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SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. IECA e BRA .................................................................. 4 3. Alfa e beta- bloqueadores ....................................10 4. Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) .....15 5. Outros anti-hipertensivos .....................................18 Referências bibliográficas ........................................24 3ANTI-HIPERTENSIVOS 1. INTRODUÇÃO Fisiologicamente, tanto em indivídu- os normais quanto nos hipertensos, a pressão arterial (PA) é mantida pela regulação contínua do débito cardí- aco e da resistência vascular perifé- rica (PA= DC x RVP) em três sítios anatômicos: as arteríolas, as vênulas pós-capilares e o coração. Um quar- to sítio, o rim, também contribui para a manutenção da PA ou regulação do volume do líquido intravascular. Nesses quatro locais, os barorreflexos mediados por nervos autônomos atu- am em combinação com mecanismos humorais, como o sistema renina-an- giotensina-aldosterona, coordenando e mantendo a PA normal. O grande problema, nos hipertensos, é que os barorreceptores e os sistemas de controle renais de volume sanguíneo/ PA estão ajustados em um nível mais elevado para a manutenção da PA. 3. Débito da bomba Coração 4. Volume Rins Renina AngiotensinaAldosterona 1. Resistência Arteríolas 2. Capacitância Vênulas SNC Nervos simpáticos Figura 1. Regulação da PA. Fonte: KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 12. Ed. 4ANTI-HIPERTENSIVOS Níveis pressóricos cronicamente au- mentados estão diretamente relacio- nados ao aumento do risco de even- tos cardiovasculares, como acidente vascular encefálico (AVE) e doenças cardíacas, principais causas de morte no mundo. A hipertensão ainda é fa- tor de risco importante no desenvolvi- mento de doença renal crônica (DRC) e insuficiência cardíaca. Por isso, o tratamento com anti-hipertensivos de diferentes classes se torna essencial na estratégia de reduzir a morbidade cardiovascular e renal, além da mor- talidade em indivíduos hipertensos. Para a maioria dos pacientes, o ob- jetivo da terapêutica é alcançar uma pressão arterial sistólica menor que 140 mmHg e uma pressão diastólica menor que 90 mmHg. 2. IECA E BRA INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (IECA) A capacidade de reduzir os níveis de Angiotensina II com inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA) eficazes por via oral representa um importante avanço no tratamento da hipertensão. O captopril foi o pri- meiro fármaco desse tipo a ser de- senvolvido. Desde então, enalapril, li- sinopril, quinapril, ramipril, bezenapril, moexpril, fosinopril, trandolapril e pe- rinopril foram disponibilizados. Ações Os IECAs diminuem a pressão arterial reduzindo a resistência vascular peri- férica sem aumentar reflexamente o débito cardíaco, a frequência cardía- ca ou a contratilidade cardíaca. Esses fármacos bloqueiam a ECA que hi- drolisa a angiotensina I para formar o potente vasoconstritor angiotensina II. A ECA também degrada a bradici- nina, um peptídeo que aumenta a pro- dução de óxido nítrico e prostaciclinas nos vasos sanguíneos. Esses últimos são vasodilatadores. Os IECAs dimi- nuem os níveis de angiotensina II e aumentam os níveis de bradicinina. Portanto, ocorre a vasodilatação de arteríolas e veias. Reduzindo os ní- veis de angiotensina II circulante, os IECAs também diminuem a secreção de aldosterona, resultando em menor retenção de sódio e água. Os efeitos desses fármacos ainda atuam dimi- nuindo pré-carga e pós-carga cardía- ca, reduzindo, dessa forma, o trabalho cardíaco. 5ANTI-HIPERTENSIVOS Figura 2. Fármacos IECA. Fonte: Raffa, R. B. Netter’s illustrated pharmacology. Updated edition. 2014. Usos terapêuticos • Os IECAs são fortemente indica- dos para o uso em pacientes com nefropatia diabética, pois retardam a progressão dessa entidade no- sológica e diminuem a albuminú- ria. Os efeitos benéficos na função renal resultam da diminuição da pressão intraglomerular devido à vasodilatação da arteríola eferente. • Os IECAs são usados no cuidado de paciente após infarto do mio- cárdio e são fármacos de primeira escolha no tratamento de pacien- tes com disfunções sistólicas. • Após infarto do miocárdio, os IE- CAs atuam na regressão da hi- pertrofia ventricular esquerda e na prevenção do remodelamento ventricular. • Os IECAs são os fármacos de pri- meira escolha para tratar insufici- ência cardíaca, os pacientes hiper- tensos com DRC e os pacientes com risco elevado de doença arte- rial coronariana. 