidar o quadro-geral de credores, estimular a 
conciliação, manter endereço eletrônico na internet com informações sobre o 
 
detém o direito potestativo de centralização da atividade em locais distintos no curso da demanda, mas 
não o poder de movimentar a competência funcional já definida. Do contrário, o resultado seria o 
prolongamento da duração do processo e, provavelmente, a ampliação dos custos e do prejuízo dos 
credores, distorcendo a razão de ser do próprio instituto da recuperação judicial de empresas. (CC 
163.818-ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 
23/09/2020, DJe 29/09/2020. Informativo 680). 
23 Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, 
interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas 
nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. 
24 Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, 
interesses e negócios do falido, ressalvadasas causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas 
nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. 
25 Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, 
administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. 
26 Art. 21. [...]. Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, 
no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do 
processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do 
juiz. 
27 Art. 33. O administrador judicial e os membros do Comitê de Credores, logo que nomeados, serão 
intimados pessoalmente para, em 48 (quarenta e oito) horas, assinar, na sede do juízo, o termo de 
compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo e assumir todas as responsabilidades a ele 
inerentes. 
 
 
processo, fiscalizar as atividades do devedor na recuperação judicial, administrar e 
representar a massa falida na falência, prestar contas ao juiz etc. (art. 22 da Lei 
11.101/0528). 
 
28 Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros 
deveres que esta Lei lhe impõe: I – na recuperação judicial e na falência: a) enviar correspondência 
aos credores constantes na relação de que trata o inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do 
art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação 
judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito; b) fornecer, 
com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados; c) dar extratos dos livros do 
devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e impugnações 
de créditos; d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações; e) 
elaborar a relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei; f) consolidar o quadro-geral de 
credores nos termos do art. 18 desta Lei; g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de 
credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de 
decisões; h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, 
quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; i) manifestar-se nos casos previstos nesta 
Lei; j) estimular, sempre que possível, a conciliação, a mediação e outros métodos alternativos de 
solução de conflitos relacionados à recuperação judicial e à falência, respeitados os direitos de 
terceiros, na forma do § 3º do art. 3º da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo 
Civil); k) manter endereço eletrônico na internet, com informações atualizadas sobre os processos de 
falência e de recuperação judicial, com a opção de consulta às peças principais do processo, salvo 
decisão judicial em sentido contrário; l) manter endereço eletrônico específico para o recebimento de 
pedidos de habilitação ou a apresentação de divergências, ambos em âmbito administrativo, com 
modelos que poderão ser utilizados pelos credores, salvo decisão judicial em sentido contrário; m) 
providenciar, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, as respostas aos ofícios e às solicitações enviadas 
por outros juízos e órgãos públicos, sem necessidade de prévia deliberação do juízo; II – na 
recuperação judicial: a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação 
judicial; b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de 
recuperação; c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor, 
fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo devedor; d) apresentar o 
relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do art. 63 desta 
Lei; e) fiscalizar o decurso das tratativas e a regularidade das negociações entre devedor e credores; 
f) assegurar que devedor e credores não adotem expedientes dilatórios, inúteis ou, em geral, 
prejudiciais ao regular andamento das negociações; g) assegurar que as negociações realizadas entre 
devedor e credores sejam regidas pelos termos convencionados entre os interessados ou, na falta de 
acordo, pelas regras propostas pelo administrador judicial e homologadas pelo juiz, observado o 
princípio da boa-fé para solução construtiva de consensos, que acarretem maior efetividade 
econômico-financeira e proveito social para os agentes econômicos envolvidos; h) apresentar, para 
juntada aos autos, e publicar no endereço eletrônico específico relatório mensal das atividades do 
devedor e relatório sobre o plano de recuperação judicial, no prazo de até 15 (quinze) dias contado da 
apresentação do plano, fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo 
devedor, além de informar eventual ocorrência das condutas previstas no art. 64 desta Lei; III – na 
falência: a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua 
disposição os livros e documentos do falido; b) examinar a escrituração do devedor; c) relacionar os 
processos e assumir a representação judicial e extrajudicial, incluídos os processos arbitrais, da massa 
falida; d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto 
de interesse da massa; e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo 
de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que 
conduziram à situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, 
observado o disposto no art. 186 desta Lei; f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar 
o auto de arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei; g) avaliar os bens arrecadados; h) 
contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação dos bens 
caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa; i) praticar os atos necessários à realização do 
ativo e ao pagamento dos credores; j) proceder à venda de todos os bens da massa falida no prazo 
máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data da juntada do auto de arrecadação, sob pena 
de destituição, salvo por impossibilidade fundamentada, reconhecida por decisão judicial; l) praticar 
 
