Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DESCRIÇÃO Apresentação da modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) no contexto contemporâneo, bem como do direito à educação e dos aspectos culturais, étnico-raciais, de gênero e classe envolvidos, assim como da inclusão digital esperada. PROPÓSITO Descrever os processos de alfabetização, letramento e formação de leitores entre as pessoas jovens e adultas, assim como o direito à educação e os aspectos culturais, de raça, de gênero e de classe, além dos desafios da inclusão digital para as pessoas jovens e adultas no contexto da contemporaneidade de forma mais ampliada e com potencial para uma reflexão sobre questões do cotidiano escolar. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos o Parecer CNE/CEB nº 11/2000, que estabelece as diretrizes curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os conceitos de alfabetização e de letramento, assim como sua importância para a formação de leitores e escritores jovens e adultos autônomos MÓDULO 2 Definir as relações entre culturas, raça, gênero e classe no cotidiano da educação de jovens e adultos, além de suas potencialidades na garantia do direito à educação MÓDULO 3 Reconhecer os desafios da inclusão digital para jovens e adultos em escolarização INTRODUÇÃO Neste tema, estabeleceremos um diálogo sobre a modalidade EJA no contexto da contemporaneidade a partir da compreensão dos conceitos de alfabetização e de letramento. Para isso, contaremos também com os processos formativos de leitores e escritores jovens, adultos e idosos, levando em consideração suas trajetórias, suas especificidades e seus usos sociais da leitura e da escrita. A DIVERSIDADE QUE CONSTITUI A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E OS PROCESSOS DE ESCOLARIZAÇÃO TRAZ À TONA A NECESSIDADE DE SE COMPREENDER TANTO AS CONCEPÇÕES DE CULTURAS, RAÇA, GÊNERO E CLASSE QUE CONSTITUEM O POVO BRASILEIRO QUANTO OS MEIOS DE SE ASSEGURAR O DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS JOVENS, ADULTAS E IDOSAS. Considerando o contexto da contemporaneidade de onde partimos para abordar este tema, problematizaremos o seguinte ponto: como se configuram os desafios da inclusão digital para esse grupo específico da sociedade em processos de escolarização? A reflexão sobre os acessos e as potencialidades dos usos e recursos das tecnologias digitais da comunicação e da informação na EJA será de extrema importância nessa fase. MÓDULO 1 Identificar os conceitos de alfabetização e de letramento, assim como sua importância para a formação de leitores e escritores jovens e adultos autônomos OS DESAFIOS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DA POPULAÇÃO JOVEM E ADULTA: FORMAÇÃO DE LEITORES E ESCRITORES E A AUTONOMIA INTELECTUAL Os desafios da alfabetização e do letramento são tema de inúmeras conversas entre professores. Como decorrência disso, constitui um desafio ainda maior para a educação em geral a formação de leitores e escritores que consigam utilizar socialmente a leitura e a escrita. Como você deve imaginar, a educação de jovens e adultos não fica de fora desse desafio. ALFABETIZAR E FORMAR UM ADULTO LEITOR. ISSO É POSSÍVEL? O professor Antônio Giacomo Macedo falará neste vídeo sobre a formação e a alfabetização de pessoas na fase adulta. Certamente, dialogar sobre esse desafio na modalidade EJA requer que nos apropriemos dos conceitos de alfabetização e letramento. A partir daí, poderemos reconhecer os usos da leitura e da escrita para as pessoas jovens, adultas e idosas. PARA COMEÇO DE CONVERSA, O QUE VOCÊ ENTENDE POR ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO? COMO SE FORMAM LEITORES E ESCRITORES JOVENS E ADULTOS A PARTIR DAS PERSPECTIVAS DA ALFABETIZAÇÃO E DO LETRAMENTO? Pense um pouco sobre essas três questões. Anote no seu caderno de estudo ou em um arquivo em seu computador suas ideias, retomando essas anotações ao final do estudo deste módulo. Foto: Shutterstock.com ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO — CONCEITOS Aprender a ler o mundo, como nos ensinou o mestre Paulo Freire, precisa acontecer antes da leitura da palavra, do texto escrito. Conceituar alfabetização e letramento requer então a compreensão de que o movimento de ler o mundo é cotidiano e se constrói durante toda a vida. OU SEJA: LER O MUNDO NÃO SE ENCERRA QUANDO A PESSOA SE ALFABETIZA. Por mais que pareça óbvio, é importante compreender que todos os seres humanos aprendem a ler justamente lendo, assim como aprendem a escrever escrevendo. E é necessário que, nesse movimento de leitura e escrita, cada pessoa compreenda e se aproprie do que lê e do que escreve. Mas, na prática, o que isso quer dizer? Os seres humanos – inseridos no mundo e na vida em sociedade, seja ela qual for, urbana ou rural – precisam aprender a ler de maneira contextualizada o que vivem e com tudo que os cercam. Este deve ser o primeiro passo para o processo de leitura e de escrita da palavra, do texto: com sentido e de forma significativa. É preciso também considerar a importância da oralidade e das práticas orais de comunicação no desenvolvimento das formas de se ler o mundo. Na Antiguidade, a prática de contar histórias reunia crianças e adultos. Foto: Shutterstock.com Os contos de fada eram contados para pessoas de diferentes idades nos séculos XVII e XVIII. Isso transcorreu da mesma maneira ao longo da história com os mitos e as lendas. autor/shutterstock Essa oralidade praticada atravessa gerações pelas vozes dos narradores, dos contadores de histórias e dos griôs. Ela também faz essa travessia graças às vozes de cada pessoa do campo, da cidade e de todos os lugares nos quais sejam contados seus causos e suas receitas, compartilhando saberes populares carregados de ciência. GRIÔS É o indivíduo cuja vocação é preservar e transmitir histórias, conhecimentos, canções e mitos do seu povo. TODES É o indivíduo cuja vocação é preservar e transmitir histórias, conhecimentos, canções e mitos do seu povo. DECOLONIZAR De acordo com Gonzatto (2015), a decolonialidade se refere ao processo que busca transcender historicamente a colonialidade, que é uma face obscura a perdurar até hoje. LETRAMENTO DIGITAL javascript:void(0) Consiste no conjunto de competências que compreende práticas leitoras e escritoras ancoradas em tecnologias digitais da informação e da comunicação. Elas possibilitam o uso das informações de forma crítica e consideram os contextos socioculturais de compartilhamento de saberes. AS PESSOAS ADULTAS E IDOSAS NOS ENSINAM TANTO COM SEUS SABERES, NÃO É MESMO? Sendo assim, você pode perceber que estamos falando de formas de se ler o mundo por diferentes olhares e formas. Por outro ponto de vista, verifica-se que é possível educar por meio de: PRÁTICAS ORAIS LEITURA TÉCNICAS DE ESCRITA Essas ações podem estar presentes no cotidiano da sala de aula e ser mais valorizadas pela escola. Se compreendermos a educação como um ato político na sua ampla dimensão, como também destacou Paulo Freire em vários momentos de sua vasta obra, poderemos, assim, entender a alfabetização. EM OUTRAS PALAVRAS, O ESTAR ALFABETIZADO ABRE AS PORTAS PARA QUE SEJA POSSÍVEL TOMAR CONSCIÊNCIA DO NOSSO LUGAR DE CIDADÃO, DAS FORMAS DE INTERAGIR NO E COM O MUNDO E AS PESSOAS. Dessa forma, damos sentido ao que é lido e escrito e aos processos de aprendizagem da leitura e da escrita. Além disso, ganha sentido a perspectiva do letramento nos processos de alfabetização como algo essencial, já que ela se constitui conjuntamente. Ao refletirmos sobre esse aspecto, podemos reconhecer que a concepção de alfabetização para Paulo Freire considerava, em sua essência, a perspectiva do letramento na aprendizagem da leitura e da escrita (embora, devemos dizer, ela não tivesse essa denominação). Com outras palavras, ele preocupava-se em ressaltar a importância de se propor o pensar para o que se lê e para o qual se escreve, assim como quais usos sociais podem ser feitos da leitura e da escrita. SAIBA MAIS EDUCAÇÃO COMO ATO POLÍTICO Na concepção freiriana,essa expressão significa compreender a educação como um processo dinâmico e que possibilita ao aprendiz apresentar sua visão de mundo, desenvolvendo a criticidade e a capacidade de se refletir sobre a sociedade em que vive. Além disso, desenvolve-se a análise do que se viu e do que se viveu à luz de suas compreensões e percepções de forma democrática e segundo princípios que resguardem a ética humana. A compreensão da educação como ato político requer o entendimento de que educar é ensinar, aprendendo a fazer escolhas que não incluam necessariamente caminhos apontados de maneira hegemônica. Elas, na verdade, devem refletir a luta pela libertação dos oprimidos. Fonte: Autor/Shutterstock Leda Verdiani Tfouni (1997) define a alfabetização como o processo de apropriação