6ANTI-HIPERTENSIVOS • Todos os IECAs são igualmente eficazes no tratamento da hiper- tensão em doses equivalentes. Farmacocinética Os IECAs são biodisponíveis como fármaco ou pró-fármaco por via oral. Todos são convertidos no metabólito ativo no fígado, exceto o captopril e o lisinopril, que, dessa forma, podem ser preferidos para o tratamento de hipertensão em pacientes com grave insuficiência hepática. Os IECAs são eliminados primariamente pelos rins e necessitam, por essa razão, terem suas doses ajustadas em pacientes com insuficiência renal. As únicas ex- ceções a essa regra são o fosinopril e o moexpril. O enalapril é o único IECA disponível para o uso intravenoso. Efeitos Adversos Os efeitos adversos mais comuns são tosse seca, erupções cutâneas, fe- bre, alteração do paladar, hipotensão e hipercalemia. A tosse seca ocorre em aproximadamente em 10% dos pacientes, sendo decorrente prova- velmente do aumento dos níveis de bradicinina e substância P na árvore traqueobrônquica. O aumento dos níveis de bradicinina também pode ocasionar angioedema, um evento raro. Os IECAs ainda podem induzir malformações fetais e, por isso, são contraindicados na gravidez. Figura 3. Efeitos dos fármacos IECA. Fonte: WHALEN, Karen. Farmacologia ilustrada. 6. ed. 7ANTI-HIPERTENSIVOS SAIBA MAIS! Um fenômeno passageiro observado inicialmente com o uso de IECAs em pacientes com insuficiência renal é a elevação de ureia e creatinina sérica, habitualmente de pequena monta e reversível. O uso de IECAs pode provocar hiperpotassemia em pacientes com insuficiência renal, parti- cularmente diabéticos. O uso de IECAs pode promover redução da taxa de filtração glomerular e aumento em graus variáveis de ureia, creatinina e potássio em pacientes com estenose bilateral das artéria re- nais ou com estenose de artéria renal em rim único funcionante. Bloqueadores do receptor de angiotensina II (BRA) São representantes dessa classe a losartana, candesartan, eprosartan, ibersatan, telmisartan e valsartana. Ao antagonizar os efeitos da angion- tensina II, esses agentes não peptídi- cos relaxam o músculo liso, provocam vasodilatação, aumentam da excre- ção renal de sal, reduzem o volume plasmático e diminuem a hipertrofia celular. Existem dois subtipos distintos de receptores de angiotensina II: AT1 e AT2. O subtipo AT1 localiza-se pre- dominantemente no tecido vascular e miocárdico, bem como no cérebro, no rim e nas células da zona glomeru- losa das glândulas suprarrenais, que secretam aldosterona. O subtipo AT2 é encontrado na medula suprarrenal, no rim e no SNC e pode desempe- nhar um papel no desenvolvimen- to vascular. Geralmente, desenca- deiam respostas anticrescimento e antiproliferativas. Ações Os BRAs bloqueiam os receptores AT1, diminuindo a sua ativação pela angiotensina. Seus efeitos farmaco- lógicos são simulares aos do IECAs por produzirem dilatação arteriolar e venosa e bloqueio da secreção de al- dosterona, reduzindo, assim, a pres- são arterial e diminuindo a retenção de sal e água. Os BRAs se ligam ao receptor AT1 com alta afinidade, ten- do uma seletividade 10.000 vezes maior para o receptor AT1 do que para o AT2. A ordem de afinidade do receptor de AT1 pelos BRA é a seguinte: Olmesartan > Irbersartan = Epro- sartan > Telmisartan = Valsartana = EXP 3174 > Losartana EXP 3174: é o metabólitoativo da losartana A inibição das respostas biológicas à angiotensina II é máxima e não pode 8ANTI-HIPERTENSIVOS ser restaurada na presença de BRA, independentemente da concentração de angiotensina II. Esses fármacos inibem de maneira potente e de modo seletivo a maioria dos efeitos bioló- gicos da angiotensina II, incluindo a contração do músculo liso vascular, as respostas pressóricas rápidas, as respostas pressóricas lentas, a sede, a liberação de vasopressina, a secre- ção de aldosterona, a liberação de catecolaminas pelas suprarrenais, o aumento da neurotransmissão nora- drenérgica, o aumento do tônus sim- pático, as alterações da função renal e a hiperplasia e hipertrofia celulares. SE LIGA! os BRA não aumentam os níveis de bradicinina e NÃO devem ser associados com IECA para o tratamento da hipertensão devido à similaridade de mecanismo e de efeitos adversos. SAIBA MAIS! Os BRA têm o potencial de exercer uma inibição mais completa em comparação com os IECA, visto que existem outras enzimas, além da ECA, capazes de gerar angiotensina II. Angiotensina II Secreção de aldosterona Aumento da retenção de sódio e de água Elevação da pressão arterial Vasoconstricção Aumento da resistência vascular periférica BRA - - Figura 4. Efeitos dos fármacos BRA. Fonte: KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 12. Ed. 9ANTI-HIPERTENSIVOS Farmacocinética • CANDESARTANO: o candesarta- no cilexetila é um pró-fármaco ina- tivo, totalmente hidrolisado à forma ativa, o candesartan, durante a sua absorção pelo trato gastrintesti- nal. São obtidos níveis