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Ian Dondoni | Gastroenterologia | Medicina Ufes PANCREATITE CRÔNICA PÂNCREAS EXÓCRINO NORMAL • Formado classicamente pelas células acinares, lóbulos e ductos • Função: produção de enzimas digestivas e suco pancreático • Pâncreas endócrino: Ilhotas de Langerhans produzem os hormônios • Pâncreas exócrino e endócrino – população de células progenitoras comuns. • Pâncreas exócrino: várias enzimas essenciais para o processo digestivo. o Rigidamente regulado pelo sistema neuroendócrino (onde entra em ação a colecistoquinina, acetilcolina e a pancreozimina sendo tudo definido pelo sistema vago) o Responsável por 90% da massa pancreática • O pâncreas é morfologicamente maduro no nascimento, mas maturidade funcional alcançada somente no desmame. PRINCIPAIS TIPOS CELULARES ENCONTRADOS NO PÂNCREAS • Acinares: responsáveis pela produção de grãos de zimogênio. • Centroacinares: conduzem água e bicarbonato que vão junto com um grupo de enzimas fazer parte do suco pancreático. • Ductais: formam os pequenos ductos. • Ilhotas de Langerhans (1-2%): formam todo o ducto restante. o Insulina (célula β), Glucagon (célula α), Somatostatina e Polipeptídeo Pancreático • Células estrelares: células especiais que podem ser responsáveis pela pancreatite crônica • Interstício: vasos sanguíneos, vasos linfáticos, nervos e estroma. Ian Dondoni | Gastroenterologia | Medicina Ufes SECREÇÃO PANCREÁTICA • Líquido claro, 97% água e eletrólitos e 3% de proteínas. • Proteínas: protease (80%), amilase (7%), lipase (4%) e nuclease (1%). • A correta absorção de nutrientes depende não só das enzimas pancreáticas, mas também dos sais biliares e de uma mucosa intestinal intacta. • Quando não há lipídios, não consegue fazer a absorção correta e, com isso, uma grande quantidade de lipase é inativada. • Quadro clínico de Insuficiência Pancreática Exócrina (IPE) o Esteatorreia – aumento nas evacuações diárias, com fezes gordurosas e volumosas, difícil de limpar, 2 a 3 vezes ao dia, principalmente após refeições com alto teor de gordura. Pode não ser sintoma diário. o Perda de peso. o Anorexia. PANCREATITE CRÔNICA • Necessário fatores genéticos e ambientais. • Causas: tóxicos (álcool e fumo), anormalidades metabólicas, mecanismos idiopáticos, genética, resposta autoimune e mecanismos obstrutivos. • Fisiopatologia: lesão da célula acinar em resposta ao estresse acinar, disfunção do ducto e alteração neuroimune. • Caracterizada por inflamação contínua do pâncreas e perda progressiva endócrina e exócrina, por atrofia e/ou substituição do tecido normal por fibrose. • A gênese da pancreatite crônica são as células estrelares pancreáticas. CLASSIFICAÇÃO DE MARSELHE-ROMA, 1988 IPMN = Neoplasia mucinosa intraductal. Islet cell tumour = tumores endócrinos. Tipo 1 – relacionada a doença do IgG4 Tipo 2 – relacionado a Doença inflamatória intestinal. Ian Dondoni | Gastroenterologia | Medicina Ufes FISIOPATOLOGIA DA PANCREATITE CRÔNICA → Células estrelares. • Pancreatite crônica: lesão onde você já tem alteração morfológica advinda de fibroblastos que são decorrentes da ativação de células estrelares pancreáticas. PANCREATITE CRÔNICA E HEPATOPATIA ALCOÓLICA CLÁSSICO – DUAS DOENÇAS SÃO RARAS DE COEXISTIREM Ian Dondoni | Gastroenterologia | Medicina Ufes PANCREATITE AUTOIMUNE TIPO I E II MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA PANCREATITE CRÔNICA • Dor abdominal: ocorre em quadro episódicos de dor abdominal de forte intensidade que duram 2- 3 dias que estão relacionados a ingestão alcoólica, depois de 2 anos repete-se e depois com o passar do tempo vai aumentando o tempo de dor e diminuindo o intervalo entre as crises. Quando acaba a dor é porque acabou o pâncreas. • Derrame cavitário: consideramos derrame cavitário quando a amilase do líquido que puncionamos está acima da amilase sanguínea. • Hemorragia digestiva: acontece quando se tem pseudoaneurisma e ele se rompe e, com isso, você tem a hemorragia digestiva que a endoscopia é normal porque não se tem lesão nenhuma no trato digestivo. Ian Dondoni | Gastroenterologia | Medicina Ufes EXAME FÍSICO • Perda de peso, perda de massa muscular interóssea e falta de gordura subcutânea. • Leuconíquia ungueal. • Deficiência de vitaminas lipossolúveis (ADEK): o Equimoses (deficiência de vitamina K) o Ataxia e neuropatia periférica (deficiência de vitamina E) o Cegueira noturno e xeroftalmia (deficiência de vitamina