das habilidades necessárias para a leitura e a escrita, a qual, aliás, ocorre individualmente. O Letramento, segundo seus estudos, relaciona-se aos aspectos históricos e sociais do processo de apropriação dessas habilidades, tendo em vista os contextos sociais Foto: Shutterstock.com MAS, PARA UMA MELHOR COMPREENSÃO DESSES CONCEITOS, PRECISAMOS IR ALÉM… Considere que os seres humanos que vivem em sociedade são, por sua condição de vida, letrados, uma vez que eles têm acesso, mesmo os não alfabetizados, ao mundo das letras. Tenha em mente que o texto se manifesta de diferentes formas: cartaz, letreiro do ônibus, outdoor, letreiro de lojas, jornal etc. Além disso, considere também que os seres humanos, permanentes aprendizes, têm seu processo de alfabetização em constante construção. TOMANDO POR BASE ESSES ASPECTOS, É POSSÍVEL AFIRMAR... RESPOSTA RESPOSTA Que o processo de alfabetização vai além da decodificação de sinais gráficos, pois consiste em tornar a pessoa capaz de reconhecer o alfabeto e a organização de textos por meios de palavras e frases a partir de uma organização estrutural que constitui a escrita. Letramento, por sua vez, refere-se mais especificamente aos usos sociais da leitura e da escrita pelas pessoas. Dessa forma, ele se relaciona com: AS HISTÓRIAS DE VIDA javascript:void(0) OS CONTEXTOS SOCIAIS OS VALORES AS PRÁTICAS DESENVOLVIDAS PELAS PESSOAS NOS GRUPOS DE PARTILHA Ao refletir sobre a indissociabilidade entre alfabetização e letramento, é necessário reconhecer a contribuição da oralidade para a construção das habilidades de leitura e de escrita. Ambas são de extrema importância na produção de práticas leitoras e escritoras nas sociedades. Alfabetizar, no contexto do letramento, pressupõe o desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita em interação com os espaços coletivos de atuação e de vivência dos seres humanos, estando circunscrito na perspectiva do direito à educação para todos. Além disso, significa reconhecer o papel relevante de ser alfabetizado a partir da compreensão do valor que as práticas leitoras e escritoras têm na sociedade. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM PESSOAS JOVENS E ADULTAS — DESAFIOS E POTENCIALIDADES Para começar o estudo deste subtópico, é importante que você saiba que o debate sobre alfabetização e letramento envolvendo pessoas jovens e adultas (assim como as idosas) contém especificidades que caracterizam os modos de ensinar ou aprender na modalidade EJA. Ainda não havíamos tratado do direito à leitura e à escrita dentro do contexto do direito a uma educação para todos. Esse entendimento nos leva à compreensão dela como um ato político no sentido freiriano. NO BRASIL, AINDA LIDAMOS COM A BUSCA PELA UNIVERSALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA TODOS INDEPENDENTEMENTE DE SUAS IDADES. No caso da educação de jovens e adultos, esse problema perdura, ainda que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) estabeleça, em seu artigo 37, dois itens importantes: 1 2 1 A responsabilidade dos sistemas de ensino em assegurar oportunidades escolares presencialmente ou não. 2 Exames de conclusão de curso para todos as pessoas jovens, adultas e idosas que ainda não tiveram acesso à escolarização nos níveis fundamental e médio. Segundo dados do Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 13.933.173 jovens e adultos de 15 anos ou mais não alfabetizados no Brasil, ou seja, 9,6% da população. Já os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2019 indicam a presença de 6,6% de analfabetos entre a população brasileira de 15 anos ou mais, o que representa cerca de 11 milhões de pessoas. Se considerarmos os analfabetos funcionais, ou seja, aqueles que leem e escrevem, mas não compreendem plenamente ou não fazem uso social da leitura e da escrita, verificaremos que o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) aponta que, em 2018, 29% da população brasileira se encontrava nessa situação. Dos jovens e adultos que compõem esse total, seguramente estão aqueles mais desfavorecidos socioeconomicamente e os que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Foto: Shutterstock.com Somam-se a esses fatores aspectos de ordem geracionais, étnicos, de gênero e culturais que contribuem para a ampliação das desigualdades já existentes em nossa sociedade. A partir desses dados, você deve estar percebendo a importância da leitura e da escrita e de seus usos sociais para jovens e adultos como um instrumento de empoderamento social. Nesse sentido, Cláudia Vóvio (2009) afirma que: A ALFABETIZAÇÃO ASSOCIA-SE À INCORPORAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NÃO ESCOLARIZADOS ÀS ESTRUTURAS SOCIAIS. SABER LER E ESCREVER É TOMADO COMO FERRAMENTA CAPAZ DE, POR SI SÓ, LEVAR À PROSPERIDADE E AO BEM-ESTAR SOCIAL, À MELHOR ATUAÇÃO PROFISSIONAL, AO CUIDADO CONSIGO E COM A FAMÍLIA. PORÉM, A MERA AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTOS E HABILIDADES NÃO É SUFICIENTE PARA ALCANÇAR TAL PROPOSIÇÃO; SÃO NECESSÁRIAS INICIATIVAS ARTICULADAS A OUTRAS POLÍTICAS E A MUDANÇAS SOCIAIS MAIS AMPLAS. VÓVIO, 2009, p. 78. Para que essas iniciativas articuladas e mudanças sociais ocorram, é necessário que sejam criadas diversas possibilidades de aprendizagem para as pessoas jovens e adultas que considerem os seus saberes prévios, incluindo suas culturas. Olhando para trás e recuperando na memória sua trajetória escolar desde a educação básica, você, se estudou quando criança, já deve ter notado que se aprende com melhor apropriação dos saberes os conteúdos mais significativos. PARA OS ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, ISSO NÃO É DIFERENTE. ELES APRENDEM MAIS E MELHOR A PARTIR DO QUE DIALOGA COM SEUS SABERES E VIVÊNCIAS, OU SEJA, COM SEUS TEMAS DE INTERESSE. Isso também vale para os processos de alfabetização que não se esgotam ou se resumem às classes de alfabetização. Eles precisam ser entendidos como um procedimento mais ampliado, de aperfeiçoamento das práticas leitoras e escritoras. Vamos nos alfabetizando e nos aperfeiçoando nas formas de ler e de escrever quanto mais utilizamos e nos apropriamos das ferramentas de leitura e de escrita – e de forma ainda mais intensa quanto mais elas nos tocam. Diante do exposto, é preciso ter em mente que alfabetização e letramento precisam caminhar juntos, pois, na sociedade do século XXI, um processo não pode ser feito sem o outro. Tal aspecto nos permite afirmar que mesmo pessoas não alfabetizadas podem se inserir em situações nas quais a linguagem ocupe um importante espaço. ISSO OCORRE PELO FATO DE ESSE SISTEMA REPRESENTAR O QUE EXISTE NA CONSCIÊNCIA, PERMITINDO O ESTABELECIMENTO DA COMUNICAÇÃO ENTRE OS SERES HUMANOS INDEPENDENTEMENTE DE SEUS GRAUS DE APROPRIAÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA. Ao se estabelecer uma comunicação, é possível que sejam criadas estratégias para que as pessoas não alfabetizadas lidem com práticas cotidianas em que a linguagem esteja presente. Dessa forma, são apreendidas formas de participação, havendo o desenvolvimento de: Ações Conhecimentos Saberes Valores Hábitos Esses itens desenvolvidos impactam e são impactados pelas formas como jovens adultos (e idosos) agem e interagemem sociedade. Leva-se sempre em consideração seus grupos de pertença, havendo uma relativa e necessária autonomia para sua atuação em uma sociedade letrada. Como você pode notar, considerar que a alfabetização e o letramento precisam caminhar juntos requer que o professor tenha a sensibilidade aguçada para valorizar os conhecimentos e as habilidades que cada estudante traz consigo quando chega à sala de aula. Cabe a ele perceber e se apropriar de formas de ensinar a ler e a escrever que ultrapassem os limites de uma prática alfabetizadora convencional. Não funciona para a EJA uma técnica que se restrinja a ensinar letras, sílabas, frases e, somente depois, os textos. Até porque a alfabetização é infinitamente maior do que isso. Ao dialogar sobre as práticas de leitura e de escrita que se ancorem nas práticas sociais, é preciso ter em mente que a alfabetização e o letramento, de forma indissociada, vão além da escola. Segundo Durante (1998), ambos se fazem presentes em: Foto: Shutterstock.com Casa Foto: Shutterstock.com Trabalho Foto: Shutterstock.com Instituições religiosas Foto: Shutterstock.com Comunidades Foto: Shutterstock.com Espaços de ações populares Para as pessoas jovens, adultas e idosas, buscar – por intermédio da leitura, da escrita e da conquista da autonomia em ler e escrever – uma maior mobilidade social é de grande importância e se faz a partir dos outros espaços em que essas práticas podem se dar, como detalhamos anteriormente. O PROCESSO DE LETRAMENTO TEM DE CONSIDERAR A SUA DIMENSÃO SOCIAL, O SIGNIFICADO QUE A ESCRITA TEM PARA DETERMINADO