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POLÍTICA HITÓRIA E PODER

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POLÍTICA, HISTÓRIA E PODER 
 
Assim como hoje, a Política, e a história política, ligavam-se diretamente à idéia 
de Poder. E certamente o que os historiadores do século XIX estudavam de mais 
irredutível no seu trabalho historiográfico era o poder. Devemos, todavia, 
entender qual era o Poder que costumava a atrair a atenção dos historiadores 
naquele século. O elenco de objetos mais estudados pelos historiadores de então 
– guerras, vidas dos grandes homens, diplomacia, instituições políticas, relações 
do Estado com outras instituições como a Igreja, revoluções que afrontavam 
explicitamente o poder instituído – mostram que a perspectiva de poder que 
então imperava era sempre a do poder que emanava do Estado e das grandes 
instituições. O poder, na perspectiva abordada pelos historiadores do século XIX, 
parecia derivar sempre de um centro, ou então afrontá-lo como centro a ser 
destruído ou ocupado, no caso das guerras e revoluções que foram bem 
sucedidas ou que falharam nas suas tentativas de redefinir as relações de poder 
neste nível da grande política formalmente instituída. 
 
Logo veremos que esta perspectiva sobre o poder foi mudando a partir do século 
XX, uma vez que historiadores, antropólogos e cientistas políticos foram 
percebendo cada vez mais que os poderes se exercem e se expressam de 
múltiplas maneiras, além de não derivarem de um único centro oficial e de 
afetarem, em suas múltiplas instâncias, a vida social, os discursos, o imaginário, o 
cotidiano, o âmbito simbólico. O poder que emana do Estado e que é disputado 
entre estados e instituições, que aflora nas lutas e guerras conduzidas por 
grandes líderes e governantes ligados a estes estados e instituições, constituiria 
apenas uma pequena fração do poder, neste sentido ampliado. A ampliação da 
perspectiva acerca do que seria o poder, uma tarefa que coube aos historiadores 
e cientistas sociais do século XX, terminaria por permitir que se falasse mesmo 
em uma “nova história política” por oposição à velha história política que 
trabalhava apenas com as acepções mais tradicionais de poder. 
 
Por outro lado, se esta mesma história política que se fazia no século XIX 
precisou se transformar efetivamente para continuar existindo face aos novos 
objetos de estudo e às perspectivas mais complexas, devemos também lembrar 
que o século XX trouxe concomitantemente uma proliferação de novas 
modalidades historiográficas, como a história econômica, a história demográfica, 
a história cultural, a história das mentalidades, entre outras (BARROS, 2004: 9-
15). Os novos historiadores não estariam mais apenas interessados na política e 
no poder. Na última aula, tivemos oportunidade de examinar a história 
econômica, que surgiu como uma alternativa importante já na primeira metade 
do século XX. Nas próximas aulas, examinaremos também as demais alternativas 
que então surgiram, tais como a história cultural, a história das mentalidades, a 
história do imaginário. Além do Poder, os historiadores queriam também se 
orientar a partir de outros conceitos e aspectos, como a economia, a cultura, os 
modos de pensar e de sentir, a produção de imagens, a população, a cultura 
material. Desta maneira, se a noção de poder se ampliou, no mesmo movimento 
ela se situou com maior clareza em um quadro também constituído por outras 
noções de igual importância.

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