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Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia

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Tópicos da psicologia relacionados ao 
direito e à criminologia
APRESENTAÇÃO
O ser humano se constitui enquanto sujeito na troca com o mundo. Cada indivíduo é único, pois 
experimentou sentidos e significados diferentes em sua vivência. Essa trajetória histórica e 
cultural reflete em seu comportamento, suas atitudes e seus juízos de valores. Dessa forma, 
quando esse indivíduo torna-se uma testemunha, ele não deixa de carregar toda essa "bagagem".
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá ver que entender o ser humano, de uma forma global, 
não fragmentada, e entender melhor o cenário apresentado por esse indivíduo em seu 
testemunho. Para isso, você irá conhecer alguns pontos importantes da Psicologia do 
Testemunho, como a diferença entre percepção e apercepção, as contribuições da Teoria Gestalt 
e suas relações com a psicopatologia.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Diferenciar percepção e apercepção sob a perspectiva da psicologia do testemunho.•
Identificar as contribuições da Gestalt para a psicologia do testemunho.•
Relacionar psicopatologia com psicologia do testemunho, com foco na percepção.•
DESAFIO
Ao ouvir/tomar um testemunho, você deve se atentar para as possíveis interferências que a 
percepção da testemunha possa ter sofrido. Com base nessas informações, analise a situação a 
seguir:
 
Ana estava a caminho da padaria, quando viu o vizinho dela ser assaltado do outro lado da rua, 
enquanto voltava do estabelecimento. Ela relata que, apesar de estar observando seu vizinho 
antes do ocorrido, lembra apenas da aproximação do assaltante e de quando ele estava em fuga, 
já perto da esquina. Como se nota, apesar de Ana ter visto todo o ocorrido, ela só lembra do que 
aconteceu antes e depois do assalto em si.
 
Diante desse cenário e considerando a noção de percepção, responda:
 
- Qual fato pode ter influenciado a percepção de Ana sobre o ocorrido?
 
- O fato de o assalto ter sido presenciado na parte da manhã pode influenciar no testemunho de 
Ana? 
 
- É comum a testemunha não se lembrar do que ocorreu entre o início e o fim do assalto?
INFOGRÁFICO
A Gestalt teve como principais articuladores os psicólogos Marx Wertheimer, Kurt Koffka e 
Wolfgang Köhler. A teoria originou-se na Alemanha, entre 1910 e 1912.
No infográfico a seguir, você irá ver como se dá o processo de percepção, um dos fundamentos 
da Teoria da Gestalt. 
CONTEÚDO DO LIVRO
O depoimento de uma testemunha sobre um fato está sujeito, principalmente, a três fatores: ao 
modo como essa testemunha percebeu o episódio; à maneira como sua memória o armazenou e 
o recordou e ao modo como esse fato pode ser exteriorizado. 
No capítulo Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia do livro Psicologia e 
Criminologia, você poderá ampliar seus conhecimentos sobre a percepção e apercepção sob a 
perspectiva da psicologia do testemunho. Além disso, poderá conhecer as contribuições da 
Gestalt para a psicologia do testemunho e suas relações com a psicopatologia.
Boa leitura.
PSICOLOGIA E 
CRIMINOLOGIA 
Eliane Dalla Coletta
Revisão técnica:
Caroline Bastos Capaverde
Graduada em Psicologia
Especialista em Psicoterapia Psicanalítica
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147
P974 Psicologia e criminologia [recurso eletrônico] / Eliane Dalla
Coletta... [et al.] ; [revisão técnica: Caroline Bastos 
Capaverde]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-464-9
1. Psicologia. 2. Direito penal. I. Dalla Coletta, Eliane.
CDU 159.9:343.1
Tópicos da psicologia 
relacionados ao direito 
e à criminologia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Diferenciar percepção e apercepção sob a perspectiva da psicologia 
do testemunho.
 � Identificar as contribuições da Gestalt para a psicologia do testemunho.
