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1 Flávia Demartine Doença arterial coronariana INTRODUÇÃO 1- A doença cardiovascular, incluindo uma de suas principais formas de apresentação, a doença arterial coronariana (DAC), permanece com uma das principais doenças do nosso século por sua morbidade e mortalidade. 2- Dietas ricas em lipídios e calorias, aliadas ao sedentarismo, tabagismo, resistência à insulina e o envelhecimento populacional, promovem o desenvolvimento da aterosclerose, aumentando progressivamente o impacto epidemiológico dessa doença. FATORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS Historia familiar de coronariopatia Idade > 60anos Sexo (Homem e Mulher na pós menopausa) Etnia (negros) MODIFICÁVEIS Dislipidemia Hipertensão arterial sistêmica Diabetes mellitus Tabagismo Diminuição dos níveis de estrogênio Obesidade Estresse Sedentarismo FISIOPATOLOGIA A aterosclerose coronariana é uma doença crônica que evolui silenciosamente ao longo do tempo e pode eventualmente resultar no desenvolvimento de uma placa vulnerável. Capa fibrosa fina: maior facilidade de rompimento. A ruptura ou a erosão dessa placa vulnerável expõe o material trombogênico (conteúdo lipídico da placa, colágeno e matriz extracelular subendotelial) que desencadeia a formação de trombo sobrejacente acarretando em um quadro: ➔ Sem isquemia ou infarto (evento silencioso): ocorrerá a regeneração e cicatrização da placa, associado com uma progressão mais rápida para estenose podendo acarretar um quadro de angina estável. ➔ Com isquemia e/ou infarto: ocorrerá SCA, mas a duração (transitória ou permanente) e a gravidade (oclusão coronariana total ou subtotal) vão determinar seus diferentes tipos (IAMCSST, IAMSSST e AI) que compartilham de uma via fisiopatológica comum. Os fatores que determinam se a ruptura da placa vai acarretar em um evento agudo ou não, estão relacionados a característica da placa e do paciente (trombogenicidade, 2 Flávia Demartine sistema fibrinolítico endógeno, inflamação sistêmica, SCA prévia entre outros). A maioria dos quadros de SCA evoluem de placas não obstrutivas silenciosas (não dão sintomas de isquemia e não são detectadas em exames) que de repente se tornam sintomáticas. ANGINA ESTÁVEL • Refere-se ao desconforto no peito que ocorre de forma previsível e reprodutível em um certo nível de esforço ou estresse emocional que é aliviada com repouso ou nitroglicerina, devido a uma incompatibilidade entre o suprimento e a demanda de oxigênio pelo miocárdio. • A isquemia miocárdica e a hipóxia na angina estável são causadas por um desequilíbrio transitório entre o suprimento sanguíneo e a demanda metabólica. • Tem como principal diagnóstico diferencial a angina instável, que possui duração maior e é desencadeada por esforços menores ou até mesmo em repouso. Fatores relacionados a demanda metabólica: - Frequência cardíaca (FC) - Pressão arterial sistólica (o marcador clínico de pós-carga) - Tensão da parede do miocárdio (o produto do volume diastólico final ventricular e massa muscular do miocárdio) - Contratilidade miocárdica DIAGNÓSTICO Durante a anamnese deve ser avaliada a angina de acordo com a qualidade, duração, localização, fatores desencadeantes e atenuantes. A angina estável tem duração média de cerca de 1 a 5 minutos. Já as dores de caráter anginoso maiores que 20 min sugerem a ocorrência de angina instável ou IAM. TRATAMENTO Visa principalmente à redução dos riscos de infarto do miocárdio (IM) e morte. • Implementar mudanças no estilo de vida e medicações para controle dos fatores de risco e prevenção de eventos tromboembólicos nos casos selecionados. O tratamento medicamentoso da AE objetiva, em primeira análise, o controle rigoroso da glicemia e dos níveis lipídicos (LDL, HDL e TG) e a prevenção de eventos trombóticos mediante o uso de antiagregante plaquetário. NITRATOS • Alívio dos sintomas agudos. • Apresentação sublingual deve ser usada como primeira linha no tratamento do quadro anginoso. • Nos pacientes com angina aos esforços, o uso crônico de nitratos de meia--vida longa (por exemplo, mononitrato de isossorbida) melhora a tolerância ao esforço e retarda o início da dor. BETABLOQUEADORES (BBS) • Os BBs são drogas efetivas no controle da dor e tolerância ao esforço nos pacientes com AE. • Redução de risco de infarto agudo do miocárdio. • Recomendados a todos os pacientes com AE e que apresentam síndrome coronariana aguda ou disfunção ventricular, salvo contraindicações. • Betabloqueadores de longa duração são os agentes de escolha: atenolol e metoprolol. 3 Flávia Demartine • Efeitos colaterais são bradicardia, distúrbio de condução, broncospasmo, piora dos sintomas de doença arterial periférica (DAP), fadiga e impotência. BLOQUEADORES DO CANAL DE CÁLCIO (BCCS) • Melhoram os sintomas anginosos por causarem vasodilatação sistêmica e coronariana, além de reduzirem a contratilidade miocárdica. • Os BCCs de longa duração são preferíveis; dentre eles, destacam-se o diltiazem e o verapamil, ou os de diidropiridínicos de segunda geração, como o anlodipino e a fenlodipina. • Geralmente, os BCCs são usados em associação ou quando há contraindicação ao uso de BBs. • Efeitos colaterais incluem bradicardia sintomática, distúrbio de condução, piora da IC, constipação, rubor facial, cefaleia, tontura e edema de membros inferiores. INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (IECAS) Indicação a pacientes com IM prévio e fração de ejeção (FE) de ventrículo esquerdo menor que 40% Pacientes com AE de médio ou alto risco com FE normal, com fatores de risco controlado, e que tenham sido submetidos à revascularização miocárdica (percutânea ou cirúrgica). Na contraindicação aos IECAs, os bloqueadores do receptor da angiotensina (BRAs) estão indicados.
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