plasmáti- cos máximos em 3-4 horas após a administração oral, com meia-vida plasmática de cerca de 9 horas. A depuração plasmática do cande- sartan ocorre por eliminação renal (33%) e excreção biliar (67%). Essa depuração é afetada pela insufici- ência renal, mas não pela insufici- ência hepática leva a moderada. • EPROSARTAN: são obtidos ní- veis plasmáticos máximos em 1-2 horas após administração oral. A meia-vida plasmática varia de 5-9 horas. O eprosartan é metaboliza- do, em parte, ao conjugado glicu- ronídeo. A depuração é feita atra- vés de eliminação renal e excreção biliar. A depuração plasmática do eprosartan é afetada pelas insufi- ciências renal e hepática. • IRBESARTAN: são obtidos níveis plasmáticos em cerca de 2 horas após a administração oral. A meia- -vida é de 11-15 horas. O irbe- sartan é metabolizado, em parte, ao conjugado glicuronídeo, sendo o composto original e seu conju- gado glicuronídeo depurados por eliminação renal (20%) e excreção biliar (80%). Sua depuração não é afetada pelas insuficiências renal ou hepática leve a moderada. • LOSARTANA: cerca de 14% de uma dose oral são convertidos no metabólito ácido 5-carboxílico (EXP 3174), que é mais potente do que a losartana como antagonis- ta dos receptores AT1. Os níveis plasmáticos máximos são alcan- çados dentro de 1-3 horas após a administração oral. As meias-vi- das plasmáticas são de 2,5 h para o losartano e de 6-9 h para o EXP 3174. A depuração plasmática do losartano e do EXP 3174 é afetada pela presença de insuficiência he- pática, mas não pela renal. • TELMISARTAN: são obtidos ní- veis plasmáticos máximos em 0,5-1 hora após a administração oral. A meia-vida é de cerca de 24 horas. Sua depuração ocorre, principalmente, por secreção biliar do fármaco intacto. A depuração plasmática do telmisartan é afeta- da pela insuficiência hepática, mas não pela insuficiência renal. • VALSARTANA: os níveis plasmá- ticos máximos ocorrem em 2-4 ho- ras após administração oral. A meia vida é de cerca de 9 horas. A pre- sença de alimento diminui acentua- damente a absorção. A valsartana é depurada da circulação pelo fígado (70% da depuração total). Sua de- puração é afetada pela insuficiência hepática, mas não pela renal. 10ANTI-HIPERTENSIVOS Efeitos Adversos Em geral, os BRAs são bem tolera- dos. Quando ocorrem, os efeitos co- laterais assemelham-se àqueles des- critos sobre os IECA. A incidência de angioedema e tosse é muito menor do que aquela observada com IECAs. Assim como esses, os BRAs também têm potencial teratogênico e devem ser interrompidos durante a gravidez. Em pacientes cuja pressão sanguínea ou função renal dependem muito do Sistema Renina-Angiotensina (SRA) (estenose da artéria renal, por exem- plo) os BRAs podem provocar hipo- tensão, oligúria, azotemia progressiva ou insuficiência renal aguda. Paciente com doença renal ou em uso de su- plementos de potássio ou ainda diu- réticos poupadores de potássio estão sujeitos a hipercalemia quando BRAs se fazem presentes. 3. ALFA E BETA- BLOQUEADORES ALFA-BLOQUEADORES Os antagonistas dos receptores α exibem um amplo espectro de es- pecificidades farmacológicas e são quimicamente heterogêneos. Alguns desses agentes possuem afinida- des acentuadamente diferentes pe- los receptores α1 e α2. A prazosina, por exemplo, é muito mais potente no bloqueio dos receptores α1 do que no dos receptores α2. A ioimbina, por sua vez, é α2-seletiva. Ações No sistema cardiovascular, a prazosi- na, a doxazosina e a terazosina pro- duzem bloqueio de adrenoceptores α1. Eles diminuem a resistência vas- cular periférica e reduzem a pressão arterial, relaxando os músculos lisos de artérias e veias. Esses fármacos ocasionam mínimas alterações no débito cardíaco, no fluxo sanguíneo renal e na velocidade de filtração glo- merular. Por isso, não ocorre taquicar- dia no tratamento prolongado, mas sim retenção de sal e água. 11ANTI-HIPERTENSIVOS SAIBA MAIS! Os α1-bloqueadores não afetam adversamente os perfis dos lipídeos plasmáticos e até mes- mo podem ter efeitos benéficos sobre eles. No entanto, essa propriedade não demonstrou qualquer benefício nos resultados clínicos. Usos terapêuticos Devido aos resultados fracos e ao perfil de efeitos adversos os α-blo- queadores não são recomendados no tratamento inicial da hipertensão. Preferencialmente, os α-bloqueado- res são mais utilizados em associação com outros agentes, como ẞ-bloque- ador ou diurético. Em virtude de seus efeitos benéficos em homens com hiperplasia prostá- tica e sintomas de obstrução vesical, esses fármacos são usados primaria- mente em homens com hipertensão e hiperplasia prostática benigna. Farmacocinética A prazosina é bem absorvida após administração oral, sendo suas con- centrações plasmáticas máximas