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Pesquisa e Pratica da Educação - Aula 1 a 10 - Estudo Dirigido

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Pesquisa e Pratica em Educação
Aula 1: Estudo Dirigido
 Breve histórico da Universidade Estácio de Sá e Formação dos Profissionais da Área da Educação no Brasil.
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Conhecer a história da Universidade Estácio de Sá, bem como a sua localização em nosso País; 
2. entender a missão das Instituições de Ensino Superior na atualidade; 
3. analisar o processo histórico de formação dos profissionais da área da Educação no Brasil.
Parte importante da historia da educação no Brasil, a Estácio contribui para o crescimento dos indivíduos e para o desenvolvimento sustentável do país, formando cidadãos e disseminando conhecimento. São mais de 200 mil estudantes que, diariamente, escrevem as historias de suas vidas amparados pela instituição, preparando-se para o mercado de trabalho e construindo para um futuro melhor.
Um dos maiores e mais qualificados grupos de ensino superior da America Latina, a Estácio é controlada pelos sócios fundadores e por fundos administrados pela GP Investiments. Com uma historia que teve inicio em 1970, o grupo educacional tem hoje universidades, centros universitários e Faculdades distribuídas em 76 unidades, em 16 estados do País e da America Latina.
A instituição oferece cursos presenciais e à distancia de graduação tradicional e tecnológica – nas áreas de ciências Exatas, Biológicas e Humanas; de MBA, pós-graduação lato sensu; cinco Mestrados e três Doutorados, avaliados pelo MEC/CAPES com elevados conceitos de qualidade.
O grupo é parceiro de instituições internacionais como a Ecóle Hôtelíere de Lausanne e Lausanne Hospítalíty Consulting (Hotelaria na Suiça), Alaín Ducasse Formatíon (Gastronomia na França), Universidade de Coimbra(Direito em Portugal), Universidade da Carolina do Norte em Greensboro e The Walt Dísney World Company (turismo nos Estados Unidos), Historicos e dados retirados do site: WWW.portal.estacio.br (acesso em 13/04/2011).
Linha do tempo:
Em 1970: Nasce a Faculdade de Direito Estácio de Sá em uma pequena casa na zona norte do Rio de Janeiro. Seu fundador, o magistrado João Uchôa Cavalcanti Netto, cria um projeto pedagógico inovador,conseguindo, em pouco tempo, que o curso se torne um modelo de ensino na área de Direito no Brasil.
Em 1972: A Faculdade de Direito Estácio de Sá transforma-se em Faculdades Integradas Estácio de Sá, incorporando novos cursos de ensino superior.
Em 1988: A Estácio conquista o status de Universidade e começa a crescer no Município do Rio de Janeiro.
Em 1996: A instituição ultrapassa os limites municipais, com a criação das unidades de Resende, Niteroi e Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro.
Em 1997: Lançamento da graduação tecnológica, com cursos focados em nichos específicos do mercado.
Em 1998: Inicio da expansão nacional, com a criação do primeiro Conselho de Integração Social, órgão criado para estreitar as relações do grupo com a sociedade civil e implantação da primeira Faculdade privada no Nordeste.
Em 2007: Abertura do capital na Bolsa de Valores.
Em 2008: Os sócios-fundadores associam-se à GP Investiments na gestão da Estácio.
Missão da Instituição de Ensino Superior: A missão institucional da IES é proporcionar o acesso de diferentes segmento da população ao ensino superior e aos benefícios da pesquisa e da extensão, tendo como principio o conteúdo ético das ações empreendidas. No exercício da responsabilidade corporativa, a IES privilegia a proximidade com seus clientes, através da desconcentração regional dos seus “campi” e do preço acessível dos serviços, bem como a qualidade em todas as suas dimensões.
Entre os atributos implicitamente considerados no anunciado da missão, podem ser destacados os seguintes:
Missão A: Predominância do acesso ao ensino, como expressão do investimento, tendo em vista a democratização do Ensino Superior para aqueles que, de outra forma, não teriam acesso a eles.
Missão B: O ensino superior, primeiro beneficio citado, contempla o ensino superior propriamente dito mais o ensino proporcionado aos cursos seqüenciais, de formação de tecnólogos e de pós-graduação lato sensu.
Missão C: A referência aos diferentes seguimentos da população ressalta o sentido democrático desempenhado pela IES, assim como o comprometimento com a sua responsabilidade corporativa, contemplando a diversidade através do atendimento a diferente faixas etárias, regiões, níveis de renda e perfis intelectuais.
Missão D: A menção aos benefícios da pesquisa e da extensão contempla a importância da indissociabilidade das funções universitárias e a convicção de que o IES exerce plenamente a sua missão através dos seus resultados.
Missão E: O conteúdo ético é menção que expressa a predominância da busca do bem sobre qualquer outro.
Missão F: O compromisso com a qualidade em todas as suas dimensões é a manifestação de um pacto com a ampliação deste conceito, que, aplicado aos benefícios proporcionados pela IES, contemple:
- O desempenho dos serviços prestados, em suas características primaria e sucessivas;
- A durabilidade, compreendendo a maximização do período em que o serviço produz efeitos;
- A conformidade, expressa pela correspondência com padrões para a comparação do serviço prestado com um modelo de expectativa;
- O serviço continuado, estabelecendo um compromisso com a atualização e com a solução de problemas;
- A qualidade percebida, que corresponde à reputação;
- A resposta, capacidade de otimizar a relação entre a IES e os seus clientes;
- A estética, suscetibilidade a padrões percebidos pelos sentidos, de construção cultural e compromissos inclusivos, e a ética, antes mencionados. 
A missão da IES deverá estar sempre próxima da comunidade com o objetivo de garantir o cumprimento da responsabilidade social, procurando atender às necessidades desta população, com vistas à melhoria de suas condições de vida. Para tal, a IES deve estar comprometida com a verdade, com o pluralismo cultural, com o diálogo, enfatizando a primazia do bem comum sobre os interesses individuais e o desenvolvimento do espírito de solidariedade.
O exercício de reconstruir o projeto do curso exige de nós um olhar sobre a história. Nesse sentido, nos colocamos frente a desafios, dos quais alguns são cruciais e tem sido apontados pela literatura educacional, pela legislação, pelo movimento de professores. Vamos começar 
por algumas questões que problematizam e nos levam ao movimento de busca de caminhos.
- Como os professores definem a profissão docente?
- Quais os saberes necessários a esta profissão?
- Qual o lócus da formação dos professores da educação infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental?
- Como se define o pedagogo quanto ao seu perfil e atuação profissional?
- Quais os caminhos para a formação do pedagogo como intelectual orgânico que atue nas instituições escolares e não escolares?
- Quais as relações entre a formação do professor e do pedagogo?
Nosso referencial para olhar a história é o “tempo de agora” proposto por Walter Benjamin, tempo que rompe com a cronologia e com a linearidade. Ao mesmo tempo em que olhamos o passado, somos arremessados para o presente.
Esse movimento teve a perspectiva de capturar lampejos do passado, densos de contradição e de responsabilidades.
Momentos do passado que se reapresentam hoje como desafios para aqueles que produzem a profissão docente e para os que pensam a formação do professor.
O nascedouro do Curso de Pedagogia é a “Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras” e quando buscamos suas origens, já nos confrontamos com “impasses” sobre o trabalho docente e sua formação, que já apontam para a questão da identidade do Curso.
Identidade que busca afirmação no contexto dos anos 30 através da configuração do campo educacional, com seus saberes, intelectuais e agentes.
BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica. Arte e Política. SP, Brasiliense, 5. Ed., 1993.
Os objetivos da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras abrangiam os seguintes aspectos:
- Prepara trabalhadores e intelectuais para o exercício das altas finalidades culturais de ordemdesinteressada ou técnica.
- Prepara candidatos para o magistério do ensino secundário, normal e superior.
- Realizar pesquisas nos vários domínios da cultura que constituam objeto de ensino.
Uma instituição multifacetada que visava tanto a uma ampla formação cultural e cientifica, quanto à formação de professores e especialistas da educação. O curso estruturava-se em duas habilitações: bacharel e licenciado, o que já seu caráter dual.
Nesse contexto, a atuação profissional do “bacharel” acabava por destinar-se apenas à atividade docente no Curso Normal ou a alguma atividade técnica ligada à orientação pedagógica e educacional/profissional.
Na época ainda havia amadurecimento suficientemente a consciência dos problemas educacionais, nem se generaliza a convicção de que o educador carecia de uma formação técnico-profissional especializada para a qual se tornava indispensável uma instituição própria.
Faltavam os suportes culturais e as motivações sociais necessários à criação de uma Faculdade de Educação (Sucupira, 1962:273).
A literatura aponta as dificuldades desta iniciativa, pois predominou o ideal acadêmico sobre a função Pedagógica.
Sucupira (1969), apoiando-se no pensamento de Anísio Teixeira, afirma que:
O caráter que as Faculdades de Filosofia assumiram no curso de sua evolução afastou-as do estado e da preocupação pelos problemas do magistério secundário e do primário e limitou-se à formação, quando muito, dos especialistas nas disciplinas literárias e cientificas, tendo mais em vista o ensino superior do que o ensino nas escolas de cultura pratica de nível secundário ou cultura vocacional nas escolas normais (Sucupira, 1969:273).
