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CADERNO DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV - PROF. PRISCILA DE JESUS - INCOMPLETO

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Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
AV1 – 27/03 a 01/04 
AV2 – 30/05 a 04/06 
E-mail: 
priscilla_sjesus@hotmail.com 
AULA 05 DE FEVEREIRO 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TUTELA JURISDICIONAL 
EXECUTIVA 
1. CONCEITO DE EXECUÇÃO 
O conceito de execução costuma estar relacionado ao conceito de direitos a uma 
prestação. E o que é direito a uma prestação? É o direito subjetivo de exigir de outrem o 
cumprimento de uma prestação, que pode ser um fazer, não fazer, pagar quantia e entregar 
coisa distinta de dinheiro. 
O direito a uma prestação é um direito que se realiza no mundo fático, no plano 
dos fatos. Só se considera satisfeito quando o dinheiro entra na conta do credor, quando 
a coisa é entregue nas mãos do credor, quando a prestação de um serviço é realizada, ou 
quando o credor deixa de inscrever o devedor no cadastro de restrição de créditos. Então 
o direito a uma prestação é um direito que se realiza no plano dos fatos. 
Se um direito a uma prestação não for satisfeito, isto é, se for descumprido, surge 
o que se chama de inadimplemento ou lesão. Isso faz surgir para o credor uma pretensão. 
Só que, a princípio, aqui no Brasil, não se admite a autotutela. O credor que tem uma 
pretensão de ver cumprido o seu direito, não pode forçar o devedor a cumprir a obrigação. 
Diante disso, o credor poderá exercer sua pretensão em juízo. E que pretensão é essa? 
Justamente a pretensão de exigir o cumprimento de um direito a uma prestação. Ao fazer 
isso, o credor está buscando tutela jurisdicional executiva. 
Nessa busca de uma tutela jurisdicional executiva, o credor espera que o Poder 
Judiciário, através da execução, viabilize o cumprimento do direito a uma prestação, que 
pode se dar de maneira voluntária ou forçada. O Estado poderá se valer de meios para 
forçar o cumprimento do direito a uma prestação. 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
Pode se dizer, também, que o conceito de execução está ligado ao conceito de 
direito potestativo? 
Direito potestativo, em apertada síntese, é o direito de submeter outrem à criação, 
extinção ou modificação de uma situação jurídica. O direito potestativo, diferentemente 
do que ocorre com o direito de prestação, é um direito que se realiza no plano normativo. 
No direito de prestação é necessário a entrega do bem, do dinheiro etc. Ou seja, basta que 
o juiz diga para que o direito potestativo se realize. Então quando o juiz diz, por exemplo, 
“anulo um contrato”, o simples comando do juiz já enseja a própria realização do direito 
potestativo. Quando ele diz isso, extinta está a relação contratual. Ninguém precisa rasgar 
o contrato no plano fático para que o contrato deixe de existir no mundo jurídico. Se o 
juiz diz “decreto a revisão do contrato em tais termos”. Esse comando já serve para a 
realização do direito potestativo. Se o juiz diz isso, não é necessário que as partes refaçam 
o contrato. O direito potestativo é considerado realizado com o comando do juiz. 
OBS: Claro que o reconhecimento de um direito potestativo pode ensejar a 
necessidade da prática de atos de mera documentação. Exemplo: o direito ao divórcio é 
um direito potestativo. Ao decretar o divórcio, acabou o casamento. Mas, após isso, as 
partes precisam fazer algumas averbações nas suas certidões de casamento. Mas se não 
fizerem a averbação, a parte ainda está casada? Não, só não haverá ter sido dada a ciência 
a terceiros, pois o direito potestativo é um direito que se realiza no plano normativo, 
bastando o comando jurisdicional. 
Esse ato de documentação não pode ser visto como execução. Não há execução. 
Há alguns autores que dizem que esse ato de documentação é um ato de execução 
imprópria. Mas, na verdade, não é execução. Não há ato de execução quando se exige que 
faça uma averbação de divórcio em cartório. Então o direito potestativo é um direito que 
se realiza no plano normativo, havendo necessidade, em algumas situações, a necessidade 
de práticas de atos de mera documentação. 
Então o direito potestativo é um direito que não depende de execução; não 
depende da adoção de nenhuma prática material pelas partes, bastando o comando 
jurisdicional. Por isso podemos dizer que o conceito de execução não está ligado ao 
conceito de direito potestativo, pois este não depende de execução; não depende de 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
providências materiais. É diferente do que ocorre com o direito de prestação, que se 
realiza no plano fático. 
OBS: É possível que a efetivação de um direito potestativo faça surgir como efeito 
anexo direito a uma prestação. Exemplo: imagine que foi celebrado uma promessa de 
compra e venda. Uma pessoa prometeu vender um apartamento e a outra prometeu 
comprar, dando uma parte do valor. Depois, houve o descumprimento contratual, 
chegando ao judiciário, pedindo a rescisão da promessa de compra e venda. O direito à 
rescisão é um direito potestativo. E o juiz pode, analisando o caso, rescindir o contrato. 
Há, aí, a realização de um direito potestativo. No caso concreto, o comprador já havia 
pagado uma parte do preço e o vendedor já tinha dado as chaves do apartamento. Nesse 
caso, a realização desse direito potestativo faz surgir direitos a uma prestação: de um lado 
existe o direito de o comprador reaver parte do preço pelo menos; do outro lado, existe o 
direito de o vendedor receber de volta as chaves do apartamento. Então a realização de 
um direito potestativo, nessa situação, faz surgir direitos a uma prestação. 
Esses direitos são direitos a uma prestação que são passíveis de execução. Então 
se o comprador disser que não vai devolver chave, o Judiciário pode mandar um oficial 
de justiça buscar as chaves. Se o vendedor não quiser devolver valor, o Judiciário pode 
bloquear a conta do vendedor. Então a efetivação de um direito potestativo pode fazer 
surgir um direito de prestação, passíveis de execução. Não é o direito potestativo que vai 
ser executado. Ele já está realizado. Mas existem os efeitos anexos. 
Esse direito surge independentemente de alguém formular um pedido expresso 
nesse sentido. O vendedor não precisa dizer “se for rescindido o contrato, quero de volta 
as chaves”. 
AULA 12 DE FEVEREIRO 
2. TÉCNICAS DE EXECUÇÃO 
Atualmente se fala em duas técnicas processuais de execução: (a) técnica da 
execução em processo autônomo. A execução em processo autônomo é aquela que se 
desenvolve em uma relação jurídica processual instaurada com essa finalidade específica 
da execução. (b) Além dessa técnica, existe outra técnica que é a técnica da execução 
fase. É aquela que se desenvolve numa fase de um processo já instaurado. 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
O que é importante é que toda execução se desenvolve em um procedimento em 
contraditório. Se for autônomo ou fase, o fato é que a execução sempre será desenvolvida 
em procedimento em contraditório. 
Hoje se fala nessas duas técnicas, mas nem sempre foi assim. Houve um tempo 
em que só se falava em processo autônomo. Não se falava em um processo dividido em 
fases. Essa ideia de que todo processo deveria se desenvolver autonomamente, vinha do 
fato de que era preciso limitar a atividade jurisdicional. 
Nessa época, até existia um procedimento especial ou outro, como o MS, ação 
possessória, em que se admitia que a execução da decisão proferida fosse feita no mesmo 
processo em que concedida a tutela de conhecimento. 
Com a generalização da tutela antecipada, que hoje chamamos de tutela 
provisória, passou a se admitir que no mesmo processo fosse concedida a tutela 
antecipada e também executada a tutela antecipada naquele mesmo processo já 
instaurado. Então num segundo momento, passou a existir a possiblidade de se executar, 
num mesmo processo, as liminares concedidas. Então saímos de uma realidade que 
sempreera preciso instaurar processo autônomo, para uma realidade que, pelo menos para 
a tutela antecipada, era possível fazer a execução no mesmo processo em que a tutela 
fosse concedida. 
Essas duas técnicas hoje coexistem, mas prevalece a técnica de execução em fase 
e a execução autônoma só será instaurada em situações específicas. Quais? Na verdade, 
a execução autônoma será instaurada quando o título executivo for extrajudicial e quando 
for sentença arbitral, sentença estrangeira homologada pelo STJ e sentença penal 
condenatória transitada em julgada. Apesar de serem títulos executivos judiciais, eles se 
desenvolvem em processo autônomo. 
3. CLASSIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO 
 A execução se submete a algumas classificações e existem alguns critérios 
utilizados como base. Em primeiro lugar, a execução se classifica em execução comum e 
execução especial. 
3.1. Execução comum e execução especial 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
Essa primeira classificação leva em consideração o procedimento ao qual a 
execução se submete. A execução comum é aquela que serve a uma generalidade de 
créditos. Exemplo: execução de obrigação de pagar quantia. A princípio quantia 
decorrente de qualquer tipo de relação jurídica, que é a chamada obrigação de execução 
pecuniária. 
A execução especial é aquela que serve a créditos específicos. Alguns créditos, 
inclusive créditos em dinheiro, se submetem a um procedimento executivo diferenciado. 
Quando isso ocorre diz-se que a execução é especial. Quais são as execuções especiais 
que existem no ordenamento jurídico processual brasileiro? São três: (a) execução de 
alimentos; (b) execução fiscal. Tem como objeto créditos tributários ou não tributários, 
inscritos em dívida ativa, que são titularizados pela Fazenda Pública; (c) execução contra 
a Fazenda Pública. É uma execução promovida por um particular contra a Fazenda. 
