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Obtido por meio de células do tipo Linfócitos B, os anticorpos são proteínas estudadas há vários anos, responsáveis pela resposta imune humoral contra diferentes patógenos. O potencial terapêutico que essa molécula vem ganhando nos últimos anos com o desenvolvimento de anticorpos monoclonais impulsionou esse ramo da imunologia. Contudo, quanto ao seu surgimento, esses anticorpos monoclonais, quando usados de forma contínua nos pacientes, eram inativados ou causavam reações adversas, como quadros de hipersensibilidades, tudo em função da sua origem. Qual seria o problema relacionado à origem da formulação dos anticorpos monoclonais que durante algum tempo deixou limitada a sua utilização terapêutica em alguns casos? Como foi contornado esse problema com os anticorpos monoclonais utilizados atualmente? As hibridomas são linhagens de células que têm a função de produzir uma grande quantidade de anticorpos específicos, formados pela “fusão” entre linfócitos B selecionados com células de mieloma (tumores de linfócitos B), constituindo uma célula híbrida que será reproduzida em culturas celulares de forma constante. Essas hibridomas são produzidas a partir da imunização de um camundongo com algum antígeno-alvo. Para ocorrer a fusão entre as células do baço e do mieloma, adicionam-se compostos químicos, como polietilenoglicol, sendo as células cultivadas em um meio que permite somente o crescimento das células híbridas. Para a separação das células híbridas das demais células, utiliza-se o meio HAT. É a partir dessas células que se obtêm anticorpos monoclonais, ou seja, anticorpos derivados de uma única célula híbrida. Essas células híbridas têm a capacidade de produzir grandes quantidades de uma mesma imunoglobulina. Atualmente, anticorpos monoclonais são utilizados em várias situações clínicas, como na imunossupressão relacionada a transplantes de órgãos, tratamento de doenças autoimunes, tratamento de câncer e prevenção de doenças infecciosas. Embora sua descoberta tenha trazido avanços na área médica, suas aplicações terapêuticas em humanos apresentam restrições, pois como são anticorpos de origem murina (camundongos), apresentam elevada imunogenicidade relacionada, limitando o seu uso apenas a testes in vitro. Foi a partir dessas pesquisas que se desenvolveram anticorpos quiméricos (recombinantes). Esses anticorpos são formados pela fusão entre os genes que codificam as cadeias leves e pesadas presentes nas regiões variáveis (Fab) dos anticorpos murinos, com os genes relacionados à codificação da região variável (Fc) do anticorpo humano. Com o objetivo de tornar o anticorpo o mais “humanizado” possível, protocolos experimentais foram utilizados para torná-las imunoglobulinas mais próximas das particularidades da molécula humana. Assim, anticorpos “humanizados” são obtidos a partir da recombinação genética, pela qual as regiões determinadoras de complementariedade (CDR) dos genes humanos são substituídas pelo equivalente murino. Essa molécula teria maior similaridade com as imunoglobulinas humanas, gerando baixa ou nenhuma reação. Vale destacar que o desenvolvimento das técnicas de DNA recombinante permitiu o desenvolvimento de moléculas recombinantes de anticorpos artificiais que se comportam de forma idêntica ao anticorpo original. Os anticorpos recombinantes são normalmente produzidos na forma de fragmentos polipeptídicos que preservam o parátopo do anticorpo original. A utilização de anticorpos monoclonais como tratamento iniciou-se na década de 1980, contudo, o mercado farmacêutico apresentou maior interesse após a década de 1990. A produção de anticorpos quiméricos, seguidos pelos humanizados e depois os totalmente humanizados, vem aumentando as vendas mundiais. Uma das grandes vertentes do mercado farmacêutico relacionado à utilização de anticorpos monoclonais está em sua utilização para o tratamento contra o câncer. No entanto, apesar de recente, a terapia à base de anticorpos monoclonais atingiu sucesso considerável nos últimos anos, uma vez que os produtos biológicos, alvos específicos, se mostraram efetivos para o tratamento de doenças malignas hematológicas e de alguns tumores sólidos. Esses anticorpos monoclonais têm sua utilização essencialmente na área da oncologia, das doenças autoimunes e das patologias inflamatórias graves. Além disso, por serem muito específicos, com elevada afinidade para detecção de inúmeros antígenos, são utilizados também na confecção de kits de diagnóstico, particularmente em ensaios imuno-histoquímicos. Da mesma forma, anticorpos monoclonais também podem ser utilizados como biossensores, que são denominados imunossensores, com potencial no diagnóstico clínico. Dessa forma, um imunossensor é um tipo de biossensor baseado na reação imunológica, sendo que o antígeno ou anticorpo é imobilizado na superfície do transdutor. O potencial dos imunossensores é considerado promissor, principalmente na área diagnóstica.
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