Esta problemática oferece a criação de estabelecimentos isolados, unidades de ensino superior destinados à formação do profissional da educação. Há, assim, uma busca da especificidade epistemológica da formação de professores do ensino médio e de especialista em educação. Mas aqui já estamos no contexto do regime militar, e essa especificidade refere-se basicamente à adequação do sistema educacional e, portanto, do pedagogo, a uma crescente atividade de trabalho especializado e tecnocrático.
Um referencial que, a nosso ver, fragmenta o olhar sobre a educação, através da consagração da fratura sobre os que pensam e os que executam: a formação de professores no curso normal e de especialistas nos cursos de Pedagogia.
A reforma universitária, empreendida pela ditadura militar e modelo que ainda vigora através da lei 5540/68, institui algumas alterações sendo talvez a mais fundamental, a mais importante, o desmanche do modelo da década de 30, que previa a participação da área da educação no âmbito da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na forma como estava organizada: bacharelados acrescidos da formação pedagógica e o Curso de Pedagogia.
O artigo 30 da lei estabelecia que a formação de professores para o ensino de segundo grau e a preparação de especialistas para o trabalho de planejamento, inspeção e orientação para as escolas e os sistemas escolares seriam feitos em nível superior (MEC, Padrões de Qualidade – Disponível em WWW.mec.gov.br/sesu/cursos).
No campo da Pedagogia, essa legislação se concretizou, principalmente do paracer 252/69, criando as habilitações técnicas e instituindo também que o titulo único a ser conferido pelo Curso de Pedagogia seria o de licenciado, já que todos os graduados neste curso poderiam ser professor do Curso Normal.
O direito ao magistério primário já se apresentou como um impasse:
Quem pode o mais pode o menos?
Quem prepara o professor primário pode ser professor deste nível de ensino?
Nos anos 70, predominou um mecânico-tecnicista. Contudo, no final desta década, as limitações deste enfoque vão sendo denunciadas, e a problemática educacional passa a ser analisadas a partir de determinados históricos e político-sociais que os condicionam .
Essa mudança expressa o movimento da sociedade brasileira na tentativa de superar o autoritarismo e a construção da redemocratização das relações sociais concretas. Há uma mudança significativa na forma e no conteúdo ao se tratar a relação entre educação e sociedade.
Registra-se, assim, a emergência de movimentos dos educadores e estudantes diante desta relação, expresso, principalmente, por eventos como: o I “Seminário de Educação Brasileira” (1978), a I Conferência Brasileira de Educação (1980); a criação do “Comitê Nacional Pró-Formação do Educador” (1980) e a transformação deste Comitê em CONARCFE (Comissão Nacional pala Reformulação dos Cursos de Formação de Educadores) da qual se originou a 
ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação), em 1990. Tais movimentos foram apontados outros caminhos para a formação de professores, caminhos com os quais nos encontramos até hoje.
A década de 80, no contexto de transição de uma sociedade autoritária para uma sociedade de base democrática, se apresenta como momento de luta e de afirmação dos sujeitos históricos que disputam o espaço de hegemonia na concretização dos projetos pedagógicos, embasados em uma perspectiva “macro” das relações sociais.
Porém, na década de 90, assistimos a um processo de despolitização da sociedade civil brasileira que visava a dar ênfase 	à prática política que se circunscreve a uma perspectiva “micrsocial”.
Neste contexto, no campo da formação de professores, nos colocamos em um amplo embate de políticas governamentais, registrando-se o enfraquecimento dos projetos distintos de uma sociedade que revelam diferentes concepções de mundo, de homem, de professor,
 de pedagogo.
É justamente neste contexto, que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394/96) propõe que a formação de professores ocorrerá em nível superior: em curso de licenciatura, de graduação plena, em Universidades e Institutos Superiores de Educação, inserindo, assim, outro autor, ao lado das Universidades, no que se refere à formação de professores.
Estamos nos referindo à criação do Curso Normal Superior a ser ministrados pelos Institutos Superiores de Educação.
Destacamos, assim, os referenciais que fundamentam nosso olhar sobre o Curso de Pedagogia. Concepções estas que norteiam o conceito de base comum nacional, defendido pelo movimento nacional dos educadores em nosso país.
A base comum nacional dos cursos de Formação de Educadores não deve ser concebida como um currículo mínimo ou um elenco de disciplinas, e sim como uma concepção básica de formação do educador e a definição de um corpo de conhecimento fundamental (ANFOPE, 2000).
Revisão
- Podemos considerar como missão das Instituições do Ensino Superior:
I - Predominância do acesso ao ensino, como expressão do investimento que é feito em democratizar o Ensino Superior para aqueles que, de outra forma, não teriam acesso a ele. 
II - O ensino superior, primeiro benefício citado, contempla o ensino superior propriamente dito mais o ensino proporcionado nos cursos sequenciais, de formação de tecnólogos e de pós-graduação lato-sensu.
III - A referência aos diferentes segmentos da população ressalta o sentido democrático desempenhado pela  IES bem como o comprometimento com a sua responsabilidade corporativa, contemplando a diversidade através do atendimento a diferentes faixas etárias, diferentes regiões, diferentes níveis de renda e diferentes perfis intelectuais.
Assinale a alternativa correta: Todos os enunciados estão corretos.
- A reforma universitária, empreendida pela ditadura militar foi marcada pela lei? 5540/68.
Aula 2 – Estudo Dirigido.
 O Curso de Pedagogia da Universidade Estácio de Sá.
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender os fundamentos teóricos do curso de Pedagogia da UNESA; 
2. analisar as visões sobre: mundo, sujeito, produção de cultura e processo educativo contidas no Projeto Político Pedagógico do curso de Pedagogia da UNESA; 
3. compreender criticamente as quatro dimensões da formação dos profissionais da educação.
Fundamentos teórico-metodológicos do Curso de Pedagogia da UNESA. Algumas visões sobre: mundo, sujeito,produção da cultura e processo educativo.
Para conceber os fundamentos do curso, buscamos definir nossa visão sobre o mundo contemporâneo, sobre homens e mulheres nele inseridos, bem como sobre a dinâmica da produção da cultura e suas relações com a educação.
Nas últimas décadas, fomos bombardeados por um festival de pronunciamentos alarmantes, no que diz respeito ao conjunto das relações sociais existentes. Pronunciamentos estes que alardearam uma sociedade em crise, em meio à euforia de uma suposta vitória do conservadorismo econômico. Crise do homem moderno, crise dos paradigmas científicos, crise do socialismo real, crise do humanismo, crise do Estado do Bem-Estar Social etc.
É preciso, todavia, resgatar o múltiplo sentido da noção de crise. Como se sabe, para os chineses, o ideograma que expressa a palavra crise significa, também, oportunidade. Outro olhar mais positivo sobre a situação de crise permite que percebamos estar nos umbrais de uma mudança nos modelos de pensamento.
Essa mudança não descarta o conflito e a possibilidade de gestarmos nosso futuro, pois assume as incertezas e a complexidade da realidade; para além da fragmentação, entende as diferenças como fundamentais (genéricas, étnicas, geracionais etc.); enfim, se abre a novas formas de interpretação e intervenção pedagógica na realidade social.
Os homens e as mulheres assumem a cena como sujeitos 
do processo educativo. Do ponto de vista ontológico, o ser humano se diferencia dos animais pela necessidade de 
produzir as suas próprias condições de vida.
Entretanto, não o faz apenas em função de tal necessidade, mas sim antecipando os resultados de sua ação, sendo, desse modo, capaz de definir os caminhos a seguir, num processo em que as definições implicam sempre redefinições. 
Em outras palavras, estamos afirmando que é por meio do trabalho que homens e mulheres transformam e adaptam a natureza e extraem dela os meios que garantem a sua subsistência. Assim, o trabalho lhes possibilita irem além da pura natureza, podendo, então, assumir uma postura de contraposição, como sujeitos, ao mundo dos objetos.
A atividade humana ou o trabalho propriamente dito pode ser analisado em, pelo menos, dois sentidos.
Sentido Antropológico: Num sentido antropológico, detectamos a dependência do ser humano ao meio, como 
ser natural e ativo, ao mesmo tempo.
Sentido teórico-gnosiológico: E num sentido teórico-gnosiológico, isto é, o trabalho social constitui-se como uma categoria da teoria do conhecimento, onde a relação sujeito-objeto é, primordialmente, uma ligação prática construída no e pelo trabalho. Assim, podemos afirmar que o trabalho tem um sentido concreto, o de transformação das próprias condições existenciais humanas, ou seja, da realidade.
Podemos afirmar que a relação que homens e mulheres estabelecem com a natureza é uma relação social, pois reflete a ação puramente humana.
O ser humano, ao dominar e transformar a natureza, como ser natural e ativo, a desencanta e, consequentemente, se transforma. Ou seja, a dialética homem-natureza-homem possibilita uma reforma concomitante – a naturalização do homem e a humanização da natureza e, com isto, a constituição do mundo da cultura.
sentido dialético desse processo indica que este movimento é múltiplo, ou seja, não há uma polarização homem-natureza, pois o homem também integra a própria natureza.
Já que as relações entre homem e natureza não se dão pela atuação de um indivíduo isolado, mas por uma rede de relações entre os seres humanos, estes são desafiados em seu cotidiano pelo multiculturalismo, pelas diferenças étnicas, de gênero, de geração e de classe.
Em cada uma dessas circunstâncias, o saber e o fazer, nunca dissociados, interferem na construção da história humana, enfrentam condicionamentos e geram respostas que precisam ser consideradas.
Essas diferentes constituições dos sujeitos sociais têm que estar presentes na nossa reflexão sobre o processo pedagógico. Devem também ser levados em conta desafios como a própria sustentabilidade do destino planetário, que nos levam a enfatizar nossa responsabilidade ecológica.