 � Relacionar psicopatologia e psicologia do testemunho, com foco na 
percepção.
Introdução
Como você percebe os fatos que ocorrem à sua volta? Todos percebem 
um mesmo fato de maneira idêntica? O ser humano se constitui enquanto 
sujeito na sua troca com o mundo. Cada indivíduo é único, pois experi-
mentou sentidos e significados diferentes em suas vivências ao longo da 
vida. Essa trajetória histórica e cultural se reflete em seu comportamento, 
suas atitudes e seus juízos de valor. Quando esse indivíduo torna-se uma 
testemunha, ele não deixa de carregar toda essa bagagem.
Neste capítulo, você vai ver que é importante compreender um ser 
humano de forma global, e não fragmentada. Dessa forma, é possível 
entender melhor o cenário apresentado por esse indivíduo em seu tes-
temunho. Para isso, você vai conhecer alguns pontos importantes da 
psicologia do testemunho, como a diferença entre percepção e aper-
cepção, as contribuições da teoria da Gestalt e as suas relações com a 
psicopatologia.
Percepção e apercepção sob a perspectiva 
da psicologia do testemunho
O depoimento de uma testemunha sobre um fato está sujeito principalmente 
a três fatores: ao modo como essa testemunha percebeu o episódio; à maneira 
como sua memória o armazenou e o recordou; e ao modo como esse fato pode 
ser exteriorizado. Quando você observa todo esse processo psíquico, não pode 
deixar de lado os fatores externos e internos que atuam sobre o indivíduo/
testemunha (AMBROSIO, 2010).
Segundo o poeta Juan Carlos Onetti (BENEDETTI apud TRINDADE; 
TRINDADE; MOLINARI, 1994, p. 78): “[...] os fatos são sempre vazios [...] 
são recipientes que tomarão a forma dos sentimentos que os preencherá”. 
Diante dessa premissa, é importante que você tente entender a diferença 
entre percepção e apercepção. Sob a perspectiva da psicologia do testemunho, 
quando alguém pergunta para outra pessoa qual sua percepção dos fatos, na 
verdade está questionando-a sobre a sua apercepção.
A percepção é uma condição neutra, sem desejo, sem memória e sem 
compreensão. Já a apercepção é carregada de vivências e valores individu-
ais, assim como da herança do passado. A apercepção é o modo especial e 
particular como cada um percebe a realidade. Ela é agregada das vivências, 
sentidos e significados, a ela as pessoas atrelam juízos de valor da sua bagagem 
existencial. Assim, a percepção pura só existe abstratamente, pois quando 
você recorda um fato/acontecimento, não há a dissociação entre a sensação da 
realidade percebida e a reação perceptiva daquela realidade. Para a psicologia 
do testemunho, toda percepção será sempre uma apercepção: realidade + valor 
(TRINDADE, 2017).
Alguns estudiosos, como Miotto (1995), estabeleceram diferenças entre 
realidade percebida e realidade apercebida, além de também estabelecerem 
contrapontos entre a chamada realidade percebida e a realidade imaginada. 
Segundo Trindade (2017, p. 178), “[...] a realidade percebida decorre de fatos 
gerados externamente, enquanto a realidade imaginada advém de fatos gerados 
internamente; portanto, nem sempre elas coincidem”.
Durante um testemunho, é possível identificar essas diferenças observando 
os pontos a seguir.
 � Fatos gerados externamente são caracteristicamente relacionados a:
 ■ maior informação contextual (espaço-tempo);
 ■ mais detalhes sensoriais (ruídos, gestos, gosto ou paladar, visão, 
etc.). 
Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia88
 � Fatos gerados internamente referem-se predominantemente a:
 ■ mais informações sobre a maneira de ver, de sentir e de reagir própria 
de cada pessoa (“penso que”, “tenho a impressão de que”, “para meu 
espanto”, “acho que”, etc.);
 ■ relatos que costumam ser mais longos, com maior número de palavras, 
nomeadamente adjetivos (expressões subjetivadas presas a fantasias 
sobre o acontecimento).