GRUPO SOCIAL E EM QUE TIPO DE INSTITUIÇÃO FOI ADQUIRIDA. AS MUDANÇAS PRETENDIDAS POR MEIO DO PROCESSO DE LETRAMENTO VISAM À FORMAÇÃO DE UM INDIVÍDUO CONSCIENTE, CRÍTICO E TRANSFORMADOR, QUE PARTICIPE DO PODER DA LÍNGUA ESCRITA NA SOCIEDADE LETRADA. DURANTE, 1998, p. 27. O desenvolvimento da leitura e da escrita, com uso social e de forma crítica, consciente, problematizadora e transformadora, é um desafio posto para a modalidade EJA – e ele compreende, inseparavelmente, a alfabetização e o letramento. Como nos diz Paulo Freire, alfabetizar adultos e jovens é um ato político de conscientização, de conhecimento e de criação. Sendo assim, o ato de ler: autor/shutterstock Com o que você leu e estudou até aqui, deve ter observado que há desafios a serem superados nos processos de apropriação da leitura e da escrita com sentido por pessoas jovens e adultas. De igual forma, há potencialidades a serem alcançadas por meio da consideração das leituras de mundo e da importância de se formar leitores e escritores críticos, conscientes, problematizadores e transformadores da e na sociedade em que nos inserimos, assim como seus contextos. FORMAÇÃO DE LEITORES E ESCRITORES AUTORES E AUTÔNOMOS A educação pressupõe uma relação de poder. Assim ocorre com o direito à educação, o qual, ainda que esteja efetivamente assegurado para todos no texto legal, não exibe na prática a mesma eficácia. Ler e escrever, assim como a condição de estar alfabetizado e fazer uso social da leitura e da escrita, também se ancora em relações de poder. Formar leitores e escritores em uma sociedade como a nossa — em que as desigualdades de acesso e de informação ainda se fazem presentes — é de grande relevância. ENTRETANTO, VOCÊ DEVE ESTAR SE PERGUNTANDO: COMO FORMAR LEITORES E ESCRITORES CRÍTICOS E CONSCIENTES DE SEU PAPEL NO MUNDO? COMO FAZER COM QUE ELES SEJAM AUTÔNOMOS INTELECTUALMENTE? Trazer a temática da formação de leitores e de escritores jovens e adultos para o centro da cena pressupõe a compreensão sobre como a leitura e a escrita acontecem na vida dessas pessoas. Isso também acarreta o ato de se considerar a importância da escola como um dos espaços de formação de leitores. Vale mencionar que ela, para grande parcela da sociedade, constitui muitas vezes o único desses espaços. O despertamento do prazer por ler e escrever não acontece da mesma forma na vida das pessoas, como se, por exemplo, fosse uma receita ou saísse de um manual. LER E ESCREVER NASCEM PARA CADA UM EM DETERMINADO MOMENTO DA VIDA POR UM MOTIVO CONSIDERADO SIGNIFICATIVO. NO ENTANTO, AMBOS PODEM NÃO BROTAR… Lembro-me de uma importante escritora brasileira, Marina Colasanti (2004), que, no conto Erros e acertos de uma mãe contaminada, narra uma experiência de formação de leitores ocorrida em sua família com suas filhas. 1 Ambas tinham o mesmo acesso aos livros e a mesma liberdade para escolher na estante qual deles gostaria de ler. Uma se constituiu leitora. 2 3 A outra, embora tivesse o mesmo acesso e a mesma liberdade de ter contato com os livros — de diferentes gêneros e livre do rótulo, o que muitas vezes acontece na escola quando determinado livro é designado para uma faixa etária específica —, não gostava de ler. Até que determinado livro a conquistou: a partir dali, ela se tornou leitora. 4 Verídica, essa história nos permite perceber que o despertamento do prazer de ler – e, com ele, do gosto pela leitura – acontece quando nos identificamos com o texto. REAFIRMAMOS QUE A ESCOLA É, MUITAS VEZES, O ÚNICO ESPAÇO EM QUE O ESTUDANTE TEM ACESSO AO LIVRO E À OPORTUNIDADE DE LER E DE ESCREVER. Dito isso, é importante ressaltar que, além de alfabetizar, a escola precisa investir na leitura e no despertamento desse gosto pelos estudantes. MAS COMO FAZER ISSO? RESPOSTA Oferecendo as possibilidades de leitura como quem serve um banquete. Ou seja: sem rotular ou determinar o que se pode ler, pois não há uma leitura que seja escolar e outra que pertença ao mundo. Ao observarmos leitores e escritores entre estudantes da EJA, não é incomum identificarmos o interesse por contos de fada ou livros de literatura infantojuvenil. O motivo de isso ocorrer é porque, muitas vezes, essas leituras os remetem a alguma memória da infância ou a um desejo de encontrar aquele livro para ler, em casa, com os filhos ou mesmo para eles. Você já havia parado para pensar que não tem lógica ofertar nesse banquete livros com histórias de e para adultos? Pois é… Não faz sentido, porque ler não tem idade. Além disso, não existe livro certo ou errado, e sim tema de interesse. Esse aspecto remete a outro que – ainda que brevemente – consideramos importante abordar. Trata-se da importância da formação e da prática docente na educação de jovens e adultos. Para essa reflexão, lançaremos uma pergunta: COMO ALFABETIZAR JOVENS E ADULTOS FORMANDO LEITORES? Volto a conversar com Marina Colasanti (2004), que, no conto Em busca do mapa da mina ou pensando em formação de leitores, desafia-nos a refletir sobre o ato de se formar leitores como sendo simplesmente o de dar uma forma, ou seja, um espaço a um leitor que já existe em cada pessoa, fazendo desabrochar a sua potência leitora. Ao estimular o contato com os livros, oferecendo-os como em um banquete, estamos formando leitores. Também os formamos quando organizamos o acervo de livros da nossa sala de aula e quando valorizamos o espaço-tempo da leitura em sala, assim como os diálogos sobre o que se lê. Exemplo disso são as potentes rodas de leituras que funcionam como espaços de: COMPARTILHAMENTOS DE SABERES TROCAS DE EXPERIÊNCIAS VIVÊNCIAS SUGESTÕES DE LEITURAS Elas são espaços-tempos não só de ampliação de saberes e de conhecimentos literários, mas também de troca de impressões sobre as histórias lidas ou contadas. A valorização desses momentos – e, mais do que isso, dessas práticas leitoras – indica potencialmente a elevação de uma técnica alfabetizadora que se (pre)ocupe com a formação do leitor e do escritor crítico, consciente, problematizador e transformador. Com isso, é possível que sejam dadas asas à imaginação e que seja despertado o prazer da escrita, da criação e da autoria. Todavia, para que essa prática pedagógica e alfabetizadora se materialize (até mesmo além dos muros da sala de aula da alfabetização), é fundamental que o professorassuma seu papel de pesquisador. ELE DEVE INVESTIGAR O QUE FAZ SENTIDO PARA O GRUPO DE ESTUDANTES, OU SEJA, O QUE PODE DESPERTAR O INTERESSE DO GRUPO É DE EXTREMA RELEVÂNCIA PARA QUE A APRENDIZAGEM SEJA SIGNIFICATIVA. Em síntese, não existe receita para se formar leitores com autonomia intelectual. Há caminhos a se trilhar. Além disso, uma boa dose de sensibilidade e de ousadia precisa estar presente na prática pedagógica. Fonte: autor/shutterstock Ler para si. Ler diariamente na sala de aula para os estudantes. Ler um texto curto. Ler uma história mais longa em capítulo. Ler com prazer. Propor escritas sobre algumas dessas leituras, mas não para todas elas! Lembre-se de que ler é e precisa ser prazeroso! Deve-se propor escritas sobre a vida, fatos do cotidiano, tudo… e valorizá-las. À medida que se estimula o estudante a escrever e a perder o medo de errar, desperta-se a emoção e promove- se o encontro com o leitor escritor. A essa altura você deve estar se perguntando: como fazer? Isso é fácil? Que tal o professor ser um pesquisador? Investigar seus alunos? QUEM ELES SÃO? DE ONDE VIERAM? SÃO MIGRANTES; ENTÃO, POR QUE VIERAM PARA CÁ? Apropriar-se de suas experiências de vida e de suas histórias é revisitar sua existência. Significa rememorar e conversar com seus valores, seus hábitos, suas culturas, seus jeitos de ser e de estar no mundo. É começar a ler o próprio mundo antes de ler e escrever a palavra. Isso significa que, ao escrever já de forma desinibida, ele pode ser autor de sua história com autonomia. Agora aproveite o final deste módulo e leia aquelas anotações iniciais que você fez. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ESTUDAMOS A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. CONSIDERE O QUE VOCÊ APRENDEU E ASSINALE A ALTERNATIVA QUE DEFINE CORRETAMENTE O LETRAMENTO. A) Capacidade de ler a partir da decodificação das palavras. B) Consiste em ler, escrever e fazer usos da leitura e da escrita nos contextos sociais de vida do ser humano. C) Consiste em ler e escrever um pequeno bilhete e interpretar somente textos curtos. D) Capacidade de leitura e interpretação somente com mediação. E) Habilidade especificamente de ler, escrever e contar. 