O trabalho como princípio pedagógico precisa estar ancorado nesses fenômenos.
É a partir deste trabalho como princípio pedagógico que homens e mulheres sentem a necessidade de passar para as futuras gerações aquilo que pensaram e aprenderam no intercâmbio com o mundo natural, na tentativa de garantir as condições de sua própria existência.
Sendo assim, o ser humano funda o trabalho educativo e, a partir deste, plasma o processo de troca dos saberes construídos e reconstruídos historicamente e socialmente pela humanidade.
Esse conjunto de atores sociais é formado por educadores/educandos, em inter e retroação com outros atores inseridos no ambiente e no contexto geo-sócio-histórico-social, durante todo o processo de sua existência.
A história é um devir e, enquanto tal, se apresenta como possibilidade de o homem pensar outras condições existenciais e buscar mecanismos nos diversos espaços político-sociais para a efetivação de um novo projeto de sociedade, onde prevaleça a dimensão humana e suas relações com o ambiente no qual vive e produz suas condições de vida.
A história concebida como construção, responsabilidade e possibilidade puramente humana deve ser o referencial para que a pessoa humana se situe de forma crítica e coerente diante do seu tempo e assuma para si o papel de sujeito histórico transformador das condições existenciais no mundo contemporâneo.
Assim, sustentamos que atualmente o homem tem, diante de si, não só um desafio político, mas um compromisso real com a sua própria existência. Sob o ponto de vista do campo educacional, tais desafios se apresentam como tarefas político- pedagógicas para o humano ser e estar no mundo como sujeito transformador das próprias condições de vida em que se encontra. Essa é, também, a experiência da 
construção de uma cidadania ativa.
Fundamentos teórico-metodológicos do Curso de Pedagogia da UNESA: dimensões da formação dos profissionais da educação
Os referenciais que foram até aqui explicitados indicam a amplitude do processo de formação dos profissionais da educação, assumidos por nós. Em nosso entender, essa formação deve contemplar múltiplas dimensões que se entrelaçam:
1 – Ético-política: ensar, refletir, analisar e discutir as diversas e novas formas de compreensão da realidade, como possibilidade efetiva de construção de um novo homem e de uma nova sociedade.
A atuação do pedagogo não pode estar voltada apenas para a sua própria dinâmica interna, mas deve estar diretamente comprometida com os desafios do seu próprio tempo, visto que o curso deve ser compreendido como locus privilegiado para se repensar as mais variadas práticas educativas da sociedade contemporânea.
Tal perspectiva nos possibilita compreender que o docente, no exercício de sua própria prática pedagógica, situa-se como formador e formando da relação que se estabelece entre o ato de ensinar e o de aprender nas relações humanas, ora tidas como formais, ora como informais, embora cada tipo de processo educativo guarde sua especificidade.
Isso o remete a uma responsabilidade ética de compreender a dinâmica de desenvolvimento histórico da humanidade, como também de se localizar nesse processo e localizar o outro como parte integrante e atuante da mesma.
2 – Político-pedagógica: Assumir uma postura crítica e coerente com os princípios norteadores da sua prática, na busca constante de formulação de mecanismos de democratização das relações e dos espaços sociais, através da especificidade de seu trabalho docente, ou seja, a docência como ação intencional, crítica e cientificamente fundamentada, que leve à aprendizagem significativa do aluno e não se limite à mera transmissão de conhecimentos e verdades pré-estabelecidas.
A preocupação com os processos de construção/reconstrução de saberes nos leva a assumir criticamente que os saberes e as práticas existentes são temporários e, por isso mesmo, devem ser objetos constantes de análise. Todo conhecimentoé provisório e se constitui como tal por ser um dos resultados do devir histórico.
3 – Epistemológica: Fazer da prática pedagógica um objeto constante de investigação, enfrentando os desafios do cotidiano escolar e não escolar, com vistas a alcançar novas formas de compreensão do  real e, consequentemente, dos processos educativos.
Esta dimensão exige uma “sólida formação teórica e interdisciplinar sobre o fenômeno educacional e seus fundamentos históricos, políticos e sociais, bem como o domínio dos conteúdos a serem ensinados pela escola.” A complexidade do processo educativo pressupõe esta sólida formação epistemológica no sentido de dar sustentação ao movimento de análise e de intervenção docente na realidade educacional.
4 – Estético-cultural: Assumir a prática pedagógica como um processo aberto à construção de uma interpretação, acolhedor das diferenças e promotor de relações humanas fundadas no respeito e na tolerância. É fundamental a busca de um olhar amplo que incorpore à formação docente “a boniteza e a decência que estar no mundo, com o mundo e com os outros, substantivamente, exige de nós. Não há prática docente verdadeiramente que não seja ela mesma um ensaio estético e ético”.
Esse olhar para o outro exige de nós a promoção de uma educação de cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica do Brasil, buscando relações étnico-sociais positivas, rumo à construção da nação democrática
Fundamentos teórico-metodológicos do Curso de Pedagogia da UNESA: princípios orientadores do Curso
A fundamentação teórica e as dimensões da formação até aqui explicitadas nos indicam os princípios que orientam este projeto. Veja o que afirma o parecer CNE/CP 05/2005:
O graduando em Pedagogia trabalha com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada pelo exercício da profissão, fundamentando-se 
em interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética.
Este repertório deve se constituir por meio de múltiplos olhares, próprios das ciências, das culturas, das artes, da vida cotidiana, que proporcionam leitura das relações sociais e étnico-raciais e também dos processos educativos por estas desencadeados.
Essa perspectiva reforça os princípios que foram construídos e sistematizados pelo movimento dos educadores reunidos em torno da ANFOPE (Associação Nacional de Formação de Professores) e expressos no relatório do X Encontro Nacional, realizado em Brasília, em 2000.
Juntamo-nos ao movimento desses educadores para adotarmos os seguintes princípios para o Curso de Pedagogia da IES: A formação do pedagogo fundamenta-se numa perspectiva de educação omnilateral dos homens; a complexidade do fenômeno educativo e a natureza ontológica deste processo indicam a necessidade de uma formação omnilateral que possibilite uma efetiva dialética entre as diferentes dimensões citadas no item anterior, o que implica compreender a interdependência entre todos os fenômenos relativos à formação dos profissionais da educação.
A pesquisa é incorporada como um dos elementos de formação.
Situados historicamente, o pensar e o agir pedagógico decorrem de uma relação direta entre teoria e prática do fazer humano. A relação entre o binômio teoria/prática é indissociável, ou seja, se constitui concomitantemente.
Tal formulação decorre da compreensão e da importância epistemológica do conceito de práxis como atividade prático-crítica, ou seja, como atividade sensível da subjetividade humana que permita a superação da rígida oposição que foi estabelecida entre as ciências da natureza e a história, entre o método da explicação causal e as suas formas de compreensão intuitiva.
Assumir como horizonte de um projeto tal relação é considerarmos outro elemento como sendo central para a formação do profissional em educação, ou seja, tal perspectiva nos remete à importância da pesquisa não só do ponto de vista teórico, mas também do político, cultural, histórico, ideológico.
No que se refere à pesquisa, esta deve ser considerada como...
“(...) um princípio formativo e cognitivo da docência”, sendo um componente constitutivo tanto da teoria quanto da prática pedagógica. A pesquisa fundamenta a construção e a reconstrução das teorias, assim como a dimensão investigativa da atuação prática permite a permanente criação e recriação do conhecimento.
A prática da investigação sistemática no Curso de Pedagogia favorece a formação discente para a atuação do professor com atitude de pesquisador, crítico e reflexivo e/ou como profissional de Educação, constantemente atento às transformações e às contradições do mundo do trabalho, que busca a autonomia, a  elaboração própria, a constante atuação e inovação de conhecimentos, e estabelece o diálogo com os diversos sujeitos sociais e a discussão coletiva sobre as experiências e a realidade concreta.
Nessa perspectiva de formação, as articulações entre conhecimentos teóricos, pesquisa e prática pedagógica devem constituir-se como eixos articuladores do currículo do Curso de Pedagogia.
A formação do pedagogo implica uma sólida formação teórica em todas as atividades curriculares aliada à formação na e a partir da prática
O perfil do graduado em Pedagogia deverá contemplar consistente formação teórica, diversidade de conhecimentos e de práticas, que se articulam ao longo do curso.
 Além das horas teóricas, as disciplinas comuns, bem como outras que implicam metodologias de ensino, possuem horas de campo, que no espírito da Resolução CNE/CP2, de 19/02/2002, são consideradas horas de prática como componente curricular que devem ser vivenciadas ao longo do Curso.
As atividades práticas visam ao enriquecimento da formação do aluno e são decorrentes e articuladas às disciplinas, sendo orientadas pelos seus respectivos professores.
O campo se destina à realização de um conjunto de atividades estruturadas que fortalecem o conhecimento da disciplina e visam à observação e reflexão sobre a aplicação dos conhecimentos estudados nos diferentes cenários da realidade.
As atividades estruturadas se constituem como componente curricular obrigatório para os cursos de graduação. Tais atividades são desenvolvidas em diferentes contextos de atuação da futura prática profissional do egresso, sem que se confundam com estágio curricular supervisionado e com as atividades acadêmicas complementares.
Revisão:
- As quatro dimensões que compõem a formação dos profissionais da área da educação são: Ético-política, político-pedagógica, epistemológica e estético-cultural.