Quanto à veracidade e à credibilidade dos testemunhos, existem estudos que 
mostram que há crenças comuns sobre os tipos de testemunha. Por exemplo, as 
crianças, as mulheres, os estrangeiros, os negros e todosaqueles que tiveram 
de sofrer muito por sua particularidade são, geralmente, tidos como melhores 
observadores do que aqueles cuja personalidade se desenvolveu sem maiores 
esforços (TRINDADE, 2017).
É possível haver efeitos de contexto. Considere, por exemplo, um sujeito vendo a 
reação de um casal em uma briga na saída de uma festa. Uma pessoa está calma 
enquanto a outra grita e gesticula. O entendimento da situação pode ser de que a 
pessoa calma tenha feito alguma coisa de errado, mesmo que essa não seja a real 
situação.
As contribuições da Gestalt para a psicologia 
do testemunho
A teoria da Gestalt é tida por diversos estudiosos como uma das vertentes 
teóricas mais coerentes e com uma das bases mais consistentes da história 
da psicologia. Originou-se na Alemanha, entre 1910 e 1912, e teve como 
articuladores os psicólogos Marx Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang 
Köhler. Conhecida também pelos nomes de teoria da forma, gestaltismo, 
psicologia da boa forma e leis de Gestalt, a psicologia da Gestalt de-
fende que para se compreenderem as partes é preciso antes compreender 
o todo. 
A percepção é um dos temas fundamentais dessa teoria. Experimen-
tos com a percepção levaram os teóricos da Gestalt a questionarem um 
89Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia
princípio implícito na teoria behaviorista (que há relação de causa e efeito 
entre o estímulo e a resposta), já que, para eles, entre o estímulo fornecido 
pelo meio e a resposta do indivíduo, está o processo de percepção. Assim, 
o que o indivíduo percebe e como percebe são dados importantes para a 
compreensão do comportamento humano (FURTADO; BOCK; TEIXEIRA, 
1999). 
Apesar de o gestaltismo e o behaviorismo comumente definirem a psicologia 
como estudo do comportamento, as teorias são discordantes na posição que 
assumem com relação ao comportamento enquanto objeto de estudo. O behavio-
rismo preza pela objetividade, centraliza seu foco na relação estímulo-resposta 
e a isola, deixando de lado a consciência humana, por considerar impossível 
o controle de diversas variáveis. Já para teoria da Gestalt, o comportamento 
humano, quando estudado de forma isolada, pode perder o seu significado, 
pois deixa de envolver um contexto mais amplo.
Assim, a Gestalt preconiza que devem ser observados os aspectos globais 
do comportamento, levando em consideração as condições que alteram a 
percepção do estímulo. A justificativa para essa premissa é baseada na teoria 
do isomorfismo, que supõe que o universo é uma unidade, em que a parte 
sempre está relacionada com o todo. 
Os pesquisadores se basearam nos estudos psicofísicos, buscando rela-
cionar a forma e a sua percepção. Os primeiros experimentos foram com 
relação à percepção e à sensação de movimento. Eles buscaram entender os 
processos psicológicos envolvidos na ilusão de óptica, quando o estímulo 
físico percebido pelo indivíduo possui uma forma diferente da que corres-
ponde à realidade.
A boa forma
Quando você vê apenas parte de um objeto, tem a tendência a restaurar o 
equilíbrio da forma, certificando o entendimento do que está percebendo, não 
é? Isso acontece porque no processo de percepção as pessoas são levadas a 
buscar o fechamento, a simetria e a regularidade dos pontos que compõem 
uma figura ou objeto. Concentre-se na Figura 1, a seguir.
Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia90
Figura 1. Afro-americano, de Pavlo Tereshin.
