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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA Terapêutica Medicamentosa TRATAMENTO É um procedimento ou um conjunto de procedimentos utilizados com a finalidade de prevenir, curar ou amenizar sintomas de uma determinada situação patológica. Especificidade do tratamento Os medicamentos possuem uma ação farmacológica e o efeito placebo, que é a ação que o paciente percebe por indução psicológica, sem que o medicamento tenha a capacidade de produzir tal efeito. Devemos usar o efeito placebo em benefício do próprio paciente! Ação predominantemente específica – antimicrobianos, por exemplo. Independente da indução psicológica, o medicamento terá efeito sobre a infecção. Ação mesclada – narcóticos e antidepressivos. Predominantemente inespecífica – antipruriginosos. PROCESSO SAÚDE DOENÇA Expressão usada para fazer referência a todas as variáveis que envolvem a saúde e a doença de um indivíduo ou população, considerando que ambas estão interligadas e são consequência dos mesmos fatores. Nós não atuamos sobre a doença, mas sim sobre um indivíduo que tem uma doença; e esse indivíduo é contextualizado do ponto de vista social, econômico, cultural etc. Ou seja, situações aparentemente idênticas do ponto de vista patológico, podem exigir condutas terapêuticas diferentes nos diferentes indivíduos, nas diferentes circunstâncias, nos diferentes tempos. Os efeitos totais do tratamento são a soma da melhora espontânea, das respostas inespecíficas e dos efeitos específicos do tratamento. Tratamento Específico; Placebo; Hawthorne; Curso natural da doença; Efeito Hawthorne – a construção de uma relação positiva com o paciente faz com que ele tenha uma resposta positiva ao tratamento implementado. FARMACOCINÉTICA – analisa o comportamento do organismo em relação aos medicamentos, incluindo absorção, distribuição, metabolismo e excreção. FARMACODINÂMICA – analisa a atuação dos medicamentos sobre o organismo: efeitos desejáveis e indesejáveis. PRINCÍPIOS GERAIS DA PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA 1. O uso do medicamento é a melhor opção; 2. O benefício potencial supera o risco potencial; 3. O medicamento escolhido é o melhor do grupo; 4. Escolher a melhor via e formulação do fármaco; 5. Escolher a dosagem adequada, eficaz e segura; 6. Estabelecer um período de duração do tratamento; 7. Orientar o paciente sobre efeitos adversos; 8. Monitorar a eficácia e segurança do tratamento. FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS FÁRMACOS Comprimido – é uma forma que possui sua fórmula com volume muito grande, então sofre um processo de compressão para se tornar palatável; Drágea – todas as drágeas possuem sabor adocicado, porque o açúcar é degradado no intestino; dessa forma, ela não sofrerá ataque ácido antes, sendo absorvida somente no intestino; Cápsula – a cápsula é feita de gelatina, que é uma proteína, sendo absorvida então no estômago; Solução – medicações na forma líquida, como xaropes; Suspensão – meio sólido misturado com meio líquido (agitar antes de usar). Ex: benzetacil; ANALGÉSICOS, ANTIPIRÉTICOS E MODELADORES DA INFLAMAÇÃO A partir de uma lesão celular, são liberados mediadores químicos, entre eles: histamina, bradicinina e ácido araquidônico. O foco aqui será no ácido araquidônico, que sofre a ação de enzimas, como a lipooxigenase e a cicloxigenase; esta última transforma o ácido araquidônico em prostaglandinas, responsáveis pela dor, febre, inflamação e outros efeitos. Os analgésicos de ação periférica são inibidores da cicloxigenase. Nocicepção – percepção de um estímulo agressivo. A dor é resultado da percepção do estímulo nocigênico e a reação que temos. Fatores que determinam ou influenciam a