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PRÁTICAS E PROCESSOS DA CULTURA

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PRÁTICAS E PROCESSOS DA CULTURA 
 
Para além dos sujeitos e agências que produzem a cultura, estudam-se os meios 
através dos quais esta se produz e se transmite: as práticas e os processos. Por 
fim, a ‘matéria-prima’ cultural propriamente dita (os padrões que estão por trás 
dos objetos culturais produzidos): as “visões de mundo”, os sistemas de valores, 
os sistemas normativos que constrangem os indivíduos, os ‘modos de vida’ 
relacionados aos vários grupos sociais, as concepções relativas a estes vários 
grupos sociais, as idéias disseminadas através de correntes e movimentos de 
diversos tipos. Com um investimento mais próximo à História das Mentalidades, 
podem ser estudados ainda os modos de pensar e de sentir tomados 
coletivamente. Estes diversos objetos da História Cultural – distribuídos ou 
partilhados entre cinco eixos fundamentais (objetos culturais, sujeitos, práticas, 
processos e padrões) – têm constituído foco de interesses de vários historiadores 
do século XX. Abaixo, reproduzimos um quadro que procura sintetizar 
visualmente os objetos de estudo que costumam atrair a atenção e interesse dos 
historiadores culturais. 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crenças 
Normas de 
Conduta 
Sistemas Normativos e 
Repressivos 
Modos 
de Vida 
Consciências 
de Classe 
Idéias 
Sistemas Simbólicos 
Visões de Mundo 
Discursos e 
Representações 
Padrões 
Imagens 
O
b
j
e
t
o
s 
História do 
Imaginário 
História 
Antropológica 
Cultura 
Material 
Cultura 
Popular 
Cultura 
Letrada 
A
r
t
e 
Ciência 
Literatura 
Cotidiano 
P
ro
c
e
ss
o
s 
Fetichização da 
Cultura 
Carnavalização 
da Cultura 
Indústria Cultural 
Meios de Comunicação 
Educação e sistemas 
educativos 
Processos e 
Mecanismos de 
Comunicação 
(Produção e 
Recepção) 
Sujeitos e 
Agências 
Organizações 
sócio-culturais 
e religiosas 
Massas consumidoras 
Receptores 
Intelectuais 
(Produtores e 
mediadores culturais) 
Aspectos 
antropológicos Famílias 
Culturas das 
Minorias 
Alteridade 
Povos 
ágrafos 
Relações de parentesco 
Mitos 
Casamento 
Práticas 
Modos de 
pensar e 
de sentir 
História das Mentalidades Festas 
Rituais 
Atitudes 
Comemorações 
Formas de Protesto 
Tradições 
Teatro 
do Poder 
HISTÓRIA 
CULTURAL 
 
 
 
 
Quadro extraído do livro O Campo da História, de José D’Assunção Barros (2004: 60) 
A História Cultural tem permitido o desenvolvimento de diversos 
conceitos com vistas à operacionalização da pesquisa e reflexão nesta 
modalidade historiográfica. Conceitos já tradicionais como o de “ideologia”, ou 
conceitos originários de outras áreas de saber – como a noção de “imaginário”, 
que foi importada da psicologia – têm passado a integrar com freqüência cada 
vez maior o repertório conceitual dos historiadores que lidam com a cultura. De 
igual maneira, por vezes os próprios historiadores criaram novos conceitos para 
lidar com os objetos e temas relacionados à cultura. Nas próximas linhas, 
discorreremos sobre um par de conceitos que tem adquirido especial destaque 
neste campo de estudos: as práticas e representações. 
De acordo com este horizonte teórico, que tem entre os seus 
reafirmadores mais conhecidos os nomes de Roger Chartier (2002) e Michel de 
Certeau (1980), a Cultura (ou as diversas formações culturais) poderia ser 
examinada no âmbito produzido pela relação interativa entre estes dois pólos 
que foram denominados práticas e representações. Tanto os objetos culturais 
seriam produzidos “entre práticas e representações”, como os sujeitos 
produtores e receptores de cultura circulariam entre estes dois pólos, que de 
certo modo corresponderiam respectivamente aos ‘modos de fazer’ e aos 
‘modos de ver’. Rigorosamente falando, as práticas não se separam das 
representações, constituindo ambos os pólos uma unidade fluida e complexa 
que é substância da própria vida social. Mas a organização do pensamento a 
partir destas duas categorias tem permitido uma maior clareza, de modo que 
será imprescindível clarificar, neste passo, estas duas noções que hoje são de 
importância primordial para o historiador da cultura nas suas várias alternativas 
historiográficas.

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