2. A COMPREENSÃO DA FORMAÇÃO DE LEITORES E ESCRITORES CRÍTICOS REQUER QUE SE DESENVOLVA A CAPACIDADE DE LER E DE ESCREVER A PARTIR DE ALGUNS ASPECTOS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR REPRESENTA AS HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES E ESCRITORES CRÍTICOS. A) Desenvolver a prática escritora a partir de cópia de texto prévio. B) Saber ler sem refletir sobre o texto. C) Desenvolver a autonomia na leitura e na escrita, assim como a autoria na escrita. D) Dominar rudimentarmente a leitura. E) Ter autonomia somente na leitura. GABARITO 1. Estudamos a alfabetização e o letramento na educação de jovens e adultos. Considere o que você aprendeu e assinale a alternativa que define corretamente o letramento. A alternativa "B " está correta. É importante compreender que o conceito de letramento transcende o de alfabetização e inclui os usos sociais da leitura e da escrita. 2. A compreensão da formação de leitores e escritores críticos requer que se desenvolva a capacidade de ler e de escrever a partir de alguns aspectos. Assinale a alternativa que melhor representa as habilidades necessárias para a formação de leitores e escritores críticos. A alternativa "C " está correta. É importante considerar que a formação de leitores e de escritores críticos requer o domínio da leitura e da linguagem escrita, além da condição de se compreender o que se lê e de analisar o texto a partir de seus conhecimentos de mundo. MÓDULO 2 Definir as relações entre culturas, raça, gênero e classe no cotidiano da educação de jovens e adultos, além de suas potencialidades na garantia do direito à educação QUESTÕES CULTURAIS, DE RAÇA, DE GÊNERO E DE CLASSE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E O DIREITO DE TODOS À EDUCAÇÃO CONCEITOS O direito público de todos à educação está assegurado na legislação brasileira a partir do princípio do direito público subjetivo, ou seja, é direito de todos os brasileiros terem acesso à educação e à escolarização. É dever dos governos cumprir esse direito constitucional e assegurar a educação básica para todos independentemente de sua faixa etária, ou seja, dentro da idade prevista pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) para a conclusão regular da educação básica: 4 a 17 anos ou na modalidade EJA. Contudo, assegurar o direito público subjetivo à educação não significa somente ter escola e salas de aula disponíveis com professores. É muito mais do que isso. REQUER A DISPONIBILIDADE DE UMA ESTRUTURA CURRICULAR QUE CONTEMPLE A DIVERSIDADE DE TEMÁTICAS E CONTEXTOS QUE CARACTERIZAM A SOCIEDADE BRASILEIRA — COMPLEXA, PLURAL E, PORTANTO, BASTANTE DIVERSA. Neste módulo, trataremos das concepções de culturas, raça, gênero e classe, apontando seus impactos na modalidade EJA e estabelecendo um diálogo com o princípio do direito público subjetivo à educação. Antes de continuar seu estudo, procure pensar como você define cada uma dessas concepções. Anote no seu caderno ou em um arquivo do seu computador. No final, volte às suas anotações e reflita sobre elas a partir do estudo realizado. O DIREITO À EDUCAÇÃO — ALGUMAS NOTAS Você já deve ter lido o Parecer CNE/CEB nº 11/2000, certo? Ele estabelece as diretrizes curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos. Se não o fez, este é o momento crucial para fazê-lo, pois ele será fundamental para o entendimento do que vamos estudar a seguir. Esse documento assegura o direito à educação para as pessoas jovens, adultas e idosas, além de reparar uma histórica dívida social com aproximadamente 11 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais no Brasil, segundo dados da PNAD Contínua (2019). Muitos desses jovens e adultos, dentro da pluralidade e da diversidade de diversas regiões do país, pertencendo, portanto, aos mais diferentes estratos sociais, desenvolveram uma rica cultura baseada na oralidade. Há muitas provas dessa riqueza cultural. Entre elas, destacaremos as seguintes: Foto: Shutterstock.com LITERATURA DE CORDEL Foto: Shutterstock.com TEATRO POPULAR Crédito editorial: Maila Facchini/Shutterstock.com CANCIONEIRO REGIONAL Crédito editorial: Kleber Cordeiro/Shutterstock.com REPENTISTAS Crédito editorial: Erica Catarina Pontes/Shutterstock.com FESTA POPULARES Foto: Shutterstock.com FESTAS RELIGIOSAS Crédito editorial: Erica Catarina Pontes/Shutterstock.com REGISTROS DE MEMÓRIA DAS CULTURAS AFRO- BRASILEIRA Crédito editorial: Camila_Almeida/Shutterstock.com REGISTROS DE MEMÓRIA DAS CULTURAS INDÍGENA Contudo, resta a dúvida: tantos e tão ricos saberes são valorizados nos currículos e cotidianos das escolas? Sabemos que, na maior parte das vezes, não. Essa, aliás, também é uma questão cultural. Trata-se de uma negação das culturas brasileiras em suas diferentes formas de manifestações, as quais refletem, por sua vez, a diversidade e a pluralidade do ser brasileiro. SÃO MARCAS DAS RAÍZES HISTÓRICO-SOCIAIS – ALÉM DE CULTURAIS – QUE TÊM EM BOA ESTIMA O COMPORTAMENTO EUROCÊNTRICO HEGEMÔNICO NAS ESCOLAS, VALORIZADO, ALIÁS, PELA MINORIA QUE CONSTITUI A ELITE SOCIAL E ECONÔMICA. Elite essa que, ainda hoje, teima por ditar as regras da educação escolar a ser ofertada aos negros, aos indígenas, aos camponeses e a tantos outros que permanecem tendo suas cidadanias negadas. Você precisa saber que essas pessoas (jovens, adultas e idosas), cuja trajetória inclui um histórico de saberes negados que lhes recusa a própria cidadania, têm o direito à educação básica dentro do princípio do direito público subjetivo à educação – e, como tal, ela deve ser assegurada pelo Estado. Certamente você já sabe que a Constituição Federal de 1988 assegura o direito à educação para as pessoas jovens, adultas e idosas. Há no capítulo destinado à educação um artigosimbólico para o que estamos tratando aqui. Foto: Shutterstock.com O artigo 208 da Constituição Federal de 1988 apresenta como dever do Estado a garantia de obrigatoriedade do ensino fundamental, de forma gratuita, para todas as pessoas que não puderam ter acesso a ele na idade considerada própria (àquela época, dos 7 aos 14 anos), além de assegurar a oferta do ensino noturno regular. Atualmente, a obrigatoriedade da garantia desse direito está assegurada para toda a educação básica, o que significa incluir o nível médio de ensino na modalidade EJA. Já a LDB da Educação Nacional reafirma o que está estabelecido na Constituição Federal, especificando a oferta de escolarização para a EJA a uma: [...] OFERTA DE EDUCAÇÃO ESCOLAR REGULAR PARA JOVENS E ADULTOS, COM CARACTERÍSTICAS E MODALIDADES ADEQUADAS ÀS SUAS NECESSIDADES E DISPONIBILIDADES, GARANTINDO- SE AOS QUE FOREM TRABALHADORES AS CONDIÇÕES DE ACESSO E PERMANÊNCIA NA ESCOLA. BRASIL, 1996, art. 4º. Ainda no percurso da busca por direitos à educação para pessoas jovens, adultas e idosas no Brasil, consideramos importante ressaltar a V Conferência Internacional de Educação de Adultos (CONFINTEA) realizada no ano de 1997 em Hamburgo, na Alemanha. Esse evento representou o reconhecimento da aprendizagem ao longo da vida como uma necessidade que se insere na perspectiva do direito apontado pelo Parecer CNE/CEB nº 11/2000. NO BRASIL, OS RESULTADOS DA V CONFINTEA APONTARAM PARA A CRIAÇÃO DOS FÓRUNS ESTADUAIS DE EJA, SENDO O FÓRUM ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO O PRIMEIRO CRIADO. RESUMINDO Ao longo do tempo, temos visto um grande avanço dessas reuniões em nível estadual. Hoje em dia, elas possuem organização própria, representação e articulação de diferentes setores da sociedade e do governo. Além disso, esses fóruns constituem um espaço plural de debates e de busca por encaminhamentos que assegurem à modalidade EJA o respeito às diferenças e às especificidades plurais que a constituem. Tendo como ponto de referência, entre outros aspectos, essa necessidade, as diretrizes curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos representam um processo de luta por direitos no campo da EJA. Crédito editorial: Dado Photos/Shutterstock.com Multidões protestam contra cortes na educação no Brasil. O estabelecimento das funções da EJA ultrapassa a concepção antiga de suplência e de compensação da escolaridade não alcançada na idade considerada adequada pela legislação. Na visão contemporânea, isso vai além, já que contribui significativamente para a organização do que se espera da modalidade e para o estabelecimento de três funções da EJA: A REPARADORA Indica a restauração do direito negado à educação por meio do reconhecimento da necessária oferta de escolarização de qualidade social. A EQUILIZADORA Refere-se à possibilidade de se assegurar melhores e maiores oportunidades de acesso à educação para as pessoas jovens, adultas e idosas que interromperam, de forma forçada, seus estudos por situações de repetência ou pela necessidade de deixarem a escola, o que muitas vezes é provocado pela ausência de condições ou de oportunidades para eles permanecerem nela. A QUALIFICADORA OU PERMANENTE É reconhecida como o sentido pleno da EJA por considerar a incompletude do ser humano, que tem um imenso potencial de aprender sempre e, portanto, ao longo da