- A atividade humana ou o trabalho propriamente dito pode ser analisado: 
I – Num sentido antropológico, onde detectamos a dependência do ser humano ao meio, como ser natural e ativo, ao mesmo tempo.
III – Num sentido natural, ou seja, o trabalho é uma atividade natural dada ao ser humano e não construída pelo mesmo.
Aula 3 – Estudo Dirigido.
 Universidade na Idade Média, no Período Renascentista e na Idade Moderna
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender contexto histórico do nascimento da Universidade na Idade Média; 
2. entender o papel da Universidade neste contexto, bem como as transformações que permitiram a superação da sociedade feudal
3. analisar a Universidade na Idade Moderna e as inovações que se deram com as reformas universitárias influenciadas pelo controle do Estado sobre a mesma. 
Introdução:
Nesta aula, teremos a preocupação de compreender quatro momentos históricos sobre o surgimento e as mudanças da Universidade. São eles: 
Séculos XII - XV - surgimento da Universidade na Idade Média.
Séculos XV - XVI – o humanismo renascentista e as transformações do capitalismo comercial e as ideias liberais.
Séculos XVII - XVIII - descobertas científicas (XVII, século do método) e Iluminismo (XVIII, valorização da razão, do espírito crítico, da tolerância religiosa, início da Revolução Industrial).
Século XIX à atualidade - a Universidade Moderna,nova relação Estado-Universidade.
Idade Média – O surgimento da Universidade.
Considerando uma determinada forma de se produzir a história, a Idade Média inicia-se, no século V, com a queda do Império Romano e termina no século XV com a tomada de Constantinopla pelos Turcos. Como também, pode considerar seu fim com a descoberta da América, em 1492, por Cristovão Colombo. 
Contexto histórico:
A Idade Média é marcada pela influência da Igreja Católica Apostólica Romana centrada na figura do papa que exercia o poder temporal 
(político disputado com a monarquia) e o poder espiritual (religioso) no feudalismo. A sociedade medieval estava dividida em três classes sociais: o clero, a nobreza e o povo (classe dominada representada pelos servos).
O clero, além do exercício do poder temporal e espiritual, é a classe detentora do conhecimento e proprietária de terras oriundas das doações de reis ou nobres à Igreja, pois boa parte de seus membros advinham da nobreza, bem como, do próprio povo.
 Outra classe dominante é a nobreza que, além de proprietária de terras, é a classe guerreira, ou seja, alguns de seus membros comandavam os exércitos para defender os reis e a Igreja.
Por outro lado, temos a classe dominada formada pela maioria da população e que trabalhava para os senhores feudais (proprietários de terras). É nesta configuração que prevaleceu nas relações políticas, econômicas e sociais o sistema feudal que, por sua vez, não possibilitava ao povo uma ascensão social. Em outras palavras, a sociedade feudal não permitia uma mobilidade social, ou seja, a ascensão de membros da classe dominada à classe dominante.
Além disso, a história medieval é marcada por guerras, fomes e pestes e sua economia era de subsistência (produzia-se somente o necessário para atender as necessidades básicas da existência humana e o pequeno excedente servia de pagamento de impostos pelos servos aos proprietários de terras). Desse modo, a riqueza era medida em terras para o cultivo e o pastoreio, como também, prevalecia a prática do escambo (troca de mercadorias) como base econômica.
É neste contexto que surgem os Estados europeus na França, na Inglaterra, na Dinamarca, em Portugal, e os reinos que se formavam na Espanha e em outros lugares. Tal estrutura política acabou possibilitando o desenvolvimento de diferentes línguas que evoluíram a partir do latim, como também, das influências da língua dos invasores à Europa Medieval, tais como: os árabes, os vikings e os húngaros entre os séculos VIII e XI.
Vimos o contexto histórico do surgimento da universidade, e como estamos numa Universidade e temos como preocupação no curso - bem como, nesta disciplina - compreender o desenvolvimento do conhecimento de forma contextutalizada, gostaríamos que você fizesse a leitura do texto “A escolástica pré-tomista” que se encontra disponível no site: HTTP://www.numdodosfilosofos.com.br/escolastica.htm.
Neste texto, você irá compreender o pensamento filosófico e teológico da época que expressava uma visão de mundo teocêntrica (Deus como centro do Universo).
Desta forma, perceberá como na cultura da época se justificavam as verdades e a relação com o conhecimento, bem como, dos modelos educativos. Esta leitura nos permitirá compreender por que, para que  e que modelo de Universidade se construiu.
Por fim, vale destacar que a Idade Média teve grandes desenvolvimentos no campo da Arte, da Ciência e Tecnologia, das armas e da culinária para a cultura ocidental, da qual fazemos parte e somos herdeiros. Do ponto de vista político-pedagógico, apresentamos dois motivos:
 a) a indicação de tais leituras no curso tem a preocupação da formação do professor leitor, conhecedor, reflexivo, crítico e pesquisador;
b) você poderá vivenciar uma experiência interdisciplinar no curso fazendo uma relação com o conteúdo de Filosofia da Educação e História da Educação. Lembre-se: seguindo as orientações de leitura a cada aula, todos nós (professores e alunos) percebermos o quanto vamos (re)construindo os nossos olhares sobre o mundo, o homem e nós mesmos.
O modelo da Universidade do período medieval.
Contexto: 
- O renascimento comercial e urbano a partir do século XII.
- O surgimento de uma nova classe social: a burguesia (moradores dos burgos – pequenas vilas) que aos poucos desenvolve a atividade comercial.
- A formação das corporações de oficio.
Concepção de universidade:
- Século XII – a Universidade é criada e se institucionaliza no trabalho dos copistas e tradutores (legado greco-cristão); se organiza através do modelo corporativo.
Os três campos de formação:
- São oferecidos os cursos de Teologia, de Direito e Medicina.
- A formação teológico-jurídica que responde a uma sociedade dominada por uma cosmovisão católica (centrada na escolástica/ferramenta intelectual: tendo em vista as contradições entre fé e razão, recomenda respeitar o principio da autoridade – que se apóia na humildade para consultar os grandes sábios, evitando-se a coesão da igreja).
- A organização corporativa.
- A preservação da sua autonomia em face do poder político da Igreja.
Pedagogia Escolástica:
- Caracteriza-se pelas repetições dogmáticas, ditadas como verdades incontestáveis; os dogmas eram impostos – ensinados através de teses autoritariamente demonstrativas. 
- Centrada no hábito das discussões abertas, dos debates políticos, das disputas como elementos integrantes do currículo. 
- Os debates aconteciam sob a vigilância do professor que, além de moderador, garantia a ortodoxia das idéias e eventuais conclusões;
A UNIVERSIDADE NOS SÉCULOS XV E XVI
A Universidade criada na Idade Média não se identificará com os ideais desenvolvidos pelo espírito do humanismo renascentista dos séculos XV e XVI, com a Reforma Protestante e com o nascimento da Ciência Moderna. Este período é marcado pela passagem do feudalismo para o capitalismo comercial, impulsionados pelas Grandes Navegações e a descoberta da América em 1492.
Teremos a ascensão da burguesia como detentora de uma riqueza e que começa a gestar sua visão de mundo expressa na filosofia humanista do renascimento e da filosofia moderna, na arte renascentista e nas teorias científicas, bem como nas teorias políticas e econômicas do liberalismo.
Veremos que no século XVI, a Igreja Católica responde à Reforma Protestante e às críticas elaboradas à Escolástica Medieval (teologia aristotélico-tomista) com o movimento da Contra-Reforma.
Desse modo, a Universidade assume uma postura defensiva no sentido de não acrescentar aos valores do passado as novas descobertas que se faziam e anunciava a ideia de modernidade.
Observaremos nesse período uma notável diversificação do conhecimento humano e uma fragmentação dos órgãos de formação da transmissão do saber e, com isto, o conceito de Universidade torna-se inconsistente com a nova realidade que se gestava, pois, cada vez mais, evidenciava-se o declínio dos valores teocêntricos e a ascensão dos valores antropocêntricos. Se no período medieval prevaleceu uma visão negativa do homem (centrada no pecado original), agora se defenderá uma visão positiva centrada na defesa da dignidade humana.
A defesa da dignidade humana é expressa no princípio antropocêntrico de que “o homem é um microcosmo que reproduz em si a harmonia do cosmo”. Este princípio, defendido pelos humanistas renascentistas, baseou-se na retomada da cultura greco-romana – sem a influência 
dos comentadores medievais – a partir da ideia defendida por Parmênides (filósofo pré-socrático) de que “o homem é a medida de todas as coisas”.
Neste momento, teremos no plano filosófico todo um esforço na construção da noção de individualidade – fundamental para a sociedade moderna e capitalista – marcada pela confiança no poder da razão humana para estabelecer seus próprios caminhos (racionalismo cartesiano e empirismo inglês), bem como, a defesa dos pensadores iluministas do século XVII, cujo maior representante foi Immanuel Kant, da noção de subjetividade humana como sendo o lugar da certeza e da verdade.
Teremos a construção de uma noção derazão subjetiva como critério de verdade em oposição à verdade revelada que prevalecerá no período medieval. Portanto, evidencia-se no campo educacional a defesa de uma produção intelectual centrada na secularização do pensamento, ou seja, desvinculada de um pensamento dogmático da Igreja Medieval. Tais mudanças possibilita-nos entender que este período significou uma decadência das Universidades, pois as mesmas não se adaptavam aos novos tempos e aos novos paradigmas filosóficos, científicos, políticos e artísticos.