nocicepção: estímulos nocigênico, mecanismos neuropáticos, fatores psicológicos, estados ou traços psicológicos, experiências prévias, fatores sociais, culturais e ambientais; Medidas sintomáticas no controle da dor Medicamentosas: Anestésicos e analgésicos; Coadjuvantes: ansiolíticos, antidepressivos; Não medicamentosas: Psicológicas: relação profissional paciente; Fisioterápica: calor, frio local; DERIVADOS DO ÁCIDO SALICÍLICO AAS, Aspirina, Buferin, Ronal 500mg a 1gr VO de 4/4 ou 6/6h Efeitos adversos: inibição plaquetária (hoje, ele é bastante utilizado por seu efeito adverso do que pelo efeito analgésico e antiinflamatório. Pacientes com tendência a trombose costumam tomar um por dia). DERIVADOS PIRAZOLÔNICOS Dipirona, Novalgina: Analgésicos e antipiréticos 500 mg VO de 4/4h ou 6/6h Efeitos adversos: interage com antidiabéticos orais, insulina, anticoagulantes; Contraindicado no primeiro e terceiro trimestre de gravidez; DERIVADOS DO ÁCIDO MEFENÂMICO Ponstan: Analgésico e antiinflamatório 500mg VO de 6/6h Efeitos adversos: náuseas, vômitos, disfunção gastrointestinal; DERIVADOS DO PARA AMINOFENOL Acetofen, Dôrico, Paracetamol e Tylenol: Analgésicos e antipiréticos 500 – 750mg VO de 4/4 ou 6/6h – Máximo 4gr por dia Efeitos diversos: doses muito elevadas são hepatotóxicas; NIMESULIDA Nimesulida, Scaflan: Antiinflamatório e analgésico É uma excelente opção, indicado em odontologia para situações mais agressivas (3º molar, por exemplo). 50 – 100mg 2x por dia – máximo 200mg/dia Efeitos adversos: náuseas, dor epigástrica; DERIVADOS DO ÁCIDO FENILACÉTICO Diclofenacos: de sódio (artren, biofenac, diclofen, voltaren) e potássio (cataflan, flogan); São excelentes antiinflamatórios com boa ação analgésica também. 50mg VO de 8/8h Efeitos adversos: náuseas, vômitos, dor epigástrica, hiperglicemia; DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO *Naproxeno: 500mg a 1gr VO 12/12h (mais caro) *Ibuprofeno: 600 mg 6/6 ou 8/8h Cetoprofeno: 50mg VO 8/8 ou 12/12h Fenoprofeno: 200mg VO de 4/4 ou 6/6h São os mais utilizados* Efeitos adversos: náuseas, vômito, diarreia, irritação e dor epigástrica; DERIVADOS DO OXICAM: Analgésicos e antiinflamatórios Piroxicam: 10, 20 ou 30 mg/dia VO em dose única. Tenoxican: 20mg VO, IV ou IM 1x/dia. Efeitos adversos: náuseas, vômito, irritação e dor epigástrica. TROMETAMOL CETOROLACO Toragesic (comercial): 10mg sublingual de 6/6h AINE com efeito analgésico mais potente entre os periféricos – utilizado em procedimentos mais agressivos. Efeitos adversos: náuseas, vômito, irritação, sonolência, rubor facial, bradicardia, dispneia, dor epigástrica e ansiedade; Inibidores preferenciais da COX2: Existe um grupo de prostaglandinas responsável pela proteção gástrica. Inibindo a produção de prostaglandinas, ocorre a diminuição de febre, dor e inflamação, mas também de proteção gástrica, principalmente em uso prolongado. Dessa forma, surgiram inibidores da COX2, responsável apenas pela dor, febre e inflamação. Celecoxib | Etoricoxib | Lumiracoxib ESTERÓIDES Necessidade de ação antiinflamatória mais intensa (dente incluso, por exemplo) Dexametasona: 0,75 – 15 mg por dia VO, IM ou EV; Betametasona: 5mg/ml – 1ml IM/dia; São de ação central, então impedem a formação de ácido araquidônico, agem nas fosfolipases. São mais agressivos; Efeitos adversos: úlcera péptica, insuficiência renal, retenção de líquidos; NARCÓTICOS (OPIOIDES) Necessidade de analgesia mais intensa; Em clínica odontológica não são tão utilizados, mas em cirurgia sim! Codeína: muito útil em associação com o paracetamol – 30mg de codeína + 500 mg de paracetamol *Tylex (comercial): 30 – 60mg de 4/4h Cloridrato de Tramadol + Paracetamol: Ultracet (comercial) – muito útil e causa menos efeitos adversos; 1 – 2 