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Clínica de grandes animais Semiologia do sistema urinário; hidronefrose, cistite, neoplasias, urolitíase e amiloidose Adriana Ferreira SEMIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO • Composição: o 2 rins, 2 ureteres, 1 bexiga, 1 uretra o Néfron: unidade funcional o Anatomia: ▪ o rim do bovino é lobulado e não possui pelve renal ▪ o rim direto do equino tem formato cordiforme (semelhante a um coração) e o esquerdo entre cordiforme e triangular • Funções o Excreção de resíduos metabólicos; o Regulação do LEC; o Hormônios, etc. • Exame do Paciente: 1. Resenha: algumas doenças podem acometer mais especificamente um grupo. a. Espécie; b. Raça; c. Sexo; d. Idade e e. Procedência. 2. Anamnese: perguntas gerais e específicas a. Muitas doenças do trato urinário podem acarretar problemas sistêmicos. b. Doenças com sintomas sistêmicos podem ocasionar doença renal secundária. c. Anamnese específica: aspectos da urina, ingestão de água, doenças urinárias anteriores, etc. Pontos importantes para anamnese específica Itens investigados Aspectos Urina Volume, aspecto (coloração, turvação, presença de material, viscosidade, presença de sangue) Micção Frequência (número de vezes e intervalo), tipo (postura à micção, sinais de dificuldade, dor ou desconforto, tenesmo, incontinência) Ingestão de água Frequência e volume Doença urinária anteriores Histórico completo, incluindo tratamentos anteriores já realizados. Clínica de grandes animais Semiologia do sistema urinário; hidronefrose, cistite, neoplasias, urolitíase e amiloidose Adriana Ferreira 3. Exame físico geral: a. Com base nos dados obtidos por meio da anamnese e exame físico geral, o profissional é capaz de avaliar a necessidade de exames específicos e/ou complementares. b. Avaliar peso corporal, temperatura, frequência cardíaca e respiratória, mucosas e grau de hidratação. c. Boca: úlceras, alterações da língua, inserção dos dentes, aumento do maxilar, hálito urêmico. 4. Exame físico específico: a. Rins: - Deve-se realizar o exame nos dois rins, inclusive da urina - Palpação dolorosa (região renal): martelo de percussão para se avaliar a dor - Palpação retal: aderências, quantidade e consistência do tecido subcapsular, tamanho/simetria dos rins e lobulações, consistência e sensibilidade a dor. - Mesmo sofrendo lesão, o rim pode conseguir manter a produção de urina e suas demais funções, justamente por possuir reserva funcional. Por conta disso, é importante avaliar a possibilidade de doença renal em curso e a de haver déficit da função renal - Quando há déficit funcional com comprometimento da função de depuração, isto é, redução severa da filtração glomerular, o animal apresenta aumento sérico dos produtos finais do metabolismo de substâncias nitrogenadas, a ureia e a creatinina, representando a azotemia (com causa pré-renal, renal ou pós-renal). A persistência nessa condição gera o quadro de uremia (conjuntos de sinais e sintomas que caracterizam manifestação sistêmica resultante do mau funcionamento dos rins). Causas de azotemia Pré-renal Desidratação severa Insuficiência cardíaca Hipoadrenocorticismo, etc. Renal Doença com comprometimento da função Pós- renal Obstrução uretral Obstrução de colo vesical Ruptura de bexiga Deslocamento da bexiga (hérnia perineal) - Os exames complementares, além da palpação, constam com exames laboratoriais e provas de função renal. - Urinálise: análise física, química e sedimentoscópica da urina. - Cultura de urina: indicada para casos de suspeita de infecção do trato urinário. Deve-se realizar coleta asséptica. - Biópsia renal: apenas para caso em que haja precisão do tipo de doença renal, para prognóstico e tratamento. - Provas de função renal: indicadas em casos de suspeita de insuficiência renal. Clínica de grandes animais Semiologia do sistema urinário; hidronefrose, cistite, neoplasias, urolitíase e amiloidose Adriana Ferreira Provas de função renal Pré-renal Desidratação severa Insuficiência cardíaca Hipoadrenocorticismo, etc. Renal Doença com comprometimento da função Pós- renal Obstrução uretral Obstrução de colo vesical Ruptura de bexiga Deslocamento da bexiga (hérnia perineal) b. Ureteres - Podem sofrer processo de obstrução parcial ou total, o que gera dilatação pelo acúmulo de urina (megaureter). - Palpação retal: defeitos anatômicos, obstrução e ruptura. - Casos: falha na implantação do ureter, pielonefrite. c. Bexiga - Palpação retal ou vaginal: localização, volume (com pouco volume é possível avaliar a espessura da parede), forma, consistência, aderência, tensão e sensibilidade. - Inspeção indireta: cistoscopia d. Uretra - Machos: inspeção perineal, palpação interna e externa, tamanho forma e consistência das porções palpáveis, local da secreção (uretral ou prepucial) - Fêmeas: espéculo vaginal; palpação com dedos ou sonda. e. Avaliação da micção - Utilizar dados da anamnese e comparar as particularidades da espécie, avaliando a postura para avaliação completa do transtorno de micção. - Disúria: sinais de desconforto ou dor à