al- cançadas em 1-3 horas após a dose oral. Esse fármaco liga-se fortemen- te as proteínas plasmáticas (prima- riamente à glicoproteína α1 ácida) e apenas 5% encontram-se livres na circulação. As doenças que modifi- cam a concentração dessa proteína (processos inflamatórios, por exem- plo) podem alterar a fração livre desse fármaco. A prazosina é biotransfor- mada no fígado e apenas uma pe- quena quantidade inalterada é excre- tada pelo rim. Sua meia-vida é cerca de 3 horas e pode se prolongar para 6-8 horas na vigência de insuficiência cardíaca congestiva. A doxazosina é um análogo estrutu- ral da prazosina altamente seletivo dos receptores α1. Sua meia vida é de cerca de 20 horas e sua ação pode se estender por 36h. É extensamen- te biotransformada no fígado e seus metabólitos são eliminados, em sua maior parte, nas fezes. A terazosina também é um análogo estrutural próximo a prazosina. É me- nos potente do que a prazosina, po- rém mantém uma especificidade pe- los receptores α1. Sua meia-vida é de cerca de 12 horas e sua ação se es- tende por mais de 18 horas. A terato- zina também é bastante metaboliza- da, porém, sofre pouco metabolismo de primeira passagem. Efeitos Adversos O principal efeito adverso potencial da prazosina e seus análogos é o efeito de primeira passagem. Esse é 12ANTI-HIPERTENSIVOS caracterizado como hipotensão pos- tural e síncope observados 30 a 90 minutos após uma dosagem inicial da prazosina e 2 a 6 horas após a dosagem inicial de doxazosina. Fora isso, tontura, palpitações, cefaleiae fadiga também podem ocorrer, po- rém são pouco frequentes e leves. Figura 4. Efeitos adversos dos alfa-bloqueadores. Fonte: WHALEN, Karen. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Beta- bloqueadores O propranolol é um antagonista com- petitivo dos receptores ẞ e continua sendo o protótipo com o qual são comparados os beta-bloqueadores. Esses fármacos podem ser distin- guidos pelas propriedades de seleti- vidade em relação aos receptores ẞ1 e ẞ2. Além disso, desempenham ati- vidade simpaticomimética, bloqueio dos receptores ẞ e apresentam di- ferenças no que diz respeito a lipos- solubilidade e a capacidade de indu- zir vasodilatação. Entre os inúmeros ẞ-bloqueadores testados, a maioria apresentou efetividade anti-hiperten- siva. As propriedades farmacológicas de vários desses agentes diferem em certos aspectos que podem conferir benefícios terapêuticos em determi- nadas situações clínicas. Propranolol Esse foi o primeiro ẞ-bloqueador que demonstrou ser efetivos no trata- mento da hipertensão e da cardiopa- tia isquêmica. Sua eficácia terapêuti- ca e a maioria de seus efeitos tóxicos resultam do bloqueio não seletivo. O propranolol diminui a pressão arterial, principalmente em decorrência de re- dução do débito cardíaco. Além disso, inibe a estimulação da produção de renina pelas catecolaminas que es- timulam os receptores ẞ1 nos rins. É provável que o efeito do propranolol se deva, em parte, à depressão do siste- ma renina-angiotensina-aldosterona. 13ANTI-HIPERTENSIVOS Apesar de ser mais efetivo para pa- cientes com alta atividade da renina plasmática, esse fármaco também re- duz a pressão arterial em pacientes hipertensos com atividade da renina normal ou até mesmo baixa. Os mais importantes efeitos adversos ob- servados são bradicardia ou doença de condução cardíaca, crise asmáti- ca, insuficiência vascular periférica e diabetes. Metoprolol e atenolol O metoprolol e o atenolol são ẞ-blo- queadores cardiosseletivos muito bem empregados no tratamento da hipertensão. A cardiosseletividade desses fármacos é relativa e pode ser vantajosa no tratamento de pacien- tes hipertensos que possuem asma, diabetes ou doença vascular periféri- ca concomitante. O metoprolol é bas- tante metabolizado pela CYP2D, com alto metabolismo de primeira passa- gem. Sua meia-vida é relativamente curta, de 4-6 horas. No entanto, exis- tem preparações de liberação prolon- gada que podem ser administradas em dose única ao dia. O metoprolol de liberação prolongada é efetivo na redução na mortalidade por insufici- ência cardíaca. O atenolol não sofre extenso metabolismo e é excretado pela urina principalmente. Sua meia vida é de 6 horas. Os estudos já mos- traram que o atenolol é menos efetivo que o metoprolol na prevenção das complicações da hipertensão. Nadolol e carteolol O nadolol e o carteolol são antago- nistas não seletivos dos receptores ẞ. Não sofrem extenso metabolismo e são excretados, em grau considerável pela urina. Betaxolol e bisoprolol O betaxolol e o bisoprolol são blo- queadores ẞ1-seletivos, metaboliza- dos primariamente no fígado e com meias-vidas prolongadas. Pindolol, acebutolol e pembutolol Esses fármacos são considerados agonistas parciais. Eles são ẞ-blo- queadores com alguma atividade simpaticomimética intrínseca. Qual- quer um dos três consegue reduzir a pressão arterial ao diminuir a re- sistência vascular e deprimir o débi- to cardíaco ou a frequência cardíaca. Isso ocorre talvez devido a efeitos agonistas significativamente maiores do efeitos antagonistas no receptores ẞ2. Pacientes com bradiarritmias ou doença vascular periférica podem se beneficiar desses fármacos. 