Do ponto de vista prático, é importante saber diferenciar? Sim. Primeiro porque o 
procedimento é diferente, a base normativa muda. Além disso, é importante diferenciar 
para fins do estudo da cumulação de execuções. Numa ação de conhecimento, é possível 
fazer cumulação de pedidos. Pode pedir mais de um pedido executivo, fundado no mesmo 
título executivo, ou até mesmo de títulos diferentes. Quando se faz isso, também se estará 
diante de cumulação de execuções. Só que só é possível a cumulação se houver identidade 
de procedimento, identidade de ritos. Então pode formular mais de um pedido executivo, 
só que esses pedidos precisam se submeter a um mesmo procedimento. Então eu não 
posso chegar numa ação e cobrar alimentos e uma indenização de origem cível, pois o 
meu pedido de alimentos vai se submeter ao rito da execução de alimentos, que é um rito 
próprio, e o meu pedido de indenização pecuniária, mas não vou poder cobrar essa 
obrigação pecuniária junto com a obrigação alimentar, pois esta se submete a um rito 
específico e a exigência da obrigação pecuniária se submete a outro rito executivo. 
Então além do procedimento ser diferente, é preciso que se saiba quando uma 
execução é comum ou especial para o estudo da cumulação de pedidos executivos. 
Existem outros requisitos que devem ser observados para que seja possível a 
acumulação de demandas executivos. Este é apenas um. Há o enunciado 27 da súmula do 
STJ que trata sobre o assunto. 
3.2. Execução judicial e execução extrajudicial 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
Leva em consideração o ambiente que essa execução se desenvolve. A execução 
judicial se desenvolve no Poder Judiciário. Costuma ser a mais comum. Agora fala-se 
também em execução extrajudicial, que é aquela que se desenvolve fora do Poder 
Judiciário. Essas execuções são excepcionais, que tem previsão específica em lei. É 
possível execução extrajudicial de contrato de alienação fiduciária em garantia de imóvel. 
Existe uma lei que admite a execução extrajudicial fora do poder judiciário de contrato 
de alienação judiciária de garantia de imóvel. Esse procedimento de execução 
extrajudicial tem previsão numa lei específica e ele se dá fora do poder judiciário. 
Houve um tempo em que se questionava a constitucionalidade desse 
procedimento, sob o argumento de que ele violaria o acesso à justiça. Vem-se entendendo 
que não há obstrução de acesso à justiça, pois esse procedimento é controlado no Poder 
Judiciário. 
3.3. Execução fundada em título executivo judicial (cumprimento de 
sentença) e execução fundada em título executivo extrajudicial 
Se ela tiver como base um título executivo judicial e será considerada como título 
executivo extrajudicial se ela estiver fundada em título executivo extrajudicial. 
É preciso que se identifique se o título executivo é judicial ou extrajudicial, pois 
algumas regras do procedimento executivo variam a depender do título em que se funda 
a execução. O procedimento de execução de um título executivo judicial é diferente de 
um procedimento de execução de título executivo extrajudicial. Mas não apenas. As 
regras de competência são diferentes. A competência para executar um título executivo 
judicial é diferente da competência para executar título executivo extrajudicial. 
O próprio conteúdo da defesa do executado também é diferente. Na judicial, a 
defesa é mais restrita. O executado pode alegar menos coisas. Na execução extrajudicial, 
a defesa do executado é mais ampla. 
3.4. Execução direta e execução indireta 
É aquela que divide a execução em direta e indireta. Essa classificação leva em 
consideração a dependência ou não do comportamento do devedor, em relação ao 
cumprimento da prestação que está sendo executada. A depender do comportamento do 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
devedor, do cumprimento ou não da execução, a execução será classificada em direta ou 
indireta. 
 
Essa classificação está relacionada aos conceitos de decisão executiva e decisão 
mandamental. A decisão executiva é aquela que certifica um direito a uma prestação, 
impondo para o seu cumprimento a aplicação de meios executivos diretos ou sub-
rogatórios. Então podemos dizer de forma mais objetiva que a execução direta é aquela 
que aplica meios executivos diretos ou sub-rogatórios. 
O meio executivo direto ou sub-rogatório é aquele por meio do qual o Estado-juiz 
ou um terceiro se coloca no lugar do devedor, cumprindo a obrigação por ele. O Estado 
não vai pegar o patrimônio público nem o terceiro vai fazer caridade. O que está dizendo 
é que a obrigação será cumprida por intermédio do Estado ou terceiro, mas eles vão se 
valer do patrimônio do devedor. 
Existem alguns exemplos clássicos de meios diretos: desapossamento mediante 
busca e apreensão. O Estado-juiz pode mandar um oficial de justiça, acompanhado de 
força policial se necessário, para tomar o carro do devedor. O carro não é do Estado. 
Há outro meio também muito conhecido que é a expropriação. É a conversão de 
um bem em dinheiro. Pode se dar mediante alienação particular ou alienação perante o 
leilão. 
O cumprimento não envolve o comportamento do devedor. É irrelevante. Quem 
atua nesses casos é o próprio Estado-juiz ou o terceiro que executa, independente da 
vontade do devedor. 
Além do conceito de decisão executiva, há o conceito de execução mandamental. 
É aquela que certifica e efetiva direito a uma prestação, mediante a aplicação de um meio 
executivo indireto. Então o conceito de decisão mandamental está relacionado à execução 
indireta e podemos dizer, de forma mais clara, que a execução indireta é aquela em que 
se aplicam meios executivos indiretos. 
O meio executivo indireto é o meio através do qual se força o próprio devedor, 
psicologicamente, para que ele mesmo cumpra a obrigação. Na execução direta o 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
comportamento nãoimporta, mas aqui importa. Como se força psicologicamente? 
Existem meios executivos indiretos que de um lado podem causar temor no devedor, 
forçando-o a cumprir a obrigação (ex: multa, a prisão civil, interdição de estabelecimento, 
suspensão de atividades etc.), mas existem meios executivos indiretos que podem 
incentivar o cumprimento da obrigação (ex: abatimento de honorários, em caso de 
cumprimento voluntário; isenção de despesas processuais etc.). 
Então nessas situações há um destaque para o comportamento do devedor. 
OBS: Esses meios de execução direta e indireta podem ser aplicados em qualquer 
tipo de processo de execução, independentemente da obrigação que está sendo executada. 
Inclusive esses meios podem ser cumulados entre si ou alternados no tempo. 
3.5. Execução definitiva e execução provisória 
Houve um tempo em que a diferença entre a execução definitiva e provisória era 
a seguinte: a definitiva era aquela que ia até o fim e a provisória aquela que não ia até o 
fim. Hoje a diferença não é mais essa, pois as duas podem chegar até o fim, até o momento 
da entrega efetiva do bem a quem de direito. 
E como diferencia hoje? A definitiva é aquela que chega até o fim, sem impor 
maiores exigências ao credor exequente. E a provisória é aquela que pode chegar até o 
fim, impondo-se maiores exigências ao credor exequente. Por que isso? Porque a 
execução definitiva é aquela fundada em um título executivo definitivo, ou seja, a 
execução definitiva é aquela fundada em um título que não é mais passível de alteração. 
Sendo assim, ela chega até o fim sem que o credor exequente precise se preocupar muito 
com algumas exigências. 
Já a provisória é fundada em um título executivo provisório, que consiste num 
título provisório, isto é, esse título ainda é passível de modificação. Então, por conta disso, 
como existe ainda a possibilidade de alteração do título executivo, é que se impõe maiores 
exigências ao credor exequente, pois é possível que haja uma reviravolta no curso do 
processo. 
A execução de título executivo extrajudicial é sempre definitiva. A execução de 
título executivo judicial, por sua vez, é que pode ser definitiva ou provisória, conforme o 
caso. 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
O que seria um título executivo provisório para fins de execução provisória? É 
uma decisão jurisdicional contra qual pende de julgamento um recurso não dotado 
de efeito suspensivo. Se existe um recurso pendente de julgamento contra uma decisão e 
ele tem efeito suspensivo, não cabe execução, nem mesmo a provisória. Agora, se a 
decisão jurisdicional foi objeto de um recurso não dotado de efeito suspensivo, admite-se 
a execução provisória. 
OBS: Existe como se atribuir efeito suspensivo a qualquer recurso, desde que haja 
pedido e deferimento pelo órgão jurisdicional. Então alguns recursos têm efeito 
suspensivo automático (ope legis), mas nada impede que o órgão jurisdicional, mediante 
um pedido, atribua efeito suspensivo a qualquer recurso. Exemplo: agravo de instrumento 
não tem efeito suspensivo automático, mas o órgão jurisdicional pode atribuir efeito 
suspensivo ao agravo. 
Toda execução provisória advém de um título executivo judicial, mas nem todo 
título executivo judicial é passível de execução provisória. Somente a decisão 
jurisdicional, nacional, estatal, cível é passível de execução provisória. Significa dizer 
que a sentença arbitral, sentença estrangeira homologada pelo STJ e sentença penal 
condenatória transitada em julgado, que são títulos executivos judiciais, não podem ser 
executadas provisoriamente. 
Quando estamos diante da possibilidade de execução provisória, é porque o Poder 
Judiciário, em alguma medida, já certificou o direito a uma prestação; a existência de uma 
obrigação. Se já há essa chancela do Poder Judiciário, por que não viabilizar ao credor o 
adiantamento do lado dele? 