 
A remuneração do administrador judicial é fixada pelo juiz, tomando como 
base os seguintes critérios: a) capacidade de pagamento do devedor; b) grau de 
complexidade do trabalho; e c) a remuneração praticada no mercado para a mesma 
atividade. Em qualquer caso, a remuneração do administrador deve ficar dentro do 
limite percentual de 5% do valor das dívidas, no caso da recuperação, ou do valor 
arrecadado com a venda dos bens, em caso de falência. Para os casos de ME e EPP 
o teto da remuneração será reduzido para 2% (art. 24 da Lei 11.101/0529). 
A responsabilidade pelo pagamento da remuneração do administrador é do 
devedor (na recuperação) ou da massa falida (art. 25 da Lei 11.101/0530). Em ambos 
os casos, trata-se de um crédito extraconcursal, o que quer dizer que ele será pago 
antes dos demais credores (art. 84, I-D, da Lei 11.101/0531). No caso da falência, esse 
pagamento é feito em duas parcelas: a) 60% do valor é pago primeiro, junto com os 
demais créditos extraconcursais; b) 40% do valor é pago somente após a aprovação 
da prestação de contas (art. 24, §2º, da Lei 11.101/0532). No caso da recuperação 
judicial, o valor total é pago no momento da liquidação dos créditos extraconcursais 
(STJ, REsp 1.700.700/SP33). 
 
todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas e dar a respectiva 
quitação; m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, 
penhorados ou legalmente retidos; n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, 
advogado, cujoshonorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores; o) 
requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento desta Lei, a 
proteção da massa ou a eficiência da administração; p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até 
o 10º (décimo) dia do mês seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique 
com clareza a receita e a despesa; q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa 
em seu poder, sob pena de responsabilidade; r) prestar contas ao final do processo, quando for 
substituído, destituído ou renunciar ao cargo; s) arrecadar os valores dos depósitos realizados em 
processos administrativos ou judiciais nos quais o falido figure como parte, oriundos de penhoras, de 
bloqueios, de apreensões, de leilões, de alienação judicial e de outras hipóteses de constrição judicial, 
ressalvado o disposto nas Leis nos 9.703, de 17 de novembro de 1998, e 12.099, de 27 de novembro 
de 2009, e na Lei Complementar nº 151, de 5 de agosto de 2015. 
29 Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, 
observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores 
praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. § 1º Em qualquer hipótese, o 
total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores 
submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência. § 2º Será reservado 40% 
(quarenta por cento) do montante devido ao administrador judicial para pagamento após atendimento 
do previsto nos arts. 154 e 155 desta Lei. § 3º O administrador judicial substituído será remunerado 
proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de 
suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses 
em que não terá direito à remuneração. § 4º Também não terá direito a remuneração o administrador 
que tiver suas contas desaprovadas. § 5º A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao 
limite de 2% (dois por cento), no caso de microempresas e de empresas de pequeno porte, bem como 
na hipótese de que trata o art. 70-A desta Lei. 
30 Art. 25. Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à remuneração do 
administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxiliá-lo. 
31 Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os 
mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, aqueles relativos: [...] I-D - às remunerações 
devidas ao administrador judicial e aos seus auxiliares, aos reembolsos devidos a membros do Comitê 
de Credores, e aos créditos derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de acidentes de trabalho 
relativos a serviços prestados após a decretação da falência. 
32 Art. 24. [...]. § 2º Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador 
judicial para pagamento após atendimento do previsto nos arts. 154 e 155 desta Lei. 
33 HONORÁRIOS DO ADMINISTRADOR JUDICIAL. RESERVA DE 40%. ART. 24, § 2º, DA LEI N. 
11.101/2005. INAPLICABILIDADE NO ÂMBITO DOS PROCESSOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. 
 