14ANTI-HIPERTENSIVOS Labetalol, carvedilol e nebivolol Esses fármacos exercem efeitos tan- to ẞ-bloqueadores quanto vasodila- tadores. O labetalol exerce a redução da pressão arterial devido à diminui- ção da resistência vascular sistêmica através do bloqueio α, sem alteração significativa da frequência cardíaca ou do débito cardíaco. Em virtude de sua atividade α e ẞ-bloqueadora combi- nada, o labetalol pode ser usado no tratamento da hipertensão ocasiona- da por feocromocitoma e nas emer- gências hipertensivas. O carvedilol é um bloqueador não seletivo dos re- ceptores ẞ-adrenérgicos. Sua meia vida é de 7 a 10 horas. Ele diminui a mortalidade em pacientes com in- suficiência cardíaca. O nebivolol, por sua vez, é um bloqueador ẞ1-seleti- vo com propriedades vasodilatadoras que não são mediadas por bloqueio α. Seu efeito vasodilatador pode decor- rer do aumento da liberação endote- lial de óxido nítrico por meio da indu- ção da óxido nítrico sintase endotelial. A meia-vida do nebivolol é de 10 a 12 horas. Esmolol O esmolol é um bloqueador ẞ1 seleti- vo rapidamente metabolizado por es- terases eritrocitárias por meio de sua hidrólise. Apresenta meia-vida curta de 9 a 10 minutos e é administrado na forma de infusão venosa constan- te. O esmolol é usado no controle da hipertensão intra e pós-operatória, e, algumas vezes, em emergências, particularmente quando a hiperten- são está associada à taquicardia. Usos terapêuticos De maneira geral, a vantagem terapêu- tica primária dos beta-bloqueadores é observada em pacientes hipertensos com doença cardíaca concomitante, como taquiarritmia supraventricular (fibrilação atrial, por exemplo), infarto do miocárdio prévio, angina pectoris e insuficiência cardíaca crônica. Doen- ças broncoespásticas, como a asma, bloqueio de segundo e terceiro graus e doença vascular periférica grave são condições que desaconselham o uso de beta-bloqueadores. Efeitos Adversos Os beta-bloqueadores podem causar bradicardia, hipotensão e efeitos ad- versos no Sistema Nervoso Central (SNC), como fadiga, letargia e insô- nia. Ainda podem diminuir a libido e causar disfunção erétil, o que pode reduzir acentuadamente a adesão do paciente. Alterações nos padrões lipí- dicos séricos também fazem parte dos efeitos adversos. Os beta-bloqueado- res não seletivos podem desregular o metabolismo lipídico, diminuindo a li- poproteína de alta densidade (HDL) e aumentando os triglicerídeos. 15ANTI-HIPERTENSIVOS A retirada desses fármacos de forma abrupta pode causar angina, infar- to do miocárdio e até mesmo morte súbita de pacientes com doença car- díaca isquêmica. Por isso, devem ser reduzidos gradualmente ao longo de algumas semanas em pacientes com hipertensão e doença cardíaca isquêmica. Figura 6. Efeitos adversos dos Beta-bloqueadores. Fonte: WHALEN, Karen. Farmacologia ilustrada. 6. ed. 4. BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO (BCC) Os canais de Ca2+ sensíveis à volta- gem (canais de tipo L ou lentos) me- deiam a entrada de Ca2+ extracelular nos miócitos musculares lisos e car- díacos e nas células do nó sinoatrial (SA) e do nó atrioventricular (AV) em resposta à despolarização elétrica. Nos miócitos tanto do músculo liso quanto cardíacos, o Ca2+ deflagra o processo de contração, embora por mecanismos diferentes. Os bloque- adores dos canais de cálcio inibem a função dos canais de Ca2+. Nos músculo liso vascular, essa ação re- sulta em relaxamento, principalmen- te, nos leitos arteriais. Esses fármacos também podem produzir efeitos ino- trópicos e cronotrópicos negativos no coração. Classes de BCCs Os BCCs são divididos em três clas- ses químicas, cada uma com proprie- dades farmacocinéticas e indicações clínicas diferentes. Difenilalquilaminas O verapamil é o representante des- sa classe. Ele é o menos seletivo dos BCCs e apresenta efeitos significati- vos nas células cardíacas e no mús- culo liso vascular. É usada, além da hipertensão, no tratamento de angina e das taquiarritmias supraventricula- res, bem como para prevenir a enxa- queca e a cefaleia em salvas. 