micção. Clínica de grandes animais Semiologia do sistema urinário; hidronefrose, cistite, neoplasias, urolitíase e amiloidose Adriana Ferreira HIDRONEFROSE • Definição: caracterizada pela dilatação do rim • Evolução: obstrução do trato urinário • Causas: leucose, em que os linfonodos aumentados comprimem os ureteres; urolitíase; neoplasias na bexiga • Achados de necropsia: distensão do parênquima renal. NEOPLASIAS • Tumores primários raros: carcinomas (em bovinos e quinos, há lesão na parede da bexiga → hemácia pura), nefroblastomas (suínos). • Epidemiologia: ingestão de samambaia, comum nos estados de SC, RJ e SP. A samambaia cresce em terra ácida, problema resolvido com calagem. • Achados de necropsia: carcinoma de base de língua. CISTITE • Definição: inflamação na bexiga • Fatores predisponentes: 1. Geralmente secundária 2. Cálculo vesical, 3. Parto difícil, 4. Paralisia da bexiga, 5. Cateterização contaminada. 6. Principalmente predominante a Escherichia coli. • Etiologia: isolados ou associados a pielonefrites específicas. 1. Bovinos: Corynebacterium renale 2. Suínos: E. suis • Sinais clínicos: micção frequente, permanência na postura de micção, dor abdominal • Palpação retal: dor, em casos agudos, e espessamento da bexiga em casos crônicos. • Patologia clínica: sangue e pus na urina, forte odor de amônia, urina turva e sedimentos. • Achados de necropsia: hiperemia, hemorragia, urina com sangue e coágulo, formação de pseudomembrana. • Diagnóstico diferencial: pielonefrite (ureia e creatinina altas), obstrução uretral • Tratamento: cultura e antibiograma; ATB por no mínimo 7 dias, mas preferencialmente 14 dias e acesso livre a água. UROLITÍASE • Definição: caracterizada pela presença de urólitos dentro do trato urinário, principalmente causando oclusão da uretra, retenção de urina e ruptura de bexiga. (doença subclínica metabólica). • Etiologia: A formação de cálculos urinários ocorre quando da precipitação de solutos orgânicos ou inorgânicos na urina. Os cálculos são na maioria inorgânicos formando cristais, em caso de solutos orgânicos apresentam-se como substâncias amorfas. • Epidemiologia: 1. Novilhos e carneiros castrados alimentados com ração concentrada; A castração de animais associada ou não a administração de estrógeno é um fator que predispõe, pois a testosterona é responsável pelo desenvolvimento da uretra, processo uretral e pênis. O estreitamento da uretra em animais Clínica de grandes animais Semiologia do sistema urinário; hidronefrose, cistite, neoplasias, urolitíase e amiloidose Adriana Ferreira castrado provoca a urolitíase obstrutivacom 20% de mortalidade segundo a literatura. 2. Animais mantidos em pastagens com altas taxas de concentração de oxalato, amônia, estrogênio e sílica; 3. Formação do núcleo: deficiência de vitamina A. 4. Meio alcalino na urina facilita a precipitação de solutos, tal como dietas ricas em magnésio (2,5% do peso corporal, por 2 meses, facilita a formação); 5. Animais a pasto: sílica, pasto rico em oxalato; 6. Animais confinados: estruvita, fosfato de amônia e magnésio • Fatores de risco para urolitíase obstrutiva: 1. Tamanho do cálculo; 2. Diâmetro da uretra; • Local de obstrução: 1. Novilhos castrados: flexura sigmoide (S peniano). • Patogênese: ruptura de bexiga ou uretra em 2 ou 3 dias. • Sinais clínicos: andar rígido e dor à pressão na região lombar, coice, pateamento, balançar de cauda, etc. 1. Obstrução incompleta da uretra: gotejamento de urina, podendo conter sangue; precipitados de cristais nos pelos e ao redor do orifício prepucial, postura de micção prolongada e dolorosa 2. Obstrução completa da uretra: inapetência, depressão e sinais de cólica (patear o abdômen); serpenteamento da cauda. • Prevenção: dieta: cálcio, cloreto e amônia e adiamento da castração. AMILOIDOSE • Definição: deposição de amiloide nos glomérulos renais, resultando em IRC com proteinúria e hipoproteinemia. Em bovinos, ocorre devido ao aumento de proteínas séricas em infecções bacterianas persistentes. • Sinais clínicos: edema ventral, diarreia crônica e perda de peso. • Palpação retal: rins uniformemente aumentados de volume. • Patogênese: geralmente há infecções bacterianas crônicas afetando esses animais, levando a amiloidose sistêmica, devido a produção de proteína amiloide, resistente a digestão proteolítica normal. A proteína, então, fica depositada nos glomérulos renais, causando aumento de volume e, consequentemente, danos no glomérulo. LESÕES EXTRARRENAIS DE UREMIA Lesão Mecanismo Edema Pulmonar Aumento da permeabilidade vascular Pericardite fibrinosa Aumento da permeabilidade vascular Gastrite ulcerativa e hemorrágica Secreção de amônia e necrose vascular Estomatites ulcerativas e necrótica Secreção de amônia na saliva e necrose vascular Trombose atrial e aórtica Lesão endotelial e subendotelial Anemia hipoplásica Aumento do metabolismo do cálcio e fósforo Mineralização de tec. moles Aumento do metabolismo do cálcio e fósforo Hiperplasia paratireoide Aumento do metabolismo do cálcio e fósforo
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