A) o Contração ou espasmos musculares, osteomalácia e osteoporose (hipocalcemia) DIAGNÓSTICO • Precoce: um desafio (sintomas sutis) • Diagnóstico por imagem: tardio • Diagnóstico com testes indiretos: tardio e difícil • Estágios avançados: fibrose variável e calcificação do parênquima pancreático; dilatação, distorção e estreitamento dos ductos pancreáticos; pseudocistos; estreitamento do ducto biliar intrapancreático; estreitamento do duodeno; trombose mesentérica superior, portal e/ou da veia esplênica. Colangiopancreatografia retrógrada. TESTES DE FUNÇÃO PANCREÁTICA Ian Dondoni | Gastroenterologia | Medicina Ufes CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE PC • Critérios principais o Achados de imagem definidos e o Achados patológicos definidos. • Critérios menores o Dor abdominal superior repetida; o Amilase sanguínea anormal; o Insuficiência exócrina pancreática; o Insuficiência endócrina pancreática; o Mutações patogênicas; o Histórico de alcoolismo. ESTÁGIOS CLÍNICOS DA PC • O estágio 4 não tem mais dor porque não tem mais o pâncreas para inflamar e causar dor, só tem cicatriz que não dói mais INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA ENDÓCRINA (Diabetes causado pela pancreatite crônica – DIABETES TIPO III) • Ocorre de 40 a 70% das pancreatites crônicas • Diabetes insulinodependentes → tratamento com insulina • Somente na fase inicial é que o antidiabético oral – aqueles que incrementam a secreção pancreática de insulina (sulfonilureias e glinidas) podem fazer efeito. • Não se usa Metformina. • Raramente ocorre cetoacidose. • Frequente hipoglicemia. • Terapia com insulina e dieta. COMO AVALIAR UM PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA OBS.: o colesterol aqui é baixo! Sinais de desnutrição! Ian Dondoni | Gastroenterologia | Medicina Ufes CONDUTA NA INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA ENDÓCRINA (IPE) • Produtos disponíveis: mistura de amilase, lipase e protease – derivadas do pâncreas suíno • Lipase: mais importante enzima a ser resposta – mal compensada por mecanismos extrapancreático • Lipase: alta sensibilidade ao ácido – desnaturada no estômago. • Preparações administradas como minimicroesferas com revestimento entérico. DIETA PARA O PACIENTE COM PANCREATITE CRÔNICA • Lembrar sempre que é um desnutrido. • Lipídios – 30 a 40% das calorias. • Proteínas – 1,0 a 1,5 g/kg/dia • Reposição de vitaminas lipossolúveis • Reposição de vitamina B12 • Antioxidantes CASO CLÍNICO DA ENFERMARIA PONTOS PRÁTICOS • Todo paciente com insuficiência pancreática exócrina (IPE) deve ser tratado com reposição de enzimas, independente do grau de esteatorréia e má-digestão. • Dose recomendada: 25000 a 75000 U de lipase nas principais refeições e 10000 a 25000 U nos lanches, dependendo da ingestão de gordura. • Seguir a dieta é essencial ao tratamento, observando que não deve restringir lipídios de forma agressiva. • Clinicamente a IPE ocorre quando 90% da função está perdida. • Avançada IPE apresenta déficit de vitamina ADEK, Ca, Mg, Folato e Zinco. • Risco de osteoporose. • Aumento do risco cardiovascular (diminui fatores protetores), independente do estilo de vida. • Detecção precoce e tratamento efetivo IPE diminui morbidade e mortalidade Ian Dondoni | Gastroenterologia | Medicina Ufes IMPORTÂNCIA DE ENTENDER A PANCREATITE CRÔNICA • É uma doença negligenciada. • 70 a 90% são alcoolistas.• Outras causas de Pancreatite crônica são pouco suspeitadas por profissionais da saúde. • O diagnóstico precoce de Pancreatite Crônica é difícil. • Para efetiva ação da enzima pancreática é necessário alimentação com lipídios. • A desnutrição ocorre muito antes da esteatorreia. • Déficits de oligoelementos (vitaminas e minerais) e a geração de radicais livres, comprometendo a saúde. • É elevado o risco de osteoporose e fraturas. • Existe um aumento do risco cardiovascular (diminuição de fatores protetores para as artérias), independente do estilo de vida. CONCLUSÃO • PC representa ampla gama de doenças inflamatórias progressivas do sistema exócrino do pâncreas • PC ainda é uma doença pouco compreendida. Ainda existem muitas controvérsias. • Importante entender a contribuição do tabagismo na gênese da PC. • Fatores genéticos são importantes, porém maiores estudos são necessários. • Compreender estes fatores poderá predizer os riscos e desenvolver estratégias de prevenção.
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