16ANTI-HIPERTENSIVOS Benzodiazepínico O diltiazem é o representante dessa classe. Como o verapamil, o diltiazem afeta tanto as células cardíacas quan- to as do músculo liso vascular, mas apresenta efeitoinotrópico cardíaco negativo menos pronunciado quando comparado ao verapamil. Di-Hidropiridinas Esta classe de BCCs inclui o nifedipi- no, o anlodipino, o felodipino, o isra- dipino, o nicardipino e o nisoldipino. Todas as di-hidropiridinas apresen- tam uma afinidade pelos canais de cálcio vasculares maior do que pelos canais de cálcio do coração. Por isso, esses fármacos são, particularmente, benéficos no tratamento da hiperten- são. As di-hidropiridinas têm a van- tagem de interagir pouco com outros fármacos cardiovasculares, como a digoxina ou varfarina, que são fre- quentemente usados em conjunto com os BCCs. Figura 7. Ação dos fármacos Bloqueadores do Canal de Cálcio. Fonte: WHALEN, Karen. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Ações A concentração intracelular de cál- cio atua na manutenção do tônus da musculatura lisa e na contração do miocárdio. O cálcio entra nas células musculares através dos canais vol- tagem-sensíveis. Isso dispara a libe- ração de cálcio do retículo sarcoplas- mático e da mitocôndria, aumentando adicionalmente o nível de cálcio cito- sólico, Os BCCs bloqueiam a entrada de cálcio por se ligarem aos canais de cálcio do tipo L no coração e nos mús- culos lisos dos vasos coronarianos e arteriolares periféricos. O resultado disso é o relaxamento do músculo liso vascular, dilatando, principalmente as arteríolas. Usos terapêuticos • No tratamento da hipertensão, os BCCs podem ser usado como tra- tamento inicial ou adicional. 17ANTI-HIPERTENSIVOS • Os BCCs são úteis no tratamen- to de pacientes hipertensos que também possuem asma, diabe- tes ou doença vascular periférica, pois não apresentam o potencial de afetar adversamente essas condições. • Todos os BCCs são úteis no trata- mento da angina. • O diltiazem e o verapamil são usa- dos no tratamento da fibrilação atrial. Farmacocinética A maioria dos BCCs apresenta meia- -vida curta de 3 a 8 horas após uma dose oral. Preparações de liberação sustentada estão disponíveis e per- mitem a utilização de dose única diá- ria. O anlodipino tem meia-vida muito longa e não precisa de formulação estendida. Efeitos adversos Bloqueio atrioventricular de primeiro grau e constipação são efeitos ad- versos dose-dependentes do vera- pamil. O verapamil e o diltiazem de- vem ser evitados em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva ou com bloqueio atrioventricular, devido aos efeitos inotrópicos e dromotrópi- cos negativos. A redução da pressão arterial pela di-hidropiridinas podem ocasionar tontura, cefaleia e sensa- ção de fadiga. O edema periférico também é comum. A nifedipina e ou- tras di-hidropiridinas podem causar hiperplasia gengival. Figura 8. Efeitos adversos dos fármacos Bloqueadores do Canal de Cálcio. Fonte: WHALEN, Karen. Farmacologia ilustrada. 6. ed. 18ANTI-HIPERTENSIVOS 5. OUTROS ANTI-HIPERTENSIVOS Vasodilatadores diretos Essa classe é formada pelos vasodi- latadores orais, a hidralazina e o mi- noxidil, utilizados na terapia ambula- torial de longo prazo da hipertensão; pelos vasodilatadores parenterais, como o nitroprusseto, o diazóxido e o fenoldopam; pelos bloqueadores dos canais de cálcio ( já supracita- dos) e pelos nitratos, administrados principalmente na angina. Todos os vasodilatadores úteis na hi- pertensão relaxam a musculatura lisa das arteríolas, diminuindo, dessa for- ma, a resistência vascular periférica. O nitroprusseto de sódio e os nitra- tos também relaxam as veias. A di- minuição da resistência arterial e da pressão arterial média desencadeia respostas compensatórias mediadas por barorreceptores e pelo sistema nervoso simpático, bem como pela renina, angiotensina e aldosterona. Em indivíduos com reflexos simpáti- cos intactos, a terapia com vasodila- tadores não provoca hipotensão or- tostática nem disfunção sexual. Os vasodilatadores atuam melhor em combinação com outros agen- tes anti-hipertensivos que se opõem às respostas cardiovasculares compensatórias. Hidralazina A hidralazina dilata as arteríolas, mas não as veias. Ela pode ser usada de maneira mais efetiva de modo combi- nado com outros agentes anti-hiper- tensivos, sobretudo no tratamento da hipertensão grave. A combinação de hidralazina com nitratos também é efetiva contra a insuficiência cardíaca e deve ser considerada para pacien- tes hipertensos que apresentam essa patologia, particularmente negros. A hidralazina é rapidamente metaboli- zada pelo fígado durante sua primei- ra passagem. Sua meia-vida caria de 1,5 a 3 horas, porém os efeitos vascu- lares persistem por mais tem devido à intensa ligação ao tecido vascular. Os efeitos adversos mais comuns são ce- faleia, náuseas, anorexia, palpitações, sudorese e rubor. Em pacientes com cardiopatia isquêmica, taquicardia re- flexa e estimulação simpática, pode haver angina ou arritmias