comprimidos de 4/4 ou 6/6h Efeitos adversos: sedação, tontura, náuseas e vômitos; Orientação: prescrever com o nome genérico, sempre que possível, para que o paciente possa escolher. ANTIMICROBIANOS CARACTERÍSTICAS IDEIAIS DE UM ANTIMICROBIANO Ação seletiva sobre ampla gama de microrganismos;Preferencialmente bactericida (em vez de bacteriostático); Agir em presença de fluidos e exsudatos; Não ser destruído por enzimas teciduais; Não lesionar os tecidos, as defesas e os leucócitos; Ser seguro mesmo em altas doses e longo tempo; Não induzir hipersensibilidade; Não induzir resistência em microrganismos sensíveis; Permitir níveis séricos rápidos e adequados; Baixo custo; CARACTERÍSTICAS DAS INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS São polimicrobianas; Originárias da microbiota endógena modificada; Geralmente penicilinosensíveis; Presença de anaeróbios; Para iniciar a terapêutica, levamos em conta: 1. As características do medicamento; 2. A gravidade da infecção; 3. As características do hospedeiro: infância e senilidade, gravidez, diabetes, imunodepressões, quimio ou radioterapia, cardiopatias, corticoterapia; ADMINISTRAÇÃO INICIAL DE UM ANTIMICROBIANO Empírica, baseada em dados clínicos e conhecimento acumulado sobre infecções odontogênicas. Feito o tratamento correto (cirúrgico e medicamentoso) – 48/72h sem remissão: Cultura e antibiograma. BETALACTÂMICOS Penicilinas Naturais: G+ Penicilina G Cristalina: Sódio ou Potássio – uso EV (Hospitalar); Penicilina G Benzatina – Benzetacil (IM – dose única); Penicilina G Procaína – Despacilina (1 ampola IM 12/12h); Efeitos adversos: reações de hipersensibilidade. Natural para uso oral: Fenoximetil penicilina – Penicilina V: 6/6h; Penicilinas semi sintéticas: G+, G- e anaeróbios Ampicilina: 500mg VO 6/6h; Ampicilina Benzatina: 1 ampola IM 12/12h; Ampicilina + Sulbactam (inibidor de betalactamase): 1 ampola IM 6/6h ou 500mg VO de 12/12h; Amoxicilina: 500mg VO de 8/8h; Amoxicilina + Ácido Clavulânico: 500mg + 125mg – 1 caps. VO de 8/8h ou 750mg + 125mg – 1 caps. VO de 12/12h; Efeitos adversos: reações de hipersensibilidade, náusea, vômito e diarreia. Cefalosporinas (1ª geração – boa ação sobre G+, média sobre anaeróbios e pequena sobre G-) Cefalexina: 250mg VO de 6/6h; Cefazolina: 500mg – 1gr EV ou IM 6/6 ou 8/8h; As cefalosporinas de 1ª geração são de maior interesse para a odontologia, pois tem maior ação sobre G+ Efeitos adversos: reações de hipersensibilidade. Cefalosporinas (2ª geração – ação menor sobre G+ e maior sobre G-) Cefalosporinas (3ª geração – primeira escolha na meningite. Mais ativa em G- do que em G+) MACROLÍDEOS Eritromicina: cocos G+, actinomices Estolato: Eritrex, Eritromicina – Evitar, pois pode provocar lesões hepáticas, principalmente em grávidas. Estearato: 250mg de 6/6h ou 500mg de 8/8h; Efeitos adversos: reações de hipersensibilidade, náusea e vômito; Azitromicina: 500mg por dia VO em dose única; Roxitromicina: 150mg VO de 12/12h; Claritromicina: 250 – 500mg VO de 12/12h; RESUMINDO: Antimicrobiano de primeira escolha: Penicilinas – amoxicilina; Segunda opção: Cefalosporinas de 1ª geração; Terceira opção: Macrolídeos – eritromicina, azitromicina, roxitromicina e claritromicina; TETRACICLINAS Oxitetraciclina: Terramicina, Tetraciclina, Tetrex – 500mg VO de 6/6h; Minociclina: Minomax – 100mg por dia ou de 12/12h; Não utilizar em fase de formação de germe dentário, pois causa pigmentação! Não utilizar em gestantes; São utilizadas em algumas situações periodontais. Efeitos adversos: náuseas, vômitos, fotosensibilidade, sobre os dentes e ossos; SULFAS Amplo espectro: G+, G-, alguns fungos, clamídia, actinomices, protozoários Sulfametoxazol + trimetoprim – 400 a 800mg VO de 12/12h; Nomes comerciais – Bactrin, Infectrin, Triglobe Efeitos adversos: hipersensibilidade, hepatopatias, náusea, vômito e diarreia; METRONIDAZOL É ativo apenas em anaeróbios, sendo muito útil em infecções odontogênicas associado a um betalactâmico. 