O legislador também tem de proteger o executado, pois afinal de contas pode ser 
que aquele título seja alterado. E se for alterado e o devedor já tiver sofrido algum 
prejuízo? O que ocorre? Enquanto de um lado o CPC permite a execução provisória, de 
outro lado existem algumas exigências que precisam ser observadas para que também se 
privilegie a segurança jurídica ao devedor. 
A execução provisória é sempre iniciada com o requerimento do credor exequente. 
É fundamental que se exija do credor exequente o requerimento, pois o credor precisa 
fazer algumas avaliações antes de que se inicie a execução provisória. Deve haver uma 
análise das chances de êxito do recurso não dotado de efeito suspensivo que pende de 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
julgamento contra o título provisório. Se o recurso for acolhido, haverá reforma, 
invalidação do título, e a execução dele pode cair. Será que o título tem chance de ser 
alterado? Será que o título é robusto? Será que o recurso pode ser acolhido? Será que 
pode gerar a invalidação do meu título, ao ser acolhido? 
Por fim, o credor exequente deve analisar a extensão da sua responsabilidade em 
caso de alteração do título exequendo. O credor exequente precisa avaliar que ele 
responde aos prejuízos que ele causar ao executado, em razão de uma execução que se 
tornou indevida. Feitas essas avaliações, o credor exequente, consciente dos riscos, aí ele 
formula o pedido de execução provisória. 
Então a execução provisória se inicia a pedido do credor exequente, exatamente 
porque ele precisa fazer as análises fundamentais para que ele inicie a execução 
provisória. 
O pedido de execução provisória deve ser instruído com alguns documentos 
obrigatórios (art. 522, parágrafo único): decisão exequenda; certidão de que foi interposto 
um recurso não dotado de efeito suspensivo; procurações outorgadas pelas partes; decisão 
de habilitação, se for o caso. Esses são os documentos obrigatórios. 
Facultativamente, o credor poderá instruir a sua execução provisória com outros 
documentos que ele entenda necessários para que a execução seja processada. 
Essa documentação obrigatória só vai precisar ser juntada se o processo for físico, 
desenvolvido num caderno processual próprio, apartado, que será processado perante o 
órgão jurisdicional competente de primeiro grau, enquanto o processo principal está 
sendo processado em outra instância para o julgamento do recurso. Se os autos forem 
eletrônicos e se for possível o acesso dele pelo órgão jurisdicional de primeiro grau, aí se 
dispensa essa documentação, porque toda essa documentação já estará nos autos do 
processo em que se formula o requerimento de execução provisória. 
O problema é que por uma questão operacional, não vem sendo possível, mesmo 
quando os autos são eletrônicos, se formular um pedido de execução provisória no 
processo eletrônico. Isso porque a execução provisória é aquela que se funda numa 
decisão que está sendo objeto de um recurso. Então, de um lado, o processo segue para o 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
julgamento do recurso, que será julgado provavelmente no tribunal e, de outo lado, é 
possível se iniciar a execução provisória, que é de competência do juízo de primeiro grau. 
Operacionalmente não está sendo possível, porque quando interpõe um recurso de 
competência do tribunal, o sistema trava o acesso. O sistema impede que o órgão 
jurisdicional efetue qualquer ato. Então, no final das contas, o requerimento de execução 
provisória, mesmo quando o processo for eletrônico, vai acabar tendo de ser instruído 
com toda a documentação obrigatória, pois vai ser preciso abrir novo processo. 
Existe uma situação em que a execução provisória se dará nos mesmos autos em 
que a decisão foi proferida. Isso ocorre quando se está diante de execução provisória de 
uma tutela provisória. 
Depois de iniciada a execução provisória, o executado será intimadopara que 
cumpra a obrigação. Se essa obrigação for de pagar quantia, o executado terá um prazo 
de 15 dias para fazer isso. Se a obrigação for paga, a execução provisória será extinta com 
satisfação e estará afastada a incidência de multa de 10% e de honorários advocatícios de 
10% sobre o valor da execução. Se, por outro lado, o executado intimado não paga em 15 
dias e nem garante a execução, haverá incidência de multa de 10% e de honorários 
advocatícios de 10% sobre o valor da condenação (art. 520, § 2º, CPC). 
OBS: O fato de o executado pagar com o objetivo de não pagar a multa e 
honorários, com a continuidade da discussão no recurso. Ou seja, ele paga apenas para se 
livrar da multa e honorário, mas continua discutindo aquela matéria. 
Passados os 15 dias para o cumprimento voluntário, iniciam-se mais 15 dias, que 
é o prazo para a defesa do executado, para impugnar a execução. Então o executado pode 
se defender da execução provisória. A defesa aqui é incidental. Ou seja, ele é chamado 
para cumprir a obrigação, incidentalmente ele pode se defender. 
É possível que no curso da execução provisória haja uma reviravolta. É possível 
que o recurso pendente de julgamento anule ou reforme o título provisório. Nesse caso, a 
execução deve ser tornada sem efeito e o credor exequente responderá objetivamente 
pelos prejuízos que ele causou ao executado. Essa responsabilização objetiva ocorrerá 
nos mesmos autos em que se processou a execução. A liquidação dos danos e a satisfação 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
da indenização serão feitos nos próprios autos em que houve e execução indevida. O 
credor exequente vai ter de garantir o retorno ao status quo ante do executado. 
OBS: Se a obrigação executada for entregar coisa diferente de dinheiro e se essa 
coisa já tiver sido transferida do credor para um terceiro, a questão com o devedor 
executado será resolvida apenas com perdas e danos, porque nessa hipótese se resguarda 
a boa-fé do terceiro (art. 520, § 4º, CPC). 
OBS: Não é porque a responsabilidade é objetiva que o devedor não precisa fazer 
a prova do seu prejuízo. 
Por outro lado, pode ser que do julgamento do recurso, o título seja confirmado. 
Nesse caso, havendo trânsito em julgado, aquela execução que era provisória se converte 
automaticamente em execução definitiva. 
Uma situação intermediária pode ocorrer também. É possível que no julgamento 
do recurso o título seja anulado ou reformado parcialmente. Assim, vai ter uma parte da 
execução se tornando sem efeito e, em relação a ela, o credor exequente terá que 
responder aos prejuízos causados ao executado, e a outra parte será convertida em 
execução definitiva. 
AULA 19 DE FEVEREIRO 
Caução 
Para que se inicie a execução provisória não se exige caução. Mas para a prática 
de alguns atos no âmbito da execução provisória, é preciso que se preste caução. Quais 
são esses atos? Para levantamento de depósito em dinheiro; para prática de atos que 
importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real; ou, 
ainda, para a prática de atos que resultem grave dano ao executado. 
Exemplo: interdição de um estabelecimento vai fazer surgir um dano ao 
executado. Outro exemplo é o desfazimento de obra. 
Qual a finalidade da caução? Por que se exige? Para que essa caução possa fazer 
frente, no futuro, a algum eventual prejuízo que seja causado ao executado, por conta de 
uma execução indevida. Por isso que a causação precisa ser suficiente e idônea. Suficiente 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
de modo a abarcar todo o potencial prejuízo que venha a ser causado ao executado. A 
caução precisa idônea, ou seja, ter liquidez suficiente para, quando necessário, possa, 
efetivamente, garantir o ressarcimento dos danos causados ao executado. 
A caução será prestada nos próprios autos em que tramita a execução e os 
parâmetros dessa caução serão fixados pelo juízo competente à execução. Isso é 
importante porque a gente precisa ter em mente que a caução está no âmbito da seara de 
competência do juízo de primeiro grau, em regra, que é quem tem competência para fixar 
os parâmetros da caução. O Tribunal até pode exigir caução, mas não poderá estabelecer 
os parâmetros dessa caução, pois é de competência do juízo da execução. 
A caução poderá ser de qualquer tipo: real, pessoal (como a fiança) etc., não existe 
uma caução específica que seja exigida. Pode oferecer, bem, dinheiro, seguro, crédito, 
qualquer tipo de caução. Caberá ao juízo da execução o controle disso. 
Existe uma discussão de se o juiz poderá exigir caução de ofício ou ele será 
provocado pelo executado para exigir caução? A caução é prevista em benefício do 
executado. Nessa ótica, se se trata de uma regra criada em benefício do executado, caberia 
a ele invocá-lo, não podendo ser de ofício. Por outro lado, a caução tem como finalidade 
a garantia de um processo justo, adequado, em que os prejuízos sejam minorados e, sob 
essa perspectiva, deveria o juiz poder exigir de ofício a prestação de caução. Há uma 
divergência na doutrina. A majoritária é que o juiz pode exigir caução de ofício. 
Hipóteses de dispensa da caução (art. 521, CPC) 
Em primeiro lugar, estará dispensada a caução nos casos em que o crédito for de 
natureza alimentar, independentemente de sua origem. Em segundo lugar, quando o 
credor apresentar situação de necessidade, isto é, situação em que o credor exequente não 
tem recursos suficiente para prestar caução sem prejuízo de seu sustento próprio ou de 
sua família. Essa regra tem como fundamento o acesso à justiça. Em terceiro lugar, 
quando pender de julgamento o agravo do art. 1.042 do CPC. 
OBS: Esse agravo é um agravo que cabe contra decisão que inadmite recurso 
especial ou recurso extraordinário. 