 
 
Obs.: Na falência, o empresário é removido da administração do negócio, que passa 
a ser exercida pelo próprio administrador judicial. Já no caso da recuperação, o 
empresário devedor continua na administração do negócio, cabendo ao administrador 
o auxílio e fiscalização do devedor. 
 
Caso o administrador judicial não cumpra devidamente suas funções, ele 
poderá ser destituído pelo Juiz. Essa destituição pode ocorrer de ofício ou em razão 
de requerimento de qualquer interessado (art. 31, caput, da Lei 11.101/0534). Além 
disso, o administrador judicial poderá ser responsabilizado caso venha a causar 
danos ao devedor, à massa falida ou aos credores, seja a título de dolo ou culpa (art. 
32 da Lei 11.101/0535). 
 
7. Assembleia-geral e Comitê de credores: 
 
Tendo em vista que o processo falimentar visa a satisfação dos direitos dos 
credores, é preciso que lhes seja garantido o direito de participar da condução do 
processo. Por isso, a lei prevê que todos os credores sejam reunidos numa 
assembleia-geral, para que possam votar sobre questões relacionadas aos seus 
interesses (art. 35 da Lei 11.101/0536). 
 
A reserva de 40% dos honorários do administrador judicial, prevista no art. 24, § 2º, da Lei n. 
11.101/2005, não se aplica no âmbito da recuperação judicial. Salienta-se preliminarmente que o 
art. 24, § 2º, da Lei n. 11.101/2005 determina que 40% da remuneração do administrador judicial deve 
ser reservado para pagamento posterior, após atendidas as previsões dos arts. 154 e 155 da LFRE. 
Esses artigos - que disciplinam a prestação e o julgamento das contas do administrador judicial, bem 
como a apresentação do relatório final - estão insertos no capítulo V da lei em questão, que, em sua 
seção XII, trata especificamente do "Encerramento da Falência e da Extinção das Obrigações do 
Falido". Desse modo, uma vez que o art. 24, § 2º, da LFRE condiciona o pagamento dos honorários 
reservados à verificação e à realização de procedimentos relativos estritamente a processos de 
falência, não se pode considerar tal providência aplicável às ações de recuperação judicial. Quisesse 
o legislador que a reserva de 40% da remuneração devida ao administrador fosse regra aplicável 
também aos processos de soerguimento, teria feito menção expressa ao disposto no art. 63 da LFRE 
- que trata da apresentação das contas e do relatório circunstanciado nas recuperações judiciais -, 
como efetivamente o fez em relação às ações falimentares, ao sujeitar o pagamento da reserva à 
observância dos arts. 154 e 155 da LFRE. (REsp 1.700.700-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por 
unanimidade, julgado em 05/02/2019, DJe 08/02/2019). 
34 Art. 31. O juiz, de ofício ou a requerimento fundamentado de qualquer interessado, poderá determinar 
a destituição do administrador judicial ou de quaisquer dos membros do Comitê de Credores quando 
verificar desobediência aos preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou 
prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros. 
35 Art. 32. O administrador judicial e os membros do Comitê responderão pelos prejuízos causados à 
massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente em deliberação do 
Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da responsabilidade. 
36 Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre: I – na recuperação 
judicial: a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo 
devedor; b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) 
(VETADO); d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4º do art. 52 desta Lei; e) o nome 
do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; f) qualquer outra matéria que possa afetar os 
interesses dos credores; g) alienação de bens ou direitos do ativo não circulante do devedor, não 
prevista no plano de recuperação judicial; II – na falência: a) (VETADO); b) a constituição do Comitê de 
Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) a adoção de outras modalidades de 
realização do ativo, na forma do art. 145 desta Lei; d) qualquer outra matéria que possa afetar os 
interesses dos credores. 
 