isquêmi- cas. Com doses acima de 40 mg/dia é possível a manifestação de uma sín- drome semelhante ao lúpus eritema- toso, caracterizada por artralgia, mial- gia, erupções cutâneas e febre. Minoxidil O minoxidil é um vasodilatador muito eficaz e ativo por via oral. O efeito re- sulta da abertura dos canais de potás- sio nas membranas musculares lisas pelo sulfato de minoxidil (metabólito ativo). O aumento da permeabilidade 19ANTI-HIPERTENSIVOS ao potássio estabiliza a membrana em seu potencial de repouso e torna menos provável a contração. Assim como a hidralazina, o minoxidil dilata as arteríolas, mas não as veias. Seu uso está reservado em situações nas quais doses máximas de hidralazina não são efetivas ou ainda para pacien- tes com insuficiência renal e hiperten- são grave que não responde de modo satisfatório à hidralazina. O minoxidil deve ser utilizado em combinação com um ẞ-bloqueador e com um diu- rético de alça. Os efeitos adversos mais comuns são cefaleia, sudorese e a hipertricose, particularmente em mulheres. Taquicardia, palpitações, angina e edema ocorrem quando são administradas doses inadequadas de ẞ-bloqueadores e diuréticos. Nitroprusseto de sódio É um poderoso vasodilatador admi- nistrado por via parenteral, utilizado no tratamento de emergências hiper- tensivas, bem como na insuficiência cardíaca grave. O nitroprusseto di- lata os vasos tanto arteriais quanto venosos, com consequente redução da resistência vascular periférica. A ação ocorre em consequência da ati- vação da enzima guanililciclase, por meio da liberação de óxido nítrico, ou por estimulação direta da enzima. O nitroprusseto é rapidamente metabo- lizado pela captação dos eritrócitos, com liberação de cianeto. Ele reduz de forma rápida a pressão arterial, porém seus efeitos desaparecem em 1 a 10 minutos. Além de redução ex- cessiva da PA, o efeito adverso mais grave observado está associado ao acúmulo de cianeto. Já foi constatada a ocorrência de acidose metabólica, hipotensão excessiva e morte. Diazóxido É um dilatador arteriolar efetivo e de ação relativamente longa, administra- do por via parenteral, usado em cer- tas ocasiões no tratamento de emer- gências hipertensivas. A injeção de diazóxido resulta em rápida queda da resistência vascular sistêmica e da pressão arterial média. Esse fárma- co assemelha-se quimicamente aos diuréticos, porém não tem nenhuma atividade diurética. Ele se liga exten- samente a albumina sérica e ao te- cido vascular, sendo metabolizado parcialmente. Suas vias metabólicas ainda não estão bem elucidadas. Em doses altas (acima de 300 mg) pro- duz efeito hipotensor excessivo. Fenoldopam É um dilatador arteriolar periférico usado em emergências hipertensi- vas e na hipertensão pós- operatória. Atua, principalmente, como agonista dos receptores D1 da dopamina, re- sultando em dilatações das artérias periféricas e natriurese. O fenoldopam 20ANTI-HIPERTENSIVOS é rapidamente metabolizado por con- jugação principalmente. Ele apresen- ta meia-vida de 10 minutos e é ad- ministrado por infusão intravenosa contínua. Seus principais efeitos ad- versosconsistem em taquicardia re- flexa, cefaleia e rubor. O fenoldopam também aumenta a pressão intraocu- lar e deve ser evitado em pacientes com glaucoma. Nitratos A nitroglicerina pode ser considera- da o protótipo desse grupo. Ela relaxa todos os tipos de músculo liso, inde- pendentemente da etiologia do tônus muscular preexistente. Praticamente não há efeito sobre o músculo car- díaco. Os principais efeitos adversos hipotensão ortostática, taquicardia e cefaleia pulsátil. MECANISMO EXEMPLOS Liberação de óxido nítrico a partir de fármaco ou do endotélio. Nitroprusseto, hidralazina, nitratos, histamina, acetilcolina Redução do influxo de cálcio Verapamil, diltiazem, nifedipino Hiperpolarização da membrana do músculo liso por meio de canais de potássio Minoxidil, diazóxido Ativação dos receptores dopaminérgicos Fenoldopam Fonte: KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 12. Ed. Simpaticoplégicos de ação central Esses fármacos reduzem a descarga simpática dos centros vasomotores no tronco encefálico, porém permi- tem que tais centros conservem ou até mesmo aumentem a sua sensi- bilidade ao controle barorreceptor. Consequentemente, as ações anti- -hipertensivas e tóxica desses fár- macos dependem menos da postura do que dos efeitos que atuam dire- tamente sobre neurônios adrenér- gicos. Com exceção da clonidina, os simpaticoplégicos de ação central são, atualmente, pouco utilizados. Metildopa A metildopa, hoje, é prescrita, sobre- tudo para a hipertensão durante a gravidez. Ela diminui a pressão arte- rial, principalmente, pela redução da resistência vascular periférica, com diminuição variável da frequência