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Por fim, nos casos em que a decisão que estiver sendo executada provisoriamente 
estiver em consonância com súmula do STF ou do STJ, ou em conformidade com acórdão 
proferido no julgamento de casos repetitivos. 
O parágrafo único do 521 acaba colocando a escolha da exigência de caução numa 
perspectiva de aplicação casuística. Ele diz que a exigência de caução será mantida 
mesmo nesses casos de dispensa, quando da dispensa possa resultar manifesto risco de 
grave dano, de difícil ou incerta reparação. Então coloca sobre o juiz o poder da escolha 
se dispensa ou não a caução. 
4. PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO 
4.1. Princípio da efetividade 
Diz respeito à efetividade da execução, ou seja, à produção de efeitos. Segundo 
esse princípio, não basta que direitos sejam reconhecidos em juízo, é preciso também que 
ele seja efetivado. Não adianta ao exequente a mera certificação daquele direito. É preciso 
que a prestação seja efetivamente entregue. Extraímos este princípio do art. 4º do CPC. 
O devido processo legal só é devido se for efetivo. 
É preciso destacar três máximas que a doutrina costuma destacar no tocante a essa 
doutrina: (a) as normas que integram o sistema da tutela jurisdicional executiva devem 
ser interpretadas de forma que se alcance sempre a máxima efetividade possível; (b) as 
medidas executivas só devem ser aplicadas se a sua aplicação não impuser uma restrição 
gravosa de um direito fundamental; (c) sempre deve ser aplicada a medida executiva para 
garantir a efetivação dos direitos. Acaba se confundindo um pouco com a segunda, mas 
a ideia é a não violação do direito fundamental além do necessário. 
4.2. Princípio da atipicidade (art. 139, IV, 297 e 536, caput e parágrafo 
primeiro, CPC) 
O juiz pode aplicar qualquer medida executiva em prol da efetividade, seja essa 
medida típica ou atípica. Houve um tempo em que prevaleceu o princípio da tipicidade, 
ou seja, o magistrado estava restrito às hipóteses que o legislador permitia. Com o passar 
do tempo,as medidas previstas apenas nas leis não foram sendo suficientes para garantir 
a efetividade da lei. Então o princípio da tipicidade deu lugar ao princípio da atipicidade, 
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ampliando os poderes do juiz para aplicar qualquer medida executiva que ele entenda 
como necessária para garantir a efetivação da sua própria decisão. 
Também se aplica esse princípio no âmbito da execução de obrigação de entregar 
coisa distinta de dinheiro. Então independente do tipo de execução, do tipo de título, o 
legislador quis dar uma ampla liberdade para o magistrado garantir efetividade às suas 
decisões. 
Há alguns casos concretos que trazem algumas polêmicas. Uma primeira 
discussão diz respeito à aplicação desse princípio no âmbito da obrigação de pagar quantia 
certa. Isso porque o CPC tem um regramento muito específico para tratar dessa obrigação, 
o que significa que, nesse caso específico, a atuação do juiz é muito mais limitada do que 
nas demais. Diante disso, alguns doutrinadores começaram a defender que a atipicidade 
na obrigação de pagar quantia não é a regra, mas sim uma aplicação subsidiária, isto é, 
não se pode usar medidas atípicas para forçar o cumprimento da obrigação principal, mas 
tão somente para garantir a efetividade das obrigações acessórias. 
Quando a medida é típica, os parâmetros para a aplicação dessa medida, por óbvio, 
já estão definidos na própria lei. Mas quando a medida é atípica, justamente por não haver 
previsão em lei, não há parâmetros muito bem definidos. Nesses casos, o juiz deve se 
nortear pelos princípios da proporcionalidade, razoabilidade, adequação, menor 
onerosidade do executado etc. 
Daí surge discussões acerca da legalidade de certas medidas atípicas. Exemplo: 
retenção de documentos pessoais. No caso concreto, o que foi retido foi o passaporte do 
sujeito. O STJ se manifestou no sentido de que a retenção do passaporte é uma medida 
ilegal, pois ela impõe uma restrição muito grande ao direito de ir e vir. 
A aplicação dessas medidas atípicas pode se dar a requerimento da parte ou de 
ofício. No caso de requerimento, o magistrado não fica subordinado ao que foi pedido 
pela parte, podendo ele, inclusive, aplicar uma medida diversa da requerida pela parte. 
Não há que se falar em ultra petita ou extra petita. Aqui comporta certa flexibilização. De 
igual modo, o juiz também poderá de ofício ou a requerimento da parte, abrandar ou 
agravar uma medida já aplicada anteriormente. 
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Falando especificamente da multa, cabe ao magistrado fixar casuisticamente a 
multa, podendo alterar o valor, a periodicidade etc. No âmbito da execução de título 
executivo que certifica a obrigação de pagar quantia, também há previsão de multa, 
podendo ser de duas naturezas: coercitiva ou punitiva. A multa coercitiva é aquela que 
visa forçar psicologicamente o devedor a pagar a obrigação de pagar quantia. A punitiva, 
por sua vez, não visa estimular o cumprimento, visa punir o devedor para desestimular a 
conduta de inadimplência. Fala-se em uma função pedagógica da multa. 
A multa na obrigação de pagar quantia certa, justamente por ser uma obrigação de 
pagar quantia certa, essa multa deve ser fixada num valor de 10% da obrigação. E, 
também, não poderá ser periódica nesse caso específico, mas sim de incidência única. 
Além da multa, existem outras medidas típicas como a prisão civil. Ela é típica da 
execução de alimentos. Ela impõe uma restrição a um direito fundamental que é a 
liberdade e, por isso, para a sua aplicação, é necessário que sejam atendidos alguns 
requisitos: (a) expresso requerimento do exequente, no sentido de que esse meio 
executivo seja aplicado; (b) a prisão civil tem de ter duração determinada de 1 a 3 meses. 
É diferente de outras medidas que podem perdurar o tempo necessário; (c) ela só pode ser 
determinada para forçar o pagamento do débito alimentar que compreenda as três 
prestações anteriores à aplicação da medida (ao ajuizamento da execução) e as que se 
vencerem no curso do processo. 
A discussão sobre prisão civil não se encerra aqui. E se desejar utilizar a prisão 
civil para forçar o cumprimento de outras obrigações, que não de alimentos? É uma 
discussão doutrinária forte, pois existem outras verbas de caráter alimentar, que não se 
confundem com alimento propriamente dito. Verbas trabalhistas, por exemplo, é uma 
verba alimentar. Então se discute se a prisão civil poderia ser executada em outras 
execuções, mas que também versem sobre verbas alimentares, mas não alimento 
propriamente dito. Existem três correntes doutrinárias sobre esse assunto: 
PRIMEIRA CORRENTE: Uma primeira corrente mais restritiva entende que a 
prisão civil é meio de execução que só pode ser aplicado na execução de alimentos, com 
base na previsão constitucional do art. 5º, inciso LXVII, que diz que não haverá prisão 
civil por dívida, salvo para obrigação alimentícia. 
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SEGUNDA CORRENTE: Interpreta o termo “dívida”, que consta no texto 
constitucional, no sentido de obrigação de pagar quantia em geral. Portanto, entende que 
esse dispositivo deve ser lido no sentido de que não cabe prisão civil para se exigir 
obrigação de pagar quantia, salvo de alimentos. No entanto, a prisão civil pode ser 
utilizada para forçar o cumprimento de execução de fazer e não fazer, pois o que a CF 
veda é obrigação de pagar quantia. Obrigação de pagar quantia não se confunde com 
obrigação de fazer ou não fazer. Então comportaria a prisão civil. É mais ampla. 
TERCEIRA CORRENTE: A terceira corrente entende que a questão de utilizar ou 
não prisão civil em diferentes tipos de obrigações é algo que deve ser analisado 
casuisticamente, sob a ótica dos direitos fundamentais, sempre partindo da máxima que 
nenhum direito fundamental é absoluto. Assim, é possível que num processo haja outro 
direito fundamental que exija uma proteção maior do que a liberdade do devedor que deve 
ser preso civilmente. É uma corrente moderada e, portanto, impõe alguns requisitos para 
o uso da prisão civil: (a) expresso requerimento do exequente; (b) último meio executivo 
a ser tentado; (c) execução de obrigação não pecuniária, ou seja, que não tenha a aferição 
de um valor; (d) se a finalidade for proteger outro direito fundamental que, no caso 
concreto, fale mais alto que o direito à liberdade; (e) é preciso que haja um tempo certo 
de duração. 
4.3. Princípio da tutela específica (art. 499, CPC) 
A ideia do princípio é que deve ser garantido ao exequente o cumprimento da 
obrigação tal como se ela fosse cumprida voluntariamente pelo devedor. Então essa 
obrigação, mesmo sendo cumprida de forma forçada, seja feita tal como naturalmente o 
devedor tivesse cumprido. Por isso se fala também do princípio da máxima coincidência 
possível. 
Nem sempre esse princípio existiu no âmbito do processo executivo. Houve um 
tempo em que o devedor escolhia se sele iria cumprir a obrigação da forma específica ou 
não. Atualmente, visando proteger o credor, deve se garantir ao credor o cumprimento da 
obrigação na forma específica, podendo o exequente pedir a conversão da obrigação em 
perdas e danos, o que também pode ocorrer se a obrigação não for mais possível na forma 
específica. 