A Universidade na Idade Moderna
Na Idade Moderna (séculos XVII e XVIII), as Universidades parecem não desempenhar mais o papel que desempenhara no período medieval, ou seja, de focos culturais criadores. Além do que, serão acusadas por seus opositores como perpetuadoras de ensinamentos ultrapassados e por ignorarem as novas correntes de pensamento na época que se baseavam nos estudos do grego e do hebraico, no progresso da Ciência Moderna, no desenvolvimento do Direito Positivo (século XVII) e na filosofia do iluminismo do século XVIII.
Levando-se em conta as universidades do século XVII e XVIII, a história também apresenta as suas contradições, pois é na modernidade que teremos o surgimento de novas Universidades.
Se em 1500 havia 60 Universidades na Europa, em 1790, este número chega a 137 fundações, mesmo que 50 delas tenham fracassado em seus projetos. Além disso, tal expansão não impediu que muitos centros urbanos tenham ficado desprovidos de sua presença, tendo em vista o crescimento das cidades.
Neste contexto de conflitos e contradições, percebe-se o papel controverso da Universidade em sua relação com os governos e com as elites burguesas, pois ambos desconfiavam de sua importância e de seu papel. Segundo a análise de Maria Lúcia Arruda Aranha:
“A constatação de um desnível crescente entre os ensinamentos universitários (faculdades superiores) e as expectativas sociais, colocava-se com clareza influindo em toda a história universitária da época moderna” (2006).
Como consequência do processo de colonização na América Latina por parte dos espanhóis, teremos a formação das primeiras Universidades Latino-Americanas com a criação da Universidade de São Domingo (1538) e da Universidade do México (1551).
Na análise de Charle, podemos perceber que o papel do ensino universitário diminui:
“A despeito de grande número de autores e pensadores importantes da época moderna terem passado pela Universidade (…) foi geralmente fora da Universidade que elaboraram suas obras mais importantes ou fizeram suas descobertas“ (CHARLE, 1996).
Mas será na Idade Moderna que surgiram novos lugares voltados à sociabilidade erudita, à pesquisa, à inovação, tais como:
Academias e as sociedades eruditas, Os salões, Cursos e chancelarias, As bibliotecas, O gabinete do rico amador.
A partir do século XVIII, os Estados decidem criar estabelecimentos independentes da Universidade - mais diretamente submetidos ao seu controle e também abertos às ideias e às novas pedagogias:
As academias científicas - associações particulares de ricos e eruditos (final do século XV).
Escolas especiais e profissionais – os Estados e as próprias profissões tomaram cada vez mais consciência de que apenas os títulos universitários não garantiriam por si mesmo um verdadeiro “saber fazer”.
Nos séculos XVI-XVIII - as reformas universitárias foram se multiplicando tendo como objetivo principal assegurar o controle por parte do Estado em detrimento dos antigos privilégios de autonomia, pois tais reformas:
“Acompanhando o progresso da tolerância religiosa e do espírito das luzes, refletem um verdadeiro desejo de modernização, viés de uma adequação mais estreita com as necessidades dos Estados e das profissões” (CHARLE, 1996)”.
 E de acordo com Luckesi “(…) será, porém o século XIX, com a nascente industrialização, o responsável pelo golpe à universidade medieval” (2005).
Modelos de Universidades
As reformas implantadas, principalmente no século XVIII, levaram a dois modelos de universidades na Europa:
Universidade Napoleônica (1806) – caracterizada pela progressiva perda de sentido unitário da alta cultura e a crescente aquisição do saber profissional, profissionalizante, pragmático, e utilitarista do Iluminismo. Além de surgir das necessidades profissionais, estrutura-se fragmentada em escolas superiores, cada uma das quais isoladas em seus objetivos práticos.
Universidade de Berlim (por Humbolt, em 1810) – universidade moderna pensada como centro de pesquisa centrado na preparação do homem para descobrir, formular e ensinar a ciência levando em conta as transformações da época; defende a concepção de uma universidade que se estrutura na indivisibilidade do saber e do ensino e pesquisa, contra a ideia das escolas profissionais napoleônicas.
Concepção de Ensino: Segundo Jasper: “ensinar é participar do processo de pesquisa. Só o homem voltado para a pesquisa pode realmente ensinar; do contrário, ele reduz seu trabalho a transmitir um pensamento inerte, mesmo sendo pedagogicamente ordenado, no lugar de comunicar a vida do pensamento” (K. Jaspers).
A partir deste contexto, podemos perceber duas grandes renovações que marcarão o desenvolvimento da Universidade até a atualidade.
Primeira renovação: ciência ou profissão (1780-1860) - Período pós-revolução francesa: grande parte da atividade de pesquisa deriva de instituições extra-universitárias  (academias, sociedades eruditas) ou é realizada por eruditos livres e isolados;a primeira metade do século XIX - é marcada pela ruptura com a herança universitária;o ensino universitário dota-se de novas funções  (mesmo que a pesquisa e a formação profissional se deem em instituições livres ou não universitárias).
Segunda renovação: pesquisa ou abertura social (1860-1940) – este período é caracterizado como sendo o período da diversificação, da expansão e da profissionalização do ensino superior.
Podemos perceber que a padronização é parcial devido às especificidades nacionais e infranacionais, tais como: a desigualdade do grau de desenvolvimento econômico e de urbanização; a posição dominante ou dominada do país no conjunto internacional. Um traço comum surge nessa época (século XIX):
“o ensino superior torna-se um lance cada vez mais central para a promoção social dos indivíduos, para a afirmação nacional, para o progresso científico e econômico nacional e internacional, para a formação das elites e dos quadros sociais e até para a evolução das relações entre os sexos com o início da feminização dos estudos superiores” (CHARLE, 1996).
A história das universidades nos possibilita a compreensão de parte de nossa herança intelectual e do funcionamento de nossa sociedade.
Cada época precisou resolver o dilema renovado da preservação do saber passado e da integração, da avaliação dos aprendizados e da mudança dos critérios de apreciação. Assim sendo, “as novas características do ensino superior surgidas no decorrer do século XVIII 
modificam completamente os antigos sistemas universitários. A transformação, tão temida no século XIX e por muito tempo adiada nas décadas de 1950-1960, tornou-se em toda parte uma palavra de ordem permanente (…) apesar de todas as transformações por que passaram as universidades desde o século XVIII, a função crítica continua sendo o verdadeiro fio condutor dessa aventura intelectual, sempre ameaçada pelos poderes sociais há sete séculos” (CHARLE, 1996).
Revisão:
II - A formação teológico-jurídica que responde a uma sociedade dominada por uma cosmovisão católica (centrada na escolástica/ferramenta intelectual: tendo em vista as contradições entre fé e razão, recomenda-se respeitar o princípio da autoridade – que se apoia na humildade para consultar os grandes sábios, evitando-se a pluralidade de interpretações e mantendo-se a coesão da Igreja).
III - A preservação da sua autonomia em face do poder político e da Igreja.
I- Caracteriza-se pelas repetições dogmáticas, ditadas como verdades incontestáveis; os dogmas eram impostos – ensinados através de teses autoritariamentedemonstrativas.
II - Centrada no hábito das discussões abertas, dos debates públicos, das disputas como elementos integrantes do currículo. 
III - Os debates aconteciam sob a vigilância do professor que, além de moderador, garantia a ortodoxia das ideias e eventuais conclusões.
Aula 4 – Estudo Dirigido.
 Universidade no Brasil – Parte I
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Conhecer as fases da educação no Brasil Colônia; 
2. aprofundar o olhar sobre a Universidade europeia e os cursos superiores no Brasil do século XIX; 3. compreender o contexto histórico brasileiro na primeira metade do século XX; 
4. analisar o surgimento dos cursos de Ensino Superior no Brasil, de caráter privatizante, nas primeiras décadas do século XX; 
5. entender a Revolução de 30 e a Reforma Francisco Campos (1931), como também a formação das primeiras Universidades no Brasil.
Introdução
Na aula anterior, vimos o nascimento e o desenvolvimento da Universidade na Europa medieval até a Idade Moderna. Nesta aula, estaremos voltados para compreender a formação dos cursos superiores no Brasil e o surgimento das primeiras universidades brasileiras. Além disso, destacaremos a Reforma Francisco Campo de 1931 e o ideário escolanovista que influenciará as Instituições de Ensino Superior.
Enquanto na Inglaterra e na França dos séculos XVI ao XVII ocorre o desenvolvimento da manufatura e o fortalecimento da burguesia capitalista, Portugal e Espanha estão voltados aos interesses do absolutismo real com o fortalecimento da monarquia de Estado. 
Com a chegada dos Portugueses no Brasil em 1500 e com a instituição da colônia portuguesa, teremos, num primeiro momento, a extração do pau-brasil e as expedições exploratórias visando à descoberta de riquezas nas novas terras.
Chegada dos primeiros jesuítas em 1549.
Plano de Instrução elaborado pelo Padre Manoel da Nóbrega: a) aprendizado do português; b) aprendizado profissional e agrícola; c) gramática latina.
Portugal não permitia a existência de ensinos superiores em suas colônias. Desta forma, os filhos dos colonos iriam para a Metrópole estudar na Universidade de Lisboa ou na Universidade de Coimbra.
Período da Ratio Studiorum.
Organização e consolidação da educação jesuítica que atendia apenas aos filhos de colonos e o ensino superior servia apenas para a formação de padres.