Fonte: Tereshin ([2014]).
A Figura 1 trata-se de um estímulo ambíguo. Normalmente, o que se vê de 
imediato é a meia face de um homem de frente. Contudo, se você observar mais 
atentamente, pode ver também o rosto de um homem de perfil. Isso demonstra 
que, mesmo em condições ideais, a percepção pode variar de indivíduo para 
indivíduo, de ocasião para ocasião, pois ela é afetada de inúmeros jeitos e por 
diferentes acontecimentos e situações.
91Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia
A maneira como se distribuem os elementos que compõem a Figura 1 
não denota equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade o bastante para 
garantir a boa forma, pois não supera a ilusão de óptica. Agora veja mais um 
exemplo na Figura 2, a seguir.
Figura 2. Relação entre a figura e o fundo.
Fonte: Pio3/Shutterstock.com.
Na Figura 2, você pode identificar a relação figura-fundo. Ela acontece 
pois as pessoas tendem a buscar a boa forma. Quando mais clara a boa forma 
estiver, maior a separação entre a figura e o fundo. Nesse caso, o fundo e 
a figura se substituem dependendo da percepção de quem olha, não sendo 
possível ver os perfis e a taça ao mesmo tempo.
A teoria da Gestalt utiliza os fundamentos desses fenômenos para tentar 
compreender o comportamento humano. Segundo Furtado, Bock e Teixeira 
(1999, p. 79), “[...] a maneira como percebemos um determinado estímulo irá 
Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia92
desencadear nosso comportamento”. Os comportamentos têm uma relação 
íntima com os estímulos físicos, sendo isso esperado porque as pessoas com-
preendem o ambiente de acordo com sua realidade. É comum, por exemplo, 
uma pessoa confundir alguém que viu de longe com um amigo. Nesse caso, 
um erro de percepção leva à confusão, mas na hora de chamar o desconhecido 
a pessoa estava de fato chamando um amigo. O ambiente pode mediar a forma 
como as pessoas interpretam o conteúdo recebido. 
Meio geográfico e meio comportamental
O comportamento é determinando pela percepção do estímulo e é submetido à 
lei da boa forma. Já o conjunto de estímulos determinantes do comportamento 
é denominado meio ou meio ambiental, que é dividido em dois: o geográfico 
e o comportamental. Você pode compreender o meio geográfico como o meio 
físico que se apresenta na realidade, sua forma objetiva. Já o meio compor-
tamental é aquele resultante da interação do sujeito com o meio físico e da 
interpretação que faz dele, realizada por meio das forças que comandam a 
percepção (equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade). 
No último exemplo, a pessoa chamada era uma desconhecida, o que 
deveria ser um dado percebido se você levar em consideração somente o 
meio geográfico. Contudo, no momento em que a pessoa foi chamada, o 
cenário provocou uma interpretação diferente da realidade, e aquele que 
chamou o desconhecido acabou confundindo-o com um amigo. Possivel-
mente, a semelhança entre a pessoa conhecida e a estranha causou o equí-
voco. Essa momentânea perspectiva do meio, criada pela mente, é o meio 
comportamental. É essa tendência a juntar os elementos ou, no exemplo, as 
semelhanças entre as duas pessoas que a teoria gestaltista chama de força 
do campo psicológico.
Campo psicológico 
Para compreender melhor a noção de boa forma, é importante você conside-
rar, sob uma perspectiva relacional, a ideia de campo psicológico. O campo 
psicológico, assim, pode ser compreendido como:
[...] um campo de força que nos leva a procurar a boa forma. Funciona figu-
rativamente como um campo eletromagnético criado por um ímã (a força de 
atração e repulsão). Esse campo de força psicológico tem uma tendência que 
garante a busca da melhor forma possível em situações que não estão muito 
estruturadas (FURTADO; BOCK; TEIXEIRA, 1999, p. 81).
93Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia
Esse processo ocorre de acordo com alguns princípios. Para que você possa 
entender como a percepção é importante, vai ver alguns exemplos desses 
princípios e de suas organizações na Figura 3, a seguir.
Figura 3. Teoria da Gestalt.
Fonte: Psicologia... (2018).
Agora, veja a seguir o que pode ser pensado a partir da observação da 
Figura 3, considerando a influência de ascendentes e descendentes.
1. Unidades: as pessoas tendem a observar a palavra como um todo, 
contudo percebem que ela é formada por letras de diferentes estilos e 
que, mesmo assim, é possível compreender o seu conjunto, entendendo 
o que está escrito.
2. Unificação: pode ser um único elemento,que se encerra em si, ou parte 
de um todo. Mesmo que a letra “G” seja formada por três elementos, 
esses elementos compõem parte do todo. 
3. Fechamento: a interpretação visual naturalmente tende a fechar imagens 
abertas ou vazadas. As pessoas veem a letra “G” por completo, mesmo 
ela estando vazada.
4. Proximidade: os elementos próximos no tempo ou no espaço tendem 
a ser percebidos juntos. Você tende a ver a letra “E” por inteiro, e não 
os quadrados que separadamente a compõem.
Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia94
5. Continuidade: as pessoas percebem a fluidez da forma sem interrup-
ções, a mente prevê o movimento da forma. A tendência é seguir de 
forma fluida a imagem da letra “S”, por exemplo.
6. Semelhança: quando você vê objetos com atributos similares, eles 
tendem a ser vistos como pertencentes a uma mesma estrutura. As 
duas letras “T” tendem a serem vistas como pertencentes a um mesmo 
grupo. 
7. Segregação: é a capacidade de separar, identificar, evidenciar ou des-
tacar unidades formais em um todo compositivo ou em partes desse 
todo. As pessoas tendem a ver as letras “A” e “L” como uma unidade 
não pertencente às demais e ao mesmo tempo parte do todo.
Esses fenômenos de reconhecimento da estrutura das formas são in-
fluenciados por processos ascendentes e descendentes. Por isso, a percepção 
muda quando está em jogo uma situação normal, como quando as pessoas 
fazem uma leitura calmamente, e quando ocorrem situações anormais, em 
que há maior intensidade, como um acidente de carro, um homicídio ou outra 
circunstância de estresse (TRINDADE, 2017). É diferente a percepção de 
um indivíduo tranquilo e alimentado daquela de alguém que está com sede, 
com fome e realizando uma atividade por diversas horas seguidas. Por isso, 
todos os aspectos devem ser levados em consideração tanto no momento de 
testemunhar os fatos perante o juiz, em uma audiência, como também pelo 
magistrado quando da sua tomada de decisão.
A teoria gestaltista contribui, portanto, com a psicologia do testemunho. 
Ela tem o intuito de demonstrar que o comportamento deve ser estudado nos 
seus aspectos mais globais, levando em consideração as condições que alteram 
a percepção do estímulo.
Será que as pessoas percebem tudo ao seu redor? O vídeo Whodunnit? corresponde 
a um teste de percepção realizado em uma campanha publicitária inglesa. Nele, você 
pode observar como a sua percepção pode ser limitada. Confira no link a seguir.
https://goo.gl/9oePhK
95Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia
Psicopatologia e psicologia do testemunho
Normalmente, a psicologia do testemunho é ligada à memória. Contudo, essa 
é uma noção limitada, visto que a relação do indivíduo com o meio é dada 
de diversas outras formas. Quando o testemunho é apresentado, ele não se 
restringe apenas à memória dos fatos. 
Anteriormente, você viu a importância da percepção para o esclarecimento 
dos fatos e o quanto ela é pessoal. Um dos fenômenos psíquicos mais impor-
tantes para a psicologia do testemunho, quando se fala em psicopatologias, é a 
sensopercepção. A sensopercepção é o fenômeno pelo qual a sensação se faz 
consciente. Ela é o conjunto dos estímulos sensoriais (audição, visão, gustação 
e olfato) e da percepção. Em suma, é possível dizer que a sensopercepção “[...] 