4.4. Princípio da responsabilidade patrimonial (art. 789, CPC) 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
O devedor responde com todos os seus bens para o cumprimento da obrigação, 
salvo as restrições previstas em lei. Há quem questione em doutrina se a proliferação das 
medidas executivas indiretas, coercitivas, que forçam psicologicamente o devedor a 
cumprir, se essas medidas não violariam o princípio da responsabilidade patrimonial, 
porque a ideia é de atingir o patrimônio psíquico, intangíveldo devedor, para que ele 
cumpra e estaria se extrapolando do patrimônio. Mas o entendimento majoritário é que 
essas medidas não violam o princípio da responsabilidade patrimonial. 
OBS: Só se aplica na obrigação de pagar quantia ou entregar coisa distinta de 
dinheiro, pois se for obrigação de fazer ou não fazer, não tem como atingir o patrimônio 
do devedor. 
4.5. Princípio da menor onerosidade da execução (art. 805, CPC) 
Quando, por vários meios, o exequente puder promover a execução, o juiz 
determinará que o faça de modo menos gravoso para o executado. Então a ideia é de que 
o devedor seja forçado a cumprir da forma menos gravosa possível. Então esse princípio 
tem como finalidade, de um lado, evitar abusos contra o devedor e, de outro, preservar a 
dignidade humana do executado, evitando que ele sofra restrições indevidas em seus 
direitos fundamentais. 
É preciso alguns requisitos para que se aplique esse princípio: (a) deve haver mais 
de um meio executivo para garantir a execução. Se a ideia é que seja um meio menos 
gravoso, é porque existiriam outros mais gravosos; (b) esses meios executivos disponíveis 
que podem vir a ser aplicados devem ser todos igualmente idôneos e eficazes, ou seja, 
capazes de garantir a execução. 
Ele pode ser aplicado de ofício ou a requerimento das partes. Se o executado alegar 
isso, ele tem a obrigação de indicar qual o meio menos gravoso que irá satisfazer a 
execução. Então se o devedor alega esse princípio, mas não cumpre com o dever de 
indicar qual o meio menos oneroso, aí sim o juiz estará autorizado a aplicar o meio que 
ele considera mais adequado. 
5. REGRAS DE EXECUÇÃO 
5.1. Não há execução sem título 
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Toda execução deve estar fundada em algum título executivo, seja ele judicial, 
extrajudicial, provisório, definitivo. 
5.2. Disponibilidade da execução 
A execução é disponível. Ser disponível significa que o credor exequente pode 
renunciar à execução. Ela é pensada em benefício do credor, em tese. Então o credor tem 
o direito de dispor sobre esse direito, no sentido de que ele pode renunciar à execução. E 
como isso ocorre? São três hipóteses: (a) deixar de iniciar o processo executivo. Então 
ele nem chegou a ser exequente; (b) desistir, total ou parcial, de uma execução já iniciada. 
A desistência total ou parcial independe da anuência do executado, mesmo que ele já 
tenha apresentado defesa. A desistência deve ser homologada por sentença. A natureza 
dessa sentença vai depender da defesa do executado. Se a defesa do executado versar 
sobre uma questão de admissibilidade, a desistência da execução gera automaticamente a 
extinção do processo sem exame de mérito e sentença vai apenas declarar isso. Por outro 
lado, se a defesa versar sobre uma questão de mérito, a desistência da ação pelo credor 
ensejará a extinção sem exame de mérito, mas a defesa vai prosseguir como se fosse uma 
ação autônoma a ser julgada. Se ela for acolhida, fará surgir ao executado uma coisa 
julgada favorável. OBS: Cuidado para não confundir renúncia ao crédito com desistência 
da execução. Renúncia ao crédito enseja uma decisão com exame de mérito que faz coisa 
julgada, pois o credor está renunciando ao crédito. Agora a desistência da execução enseja 
uma decisão sem exame de mérito, de modo que o credor poderá, futuramente, mover 
nova execução fundada no mesmo título. Desistindo da ação, o credor arcará com todas 
as despesas processuais. Nos casos de desistência da execução, quando quem pede a 
desistência é um ente de representação coletiva, como ocorre a desistência? É possível, 
mesmo quando o exequente é um ente coletivo, mas quando o ente desiste, em regra, ele 
deve ser sucedido por outro ente representativo daquela mesma classe, que normalmente 
vai ser o Ministério Público. Agora, se na prática for possível identificar individualmente 
cada um daqueles credores que estavam sendo representados pelo ente e houver 
unanimidade entre eles, não haverá sucessão; (c) medida executiva que já foi 
implementada. É possível que o exequente desista da medida e não da execução como um 
todo. Exemplo: é possível que há tenha sido praticado penhora. Mas o credor pode 
requerer a desconstituição daquela penhora, renunciando à medida. Mas não se confunde 
com a desistência da execução como um todo. 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
OBS: reiterando, a desistência da execução, ao contrário da desistência da ação de 
conhecimento, não depende da anuência do executado. Havendo desistência, a 
consequência é extinção sem exame do mérito, não havendo necessidade de colher 
anuência do executado. Se, por outro lado, a defesa tem questões de direito material, aí 
essa defesa prosseguirá para julgamento do seu mérito, porque, embora a execução tenha 
sido extinta, a defesa prossegue como se fosse ação autônoma para julgamento do seu 
mérito, pois julgando-se a defesa, pode ser que haja formação de coisa julgada favorável 
ao executado, que poderá inviabilizar o reajuizamento da execução. Se o executado está 
a todo tempo submetido a essa possibilidade de ser novamente demandado, existe o 
interesse do prosseguimento da sua defesa. 
5.3. Responsabilidade objetiva 
Na execução, o credor exequente responde objetivamente pelos prejuízos que 
causar ao executado, por uma execução indevida, de modo que essa execução independe 
de culpa. Ou seja, basta que fique provado o dano, o fato ilícito e o nexo causal. Isso 
garante que o executado retorne ao status quo ante. Essa garantia vai variar a depender 
do tipo de obrigação que foi indevidamente executada. Exemplo: obrigação de pagar 
quantia, o retorno ao status quo ante depende da devolução do dinheiro que foi pago em 
excesso pelo devedor, com a devida correção monetária. Mas se for algo que não seja 
dinheiro, implica na restituição da coisa e, ainda, pode ter indenização pelo tempo em que 
o devedor ficou sem utilizar aquela coisa. Se houver um terceiro envolvido, era obrigação 
de dar coisa certa, mas vendeu para o terceiro. Aí tem de analisar a boa-fé objetiva do 
terceiro, pois se ele recebeu de boa-fé, ele não poderá ser prejudicado. Aí não seria mais 
restituição, mas sim será resolvido por perdas e danos. 
Há quem critique toda essa proteção do devedor, com fundamento na violação do 
princípio da isonomia, por dar muito maior proteção ao executado do que o exequente. 
Mas não é unânime na doutrina. 
O regramento dessa responsabilidade objetiva do exequente, no âmbito das 
execuções provisórias, está no art. 520, inciso I e art. 776. 
5.4. Aplicação integrada das regras da execução e do processo de 
conhecimento (art. 771 e 318, CPC) 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
A intenção do legislador é de criar um sistema integrado do tratamento do 
processo executivo. A ideia é que o sistema seja uno, embora cada tipo de processo tenha 
suas peculiaridades, a ideia é que as regras inerentes a cada um se apliquem uns nos 
outros, no que couber. 
AULA 26 DE FEVEREIRO 
FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCEDIMENTO 
EXECUTIVO 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Entende-se por procedimento executivo o conjunto de atos praticados no sentido 
de alcançar a tutela jurisdicional executiva, isto é, a efetivação/realização/satisfação da 
prestação devida, seja ela uma prestação de fazer, de não fazer, de pagar quantia ou de 
dar coisa distinta de dinheiro. 
A execução está relacionada a direitos a uma prestação. Quando um direito a uma 
prestação é desrespeitado, surge para o credor uma pretensão. Em regra, a autotutela é 
vedada, de modo que essa pretensão que surge para o credor, deve ser exercida em juízo. 
É a partir daí que o credor vai à juízo para obter uma tutela jurisdicional executiva, que 
nada mais é do que uma tutela que visa garantir a satisfação de um direito a umaprestação. 
Ao ingressar em juízo, o credor terá de se valer de um procedimento executivo. 
Diferentemente do que ocorre no processo de conhecimento, em que existe um 
procedimento padrão, chamado de procedimento comum, aqui não existe um 
procedimento padrão. Na execução, a depender do título em que se funda a execução, e a 
depender da prestação que se quer ver executada, o procedimento executivo varia, vai ser 
específico. Existem procedimentos executivos especiais, como é o caso da execução de 
alimentos, contra a fazenda pública. 
2. FORMAÇÃO DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO 
2.1. Demanda executiva 
Demanda é um termo que possui pelo menos dois significados: pode se falar em 
demanda ato e pode se falar em demanda conteúdo. Demanda enquanto ato é ato de 
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provocação de atividade jurisdicional. Se estamos falando de demanda executiva, estamos 
falando, em realidade, de ato de provocação da tutela jurisdicional executiva. 
Na execução, o início do procedimento executivo se dá mediante provocação da 
parte. O credor exequente que provoca a atividade jurisdicional executiva. Ou o credor se 
vale de uma petição simples para inaugurar o procedimento executivo ou, se o processo 
é autônomo, se vale de uma petição inicial. 
Há situações pontuais em que o juiz poderá, de ofício, iniciar a execução. Isso é 
possível em obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa distinta de dinheiro. Se 
a execução é de obrigação de pagar quantia, ela nunca poderá ser iniciada de ofício. 