Período da Reforma Pombalina
Ocorre a expulsão dos Jesuítas da colônia. As reformas pombalinas promoveram a instrução pública em Portugal tendo por base os ideais iluministas com a implantação das “aulas régias”.
Período Joanino
Chegada do príncipe João VI (futuro D. João VI) são criados os seguintes cursos superiores:
1808 – Escola de Cirurgia e Anatomia na Bahia e que mais tarde constituirá a Universidade Federal da Bahia (UFBA), como também, a criação da Academia de Guarda Marinha no Rio de Janeiro.
1810 – Formação da Academia Militar (hoje abriga a Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ).
1814 – Criado o curso de Agricultura
1816 – Criada a Real Academia de Pintura, Escultura e Arquitetura.
Período do Império:
Em 1827, o Imperador D. Pedro I inaugurou os cursos jurídicos em São Paulo e em Olinda (Pernambuco).
Em 1832, em Ouro Preto (MG) é criada a Escola de Minas e Metalurgia e em 1839 é inaugurada a Escola de Farmácia nesta cidade.
Em 1837 foi fundado o Imperial Colégio D. Pedro II no Rio de Janeiro.
O educador e intelectual Anísio Teixeira faz a seguinte análise das escolas superiores oficiais que teve no Brasil até o final do Império em 1889 e o início da República:
“Imobiliza-se durante o período do Império, o desenvolvimento educacional, mantendo-se ao longo do século XIX as condições educacionais da Colônia, com um modestíssimo acréscimo de ensino primário, seguido de escolas vocacionais, um sistema seletivo de preparo da elite reduzido a muito poucas escolas secundárias e um ensino superior limitado exclusivamente às profissões liberais, em meia dúzia de instituições nacionais isoladas e de tempo parcial.
(...) Quanto à Universidade propriamente dita, somente na última fala do trono, 80 anos depois da criação da primeira escola superior, o imperador reconheceu, afinal, a sua necessidade, dignando-se a recomendar duas, uma para o Norte e outra para o Sul do país. A recomendação tardia e frouxa não foi atendida nem sequer pela República, que no mesmo ano se proclamou, em consequência da Abolição da Escravatura e das crises militar e da Igreja que se lhe seguiram, problemas em que se consumaram os últimos anos da estagnação imperial” (1989).
Ensino Superior Brasileiro
Sintetizando, segundo Anísio Teixeira, até o começo do século XIX a universidade do Brasil foi a Universidade de Coimbra - onde iam estudar os brasileiros da elite após cursarem os reais colégios dos jesuítas.
Contraditoriamente, o ensino superior criado no Brasil, embora não organizado sob a forma universitária, buscava corporificar valores que só a universidade com a sua cultura desinteressada poderia cumprir (legado colonialista).
Segundo Anísio Teixeira, no Brasil: “o ensino nas escolas superiores, depois da Independência, era de tempo parcial, com professores de tempo parcial e de intensa vida profissional fora da escola. (…) [a contradição se coloca] quando se comprova o culto e a admiração que provocava o êxito intelectual de algum aluno”. (TEIXEIRA, 1989; 73).
“A falta de estudos superiores de tipo acadêmico havia de tornar extremamente precária a formação dos professores para os colégios secundários de que o Imperial Colégio Pedro II era o modelo e o padrão” (TEIXEIRA, 1989; 73).
A confusão do País com respeito à cultura intelectual universitária, contraditoriamente, objeto de culto e também de descaso, se tratando de criar condições reais à mesma.
O desafio da política
O mundo Ocidental foi profundamente marcado pela cultura urbano-industrial decorrente da aplicação do conhecimento científico e tecnológico no mundo do trabalho e da produção provocando o que se denomina de Primeira Revolução Industrial, ou seja, estamos falando da consolidação do capitalismo industrial e da ascensão da burguesia como classe dominante do ponto de vista econômico e como
 classe dirigente do ponto de vista político-social. Afinal de contas, o modelo de Estado decorrente das revoluções burguesas será o Estado-Nação ou Estado Moderno (também denominado de Estado Liberal Burguês), com a adoção da democracia liberal burguesa como sistema de governo.
A Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX decorreu da introdução de novas máquinas, como também, de novas relações de trabalho (sistema fabril) com a introdução da divisão social do trabalho, da introdução de novas técnicas agrícolas, do desenvolvimento dos transportes (navio a vapor, rodovias e ferrovias), do desenvolvimento de novas fontes de energia (carvão, petróleo e eletricidade) e um deslocamento da população do campo para a cidade para servirem de mão de obra barata para o desenvolvimento da indústria capitalista.
Com a consolidação do projeto burguês de sociedade do século XIX, é que podemos compreender o mundo contemporâneo a partir da análise de Cambi e de Teixeira: 
 “A contemporaneidade é a época da educação e de uma educação social que dá substância ao político (governo dos e sobre os cidadãos), mas que também se reelabora segundo um novo modelo teórico, que integra ciência e filosofia, experimentação e reflexão crítica, num jogo complexo e sutil” (CAMBI, 1999; 381).
“Seja Comte, seja Humbolt, o que se debatia no século XIX era a nova universidade, devotada à pesquisa e à ciência, que iria reformular o conhecimento humano em todos os campos do saber e, além disto, criar a consciência das culturas nacionais. (…) Saíamos da cultura greco-latina para a cultura vernácula; depois para cultura nacional e por fim para a cultura científica. (…) movimento que o Brasil ignorou vivendo 114 anos sem as instituições destinadas a formular e a ministrar, no nível superior, a cultura nacional e a cultura científica pura no sentido de não apenas aplicada” (TEIXEIRA, 1989; p.98).
Anísio Teixeira fez a seguinte análise sobre a importância da Universidade de Berlim, na Alemanha:
“É na Alemanha, com efeito, que se opera a grande transformação da universidade, voltando a ser o centro de busca da verdade, da investigação e da pesquisa: não o comentário sobre a verdade existente, não o comentário sobre o conhecimento existente, não a exegese, a interpretação e a consolidação desse conhecimento, mas a criação de um conhecimento novo, que iria inspirar as culturas nacionais. A sociedade estava se transformando, a pesquisa ia voltar a essa universidade até então toda debruçada sobre o passado, para projetá-la para o futuro”. (1989; 81,82).
O Brasil do século XIX foi marcado pelo embate entre duas vertentes que também se rivalizaram no que diz respeito ao ensino superior e a criação da Universidade, pois, de um lado, encontravam-se:
Os Liberais: que defendiam a criação da Universidade.
Os Positivistas: que se opunham a criação da mesma por compreenderem que esta instituição de ensino estava comprometida com o conhecimento metafísico que se opunha, segundo a sua ótica, ao conhecimento científico.
Segundo Anísio Teixeira: “O Brasil tem a experiência da universidade escolástica e, depois, da universidade reformada de Pombal. Esta já era a universidade clássica, em seus reflexos do Iluminismo, mas não era a universidade de ciência experimental. Fora disto, tínhamos a vivência do ensino profissional para o clero, os legistas e os médicos” (1989; p. 94).
Brasil – primeira metade do século XX
Se no século XIX tivemos no Brasil um deslocamento do eixo econômico da produção de açúcar no Nordeste para a produção cafeeira centrada no Sudeste e no Sul, tal processo promoveu também um aprofundamento do ciclo imigratório, a construção de ferrovias (1856-1875), a urbanização (com crescente aumento da população) e a industrialização etc.
Sobre a exportação do café, Mello faz a seguinte consideração: “O próprio complexo exportador cafeeiro engendrou o capital-dinheiro disponível para a transformação em capital industrial” (Mello, 1982; 147).
Portanto, o século XX inicia-se sobre as bases de uma nova estrutura política, social e econômica, ou seja, sob o lema da República teremos uma alternância no poder central (Governo Federal) entre os barões do café de São Paulo e os produtores de leite de Minas Gerais. O período da Primeira República (1889-1930) é conhecido pelo nome de República do café com leite.
Tal período vai ser profundamente marcado pelas crises do sistema capitalista decorrentes da formação do Estado-Nação, principalmente no que se refere a composição do território nacional, levando à: Primeira Guerra Mundial (1914-1918); A Revolução Russa de 1917; o nacionalismo dos anos 20 e 30 (Nazismo e Fascismo); a queda da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929 e a Segunda Guerra Mundial (1937-1945).
No Brasil, se por um lado a Primeira Guerra Mundial impulsionou o desenvolvimento da indústria brasileira, por outro lado, a crise de 1929 provocou a falência dos produtores de café e, com isto, o fim da Primeira República.
Neste contexto, teremos no Brasil a crise da hegemonia política e a Revolução de 1930 que foi um movimento armado, liderado pelos estados do Rio Grande do Sul, da Paraíba e de Minas Gerais, levando a um golpe de Estado que depôs o então Presidente da República Washington Luís e impediu a posse do Presidente eleito Júlio Prestes. Desse modo, dá-se o fim da República Velha e o início de um período ditatorial liderado pelos militares levando a ocupar o Governo Central Getúlio Vargas. Desta forma, o Governo Provisório de Getúlio Vargas vai durar de 1930 a 1934, quando o mesmo é eleito, via Congresso Nacional, à Presidente da República de 1934-1937.
A Constituição de 1937
A Constituição de 1937 criou o “Estado Novo”, tinha caráter centralizador e autoritário, tanto que suprimiu a liberdade partidária, a independência entre os três poderes e o próprio federalismo existente no País. Além disso, Getúlio Vargas, assumindo uma postura autoritária, fechou o Congresso Nacional e criou o Tribunal de Segurança Nacional. Neste período, os prefeitos das cidades eram nomeados 
pelos governadores e esse, por sua vez, pelo Presidente da República. Por fim, uma das estratégias de seu governo, foi criar o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que tinha como final projetar a imagem de Getúlio como o “Pai dos pobres” e o “Salvador da Pátria”.