é a capacidade de perceber e interpretar os estímulos que se apresentam aos 
órgãos dos sentidos” (TRINDADE, 2017, p. 84).
A sensopercepção pode ser afetada por problemas e sofrer prejuízos. As 
distorções na sensopercepção podem fazer uma pessoa ver coisas que não 
existem, como ver sangue em suas roupas ou objetos voando pelo cômodo. 
Essas sensações são resultado de alucinações, que geralmente são um sintoma 
acompanhado de quadros de natureza psicótica.
A seguir, você pode ver como ocorrem as principais alterações da 
sensopercepção.
 � Hiperestesia: sensibilidade exacerbada dos diferentes sentidos dada 
pelo aumento anormal das percepções. Por exemplo: as cores parecem 
mais vivas, os cheiros mais apurados. Pode ocorrer em casos de into-
xicação por alucinógenos, esquizofrenia, entre outros.
 � Hipoestesia: diminuição da magnitude das percepções, estímulos 
sensoriais menos intensos que a realidade. Normalmente ocorre em 
estados depressivos e melancólicos.
 � Analgesia: perda de sensibilidade de partes determinadas do corpo.
 � Alucinação: é a percepção de um objeto sem a presença do objeto 
real; logo, é uma percepção sem objeto. A alucinação pode ser auditiva 
(chiados, ruídos, vozes, etc.), visual (clarões, vultos, monstros, etc.), 
tátil (sentir bichos caminhando pelo corpo, etc.), olfativa/gustativa 
(sentir cheiro ou gosto de vômito), cenestésica (sentir que o pulmão 
está esvaziando, etc.), cinestésica ou motora (sentir que a perna está 
afundando, etc.) ou sinestésica (ouvir pelos olhos, etc.).
Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia96
 � Alucinose: consiste em perceber a alucinação como algo estranho. Por 
exemplo: o indivíduo vê um objeto, mas seu senso crítico lhe diz que 
ele não existe.
 � Agnosia: é um distúrbio da percepção que leva um sujeito a não reco-
nhecer indivíduos, elementos ou situações que anteriormente lhe eram 
familiares. Por exemplo: ver um livro e não conseguir reconhecer o 
que vê.
A alucinação, diferente da ilusão, não é apenas uma visão equivocada de 
algo. Por isso, pessoas com a sensopercepção afetada por essa condição teriam 
dificuldades em testemunhar os fatos. Imagine o quanto o testemunho de uma 
pessoa nessas condições poderia confundir o juiz e causar prejuízos para as 
partes do processo e para a busca da justiça.
AMBROSIO, G. Psicologia do testemunho. Revista Direito Econômico e Socioambiental, 
v. 1, n. 2, jul. 2010. Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/direito
economico?dd1=5045&dd99=view&dd98=pb>. Acesso em: 5 jun. 2018.
FURTADO, O.; BOCK, A. M. B.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo 
de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
MIOTTO, N. G. Psicología del testimonio. In: CONGRESO IBEROAMERICANO DE PSI-
COLOGÍA JURÍDICA, 1. 1995. Anais... Santiago de Chile, 1995.
PSICOLOGIA e publicidade. 2018. Disponível em: <http://www.yooubrasil.com.
br/2018/04/06/psicologia-e-publicidade/>. Acesso em: 5 jun. 2018.
TERESHIN, P. African american. [2014]. Disponível em: <https://society6.com/product/
african-american-b97_print>. Acesso em: 5 jun. 2018.
TRINDADE, J. Manual de Psicologia jurídica para operadores do direito. 8. ed. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2017.
TRINDADE, J.; TRINDADE, E. K.; MOLINARI, F. Psicologia judiciária: para a carreira da 
magistratura. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.