A execução fundada em título executivo extrajudicial sempre iniciará por 
provocação da parte interessada e necessariamente vai deflagrar um processo autônomo 
de execução. Não se pode, pois, falar em execução fundada em título executivo 
extrajudicial desenvolvida como fase de um processo sincrético. 
Na segunda acepção, fala-se em demanda conteúdo. Nessa segunda acepção, a 
demanda é o conteúdo do ato de provocação da atividade jurisdicional. Qual é o conteúdo 
do ato de provocação da tutela jurisdicional executivo? O conteúdo é composto por 
elementos objetivos e elementos subjetivos. Os objetivos é causa de pedir e pedido; e o 
elemento subjetivo é a parte. 
Então para saber o conteúdo da demanda executiva, basta que pegue a petição 
simples ou inicial e faça a leitura dessas peças. 
Em suma, chamamos de demanda executiva aquela provocação da atividade 
jurisdicional que contém uma pretensão executiva (efetivação/realização/satisfação de 
um direito a uma prestação), calcada numa determinada causa de pedir (título executivo 
e inadimplemento/lesão), em função da qual os titulares das situações jurídicas materiais 
descritas no título executivo passam a estar vinculadas no processo. 
Nos casos em que a execução se dá por meio de processo autônomo, a demanda 
executiva deve ser materializada numa petição inicial. Nos casos em que se dá por mera 
fase que se abre no curso de um processo sincrético, ela deve materializar-se numa petição 
simples, que não precisa necessariamente satisfazer todos os requisitos de validade de 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
uma petição inicial, mas que deve satisfazer requisitos mínimos necessários à 
compreensão dos limites da pretensão deduzida. 
2.2. Elementos objetivos 
2.2.1. Causa de pedir 
A causa de pedir executiva é composta pelos fundamentos jurídicos e pelos fatos 
jurídicos que fundamentam o pedido executivo. A causa de pedir executiva deve ser 
composta por, pelo menos, duas afirmações: (a) existência de uma prestação – que pode 
ser um fazer, não fazer, entregar coisa distinta de dinheiro – certa, líquida e exigível, 
fundada em um título executivo – que pode ser judicial, extrajudicial, provisório, 
definitivo; (b) inadimplemento dessa prestação em prejuízo do credor. 
Então toda causa de pedir executiva deve ser composta por pelo menos essas duas 
afirmações. Mas podem existir algumas afirmações acidentais. Exemplo: se a obrigação 
exequenda se submeter a uma condição ou termo, a causa de pedir executiva deve ser 
composta também pela afirmação de que a condição ou termo foi implementada. Outro 
exemplo: é possível que na execução se formule pedido de tutela provisória. Se for 
formulado o pedido de tutela provisória, alguns requisitos devem ser demonstrados, como 
o periculum in mora e o fumus boni iures. Se o pedido for formulado, é preciso que essas 
afirmações (fumaça do bom direito e perigo da demora) constem da causa de pedir 
executiva. 
2.2.2. Pedido 
O outro elemento objetivo é o pedido. O objeto do pedido pode ser imediato ou 
mediato. 
O objetivo imediato do pedido equivale ao que se chama de tutela jurisdicional 
executiva. Quando o credor inicia a execução, por meio de uma petição simples ou inicial, 
ele deverá pedir de forma imediata tutela jurisdicional executiva. Se a execução puder se 
desenvolver por mais de um meio, o credor exequente é livre para indicar de que modo 
ele quer desenvolver a execução. 
OBS: O juiz não se vincula ao meio executivo indicado pelo credor, de forma que 
ele é livre para escolher um meio executivo distinto daquele que foi indicado pelo credor. 
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Além do objeto imediato, fala-se também do objeto mediato do pedido. O objeto 
mediato equivale ao bem da vida buscado pelo credor exequente na execução. Esse bem 
da vida pode ser um serviço, dinheiro, bem móvel, bem imóvel. O objeto mediato deve 
ser caracterizado por alguns atributos: os atributos da certeza, liquidez e exigibilidade. 
Além do objeto do pedido, vem se discutindo na doutrina que o art. 323 do CPC 
se aplica à execução. Esse artigo é um dispositivo que está inserido na parte do CPC que 
trata de processo de conhecimento. 
O art. 323 diz que “Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em 
prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente 
de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a 
obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.” 
Esse dispositivo diz que se o autor pede o cumprimento de obrigação em 
prestações sucessivas ou periódicas, ainda que ele não tenha formulado pedido expresso 
no sentido de que as prestações vincendas sejam também cumpridas pelo réu, tal 
pretensão será considerada parte integrante do objeto litigioso da causa, ainda que essa 
pretensão não tenha sido expressamente formulada. Na verdade, estamos diante de um 
pedido implícito. 
2.3. Elementos subjetivos: partes 
Na análise das partes, nós precisamos avaliar quem pode ajuizar uma execução e 
contra quem uma execução será ajuizada. 
2.3.1. Legitimidade ativa 
É o art. 778 do CPC que trata da legitimidade ativa para a execução. Em primeiro 
lugar, pode promover a execução o credor a quem a lei confere título executivo. Isso é 
exatamente o que diz o art. 778, caput, do CPC. 
OBS 1: Na verdade, não pode promover a execução a quem aquele a lei confere 
título executivo. Pode promover a execução aquele que se afirmar credor, que se afirma 
titular de um direito à execução. Se assim não fosse, não se conseguiria explicar o 
processo de execução promovido por parte ilegítima. 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
Existem, ainda, situações em que o título executivo não indica o credor em seu 
texto. Exemplo: título de crédito endossado. Havendo endosso em branco no título de 
crédito, aquele que porta o título poderá promover a execução, mas seu nome 
necessariamente não estará no título executivo. Há, ainda, a execução do capítulo de 
sentença relativo aos honorários advocatícios: o advogado, embora não tenha sido parte 
na fase de conhecimento, é legitimado ordinariamente para a propositura da demanda 
executiva. 
OBS 2: Existem situaçõesem que o juiz pode iniciar de ofício uma execução de 
obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa distinta de dinheiro. Nem sempre é o 
interessado que inicia a execução. 
Quando o credor inicia a execução, diz-se que ele tem legitimidade ordinária, 
porque ele atua em nome próprio, defendendo interesse próprio, e essa legitimidade é 
originária, no sentido de que a sua autorização para atuar em juízo decorre, 
originariamente, de um título executivo. 
Em segundo lugar, também pode promover a execução o Ministério Público, nos 
casos previstos em lei (art. 778, § 1º, inciso I). O MP pode atuar com legitimidade 
ordinária ou extraordinária, isto é, em nome próprio, defendendo interesse próprio ou em 
nome próprio, defendendo interesse alheio. 
O MP pode ter legitimidade originária, aquela que decorre do título executivo, 
mas também pode ter legitimidade derivada. Ou seja, passar a ter legitimidade em razão 
da ocorrência de um fato específico superveniente. Exemplo: foi ajuizada uma ação 
popular, por um cidadão eleitor qualquer. A ação popular tramitou e transitou em julgado. 
Quando da execução, o autor popular some, abandonando a ação. Quando isso ocorre, o 
MP é chamado para dar encaminhamento. 
Ainda, o MP pode atuar como legitimado ordinário, defendendo interesse próprio. 
Pense-se, por exemplo, num eventual litígio envolvendo o Ministério Público e o ente 
político a que esteja ligado, em que se discuta a liberação de parcela orçamentária 
dedicada ao Ministério Público. Vitorioso na causa, o Ministério Público poderia 
promover a demanda executiva como legitimado ordinário. 
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Em terceiro lugar, tem legitimidade ativa o espólio, os herdeiros ou os sucessores 
do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título 
executivo. 
Falecendo o credor e sendo intransmissível o direito, não há que falar em 
legitimidade ativa do espólio, dos herdeiros ou dos sucessores para a execução. Agora se 
o direito é transmissível, também terão legitimidade ativa o espólio, os herdeiros e os 
sucessores do credor. 
A legitimidade do espólio, herdeiros e sucessores é uma legitimidade derivada. 
Originariamente a legitimidade era do credor. Em razão do fato superveniente (morte), 
passou a legitimidade aos herdeiros, espólio e sucessores. 
Vem se entendendo na doutrina que havendo extinção de pessoa jurídica, fala-se 
também em legitimidade derivada. A PJ sucessora passa a ter legitimidade para execução. 
Exemplo: Tim deixa de existir e foi incorporada pela Oi. Nessa situação, obrigações que 
tenham sido reconhecidas em título executivo em favor da Tim, podem ser executadas 
pela Oi. Então embora o art. 778, II, trate apenas de falecimento de pessoa natural, é 
importante que insira nessa discussão a possibilidade de se atribuir legitimidade ativa para 
uma PJ sucessora. 
Em quarto lugar, também tem legitimidade ativa o cessionário, quando o direito 
resultante do título executivo lhe for transferido por ato intervivos. 
O credor alienante poderá negociar a obrigação resultante do título executivo, e 
poderá fazer isso sob a forma de cessão. Poderá, portanto, transferir, por ato intervivos, 
os direitos resultantes do título executivo a um terceiro, que passa a ser chamado de 
cessionário ou adquirente. Este, por conta desse fato superveniente, passa também a ter 
legitimidade para a execução. Então a legitimidade é derivada. 