400mg VO de 8/8h; Efeitos adversos: náuseas, vômitos, cefaleia, vertigem, escurecimento da urina; ANTIFÚNGICOS Nistatina – Suspensão Oral: 1 – 6ml (equivalente a 100.000 – 600.000 UI de 6/6h) bochechar e manter em contato com a área infectada antes de engolir. Drágeas: 1 ou 2 de 6/6h ou de 8/8h; Efeitos adversos: pouco tóxica, mas em doses muito elevadas pode ocasionar náuseas e vômitos. DERIVADOS IMIDAZÓLICOS Cetoconazol: para candidíase paracoccidioidomicose; Miconazol: para candidíase bucofaringeia; ANTIVIRAIS Aciclovir: 200mg VO de 4/4h; Efeitos adversos: náuseas, vômitos e erupções cutâneas; ANTIMICROBIANOS NA GRAVIDEZ Penicilinas: efeitos tóxicos desconhecidos; Cefalosporinas: efeitos tóxicos desconhecidos; Eritromicina: Estolato – não usar! Pode provocar colestase hepático; Estearato e Etilsuccinato – provavelmente seguros; Metronidazol: só usar na ausência de alternativas; Nistatina: provavelmente segura; ANTIEMÉTICOS E ANTICINETÓTICOS Êmese – ação de vomitar; Cinetose – enjoo de movimento; Em odontologia, essas medicações serão úteis para pacientes muito sensíveis, na realização de procedimentos em área posterior, moldagem superior; ANTIEMÉTICOS Metoclopramida 10 mg Nome comercial – Plasil: 1 comprimido VO de 8/8h; Injetável: 1 ampola IM ou EV de 8/8h; Ondancetrona 8 mg Nome comercial – Nausedron | Vonau: 1 comprimido VO de 8/8h; Efeitos colaterais: sedação e sonolência; ANTICINETÓTICO Dimenidrinato 50 mg Nome comercial – Dramin: 1 a 2 comprimidos VO de 6/6h; Efeitos colaterais: sedação e sonolência; ANTI HISTAMÍNICOS Existem muitos anti histamínicos, mas aqui vamos falar sobre dois grupos fundamentais: Anti H1: aumento da permeabilidade capilar, contração da musculatura lisa (aparelho gastrointestinal e respiratório); Anti H2: ação de diminuição sobre a secreção gástrica; ANTI H1 Prometazina 25 mg Nome comercial – Fenergan: 1 comprimido de 6/6h; Em urgências (anafilaxia): IM – 1 ampola de 50 mg; Efeitos colaterais: sedação, sonolência; ANTI H2 Relembrando: os AINES atuam inibindo a cicloxigenase, que transforma o ácido araquidônico em prostaglandina. As prostaglandinas que atuam na dor e inflamação, mas também nas que atuam na proteção gástrica. Por esse motivo, pacientes com dor epigástrica devem utilizar um anti H2 enquanto estiverem fazendo uso de antiinflamatório. Cimetidina 400 mg 1 comprimido VO de 12/12h; Ranitidina 150 mg 1 comprimido VO de 12/12h; Omeprazol 10-20 mg 1x ao dia VO – antes do café da manhã; Efeitos adversos: cefaleia, astenia, diarreia, gastroenterite e dor muscular; HEMOSTÁTICOS Diagnóstico da hemorragia: ausência de coagulação ou fibrinólise; LOCAL Espuma de Fibrina – Fibrinol Cubos que devem ser introduzidos na cavidade alveolar hemorrágica (um ou mais cubos). São absorvíveis pelos tecidos, promovendo a hemostasia e acelerando a cicatrização. Celulose oxidada – Surgicel Em forma de gase ou algodão – absorvível; Esponja de gelatina – Gelfoam; Esponja estéril: 80 x 125 x 10 mm; SISTÊMICOS Indutores de coagulação: Estrogênio – Styptanon Reduz a fragilidade e permeabilidade capilar, não interfere no mecanismo de coagulação. 1 ampola 20mg IM/dia; ANTIFIBRINOLÍTICOS Ácido Aminocaproico – Ipsilon 2 a 4 comprimidos 500mg de 6/6h; Efeitos adversos (raros): obstrução da bexiga por coágulos, baixa TA, tontura e cefaleia; Ácido Tranexâmico – Transarmin 500 mg a 1 gr EV de 8/8h; VO – 250mg: 2 a 3 comprimidos de 8/8 ou 12/12h; Terapêutica Medicamentosa – Prof. Torriani | Amanda Figueiredo UCBMF I
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