97Tópicos da psicologia relacionados ao direito e à criminologia
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
DICA DO PROFESSOR
O hábito! Fator que influencia a percepção de um acontecimento e as condições habituais que 
podem interferir em nossa percepção.
Nesta Dica do Professor, você verá como e porque isso acontece.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
 
EXERCÍCIOS
1) Para a Teoria Gestalt, o processo de percepção está:
A) Entre a visão e o estímulo que o meio fornece.
B) No final do processo de assimilação.
C) Entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo.
D) No início da linha de raciocínio.
E) Entre a sensação e a memorização.
2) De acordo com a psicologia do testemunho, a apercepção é:
A) Um modo de sentidos e significados atrelados ao futuro.
B) Um sentimento generalista atribuído ao ser humano.
C) Isenta de juízos de valor.
D) Uma condição neutra.
E) O modo como cada indivíduo percebe a realidade.
3) Vimos que a sensopercepção pode ser afetada de diversas maneiras, quando um 
indivíduo diz que viu melhor a cena do fato porque seu corpo estava "flutuando", é 
provavel que eleestivesse tendo uma:
A) Hipoestasia.
B) Alucinação cenestésica.
C) Alucinação cinestésica.
D) Alucinação sinestésica.
E) Alucinose.
4) De acordo com os pressuspostos da Teoria da Gestalt, pode-se afirmar que as partes 
podem proporcionar uma real compreensão do todo?
A) Sim, pois as partes formam o todo.
B) Sim, pois o todo não é diferente das partes.
C) Não, pois o todo é diferente da soma das partes.
D) Não, pois as partes não são reais.
E) Não, pois as partes não formam o todo.
5) Podemos definir a sensopercepção como:
A) Valores somados à realidade.
B) Percepção somada à ilusão.
C) Realidade somada ao valor.
D) Conjunto de estímulos sensoriais e a percepção.
E) Efeito entre estímulo e resposta.
NA PRÁTICA
Algumas dicas são valiosas na prática do dia a dia dos profissionais que trabalham com a 
psicologia do testemunho. A escolha ou a exploração de uma testemunha-chave pode fazer toda 
a diferença diante do tribunal do júri, por exemplo.
 
Veja a seguir o caso de Lígia, advogada, procurada pela família de uma mulher acusada de ter 
assassinado seu companheiro. Em seguida, observe a forma como Lígia analisa o contexto.
 
Ao ler o processo, Lígia se depara com o seguinte caso:
 
Jussara, depois de um dia cansativo de trabalho, chegou em casa e encontrou Isaac, seu 
companheiro, embriagado. Após muito discutirem, os dois saíram para o quintal localizado na 
frente da casa. A vizinha, uma idosa de 70 anos, chamou a polícia enquanto observava tudo pela 
janela acompanhada de sua nora. Quando os policiais chegaram, o casal estava em luta corporal. 
Mesmo com um dos policiais pedindo que os dois parassem, Jussara empurrou Isaac sobre o 
canteiro de flores. Ele bateu a cabeça em um vaso grande de barro, vindo a sofrer traumatismo 
craniano e, posteriormente, a falecer.
 
Com base nos estudos de psicologia do testemunho, veja na ilustração a seguir a forma como 
Lígia analisa o caso: 
 
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
A credibilidade do testemunho: a verdade e a mentira nos tribunais
Leia esta dissertação de mestrado e entenda sobre os processos do Princípio da Livre Apreciação 
da Prova.
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Avanços científicos em psicologia do testemunho aplicados ao reconhecimento pessoal e 
aos depoimentos forenses
O artigo mostra pesquisas com enfoque empírico e interdisciplinar sobre temas de grande 
relevância, contribuindo para a ampliação e o aperfeiçoamento da participação social no debate 
sobre políticas públicas.
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O juiz e a psicologia do testemunho
Leia o artigo e compreenda o conceito de psicologia do testemunho.
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