Por fim, também tem legitimidade o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal 
ou convencional (art. 778, inciso IV). Há aqui mais uma hipótese de legitimidade 
derivada, visto que o fato superveniente é a sub-rogação. O sub-rogado libera o devedor 
do credor originário. 
OBS: Nos casos em que há legitimidade derivada ou superveniente, poderá haver 
sucessão processual, isto é, troca de partes no processo. Quando ocorre a sucessão 
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processual, sai a parte originária do processo e entra em seu lugar outra pessoa. A 
sucessão processual nessas hipóteses não depende de consentimento do executado. 
No processo de conhecimento o regramento é diferente, pois quando a sucessão 
é voluntária, ela precisa do consentimento do adversário do alienante ou do cedente. 
2.3.2. Legitimidade passiva 
O art. 779 do CPC trata da legitimação passiva no procedimento executivo. Dispõe 
que a execução pode ser proposta em face do: I – devedor, reconhecido como tal no título 
executivo; II – do espólio, dos herdeiros ou dos sucessores do devedor; III – do novo 
devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título 
executivo; IV – do fiador do débito constante em título extrajudicial; V – do responsável 
titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; VI – do responsável 
tributário, assim definido em lei. 
Em primeiro lugar, a execução pode ser promovida contra o devedor, reconhecido 
como tal em título executivo (art. 779, I, CPC). O termo devedor deve abarcar não apenas 
aquele sujeito que se obriga ao cumprimento de uma prestação, mas também qualquer 
responsável terceiros que não necessariamente assumiram a obrigação. Exemplo: sócios 
de pessoa jurídica, em desconsideração da personalidade jurídica, fiador, que não assumiu 
a obrigação em caráter principal, mas responde por ela etc. 
Em segundo lugar, pode executar contra o espólio, herdeiros ou sucessores do 
devedor. Havendo falecimento do devedor, responderão pela execução esses sujeitos, que 
também terão legitimidade passiva. 
Em terceiro lugar, a execução pode ser promovida contra o novo devedor que 
assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo (art. 
779, III, CPC). Assim como o credor pode negociar a obrigação resultante do título 
executivo, transferindo aquele direito para terceiro, é possível também que o devedor 
negocie a dívida, que ele transfira para um terceiro, que passa a ser chamado de novo 
devedor, aquela obrigação. É o que ocorre com a assunção de dívida. 
Em quarto lugar, também tem legitimidade passiva o fiador constante em título 
extrajudicial. O CPC, no art. 779, IV, fala apenas que a execução pode ser exercida contra 
o fiador indicado em título executivo extrajudicial. Vem o questionamento: o fiador tem 
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legitimidade passiva para a execução em título executivo extrajudicial, mas o fiador 
judicial também tem legitimidade para a execução? A doutrina vem entendendo que esse 
dispositivo deve ser interpretado de forma mais ampla, para entender legitimidade passivo 
não apenas o fiador indicado em título executivo extrajudicial, mas também judicial. 
Nessa ótica, aquele que presta fiança em juízo, por termo nos autos, em favor de 
um dos sujeitos do processo, também é um legitimado superveniente. Nesse sentido, o 
enunciado n. 445 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “O fiador judicial 
também pode ser sujeito passivo da execução”. 
De outro lado, o enunciado sumular n. 268 do STJ diz que “O fiador que não 
integrou a relação processual na ação de despejo não responde pela execução do julgado”. 
Ademais, o § 5º, do art. 513, do CPC, é claro nesse sentido: “O cumprimento da sentença 
não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que 
não tiver participado da fase de conhecimento. Logo, fala-se apenas em fiador que consta 
em título executivo extrajudicial, porque uma sentença condenatória não pode ser 
executada contra o fiador convencional que não participou do processo de conhecimento. 
Esse é o entendimento de Fredie Didier (2021, p. 331). 
Obviamente, no caso de execução de título extrajudicial, o fiador é legitimado 
passivo, notadamente porque o contrato de fiança é título executivo (art. 784, V, CPC). 
O fiador convencionalé, nesse caso, legitimado passivo, independentemente de ter havido 
ou não benefício de ordem. 
Por fim, também tem legitimidade passiva para a execução o responsável titular 
do bem vinculado com garantia real ao pagamento do débito, e o responsável tributário 
nos termos da lei material. Rigorosamente o art. 779, incisos V e VI, nem precisariam 
existir. Isso porque se a gente interpreta de forma ampla o termo devedor, que está no 
inciso I, não haveria necessidade de trazer como legitimidade passivo esses específicos 
responsáveis, até porque existem outros específicos. 
Analisando o elemento subjetivo partes, precisamos checar também se se admite 
a formação de litisconsórcio na execução, e se é possível falar em intervenção de terceiros 
na execução. 
2.3.3. Litisconsórcio na execução 
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Em relação ao litisconsórcio, não há dúvida que está admitida a sua formação na 
execução. É possível que a execução seja promovida por mais de um credor, contra mais 
de um devedor e por mais de um devedor e contra mais de um devedor. Então esse 
litisconsorte pode ocorrer em qualquer um dos polos e em ambos os polos da execução. 
Em regra, esses litisconsórcios que se formam na execução são litisconsórcios 
facultativos. Ou seja, se forma em razão da vontade manifestada pelas partes, não se trata 
de imposição de lei, nem decorrente da natureza jurídica da causa. 
OBS: A doutrina vem apontando para a existência de pelo menos um caso de 
litisconsórcio obrigatório na execução, que é extraído do art. 842 do CPC. Diz o 
dispositivo que recaindo a penhora sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, será 
intimado também o cônjuge do executado, salvo se forem casados sob o regime de 
separação absoluta de bens. Esse dispositivo parece sugerir que é possível falar em pelo 
menos um caso de litisconsórcio obrigatório, formado, portanto, por força de lei. 
A formação do litisconsórcio facultativo simples, no entanto, seja ele ativo, 
passivou ou misto, implica cumulação de demandas – uma cumulação subjetiva de 
demandas –, de sorte que, para avaliar a admissibilidade de sua formação, é necessário 
avaliar os requisitos de admissibilidade da cumulação de demandas executivas (art. 780, 
CPC): “Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em 
títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja 
competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento”. 
Um dos requisitos de admissibilidade para que se possam cumular demandas 
executivas consiste na identidade das partes. O referido dispositivo proíbe o que se 
convencionou chamar de coligação de credores, bem como a coligação de devedores. 
Assim, a formação de litisconsórcio facultativo simples, seja ele ativo, passivo ou misto, 
precisa ser adequada a este requisito de admissibilidade da cumulação de demandas. 
Somente se pode formar o litisconsórcio facultativo aí se todos os credores e/ou 
todos os devedores estiverem vinculados à parte contrária em razão de uma mesma 
relação jurídica material ou de um mesmo conjunto de relações jurídicas materiais. 
2.3.4. Intervenção de terceiro na execução 
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Admite-se intervenção de terceiro na execução. Mas somente a assistência, que 
pode ocorrer a qualquer tempo no processo executivo, incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica, que também pode ser instaurado a qualquer tempo, e amicus 
curiae que serão permitidas na execução. As outras modalidades de intervenção de 
terceiros, como envolvem atividade de certificação, atividade de conhecimento, acabam 
sendo incompatíveis com o processo executivo, pois neste já se parte da certificação do 
direito. 
Além dessas modalidades clássicas de intervenção de terceiro, existem algumas 
modalidades específicas de intervenção de terceiros da execução, quais sejam: 
Protesto pela preferência: é aquele formulado por um credor preferencial 
(hipotecário, anticrético, fiduciário etc.), que ingressa em processo executivo alheio, 
pedindo que o resultado da expropriação de um bem penhorado seja utilizado para 
primeiro pagar a esse credor preferencial, utilizando-se depois o remanescente para o 
pagamento do credor penhorante. Ou seja, o credor com título legal de preferência pode 
intervir na execução e protestar pelo recebimento do crédito, resultante da expropriação 
do bem penhorado, de acordo com a ordem de preferência (art. 908, CPC). 
Esse credor preferencial é um credor que ingressa em processo alheio através de 
uma petição simples. Nela, ele deve se descrever como credor preferencial, demonstrando 
de onde decorre o seu direito de preferência. Esse credor até então é terceiro, é um credor 
que não participava do processo executivo, e é credor, portanto, que não gerou a penhora 
já realizado naquele processo executivo alheio, do qual ele pediu para intervir. Ele não é 
o credor penhorante, mas como se trata de credor preferencial, ele estará autorizado a, por 
simples petição, ingressar em processo alheio, pedindo que, antes de que seja pago o 
credor penhorante, seja primeiro pago ele, credor preferencial, utilizando-se o 
remanescente do resultado da expropriação, para pagar o credor originário penhorante. 
Então o credor, por ser preferencial, tem o direito de receber primeiro. 
De tão simples, essa modalidade de intervenção de terceiro não implica alteração 
de competência, mesmo que o terceiro seja ente federal. É o que afirma o enunciado n. 
270 da Súmula do STJ: “O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente 
federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a competência para a 
Justiça Federal”. 
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OBS: Sérgio Shimura entende que o credor preferencial só pode exigir que ele 
seja pago em primeiro lugar, se a preferência tiver sido constituída antes da penhora. Se 
isso ocorrer, não há dúvida, esse terceiro poderá ingressar em processo alheio, invocando 
o protesto pela preferência, pedindo para ser pago em primeiro lugar. Mas se a preferência 
é constituída depois da penhora, o credor preferencial pode até ingressar, não é vedado, 
mas ele não vai poder exigir que ele seja pago antes. Ele vai pedir que, remanescendo 
alguma coisa do resultado da expropriação, esse remanescente poderá ser utilizado para 
realizar o seu pagamento. 