 
Em regra, cada credor vota na assembleia-geral de maneira proporcional ao 
valor do seu crédito (art. 38, caput, da Lei 11.101/0537) e as decisões dos credores 
reunidos em assembleia-geral são tomadas por maioria geral, o que significa que a 
proposta será considerada aprovada se for aceita por mais da metade do valor total 
dos créditos presentes (art. 42, primeira parte, da Lei 11.101/0538). 
Porém, em alguns casos esse sistema de votação não seria eficaz, porque 
poderia permitir que os titularesde créditos de maior valor tivessem privilégio em 
relação aos de menor valor, o que poderia violar a ordem de importância prevista em 
lei. Por exemplo, por terem créditos de maior valor, os fornecedores do empresário 
poderiam ter mais força do que os credores trabalhistas, mesmo os trabalhistas sendo 
prioritários pela letra da lei. 
Por conta disso é que a lei prevê que na assembleia-geral, os credores devem 
ser subdivididos em quatro classes distintas, baseadas na classificação dos seus 
créditos: 1) créditos derivados da legislação trabalhista ou de acidente do trabalho; 
2) créditos com garantia real (até o limite do valor do bem dado em garantia); 3) 
créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados; 
4) credores ME/EPP (art. 41 da Lei 11.101/0539). 
Assim, em três situações previstas em lei as decisões dos credores deverão 
ser tomadas pelas classes separadamente. São elas: a) aprovação do plano de 
recuperação; b) composição do comitê de credores; e c) aprovação de forma 
alternativa de realização do ativo (art. 42, segunda parte, da Lei 11.101/0540). No 
caso da aprovação do plano de recuperação judicial da empresa, a votação deve se 
dar separadamente em cada classe, om regras de aprovação distintas em cada uma, 
sendo que o plano deverá ser aprovado em todas elas (art. 45 da Lei 11.101/0541). 
 
37 Art. 38. O voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito, ressalvado, nas deliberações 
sobre o plano de recuperação judicial, o disposto no § 2º do art. 45 desta Lei. 
38 Art. 42. Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que 
representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia-geral, exceto nas 
deliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos da alínea a do inciso I do caput do art. 
35 desta Lei, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de realização do ativo nos 
termos do art. 145 desta Lei. 
39 Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores: I – titulares de 
créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho; II – titulares de 
créditos com garantia real; III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com 
privilégio geral ou subordinados. IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa 
de pequeno porte. § 1º Os titulares de créditos derivados da legislação do trabalho votam com a classe 
prevista no inciso I do caput deste artigo com o total de seu crédito, independentemente do valor. § 2º 
Os titulares de créditos com garantia real votam com a classe prevista no inciso II do caput deste artigo 
até o limite do valor do bem gravado e com a classe prevista no inciso III do caput deste artigo pelo 
restante do valor de seu crédito. 
40 Art. 42. Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que 
representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia-geral, exceto nas 
deliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos da alínea a do inciso I do caput do art. 
35 desta Lei, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de realização do ativo nos 
termos do art. 145 desta Lei. 
41 Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores 
referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta. § 1º Em cada uma das classes referidas nos 
incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais 
da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia e, cumulativamente, pela maioria simples 
dos credores presentes. § 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta 
deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu 
crédito. § 3º O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quorum 
 
 
Por exemplo, nas classes trabalhistas e ME/EPP a aprovação deve se dar por maioria 
simples, independentemente do valor do crédito de cada credor (art. 45, §2º, da Lei 
11.101/0542). Da mesma forma, para a composição do comitê de credores, também 
há votação separada, de modo que cada classe elege o seu representante (art. 44 da 
Lei 11.101/0543). Por fim, no caso de formas alternativas de realização do ativo na 
falência (venda dos bens do falido), será necessária a aprovação de 2/3 dos créditos 
presentes em assembleia (art. 46 da Lei 11.101/0544). 
Obs.: Recentemente a Lei foi alterada para modernizar e facilitar a forma de votação 
dos credores em assembleia (art. 39, §4º, da Lei 11.101/0545). Agora, qualquer 
deliberação a cargo da assembleia-geral poderá ser substituída por: a) termo de 
adesão assinado pelos credores (art. 45-A da Lei 11.101/0546); b) votação 
eletrônica; c) outro mecanismo suficientemente seguro. Em todos os casos, cabe 
ao administrador judicial fiscalizar a votação e dar parecer sobre a regularidade do 
procedimento, que será posteriormente submetido a homologação pelo Juiz. 
A convocação da assembleia-geral é feita pelo Juiz, por meio de publicação 
de edital com antecedência mínima de 15 dias (art. 36 da Lei 11.101/0547). A 
convocação também pode ser requerida pelo administrador judicial (art. 22, I, “g”, da 
 