vida. Esperamos que você esteja percebendo que a EJA é uma possibilidade de qualificação para todas as pessoas de diferentes idades, além de constituir uma potência para os compartilhamentos dos mais diversos ensinamentos, saberes e conhecimentos entre diferentes gerações e pessoas de diferentes origens. Estamos falando aqui de: DONAS DE CASA CAMPONESES PESSOAS DAS CIDADES PRIVADOS DE LIBERDADE QUEM JÁ SE APOSENTOU Esse contingente representa a diversidade cultural que encontramos nas salas de aula e nas escolas da EJA. Além deles, ainda devemos incluir: NEGROS INDÍGENAS MIGRANTES GAYS LÉSBICAS BISSEXUAIS TRANSEXUAIS TRANSGÊNEROS LGBTS+ E DOS HOMENS E MULHERES HETEROSSEXUAIS Estamos tratando de pessoas de diferentes orientações religiosas. Todos, todas e todes estão nas salas de aula das escolas da modalidade EJA, tendo, portanto, o direito à educação de qualidade. javascript:void(0) A ESCOLA DA EJA E AS CULTURAS QUE A CONSTITUEM PELOS SABERES DE TANTAS PESSOAS DIFERENTES Imaginamos que você já esteja percebendo que a valorização das diferentes culturas que constituem o povo brasileiro e que circulam pelas escolas da modalidade EJA seja de grande relevância, observando também que elas são um desafio para os profissionais de educação que atuam na ou com a modalidade. PARA COMEÇO DE CONVERSA, É PRECISO COMPREENDER A ESCOLA EM SUA PLURALIDADE E DIVERSIDADE, ENTENDENDO-A COMO UM ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO DE CULTURAS NO PLURAL, POIS ELAS SÃO DIFERENTES DE UMA PESSOA PARA OUTRA. Para Paulo Freire (2013), cultura é uma ação criadora produzida pelo trabalho humano. Outro autor, Laraia (2009), considera que somos seres adaptáveis às culturas e que elas não são genéticas, ou seja, os seres humanos são resultados do meio comportamental em que vivem e do fato de se comunicarem entre si. Diante dessas ideias, você pode perceber que o ser humano produz culturas e que elas são decorrentes de seus: COSTUMES HÁBITOS TRADIÇÕES SABERES Trata-se de saberes populares que passam de geração a geração desde os tempos mais antigos de que se possa ter registro. Logo, o homem está sempre sendo impregnado pelas culturas de acordo com os espaços de circulação e vivência dele e com seus contextos de convivência. Antropólogo e professor com relevante atuação no campo da educação popular, Carlos Rodrigues Brandão (2008) afirma que: TUDO O QUE EXISTE ENTRE A PESSOA, A PEDAGOGIA E A EDUCAÇÃO CONSTITUEM PLANOS, CONEXÕES, FIOS E TRAMAS DO TECIDO COMPLEXO E MUTANTE DE UMA CULTURA. SOMOS HUMANOS PORQUE CRIAMOS CULTURA E CONTINUAMENTE AS TRANSFORMAMOS. BRANDÃO, 2008, p. 108-109. Essas culturas chegam aos espaços escolares, nos quais precisam ser consideradas, respeitadas e valorizadas. Quando o ambiente escolar valoriza as culturas mais diversas transportadas por vozes, jeitos e saberes de seus estudantes, ele considera potencialidades e possibilidades que produzem conhecimentos outros, ou seja, diferentes daqueles instituídos nos programas e nos planos de cursos. Considerando a escola da EJA e a circulação de saberes compartilhados pelos estudantes, chamamos esses movimentos de culturas populares. Pare um pouco sua leitura neste momento. Procure refletir sobre quais saberes caracterizam as culturas populares que, em sua pluralidade e diversidade, entram na sala de aula da EJA. Refletiu? Então continuemos a nossa conversa… A ESCOLA É PLURAL Cada uma se compõe na sua diversidade. Imagino que você já reconheça isso. E a escola da EJA não é diferente. Ela se constitui por jovens, adultos e idosos de diferentes faixas etárias que chegam à escola com suas histórias de vida, assim como seus hábitos, costumes, crenças e saberes. Quem já não escutou uma pessoa de mais idade ensinar um chá para algum mal-estar? Pois é… Este é um exemplo de um saber popular. Ele também “invade” a escola – e, se não for valorizado, ficará lá, esquecido. Foto: Shutterstock.com Portanto, é importante considerarmos que esse saber popular tem uma ciência. VOCÊ SABIA Propor uma pesquisa a partir de um saber que chegou à sala pela voz de um estudante da EJA pode ser um trabalho bem interessante, envolvendo toda a turma. Como você deve estar percebendo, repensar o currículo e considerar outros caminhos para se trabalhar o conteúdo, articulando o saber popular e o científico, são tarefas muito importantes. Quando se repensa o currículo, é possível se apropriar das práticas cotidianas e das especificidades que todos nós temos. Elas vão nos constituindo como seres integrantes de uma sociedade: a brasileira. Considerar o trabalho em sala de aulacom as diferentes culturas do povo e suas formas de manifestação representa: TRABALHAR COM A PLURARIDADE DE SABERES... RECONHECER A DIVERSIDADE E VALORIZÁ-LA Historicamente, as instituições escolares ou os sistemas de ensino estruturaram seus currículos para atender a orientações hegemônicas e, portanto, elitizadas. Mas isso vem mudando ao longo do tempo – e até já se tornou lei. Se você revisitar a LDB, vai encontrar nela alguns artigos que tratam da questão das relações étnico-raciais e das questões de gênero. QUANTO ÀS QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO, É INEGÁVEL QUE O RACISMO CONFIGURA UMA QUESTÃO CULTURAL, ESTRUTURAL E INSTITUCIONAL. Muitas situações cotidianas que ocorrem na sociedade comprovam essa afirmação. Não é difícil, por exemplo, ligar a televisão e se deparar com alguma notícia que reflete o racismo que ainda existe na nossa sociedade. O mesmo preconceito racial se materializa nas situações de desigualdades socioeconômicas tão marcantes. Qual é o lugar do negro? E o do indígena? O do migrante? Como a escola da EJA pode potencializar os saberes que eles trazem e as culturas que se refletem tanto nos seus jeitos de falar e vestir quanto nos seus hábitos alimentares, assim como em tantos outros ricos saberes? Essas perguntas têm o objetivo de lhe provocar para que você, agora ou depois, possa refletir sobre tal questão, além de conversar sobre ela com seus colegas de turma da faculdade ou em seu local de trabalho. Esses questionamentos facilmente nos levam a fazer outras perguntas tão importantes quanto: ETAPA 01 ETAPA 02 ETAPA 03 PERGUNTA 1 Como lidar com a diversidade sexual em sala de aula? PERGUNTA 2 Como construir uma proposta de prática pedagógica que considere os diálogos necessários com as políticas promotoras de cidadania e de direitos humanos? PERGUNTA 3 Como as diferenças de gêneros — que historicamente se apresentam na sociedade, sendo, muitas vezes, vistas como desigualdades — podem ser trabalhadas na sala de aula da EJA? Vivemos em uma sociedade na qual não é incomum os homens ganharem mais do que as mulheres por um mesmo trabalho desenvolvido. Em que uma vaga de emprego, mesmo que isso não seja revelado, é ocupada de acordo com a cor da pele ou a identidade de gênero. Nesse mesmo contexto social, não dar visibilidade a lésbicas, gays, transexuais, travestis, transgêneros e LGBTs+ representa a negação dos direitos humanos e esconde o debate necessário sobre a diversidade sexual. Essas situações refletem contextos segregadores nos quais o desrespeito às diferenças se transforma em desigualdades sociais. Mas não se engane! Há muitas discriminações que se manifestam na sociedade. Foto: Shutterstock.com Enquanto instituição social, a escola precisa analisar os valores arraigados na sociedade e construir caminhos que rompam com essas formas segregadoras. Afinal, se não valorizar as culturas, os saberes, os valores e as classes de origem de cada estudante único (porém diverso), ela será mera reprodutora e legitimadora da exclusão social. LIDAR COM ESSAS QUESTÕES NO COTIDIANO DA ESCOLA DA EJA É BUSCAR A PROMOÇÃO DE FORMAS DE INCLUSÃO SOCIAL E CULTURAL. SÃO TEMAS DESAFIADORES CUJOS DIÁLOGOS REQUEREM SENSIBILIDADE. Esses temas, além do mais, exigem que os investimentos na formação docente contemplem, em seus currículos e espaços de formação, estudos que potencializem os professores a lidarem com as diferenças e as desigualdades que se apresentam na sala de aula da EJA. Se a escola precisa ser o espaço da inclusão social, ela também necessita ser o de reconhecimento desses diferentes e plurais saberes. Repensar os currículos oficiais e tradicionais e desenvolver aqueles que contemplem essas diversidades são necessidades da contemporaneidade. Elas pressupõem duas ações: decolonizar o currículo e considerar as práticas interculturais naqueles já praticados. A CAMINHO DA DECOLONIZAÇÃO O desafio de decolonizar o currículo passa pelo entendimento de que as questões do povo negro precisam ser pensadas a partir da ótica dos africanos. Não se trata de ter uma vaga na escola ou de, estando nela, estudar sobre a escravidão. Na verdade, deve-se ir muito além disso. javascript:void(0) TRATA-SE DE CONSIDERAR