O início do século XX e da Universidade em nosso País foi marcado por um conjunto de ações privatizantes na tentativa de criar uma cultura universitária. No quadro abaixo podemos identificar as principais iniciativas:
1909/1926: É criada a Universidade de Manaus com cursos de engenharia, direito, medicina, farmácia, odontologia, oficiais da Guarda Nacional. Este momento foi marcado pela extração da borracha que, ao entrar em declínio, levou ao fim esta Instituição de Ensino Superior.
1911/1917: Foi criada a Universidade de São Paulo com cursos de medicina, odontologia, farmácia, comércio e belas artes. 
1915: Em Curitiba são criados os cursos de direito, engenharia, medicina, farmácia, odontologia e comércio e, somente, no ano de 1950, como faculdades livres, serão incorporadas à Universidade Federal do Paraná (UFPA).
1889/1918: Foram criados 56 cursos de Ensino Superior em estabelecimentos, na sua maioria privados.
1920: A Universidade do Rio de Janeiro, a primeira a ser autorizada pela Presidência da República, cria as faculdades de medicina, engenharia e direito.
1927: Com subsídios do Governo do Estado de Minas Gerais são criados as faculdades de engenharia, direito, medicina, odontologia e farmácia, nos mesmos moldes da reunião de faculdades que, mais tarde, serão incorporadas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Antes de avançarmos a temática de nossa aula, vale destacar um pouco da história da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz):
um importante instituto de pesquisa na área da saúde, localizada no Bairro de Manguinhos na cidade do Rio de Janeiro. Sua criação foi em 25 de maio de 1900, como Instituto Soroterápico Federal. Em 1907, passa a denominar-se como Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos. Mas, somente em 1918, passa a se chamar Instituto Oswaldo Cruz e em 1974 tornou-se Fundação Oswaldo Cruz, adotando a sigla  Fiocruz.
As lacunas do ensino superior brasileiro vêm acentuar-se depois da I Guerra Mundial (1914-1918) quando o desenvolvimento do país passa a exigir a inclusão da ciência, com seus métodos de pesquisa. Essa universidade de ciência e de pesquisa - a escola pós-graduada - se impõe, ou seja, a universidade deixa de ser puramente um locus privilegiado de transmissão do saber existente para se constituir como sendo a criadora do novo saber e do novo conhecimento.
Somente no Governo Provisório de Getúlio Vargas que será criado o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, em 14 de Novembro de 1930, sendo empossado como Ministro Francisco Campos, que expressa suas ideias de acordo com o movimento escolanovista tão forte na época.
Se as Universidades da Europa no século XIX e início do século XX foram marcadas por dois modelos distintos de Universidade, ou seja, o modelo francês centrado na formação profissional e o modelo alemão centrado na formação científica e no desenvolvimento da pesquisa, como também, da adoção de um novo modelo teórico da educação que se expressa pelos binômios Ciência/Experimentação X Filosofia/Reflexão Crítica.
A formação de Ensino Superior no Brasil estruturou-se no início do século XX dentro do modelo francês e a preocupação com uma formação profissional persistirá na Reforma Francisco Campos. O Decreto 19.851 dispõe sobre a organização e a finalidade do Ensino Superior no que se refere ao Estatuto das Universidades Brasileiras:
Vejamos o Decreto 19.851 de 11 de abril de 1931:
“elevar o nível da cultura geral; estimular a investigação científica em quaisquer domínios dos conhecimentos humanos; habilitar ao exercício de atividades que requerem preparo técnico e científico superior; concorrer,enfim, pela educação do indivíduo e da coletividade pela harmonia de objetivos entre professores e estudantes e pelo aproveitamento de todas as atividades universitárias, para a grandeza da Nação e para o aperfeiçoamento da Humanidade”.
Vejamos a análise de Romanelli sobre a reforma Francisco Campos:
“… era a primeira vez que uma reforma atingia profundamente a estrutura do ensino e, o que é importante, era pela primeira vez imposta a todo o território nacional. Era, pois, o início de uma ação mais objetiva do Estado em relação à educação” (1978; 131).
Com o início de uma ação objetiva do Estado em relação à educação, podemos destacar dois pontos fundamentais da Reforma Francisco Campos. São eles:
Retomada da centralização político-administrativa iniciada com a criação do Ministério da Educação.
Universidade - obrigatoriedade de pelo menos três dos seguintes cursos: Direito, Medicina, Engenharia e Educação, Ciências e Letras (reforçava a velha concepção aristocrática de ensino - cursos formadores de profissionais para as carreiras liberais).
Vejamos as Universidades criadas a partir da referida reforma Francisco Campos :
1933: Criação da Fundação da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo (fundação de direito privado).
1934: Criação da Universidade de São Paulo através de Decreto Estadual, incorporando as faculdades de Direito, Politécnica, Escola Superior de Agronomia, Medicina e Veterinária. Instituto de Educação incorporado como Faculdade de Educação.
Foram criadas as Faculdades de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (coração da Universidade, por adotar os estudos de cultura livre e desinteressada – antigo projeto de Fernando de Azevedo). Foi criado o Instituto de Ciências Econômicas e Comerciais.
1935/1939: Criada a Universidade do Distrito Federal que, posteriormente, será incorporada à Universidade do Brasil.
1937/1938: Foram criadas respectivamente a Universidade Federal do Rio de Janeiro, e após o Estado Novo, a União Nacional dos Estudantes (UNE).
1940: Fundação das Faculdades Católicas no Rio de Janeiro (em 1946, reconhecida como Pontifícia Universidade Católica, como sendo a primeira universidade privada).
Veja agora o que Fernando de Azevedo pensa dos grupos escolanovistas:
Para Fernando de Azevedo, a presença dos adeptos e divulgadores da Escola Nova nos anos 20 e 30 marca a educação brasileira como um verdadeiro “divisor de águas” separando a mentalidade tradicional e velha da nova e progressista. Os grupos dos escolanovistas declaravam-se liberais abertos à sociedade capitalista-urbano-industrial e às ideias do movimento da Escola Nova que circulava no exterior.
Revisão:
O Plano de Instrução elaborado pelo Padre Manoel da Nóbrega no Brasil Colônia, abarcava:
- aprendizado do Português, aprendizado técnico-cientifico, e a gramática latina.
“Seja Comte, seja Humbolt, o que se debatia no século XIX era a nova universidade, devotada à pesquisa e à ciência, que iria reformular o 
conhecimento humano em todos os campos do saber e, além disto, criar a consciência das culturas nacionais. (…) Saíamos da cultura greco-latina para a cultura vernácula; depois para cultura nacional e por fim para a cultura científica (…) movimento que o Brasil ignorou vivendo 114 anos sem as instituições destinadas a formular e a ministrar, no nível superior, a cultura nacional e a cultura científica pura no sentido de não apenas aplicada”. Qual representante do escolanovismo fez esta análise sobre a Universidade?
- Anísio Teixeira.
Aula 5 – Estudo Dirigido.
 A Universidade Brasileira – Parte 2 (da Segunda Metade do Século XX à Atualidade)
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender criticamente as principais características dos Governos no Brasil da década de 50 à atualidade; 
2. identificar e analisar as principais medidas desses Governos sobre a Universidade e o Ensino Superior; 
3. refletir sobre a formação acadêmica no Ensino Superior.
Breve Histórico do Brasil dos anos 50 à atualidade
"… Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História” (Getúlio Vargas, 1954).
Getúlio Vargas (1951 – 1954) : Depois de ter sido deposto em 29/10/1945 por um golpe militar, viveu exilado em sua cidade natal, São Borja (RS).
Em 1950 sai candidato à Presidência pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) à sucessão de Dutra, sendo eleito popular, em 1951, para governar o País.
Principais propostas: criação da Eletrobrás – fundamental para o desenvolvimento industrial e a criação da Petrobrás com a finalidade de diminuir a importação do produto, responsável por consumir metade das divisas nacionais.
Foi pressionado a renunciar em decorrência da crise política que se instalou após a tentativa frustrante de assassinato de Carlos Lacerda, jornalista que acusava o presidente de acumular privilégios, parentes e aliados no Governo – por parte do chefe da guarda do presidente, Gregório Fortunato.
Mediante pressões advindas de vários setores da sociedade e das Forças Armadas, Vargas não suportou as mesmas e suicidou-se em 24/08/1954.
Nereu Ramos concluiu o mandato de Getúlio e o Brasil permaneceu em estado de sítio até a posse de Juscelino Kubistchek em 31/01/1956.
Juscelino Kubistchek (1956 – 1960): Foi eleito para Presidente da República em 03/10/1955 com 36% dos votos válidos. Esta eleição marcou a utilização da cédula eleitoral oficial confeccionada pela Justiça Federal, pois antes os partidos políticos eram responsáveis pela confecção e distribuição das cédulas eleitorais.
A União Democrática Nacional (UDN) tentou impugnar o resultado da eleição, alegando que Juscelino não havia obtido a maioria absoluta dos votos. 
Um levante militar, liderado pelo General Henrique Teixeira, na época Ministro da Guerra, garantiu que em 31/01/1956, Juscelino Kubistchek tomasse posse ao lado de seu vice-presidente João Goulart.