de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de 
pagamento de seu crédito. 
42 Art. 45. [...]. § 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser 
aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito. 
43 Art. 44. Na escolha dos representantes de cada classe no Comitê de Credores, somente os 
respectivos membros poderão votar. 
44 Art. 46. A aprovação de forma alternativa de realização do ativo na falência, prevista no art. 145 
desta Lei, dependerá do voto favorável de credores que representem 2/3 (dois terços) dos créditos 
presentes à assembléia. 
45 Art. 39. [...]. § 4º Qualquer deliberação prevista nesta Lei a ser realizada por meio de assembleia-
geral de credores poderá ser substituída, com idênticos efeitos, por: I - termo de adesão firmado por 
tantos credores quantos satisfaçam o quórum de aprovação específico, nos termos estabelecidos no 
art. 45-A desta Lei; II - votação realizada por meio de sistema eletrônico que reproduza as condições 
de tomada de voto da assembleia-geral de credores; ou III - outro mecanismo reputado suficientemente 
seguro pelo juiz. 
46 Art. 45-A. As deliberações da assembleia-geral de credores previstas nesta Lei poderão ser 
substituídas pela comprovação da adesão de credores que representem mais da metade do valor dos 
créditos sujeitos à recuperação judicial, observadas as exceções previstas nesta Lei. § 1º Nos termos 
do art. 56-A desta Lei, as deliberações sobre o plano de recuperação judicial poderão ser substituídas 
por documento que comprove o cumprimento do disposto no art. 45 desta Lei. § 2º As deliberações 
sobre a constituição do Comitê de Credores poderão ser substituídas por documento que comprove a 
adesão da maioria dos créditos de cada conjunto de credores previsto no art. 26 desta Lei. § 3º As 
deliberações sobre forma alternativa de realização do ativo na falência, nos termos do art. 145 desta 
Lei, poderão ser substituídas por documento que comprove a adesão de credores que representem 2/3 
(dois terços) dos créditos. § 4º As deliberações no formato previsto neste artigo serão fiscalizadas pelo 
administrador judicial, que emitirá parecer sobre sua regularidade, com oitiva do Ministério Público, 
previamente à sua homologação judicial, independentemente da concessão ou não da recuperação 
judicial. 
47 Art. 36. A assembleia-geral de credores será convocada pelo juiz por meio de edital publicado no 
diário oficial eletrônico e disponibilizado no sítio eletrônico do administrador judicial, com antecedência 
mínima de 15 (quinze) dias, o qual conterá: I –local, data e hora da assembléia em 1ª (primeira) e em 
2ª (segunda) convocação, não podendo esta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1ª 
(primeira); II – a ordem do dia; III – local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano 
de recuperação judicial a ser submetido à deliberação da assembléia. 
 
 
Lei 11.101/0548), pelo comitê de credores (art. 27, I, “e”, da Lei 11.101/0549) e por 
credores que representem no mínimo 25% do valor dos créditos de uma das classes 
de credores (art. 36, §2º, da Lei 11.101/0550). A assembleia será instalada sob a 
presidência do administrador judicial, e será necessária a presença de mais da 
metade total dos créditos de cada classe. Se esse número não for atingido na 1ª 
convocação, a assembleia poderá ser instalada com qualquer número na 2ª 
convocação (art. 37, §2º, da Lei 11.101/0551), a ser realizada no mínimo cinco dias 
depois da primeira (art. 36, I, da Lei 11.101/0552). 
Uma vez instalada a assembleia, cada um dos credores deverá exercer seu 
voto com base no seu próprio interesse (art. 39, §6º, primeira parte, da Lei 
11.101/0553), sendo soberana a decisão final tomada pela assembleia. Isso quer dizer 
que, em regra, não cabe ao Juiz rever ou modificar os votos dos credores e as 
decisões regularmente tomadas pela assembleia, salvo em caso de ilegalidade ou 
abuso de direito que torne inválida a decisão (REsp 1.314.209/SP54). É o caso, por 
exemplo, quando o voto proferido com o intuito de obter vantagem ilícita pelos 
credores, o qual é considero nulo pela própria lei (art. 39, §6º, parte final, da Lei 
11.101/0555). Contudo, não cabe ao Juiz modificar a decisão da assembleia com base 
 