AS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS PELOS NEGROS, AS TRAJETÓRIAS DE VIDA, SEUS PERTENCIMENTOS, AS ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA E AS CONQUISTAS. ISSO TAMBÉM PRECISA SER CONSIDERADO EM RELAÇÃO AOS INDÍGENAS E ÀS DEMAIS ETNIAS QUE OCUPAM AS SALAS DE AULA DA EJA. Significa dar voz a eles e empoderá-los, possibilitando conhecer suas formas de viver e as experiências vividas. Desse modo, aprenderemos todos nós, estudantes e professores, com eles. Para que a prática pedagógica se constitua a partir desses olhares, é importante educarmos o olhar para ver o que há além dos muros da escola. Além de histórias contadas e recontadas pela sabedoria popular, há muitos saberes que precisam ultrapassar os muros e circular: DANÇA COMIDAS HÁBITOS DE VIDA CANTOS Decolonizar o currículo escolar possibilita dar visibilidade aos temas e às formas de abordagens que verdadeiramente importam a quem sempre esteve excluído das escolhas que o integram. Com isso, são estabelecidos diálogos com as próprias culturas, o que indica uma mudança de paradigma. Desfile no Carnaval de rua. Salvador, Bahia, 11 fev. 2019. Como Candau (2012) aponta, precisamos compreender as diferenças como constitutivas de experiências democráticas que estabeleçam novas relações e outras formas de agir nas sociedades em que vivemos. Para isso, é necessário haver o reconhecimento e a valorização das diferenças de saberes e de culturas que nos formam, além da busca de uma educação para todos que, ancorada na perspectiva do direito, contemple essa pluralidade a transitar na escola. Diante dos desafios da modalidade EJA no século XXI, identificamos a existência de proposições necessárias que: Imagem: Shutterstock.com CONTEMPLEM NOS SEUS CURRÍCULOS PRATICADOS E COTIDIANOS OS SABERES DO POVO. Imagem: Shutterstock.com VALORIZEM AS CULTURAS POPULARES. Imagem: Shutterstock.com CONSIDEREM A PLURALIDADE E A DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL E DE GÊNERO QUE COMPÕEM A COMUNIDADE ESCOLAR NA MODALIDADE EJA. Esses desafios cabem à escola segundo a perspectiva freiriana. Afinal, ela é emancipadora e libertadora das condições de opressão a que esses jovens, adultos e idosos estiveram submetidos nos seus percursos de vida. Cabe escola da EJA romper os mecanismos de exclusão social e de subalternidade que marcam as histórias de vida de tantos de seus estudantes, além de propor a construção de caminhos possíveis que estejam pautados na esperança de uma escola verdadeiramente para todos. Como afirma Freire (2007, p. 30): “UMA EDUCAÇÃO SEM ESPERANÇA NÃO É EDUCAÇÃO.” Aproveite o término deste módulo e releia agora suas anotações iniciais com outro olhar. ROMPENDO AS AMARRAS DO PATRIARCADO As especialistas Wilna Mello e Dalta Barreto versarão neste vídeo sobre o projeto com o DEAM e o rompimento das amarras do patriarcado. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. CONSIDERANDO A PERSPECTIVA DO APRENDIZADO AO LONGO DA VIDA COMO UM SENTIDO DA EJA, GARANTINDO, ASSIM, O DIREITO À EDUCAÇÃO PERMANENTE, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE INDICA A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS QUE CONTEMPLA ESSAS PERSPECTIVAS. A) Função reparadora B) Função equalizadora C) Função supletiva D) Função formadora E) Função qualificadora 2. ESTUDANTES DE DIFERENTES LUGARES, ETNIAS, GÊNEROS, CLASSES, CULTURAS E FAIXAS ETÁRIAS CONVIVEM NA MESMA SALA DE AULA. SÃO JOVENS, ADULTOS E IDOSOS DE DIFERENTES ORIGENS CUJO INTERESSE EM COMUM É CONCLUIR SEUS PROCESSOS DE ESCOLARIZAÇÃO. DIANTE DESSE CONTEXTO, ESCOLHA A ALTERNATIVA CUJAS PROPOSIÇÕES CONTÊM POTENCIALIDADES A SEREM TRABALHADAS COM ESSAS DIFERENÇAS. A) Os saberes de cada estudante devem ser reconhecidos por meio da interface com seus valores culturais e visões de mundo, assim como a pluralidade étnico-racial e de gênero. B) É importantevalorizar somente os conhecimentos aprendidos na escola. C) O currículo precisa se estruturar com base nos conhecimentos provenientes da cultura eurocêntrica. D) Os saberes empíricos não são relevantes para a prática pedagógica. E) A escola não deve ser um espaço de valorização das culturas populares. GABARITO 1. Considerando a perspectiva do aprendizado ao longo da vida como um sentido da EJA, garantindo, assim, o direito à educação permanente, assinale a alternativa que indica a função da educação de jovens e adultos que contempla essas perspectivas. A alternativa "E " está correta. O verdadeiro sentido da EJA é o que promove a possibilidade de educação continuada ao longo da vida, conforme estabelece a V CONFINTEA. Esse entendimento proporciona que jovens, adultos e idosos acessem a escolarização dentro da perspectiva de retomada das potencialidades da escola como espaço de produção de conhecimento. Eles farão isso em caráter permanente, favorecendo, assim, a construção de caminhos para a busca de melhores condições cidadãs. 2. Estudantes de diferentes lugares, etnias, gêneros, classes, culturas e faixas etárias convivem na mesma sala de aula. São jovens, adultos e idosos de diferentes origens cujo interesse em comum é concluir seus processos de escolarização. Diante desse contexto, escolha a alternativa cujas proposições contêm potencialidades a serem trabalhadas com essas diferenças. A alternativa "A " está correta. A escola é um espaço de inclusão social. Dessa forma, repensar o currículo e incorporar à prática pedagógica o vasto conhecimento que circula na escola configuram uma estratégia potencialmente rica para o desenvolvimento de um trabalho ancorado nas diferenças. MÓDULO 3 Reconhecer os desafios da inclusão digital para jovens e adultos em escolarização OS DESAFIOS DA INCLUSÃO DIGITAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Muito provavelmente, você deve lidar diariamente com as tecnologias digitais da informação (TDICs) e da comunicação. No século XXI, o uso dessas tecnologias parece ser parte do nosso dia a dia. Mas nem sempre, para todas as pessoas, isso funciona assim. A inclusão digital ainda não chegou a todos os lugares do Brasil. Em outros, acredite, sequer existem equipamentos disponíveis, não havendo um acesso efetivo a eles. Essa ausência pode se dever à ausência de uma tomada disponível ou mesmo por não haver um pacote de dados de internet ou uma boa conexão. Ainda que os equipamentos funcionem, isso não quer dizer que existe uma inclusão digital. ESSA SITUAÇÃO TAMBÉM ACONTECE NAS ESCOLAS BRASILEIRAS, O QUE NOS LEVA A PERCEBER O QUANTO É NECESSÁRIA A PRESENÇA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA QUE ACONTEÇA UMA EFETIVA INCLUSÃO DIGITAL. Listaremos a seguir alguns exemplos para esse começo de conversa sobre os desafios da inclusão digital na EJA, mas sabemos que há muitos outros. As tecnologias e os seus usos Você precisa reconhecer que o acesso a suportes digitais — como o computador, o notebook ou mesmo o celular — não garante a inclusão digital. Para que ela ocorra de fato, é necessário que, além do acesso à informação neles contida, a pessoa consiga se apropriar dela e transformá-la em novo conhecimento, gerando, dessa forma, um impacto positivo em sua vida pessoal ou coletivamente. Ou seja, além do suporte e da conexão para se transmitir a informação e a comunicação, é preciso haver algum grau de domínio do suporte. Um celular, por exemplo, pode ser somente um aparelho telefônico. Mas, dependendo do grau de domínio que o usuário tiver ou mesmo se houver um mediador, sua operacionalidade pode ir muito além disso. Na sala de aula da modalidade EJA, a inclusão digital se apresenta como uma necessidade. Nesse contexto, a pandemia do Coronavírus em 2020 nos fez perceber quão urgente é assegurar uma efetiva inclusão digital para todos os membros da sociedade de uma forma geral – e não só na escola. Com a pandemia e a necessidade de isolamento social, a sociedade mundial utilizou recursos da tecnologia da informação e da comunicação (TICs). Já no campo da educação, nós nos apropriamos desses recursos para atuar na educação básica e superior, empregando as tecnologias digitais em seus diferentes gêneros. Fonte: Autor/Shutterstock No entanto, observe que nem sempre o uso das tecnologias digitais assegura uma comunicação efetiva. Um blog, por exemplo, poderá ser alimentado e não ter interatividade se for somente um espaço para a leitura de quem o acessa ou um repositório de material de estudo. O mesmo pode ocorrer com um ambiente virtual de aprendizagem (AVA), embora ambos sejam muito mais potentes do que isso. A essa altura, você deve estar se perguntando... O QUE SÃO AS TICS? E O QUE SIGNIFICAM AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO? RESPOSTA As TICs compreendem um amplo leque de tudo que pode ser usado para informar e comunicar por intermédio da tecnologia e de suas ferramentas. Elas englobam, por exemplo, o jornal, o