Último presidente a assumir o cargo no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, lançou o seu Plano de Metas com o lema: “cinquenta anos em cinco”. Tal plano tinha cinco grandes grupos: energia, transporte, alimentação, indústria de base, educação. Além disso, previa a construção de Brasília para ser a nova capital do Brasil tendo sido inaugurada em 21/04/1960.
Seu plano procurou estimular e diversificar o crescimento da economia brasileira baseada na expansão industrial e na integração dos povos e de todas as regiões do País.
Procurou reduzir o custo Brasil e reduzir a dependência das importações, processo denominado de “substituição de importações”.
Seu governo foi marcado pela manutenção do regime democrático e da estabilidade política. Uma das grandes habilidades políticas de JK foi conciliar as tensões com seus adversários políticos, sejam eles da sociedade civil ou do meio militar. Teve como maior adversário político Carlos Lacerda, com o qual se reconciliou posteriormente.
No campo econômico, desenvolveu uma política desenvolvimentista permitindo a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro, isentou de impostos a importação de máquinas e equipamentos industriais e liberou a entrada de capitais externos em investimentos de risco, desde que associados ao capital nacional.
Promoveu a implantação da indústria automobilística, da indústria naval, a construção de usinas hidrelétricas (Furnas) e de usinas de siderurgia. Além disso, abriu as rodovias transregionais que uniram todas as regiões do Brasil, como também, aumentou a produção de Petróleo pela Petrobras e fundou a Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).
Em 1959 rompeu com o Fundo Monetário Internacional (FMI) por não aceitar a reforma cambial. Foi acusado de aumentar a dívida pública do Brasil por ter lançado títulos e cartas precatórias na Bolsa de Valores para conseguir a verba necessária para terminar a construção de Brasília.
A dívida externa do País saltou de 1,5 bilhão de dólares para 3,8 bilhões no final de seu governo. Além disso, agravou-se a dívida com as altas remessas de lucros das empresas estrangeiras de “capital associado” e pelo déficit na balançade pagamentos.
O fim de seu governo foi marcado pelo crescimento da inflação, o aumento da concentração de renda e do arrocho salarial, pois durante o seu governo a produção industrial cresceu 80%, os lucros da indústria cresceram 76% e os salários apenas 15%.
Jânio Quadros (1960 – 1961): Eleito Presidente da República em 03/10/1960, mas não conseguiu eleger seu vice Milton Campos, pois naquela época o voto para presidente e vice-presidente era separado. Foi eleito à vice João Goulart do Partido Trabalhista Brasileiro.
Continuou a política internacional dos governos anteriores, restabelecendo relações diplomáticas e comerciais com a URSS e a China.
Condecorou Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, irritando profundamente os seus aliados (principalmente a UDN) que o acusavam de comunista.
Criou o Parque Nacional do Xingu e os primeiros parques ecológicos nacionais.
Instalou uma política para enxugar a máquina governamental e enviou ao Congresso Nacional projetos de lei antitruste e a lei de reforma agrária, embora os mesmos não foram levados à votação. 
A Política Externa Independente (PEI), conduzida pelo chanceler Afonso Arinos de Melo Franco, não era bem vista pelos Estados Unidos e nem por grupos econômicos que se beneficiavam da política anterior, como também, pela direita nacional e pelos militares. Tanto que o acusaram de levar o Brasil para o comunismo.
Carlos Lacerda denunciou uma suposta trama liderada pelo ministro da Justiça do Governo de Jânio, Oscar Pedroso Hora, de tê-lo convidado a participar de um golpe de Estado. No dia seguinte (25/08/1961), Jânio Quadros anuncia a sua renúncia e esta é aceita pelo Congresso Nacional.
João Goulart (1961 – 1964): Com a renúncia de Janio Quadros, Goulart assume o Governo de 1961-64.
Lançou o Plano Trienal com a finalidade de solucionar os problemas estruturais do País.
Suas reformas visavam combater o analfabetismo apoiando-se na difusão das experiências de Paulo Freire. Além disso, direcionou 15% da renda produzida no País para a área da educação.
Propôs uma reforma agrária e urbana.
Ditadura Militar – um capítulo a parte
Assista ao vídeo do período da Ditadura Militar à transição democrática, com o professor Boris Fausto:
O mundo pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945) acabou levando à polarização de duas forças antagônicas em termos de uma estrutura política, enconômica e social: de um lado, o capitalismo liderado pelos Estados Unidos e, por outro lado, o comunismo liderado pela União Soviética. Este período ficou conhecido também como sendo o período da Guerra Fria, pois a disputa de poder entre essas duas forças iam desde a dominação e subordinação territorial a investimentos no poder bélico de cada regime, como também, de difusão da ideologia que constituía cada uma, principalmente através dos meios de comunicação de massa e de políticas educacionais.
Breve Histórico do Brasil dos anos 50 à atualidade
O contexto internacional, como também o ambiente nacional decorrente das práticas políticas desenvolvimentistas e populistas, que marcaram os governos brasileiros no período pós Governo Vargas (1954), criaram as condições necessárias para que, em 31 de março de 1964, ocorresse o Golpe Militar com o apoio norte-americano. Pois os Estados Unidos estavam interessados na entrada de capital estrangeiro no Brasil, bem como na possibilidade de que acontecesse aqui o que ocorrera com a Revolução Cubana (1959), que adotou o regime socialista.
Por outro lado, tal contexto se expressava nas relações da sociedade brasileira da época de forma conservadora, tanto que a classe média sustentou a articulação entre os oficiais das Forças Armadas e os partidos políticos conservadores (PSD e UDN, liderado por Carlos Lacerda).
Ao assumirem o poder, os militares governaram através de decreto de Atos Institucionais (AI) que determinavam, por exemplo, o fechamento dos partidos políticos e instituíam um sistema bi-partidário composto pelos que apoiavam o Governo Militar (ARENA) e os que supostamente poderiam fazer uma oposição ao regime ditadorial (MDB – Movimento Democrático Brasileiro).
Contudo, tal sistema político estava monitorado e limitado pela existência de uma legislação rigorosa que inibia a possibilidade dos opositores se manifestarem claramente sobre o poder da época. Além disso, suprimiram os direitos constitucionais, com a criação de órgãos governamentais que serviram para impor uma censura em várias áreas da sociedade brasileira, principalmente no campo da arte, da educação e do movimento estudantil.
Gostaríamos de convidá-lo(a) a assistir o depoimento de Chico Buarque sobre a Ditadura Militar no Brasil. O relato deste compositor e intelectual brasileiro é um testemunho histórico que nos permite compreender a relação do conflito existente entre arte e política num contexto repressivo.
Chico Buarque, como um número expressivo de artistas da época, se posicionaram contra o Regime Militar e produziram obras que expressavam uma postura de luta contra hegemonia. Além disso, você terá a oportunidade de perceber, do ponto de vista pedagógico, como podemos utilizar de um recurso visual e de uma linguagem estética para tratarmos de um conteúdo específico em uma disciplina, como também poder perceber, do ponto de vista do conhecimento, outras formas de compreensão da realidade das que existem nos livros didáticos ou nos textos científicos.
Estaremos, mais uma vez, contemplando uma das dimensões que fazem parte da formação em nosso curso:
A dimensão estético-cultural
Para os que viveram os anos da ditadura, é a possibilidade de se resgatar uma memória histórica e relembrar o que e como viveram aqueles anos, e, para os que não viveram, é a possibilidade de conhecer uma parte de nossa história com olhares diferentes e refletir sobre o que somos hoje.
Esperamos que todos gostem da proposta, pois a partir deste material, estaremos debatendo alguns pontos importantes em nosso fórum temático. O vídeo se encontra disponível no seguinte endereço: 
http://www.youtube.com/watch?v=AJ6FX5PR31s
Alguns apontamentos sobre a educação na Ditadura Militar
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que teve início nas discussões da Constituinte de 1946, foi finalmente aprovada em 1961. Tal demora demonstra a disputa de poder no aparelho estatal e em conflito com a sociedade, pois o período de 46-61 foi marcado pelo populismo de Vargas e o desenvolvimentismo de JK. Contudo, algumas questões vigoraram para o ensino superior, tal como a expansão do número de vagas.
Da mesma forma que tivemos na sociedade uma postura conservadora, de uma maioria representante da classe média brasileira e, tivemos uma parte da classe artística, com uma postura de oposição, tivemos posturas diferenciadas no campo educacional, ou seja, um grupo de professores, intelectuais e alunos que defendiam o regime e outro grupo que se opounha (tanto professores quanto os intelectuais e os estudantes).
Assim, o campo educacional vai ser alvo de um controle severo por parte do governo militar sobre as instituições escolares e as universidades. Por quê?  
Por ser um campo de formação política, intelectual e científica de uma sociedade que se tornava cada vez mais complexa em seu processo de construção de uma cultura urbano-industrial.
Como bem mostra o vídeo com o testemunho de Chico Buarque e o vídeo com o professor Boris Fausto, que indicamos nesta aula, os militares usaram da força excessiva para reprimirem as manifestações contrárias ao poder.
Foi neste contexto que as Universidades brasileiras sofreram intervenções militares e políticas, com a presença de tropas fortemente armadas nos campis universitários, como também a designação de reitores pro-tempore. Outras medidas autoritárias e arbitrárias foram tomadas: muitos pesquisadores e professores se aposentarem compulsoriamente; reitores foram demitidos e para o seu lugar foram designados os chamados “interventores”;
docentes jovens foram impedidos de ingressar e/ou progredir na carreira acadêmica e científica; restrição à autonomia administrativa e financeira

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