48 Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros 
deveres que esta Lei lhe impõe: I – na recuperação judicial e na falência: [...] g) requerer ao juiz 
convocação da assembléia-geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender 
necessária sua ouvida para a tomada de decisões. 
49 Art. 27. O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de outras previstas nesta Lei: I – 
na recuperação judicial e na falência: [...] e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de 
credores. 
50 Art. 36. [...]. § 2º Além dos casos expressamente previstos nesta Lei, credores que representem no 
mínimo 25% (vinte e cinco por cento) do valor total dos créditos de uma determinada classe poderão 
requerer ao juiz a convocação de assembléia-geral. 
51 Art. 37. A assembléia será presidida pelo administrador judicial, que designará 1 (um) secretário 
dentre os credores presentes. § 1º Nas deliberações sobre o afastamento do administrador judicial ou 
em outras em que haja incompatibilidade deste, a assembléia será presidida pelo credor presente que 
seja titular do maior crédito. § 2º A assembléia instalar-se-á, em 1ª (primeira) convocação, com a 
presença de credores titulares de mais da metade dos créditos de cada classe, computados pelo valor, 
e, em 2ª (segunda) convocação, com qualquer número. 
52 Art. 36. A assembleia-geral de credores será convocada pelo juiz por meio de edital publicado no 
diário oficial eletrônico e disponibilizado no sítio eletrônico do administrador judicial, com antecedência 
mínima de 15 (quinze) dias, o qual conterá: I – local, data e hora da assembléia em 1ª (primeira) e em 
2ª (segunda) convocação, não podendo esta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1ª 
(primeira). 
53 Art. 39. [...]. § 6º O voto será exercido pelo credor no seu interesse e de acordo com o seu juízo de 
conveniência e poderá ser declarado nulo por abusividade somente quando manifestamente exercido 
para obter vantagem ilícita para si ou para outrem. 
54 PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. APROVAÇÃO PELA AGC. CONTROLE JUDICIAL. A 
Turma firmou entendimento que a assembleia geral de credores (AGC) é soberana em suas decisões 
quanto ao conteúdo do plano de recuperação judicial. Contudo, as suas deliberações - como qualquer 
outro ato de manifestação de vontade - estão submetidas ao controle judicial quanto aos requisitos 
legais de validade dos atos jurídicos em geral. Nesses termos, negou-se provimento ao recurso no qual 
se sustentava a impossibilidade da alteração substancial do plano de recuperação judicial durante a 
votação da AGC, supostamente realizado com o fim de favorecer determinados credores em prejuízo 
de integrantes da mesma classe. (REsp 1.314.209-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 
22/5/2012). 
55 Art. 39. [...]. § 6º O voto será exercido pelo credor no seu interesse e de acordo com o seu juízo de 
conveniência e poderá ser declarado nulo por abusividade somente quando manifestamente exercido 
para obter vantagem ilícita para si ou para outrem. 
 
 
em argumentos econômicos/financeiros que envolvam a eventual viabilidade do 
acordo entre os credores (REsp 1.631.762/SP56). 
Já o comitê de credores é um conjunto de quatro representantes dos 
credores, sendo cada um eleito dentro de cada uma das quatro categorias de 
credores, com 2 suplentes (art. 26 da Lei 11.101/0557): a) 1 representante dos 
credores trabalhistas; b)1 representante dos credores com garantia real; c) 1 
representante dos credores quirografários; d) 1 representante dos credores ME/EPP. 
Não é obrigatório que todo processo falimentar tenha comitê de credores, de 
modo que ele só vai ser formado se houver deliberação dos credores (art. 26, caput, 
da Lei 11.101/0558) ou se o juiz entender conveniente (art. 99, XII, da Lei 11.101/0559). 
A função do comitê de credores é basicamente fiscalizar as atividades do 
administrador judicial e auxiliar o juiz na condução do processo (art. 27 da Lei 
11.101/0560). A ideia do Comitê é facilitar a participação dos credores no curso do 
processo, sem a necessidade de convocar a assembleia a todo momento. 
 