Uma coisa importante é que como esses credores preferenciais não 
necessariamente saberão da existência do processo executivo, impõem-se ao exequente 
que ele indique e peça a intimação desses credores, sempre que ele souber da existência 
desses credores (art. 799, CPC). 
Concurso de credores: existem situações em que mais de um credor penhora um 
mesmo bem. Ou seja, é possível que o mesmo bem seja objeto de várias penhoras 
promovidas por diferentes credores. Pode haver uma pluralidade de credores penhorantes. 
Pode ser que o bem seja de valor altíssimo e, assim, ele sirva para garantir várias dívidas. 
Vem um questionamento: havendo expropriação desse bem penhorado, quem recebe 
primeiro? Para isso, é preciso que seja reunido todos esses credores para ver quem vai 
receber primeiro. É preciso que todos eles sejam intimados, para que, querendo, 
ingressem no processo alheio em que será realizada a expropriação, com a finalidade de 
que se organize a ordem dos recebimentos. Geralmente, aquele que conseguiu penhorar 
primeiro, receba primeiro. 
Exercício do benefício de ordem pelo fiador: há quem diga que também é 
modalidade de intervenção de terceiros específica da execução, aquela que decorre do 
exercício do benefício de ordem (vai falar na aula de responsabilidade patrimonial). 
Em suma, o art. 794 do CPC diz que “O fiador, quando executado, tem o direito 
de exigir que primeiro sejam executados os bens do devedorsituados na mesma comarca, 
livres e desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora”. Trata-se do 
benefício da ordem, contradireito do fiador. Nessa situação, o devedor, que 
eventualmente pode não ser parte da execução, necessariamente passará a dela fazer parte, 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
já que um bem seu pode vir a ser penhorado. O contraditório impõe que se traga ao 
processo o devedor, sobre cujo patrimônio poderá recair a execução. 
Embargos de terceiro: por fim, há quem diga que embargos de terceiro também 
seria uma modalidade específica. A professora não gosta muito, pois a intervenção de 
terceiro gera sempre um incidente processual. Os embargos de terceiro geram processo 
autônomo novo, forma uma relação jurídica processual nova, não há incidente processual. 
Embargos de terceiro nada mais é do que uma forma de um terceiro tem para se defender 
de atos constritivos ou expropriatórios ou ameaça de atos constritivos ou expropriatórios. 
Exemplo: está sendo feita execução contra uma PJ e foi feita a desconsideração da 
personalidade da PJ. Nessa, foram investigar e viram que João integrou a sociedade 20 
anos atrás. A obrigação assumida pela PJ se deu depois que João tinha saído da sociedade. 
João não tem nada a ver com essa história, mas ele está na Junta comercial no histórico. 
O juiz, desavisado, mandou bloquear patrimônio de todos os que fizeram parte, inclusive 
de João. Nessa situação, João é terceiro, não tem nada a ver com a história, e precisa se 
defender, que será através dos embargos de terceiro. 
AULA 05 DE MARÇO 
2.4. Demanda executiva fundada em obrigação alternativa 
A obrigação alternativa é aquela que tem como objeto mais de uma prestação. 
Significa dizer que a obrigação alternativa se considera satisfeita mediante o 
adimplemento de uma ou de outra prestação que compõe o seu objeto. O processo de 
escolha diz-se que é a concentração da prestação. 
O CPC, no art. 800, disciplina a execução fundada em obrigação alternativa. 
Exemplo: celebrou-se um contrato de permuta. Uma pessoa se obrigou a prestar serviço 
de advocacia e a outra se comprometeu a pagar por esse serviço, entregando um produto 
ou pagando um preço. É uma obrigação alternativa. A execução desse tipo de obrigação 
que está disciplinado no art. 800 do CPC. 
Esse dispositivo diz que “Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao 
devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a prestação, dentro de 10 (dez) 
dias, se outro prazo não lhe for determinado em lei ou em contrato”. 
Processo Civil IV – Leonardo David – Prof. Priscilla de Jesus – 2021.1 
O parágrafo segundo diz que a escolha será indicada na petição inicial da execução 
quando couber ao credor exercer. 
Em regra, essa escolha cabe ao devedor (art. 252, CCB). Se o contrato for omisso, 
a escolha será do devedor. Mas nada impede que o contrato preveja que o credor fará essa 
escolha. A depender de quem faça essa escolha, o regramento da execução muda. 
Se a escolha couber ao credor, ele já deve iniciar a execução indicando na sua 
petição inicial a prestação escolhida. Iniciada a execução, o devedor será citado para que 
cumpra a obrigação. Se o devedor citado cumpre a prestação voluntariamente, entende-
se que ele só não cumpriu antes porque não sabia que objeto prestar. 
Vem-se compreendendo que nessa execução que será extinta com satisfação, o 
ônus da sucumbência caberá ao credor exequente, pois entende-se que nessa situação em 
que o devedor citado cumpre voluntariamente, o exequente deu causa à execução 
desnecessariamente, pois se ele tivesse extrajudicialmente chamado o devedor, a 
obrigação teria sido satisfeita. 
Em outras palavras, se o devedor, devidamente citado, cumpre voluntariamente a 
prestação eleita, não se lhe pode impor o ônus da sucumbência, pelo simples fato de que, 
por desconhecer a opção do credor, não poderia ter efetuado qualquer pagamento em 
momento anterior àquele. Desse modo, não terá sido o seu inadimplemento o causador da 
demanda executiva, mas sim o não conhecimento da opção feita pelo credor. Deve-se 
aplicar, então, a regra da causalidade na distribuição do custo da sucumbência, o qual 
deverá ser imputado, no caso concreto, ao credor, que deu causa ao procedimento 
executivo. 
Mas a presunção é relativa, pois o credor pode provar que o devedor sabia qual 
era a prestação deveria realizar. Nesse caso, o ônus da sucumbência será do executado. 
É possível, por outro lado, que a escolha caiba ao devedor. Nesse caso, o 
regramento da execução é um pouco diferente. O credor exequente iniciará a execução, 
por meio de uma petição inicial, pedindo que o devedor seja citado para que exerça a 
opção e realize a prestação num prazo de dez dias, a não ser que exista outro prazo fixado 
em contrato. Essa citação tem dupla finalidade: a concentração e a realização da 
prestação. 
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Iniciada a execução e citado o devedor, ele poderá assumir algumas posturas. Em 
primeiro lugar, o devedor poderá realizar a escolha e prestar no prazo de dez dias. Nessa 
situação, haverá extinção da execução com satisfação. É o melhor cenário. Em segundo 
lugar, o devedor pode, simplesmente, escolher no prazo de dez dias, mas não prestar, 
podendo se defender ou não. Nesse caso, está autorizado a prática de atos executivos 
contra o devedor. Em terceiro lugar, o devedor citado pode simplesmente não escolher e 
muito menos prestar. Nessa situação, a escolha que cabia ao devedor, passará a ser do 
credor, e ele poderá fazer a escolha e, em seguida, pedir a adoção de medidas executivas 
contra o devedor. 
Se houver mais de um devedor, aos quais caiba, em conjunto, fazer a opção por 
uma das prestações, e não existir acordo unânime entre eles, caberá ao juiz decidir, findo 
o prazo por ele assinado para a deliberação (art. 252, § 3º, CCB). 
Há pelo menos duas questões problemáticas em torno da execução da obrigação 
alternativa: 
Imagine que no âmbito da obrigação alternativa existem duas prestações possíveis 
e uma delas é ilíquida. Nessa situação, se a escolha couber ao devedor, que postura deve 
ser adotada pelo credor ao iniciar essa execução? Ele deve iniciar a execução direto para 
que o devedor escolha a prestação e, escolhendo a ilíquida, faz-se incidentalmente a 
liquidação dessa prestação ou antes de iniciar a execução o credor propõe uma liquidação 
da prestação, faz-se a liquidação e depois inicia a execução propriamente dita para que o 
devedor faça a escolha? De que maneira o credor deve se comportar nessa situação? 
Uma primeira corrente doutrinária, capitaneada por Pontes de Miranda, vai no 
sentido de que antes de ser iniciada a execução, deve ser feita a liquidação da prestação 
ilíquida. Somente depois da liquidação é que poderá iniciar a execução da obrigação 
alternativa. 
A segunda corrente doutrinária, com acolhimento de Teori Zavascki, entende que 
a liquidação deve ser feita incidentalmente no bojo da execução, se o devedor escolher a 
prestação ilíquida. Essa doutrina diz que não faz sentido liquidar antes, porque pode ser 
que essa atividade de liquidação pode ser inútil, já que o devedor pode escolher a outra 
prestação que é líquida. Então sob a perspectiva da economia processual, não faz sentido 
liquidar antes. 
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Por outro lado, em algumas situações pode ficar difícil ao devedor fazer a escolha 
sem que haja a liquidação da prestação ilíquida. O devedor só vai ter condição de fazer 
uma escolha melhor se tiver a definição completa da prestação. 
A segunda problemática é: imagine que existe duas possíveis prestações e uma 
delas tem um vencimento em data X e a outra tem vencimento em data posterior. Numa 
situação como essa, a escolha cabendo ao devedor, que postura deve adotar

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