rádio, a televisão, o telefone fixo, o videocassete e a internet, sendo utilizadas em vários setores da sociedade como meios de comunicação e de circulação da informação, incluindo o campo educacional. Já as tecnologias digitais da informação e comunicação reúnem diferentes mídias digitais que empregam a tecnologia, como, por exemplo, computadores, notebooks, tablets e celulares, sendo, portanto, mais restritas que as TICs. Adotaremos, a partir de agora, a terminologia “tecnologias digitais da informação e da comunicação” no diálogo sobre os desafios da inclusão digital no campo da educação para pessoas jovens e adultas. Promover a inclusão digital e social, assim como o uso e o recurso das tecnologias digitais na escola, para essas pessoas requer o desenvolvimento da alfabetização e do letramento digital. Para isso, é importante que as interações entre profissionais de educação e estudantes considerem que isso significa muito mais do que saber manusear o suporte tecnológico (computador, notebook e celular) com acesso à internet. Atualmente, faz-se necessário: Reconhecer o potencial dessas tecnologias... Os seus usos... As suas potencialidades... E de que forma isso pode se apresentar dentro do contexto da sala de aula e ter lugar nas práticas pedagógicas. Imbuídos desse sentido, os professores devem repensar os currículos, redimensionando-os e assegurando um lugar para o uso das tecnologias digitais. A partir dos sentidos que os adultos e os idosos atribuem à escola da EJA, cabe ressaltar que, na maior parte das vezes, além de ser o espaço do aprender, ela é o da socialização – e, muitas vezes, o único à disposição para essas pessoas. Sendo assim, as experiências sociais e as culturas dos estudantes da EJA precisam ser consideradas como aspectos relevantes no trabalho com as TDICs. Somente dessa forma haverá a efetiva inclusão digital, ampliando-a para parte desses estudantes que ainda não incorporou a seus modos de vida o uso dessas tecnologias. Se os jovens do século XXI são considerados nativos digitais, essa caracterização não se adequa aos adultos e aos idosos que frequentam as salas de aula da EJA. Diante disso, para parte deles, há um mundo novo a ser desbravado. Ligar o computador e usar o celular além de sua função como telefone nem sempre são tarefas simples. Para desbravar esse mundo novo, a função mediadora do professor em sala de aula é fundamental. Foto: Shutterstock.com Temos ainda outro desafio: os professores estão habilitados para lidar com as tecnologias na escola? Pare e reflita… Sabemos que nem todos estão habilitados ou se sentem em condições de desenvolver uma proposta pedagógica utilizando-se dessas tecnologias. Diante disso, como é possível inserir os usos das tecnologias no currículo se nem todos sabem como fazê-lo? Chegamos a um aspecto de relevante importância em que é preciso considerar a necessidade do letramento digital. Deve-se, graças à apreensão desse conceito, buscar compreender comoa tecnologia contribui para processos reflexivos de estudantes e de seus professores. Duas teorias atestam que professores e estudantes podem aprender cooperativamente ou em comunhão. PRIMEIRA A concepção freiriana de que aprendemos pelos compartilhamentos, pela troca de saberes em um movimento permanente de ensinar e aprender. SEGUNDA A de Vygotsky de que os processos de ensino-aprendizagem consideram a influência do meio em que vivemos e as interações para que o estudo se efetive. No entanto, nada disso será possível se não houver um ambiente propício a esse processo horizontalizado de ensinar e aprender e se a escola, como sinalizamos anteriormente, não disponibilizar equipamentos e acessos a esses meios. Considerando a horizontalidade do compartilhamento de saberes, o importante é reconhecer as TDICs como instrumentos mediadores da aprendizagem de jovens, adultos e idosos. Foto: Shutterstock.com Para os jovens, como afirmam Costa, Duqueviz e Pedroza (2015), um elemento facilitador é o fato de as pessoas dessa faixa etária já utilizarem essas tecnologias em suas ações e relações cotidianas fora da escola. Foto: Shutterstock.com Por outro lado, para adultos e idosos, as TDICs poderão servir a esse mesmo objetivo à medida que eles forem inseridos no acesso às tecnologias digitais, considerando a perspectiva do letramento digital como condição para que se saiba lidar efetivamente com elas. Destaca-se aqui, portanto, o papel formador da escola e a relevância da interação entre professor e aluno. A BUSCA PELA INCLUSÃO DIGITAL NO COTIDIANO DA ESCOLA PARA PESSOAS JOVENS, ADULTAS E IDOSAS Reconhecer os desafios da inclusão digital para os estudantes da EJA passa pelo olhar lançado a alguns dos desafios (ou das dificuldades) apontados inicialmente neste módulo, assim como pelo diálogo sobre eles, de forma associada a um repensar sobre o currículo. Sabemos que incluir alguém digitalmente é diferente de saber ligar e desligar o computador – e até mesmo de digitar um texto. Vai além… Diante da compreensão de que os seres humanos, enquanto seres inacabados e incompletos, aprendem ao longo da vida e estão em constante processo de ensinar e aprender, podemos dizer que lidar com as tecnologias configura uma nova forma de alfabetização e letramento definida como letramento digital. Jovens estudantes Para os jovens estudantes da EJA, nativos digitais, este é um mundo conhecido ou relativamente conhecido conforme seus níveis de alfabetismo. Adultos/idosos estudantes Já para os adultos e idosos estudantes da EJA, ele pode ser um mundo a ser desbravado – e, para muitos, efetivamente é. Essas descobertas e as formas de apropriação dos usos das tecnologias passam pelo estabelecimento de novas formas de socialização e por outras experiências sociais trazidas javascript:void(0) pelo compartilhamento das experiências pessoais. Essas experiências foram se configurando como culturas incorporadas à vida cotidiana em tempos mais recentes. Se o uso de WhatsApp, Facebook, Instagram ou outras mídias sociais, para algum grupo, é normal, existe outro para o qual tais formas de interação e de comunicação ainda não se apresentam. Isso ocorre por essas pessoas estarem excluídas do acesso às tecnologias digitais ou por lhes faltar um letramento digital mais desenvolvido. Dentro da perspectiva de uma sociedade permanentemente conectada, alguns aspectos contribuem para que indivíduos, a partir do acesso a tecnologias e internet, se conectem durante um tempo maior ou menor. Esses aspectos são: Culturais Constituintes de valores Tradições Costumes Dessa forma, ocorre a elaboração de outros conhecimentos a partir dessa nova acessibilidade, impactando e contribuindo para a transformação das formas de ensinar e de aprender dentro do espaço escolar. AGORA QUE VOCÊ JÁ LEU O CAPÍTULO ATÉ AQUI, PROCURE REFLETIR SOBRE AS DESIGUALDADES EXTREMAS COM AS QUAIS CONVIVEMOS NO BRASIL. DESTAQUE UM DESAFIO PARA QUE A ACESSIBILIDADE DIGITAL E O LETRAMENTO DIGITAL SE TORNEM REALIDADE PARA TODOS. No Brasil, segundo dados da PNAD Contínua de 2018 divulgados pelo IBGE (2018), em um grupo de quatro pessoas, uma não tem acesso à internet. Isso representa 46 milhões de brasileiros, ou seja, 25,3%. Quase a metade dos que não têm acesso revelam seu desconhecimento para fazer uso e pouco mais de 30% deles informam não ter interesse em fazê-lo. O alto custo do acesso ao serviço de internet, bem como para obter o equipamento necessário, também se apresentam como um limitador. Os dados da pesquisa nos permitem perceber que um dos polos do desafio de se incluir digitalmente os estudantes da EJA passa pela necessidade de criação e de execução de políticas públicas, haja vista que muitos brasileiros ainda estão excluídos do acesso ao equipamento e do serviço de internet. De igual forma, podemos observar que, se a escola, muitas vezes, é o único espaço onde estudantes mais carentes têm acesso a um livro, também constitui aquele em que eles podem acessar as tecnologias e seus usos. Diante disso, é necessário reconhecer a urgência de que todos no espaço escolar desenvolvam o letramento digital e possam se conectar, fazendo os mais diferentes e plurais usos dos recursos tecnológicos. Muito mais do que ministrar uma aula tendo como recurso o projetor multimídia e o suporte do notebook, é preciso explorar os usos e recursos que estão postos, por exemplo, em sites de museus e centros culturais, blogs, jogos didáticos etc. Esses outros usos, inadiáveis por já estarmos no século XXI, precisam estar previstos nos currículos escolares. Esses currículos devem considerar a necessária interatividade dos modos de ensinar e aprender para que, assim, possam ampliar as potencialidades dos processos de construção de conhecimento. Reconhecer a potência das mensagens de WhatsApp, SMS e chats como espaços de leitura e de escrita (e, portanto, de comunicação e interação) é uma das formas de compreendê-los como potenciais meios de produção textual já incorporados ao cotidiano da sociedade em que vivemos. Moran (2020) afirma que a construção do conhecimento se torna mais fluida e mais interconectada quando estas habilidades são consideradas: A sensorial A emocional A organização da racionalidade Os usos de artefatos, como, por exemplo, computador, notebook e aparelhos celulares, constituem meios de construção do conhecimento em que o usuário consegue ter um papel protagonista e autônomo. Podemos afirmar que os estudantes da EJA foram excluídos dos usos e das potencialidades das TICs – assim como das TDICs – porque as possibilidades e as acessibilidades, muitas vezes, não estavam disponíveis nos seus espaços convivência, incluindo a escola. PORÉM, COM O CONTEXTO DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS EM 2020, VERIFICAMOS QUE NÃO EXISTE MAIS A POSSIBILIDADE DE SE IGNORAR, NO CENÁRIO NACIONAL, A INCLUSÃO DIGITAL COMO UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA TODOS INDEPENDENTEMENTE DE CLASSE SOCIOECONÔMICA OU REGIÃO DE MORADIA NO PAÍS. Isso requer um esforço para se rediscutir o modelo societário que ainda carrega as marcas das desigualdades sociais, econômicas, culturais e educacionais. O grande intuito, com isso, seria o de construir um projeto de país que contemplasse as necessidades da sociedade em sua plenitude. Com o mesmo raciocínio, deve-se ter em conta, mediante o princípio constitucional da equidade, que todos precisam ter as mesmas oportunidades de desenvolvimento e de construção do conhecimento – e, segundo essa abordagem temática, de inclusão digital na escola e na vida. Talvez, um dos maiores desafios seja, por meio da conquista do letramento digital, desenvolver formas que possibilitem a todos se apropriarem dos saberes e das informações acessadas, podendo, com isso, transformá-los em conhecimentos construídos a serem utilizados socialmente. Apropriando-se do pensamento de Paulo Freire, compartilhamos a ideia de que promover a inclusão digital precisa ser um permanente “estar sendo”.Ou seja, essa promoção precisa ser... UM PROCESSO DE CAMINHAR E QUE PRECISA CONSIDERAR DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE RECONHECIMENTO DOS PERCURSOS DE ENSINAR E APRENDER. Que isso sirva tanto para os professores como para os estudantes que convivem com as possibilidades de construção de conhecimento mediadas pelas tecnologias. SERÁ QUE UM CAMINHO TECNOLÓGICO É POSSÍVEL PARA O EJA? As especialistas Wilna Mello e Dalta Barreto apontarão neste vídeo os possíveis caminhos tecnológicos dentro da realidade do EJA. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. LEIA UM TRECHO DE AUTORIA DE MAGDA SOARES (2002) E INDIQUE A OPÇÃO QUE FAZ REFERÊNCIA A ESTE CONCEITO: “ESTADO OU CONDIÇÃO QUE ADQUIREM OS QUE SE APROPRIAM DA NOVA TECNOLOGIA DIGITAL E EXERCEM PRÁTICAS DE LEITURA E DE ESCRITA NA TELA”. A) Letramento digital B) Alfabetização tecnológica C) Alfabetização digital D) Letramento informacional E) Alfabetização funcional 2. APÓS A LEITURA DESTE TEMA, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE INDICA UMA ESTRATÉGIA PARA A PROMOÇÃO DA INCLUSÃO DIGITAL E SOCIAL DE PESSOAS JOVENS, ADULTAS E IDOSAS. A) Oferta de computadores sem acesso à internet. B) Investimento exclusivamente em internet banda larga. C) Acesso a suportes digitais, como o computador ou o aparelho celular. D) Investimento em políticas públicas para inclusão digital e social. E) Promoção de diálogo sobre redes e computadores. GABARITO 1. Leia um trecho de autoria de Magda Soares (2002) e indique a opção que faz referência a este conceito: “Estado ou condição que adquirem os que se apropriam da nova tecnologia digital e exercem práticas de leitura e de escrita na tela”. A alternativa "A " está correta. Insere-se, na perspectiva do letramento digital, a pessoa que desenvolveu competências e habilidades leitoras e escritoras necessárias para o uso autônomo e crítico das tecnologias digitais. 2. Após a leitura deste tema, assinale a alternativa que indica uma estratégia para a promoção da inclusão digital e social de pessoas jovens, adultas e idosas. A alternativa "D " está correta. Considerando que a escola pode representar o único espaço no qual os estudantes mais carentes têm acesso a um livro, também pode ser aquele em que eles conseguem acessar as tecnologias e seus usos. Diante disso, é importante haver a realização de investimentos permanentes que promovam a inclusão digital. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Apresentamos neste tema a modalidade EJA no contexto contemporâneo, bem como o direito à educação e os aspectos culturais, étnico-raciais, de gênero e classe envolvidos. Ainda falamos sobre a inclusão digital esperada. No módulo 1, identificamos os conceitos de alfabetização e de letramento, destacando sua importância para a formação de leitores e escritores jovens e adultos autônomos. No módulo 2, definimos as relações entre culturas, raça, gênero e classe no cotidiano da educação deles, além de suas potencialidades na garantia do direito à educação. No módulo 3, por fim, reconhecemos os desafios da inclusão digital para jovens e adultos em escolarização no contexto da contemporaneidade. Esse debate foi realizado de forma mais ampliada, oferecendo a você potencial teórico e prático para uma reflexão acerca de questões do cotidiano escolar. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. BRANDÃO, C. R. Cultura (movimentos de cultura popular). In : STRECK, D.; REDIN, E.; ZITKOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. p. 108-110. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 5 de outubro de 1988. BRASIL. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. BRASIL. Parecer CNE/CEB nº 11/2000. Estabelece as diretrizes curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos. CANDAU, V. M. F. Diferenças culturais, interculturalidade e educação em direitos humanos. In : Educação e sociedade. v. 33. n. 118. Campinas. jan.-mar/2012. COLASANTI, M. Fragatas para terras distantes. Rio de Janeiro: Record, 2004. COSTA, S. R. S.; DUQUEVIZ, B. C.; PEDROZA, R. L. S. Tecnologias digitais como instrumentos mediadores da aprendizagem dos nativos digitais. In : Revista quadrimestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. v. 19. n. 3. São Paulo. set-dez 2015. p. 603-610. DIAZ, L.; STARLLES, W. Linguagem neutra: bobagem ou luta contra a discriminação? A utilização de uma terceira letra para distinguir o gênero masculino do feminino na língua portuguesa é motivo de discussão entre os gramáticos. In : Guia do estudante. Publicado em: 5 nov. 2020. DURANTE, M. Alfabetização de adultos: leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2008. FREIRE, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013. GONZATTO, R. F. Como se escreve: decolonial ou descolonial?. Publicado em: ago. 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua — tecnologia da informação e da comunicação (PNAD Contínua TIC) de 2018. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2019. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. LARAIA, R. de B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009. MORAN, J. M. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000. TFOUNI, L. V. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 1997. VÓVIO, C. Alfabetização de pessoas jovens e adultas: outras miradas, novos focos de atenção. In : SAMPAIO, M. N.; ALMEIDA, R. S. Práticas de educação de jovens e adultos: complexidades, desafios e propostas. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. p. 65-89. EXPLORE+ Pesquise na internet os artigos listados a seguir: BUZATO, M. E. K. Letramentos digitais e formação de professores. In : ResearchGate. jan. 2006. CANDAU, V. M. F. Diferenças culturais, interculturalidade e educação em direitos humanos. In : Educação & sociedade. v. 33. n. 118. jan.-mar. 2012. p. 235-250. OLIVEIRA, I. B. de. Reflexões acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA. In : Educar em revista. n. 29. Curitiba. 2007. PASSOS, J. C. dos; SANTOS, C. S. dos. A educação das relações étnico-raciais na EJA: entre as potencialidades e os desafios da prática pedagógica. In : Educação em revista. v. 34. Belo Horizonte. Publicado em: 23 nov. 2018. SILVA, R. B. L. da; COUTO JÚNIOR, D. R. Inclusão digital na Educação de Jovens e Adultos (EJA): pensando a formação de pessoas na terceira idade. In : Revista docência e cibercultura. v. 4. n. 1. 2020. VÓVIO, C.; KLEIMAN, A. B. Letramento e alfabetização de pessoas jovens e adultas: um balanço da produção científica. In : Caderno CEDES. v. 33. n. 90. 2013. p. 177-196. CONTEUDISTA Andrea da Paixão Fernandes CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
Compartilhar