56 RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES. 
APROVAÇÃO DO PLANO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. CONCESSÃO DE PRAZOS 
E DESCONTOS. POSSIBILIDADE. 1. Recuperação judicial requerida em 4/4/2011. Recurso especial 
interposto em 31/7/2015. 2. O propósito recursal é verificar se o plano de recuperação judicial 
apresentado pelas recorrentes - aprovado pela assembleia geral de credores e homologado pelo juízo 
de primeiro grau - apresenta ilegalidade passível de ensejar a decretação de sua nulidade e, 
consequentemente, autorizar a convolação do processo de soerguimento em falência. 3. O plano de 
recuperação judicial, aprovado em assembleia pela vontade dos credores nos termos exigidos pela 
legislação de regência, possui índole marcadamente contratual. Como corolário, ao juízo competente 
não é dado imiscuir-se nas especificidades do conteúdo econômico do acordo estipulado entre devedor 
e credores. 4. Para a validade das deliberações tomadas em assembleia acerca do plano de 
soerguimento apresentado, o que se exige é que todas as classes de credores aprovem a proposta 
enviada, observados os quóruns fixados nos incisos do art. 45 da LFRE. 5. A concessão de prazos e 
descontos para pagamento dos créditos novados insere-se dentre as tratativas negociais passíveis de 
deliberação pelo devedor e pelos credores quando da discussão assemblear sobre o plano de 
recuperação apresentado, respeitado o disposto no art. 54 da LFRE quanto aos créditos trabalhistas. 
6. Cuidando-se de hipótese em que houve a aprovação do plano pela assembleia de credores e não 
tendo sido apontadas, no acórdão recorrido, quaisquer ilegalidades decorrentes da inobservância de 
disposições específicas da LFRE (sobretudo quanto às regras dos arts. 45 e 54), deve ser acolhida a 
pretensão recursal das empresas recuperandas. 7. Recurso especial provido. (REsp 1631762/SP, Rel. 
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/06/2018, DJe 25/06/2018) 
57 Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das classes de credores 
na assembléia-geral e terá a seguinte composição: I – 1 (um) representante indicadopela classe de 
credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes; II – 1 (um) representante indicado pela classe de credores 
com direitos reais de garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes; III – 1 (um) representante 
indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes; IV - 1 
(um) representante indicado pela classe de credores representantes de microempresas e empresas de 
pequeno porte, com 2 (dois) suplentes. 
58 Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das classes de credores 
na assembléia-geral e terá a seguinte composição: [...]. 
59 Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: [...] XII – 
determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-geral de credores para a 
constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente 
em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência. 
60 Art. 27. O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de outras previstas nesta Lei: I – 
na recuperação judicial e na falência: a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador 
judicial; b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; c) comunicar ao juiz, 
caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores; d) apurar e emitir parecer 
sobre quaisquer reclamações dos interessados; e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral 
de credores; f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei; II – na recuperação judicial: a) fiscalizar 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial: direito de empresa. 12 ed. São 
Paulo: Saraiva, 2008, v. 1. 
________. Curso de direito comercial: direito de empresa. 10 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2007, v. 2. 
________. Novo manual de direito comercial: direito de empresa. 30 ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2018. 
CRUZ, André Santa. Direito empresarial. 4 ed. Salvador: JusPodivm, 2021. 
DINIZ, maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 
2009, v. 8. 
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de empresa. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. 
 
a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de sua 
situação; b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial; c) submeter à autorização do juiz, 
quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do 
ativo permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento 
necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do 
plano de recuperação judicial.

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