car- díaca e do débito cardíaco. A maioria dos reflexos cardiovasculares per- manece intacta após a administração 21ANTI-HIPERTENSIVOS de metildopa e a redução da PA não depende acentuadamente da postu- ra. Algumas vezes, ocorre hipotensão postural. A metildopa é uma análogo do L-dopa, convertido em α-metildo- pamina e α-metilnorepinefrina. Sua ação anti-hipertensiva parece estar relacionada com a estimulação dos receptores α-adrenérgicos centrais pela α-metilnorepinefrina ou α-metil- dopamina. O efeito adverso mais co- mum da metildopa é a sedação, par- ticularmente no início da tratamento. Com a terapia de longo prazo, os pa- cientes podem queixar-se de cansa- ço mental persistente e diminuição da concentração mental. A lactação tam- bém pode ocorrer tanto em homens ou mulheres tratados com metildopa devido a um aumento na secreção de prolactina. Pesadelos, depressão, vertigem e sinais extrapiramidais são relativamente raros. Clonidina A redução da PA pela clonidina decor- re de uma diminuição do débito cardí- aco, devido à frequência cardíaca di- minuída e ao relaxamento dos vasos de capacitância (veias), bem como de uma redução da resistência vascular periférica. Após a injeção intravenosa, a clonidina produz um breve elevação da PA, seguida de hipotensão mais prolongada. A resposta pressórica se deve à estimulação direta dos re- ceptores α-adrenérgicos nas arterío- las. Esse fármaco é classificado como agonista parcial dos receptores α, vis- to que também inibe os efeitos pres- sóricos de outros α-agonistas. Em re- lação aos efeitos adversos é comum que haja o ressecamento da boca e sedação. Ambos os efeitos são me- diados centralmente, dependem da dose e coincidem cronologicamen- te com o efeito anti-hipertensivo do fármaco. SAIBA MAIS! A interrupção de clonidina após uso prolongado, principalmente em doses altas (mais de 1 mg/dia), pode resultar em crise hipertensiva potencialmente fatal, mediada pelo aumento da atividade nervosa simpática. Devido a isso, se houver a necessidade de interromper seu uso, a suspenção deve ocorrer de modo gradual, enquanto são introduzidos outros anti-hiperten- sivos em seu lugar. Bloqueadores adrenérgicos Esses fármacos reduzem a pressão arterial ao impedirem a liberação fi- siológica da norepinefrina dos neurô- nios simpáticos pós-ganglionares. Guanetidina A guanetidina inibe a liberação de no- repinefrina das terminações nervosas simpáticas. Ela é transportada através da membrana dos nervos simpáticos 22ANTI-HIPERTENSIVOS pelo mesmo mecanismo que trans- porta a própria norepinefrina, ou seja, pelo NET (transportador de norepine- frina dependente de sódio-cloreto). Após penetrar no nervo, a guanetidina concentra-se em vesículas transmis- soras, onde substitui a norepinefrina. Devido a isso, esse fármaco provoca depleção gradual das reservas de no- repinefrina na transmissão nervosa. O uso terapêutico da guanetidina é associado com frequência à hipoten- são postural sintomática e hipoten- são após o exercício, particularmente quando o fármaco é administrado em doses altas. Nos homens, a simpati- coplegia induzida pela guanetidina pode ocasionar ejaculação tardia ou retrógrada. Diarreia também é um efeito adverso comum devido ao pre- domínio parassimpático no controle da atividade do músculo liso intesti- nal. A guanetidina ainda pode produ- zir crise hipertensiva pela liberação de catecolaminas em pacientes por- tadores de feocromocitoma. Reserpina A reserpina bloqueia a capacidade de captação e armazenamento das ami- nas biogênicas pelas vesículas trans- missoras aminérgicas, provavelmente ao interferir no transportador associa- do à membrana vesicular. Esse efeito é observado em todo corpo, resul- tando em depleção de norepinefrina, dopamina e serotonina em neurônios tanto centrais como periféricos. A de- pleção das aminas periféricas é o pro- vável responsável, em grande parte, pelo efeito anti-hipertensivo benéfico da reserpina. Em doses altas, costu- ma provocar sedação, cansaço, pesa- delos e depressão mental grave. Pou- co frequentemente, a reserpina, nas doses baixas habituais, pode produ- zir sintomas extrapiramidais que se assemelham à doença de Parkinson, provavelmente em consequência da depleção de dopamina no corpo es- triado. Com bastante frequência a re- serpina provoca diarreia leve e cólicas gastrintestinais e aumenta a secreção de ácido gástrico. 23ANTI-HIPERTENSIVOS IECA Bloqueiam a ECA que hidrolisa a angiotensina I para formar o potente vasoconstritor angiotensina II. BRA Alfa-bloqueadores Beta-bloqueadores Bloqueadores do Canal de Cálcio Vasodilatadores diretos Simpaticoplégicos de ação central Captopril Enalapril Antagonizam os efeitos da angiontensina II, relaxam o músculo liso, provocam vasodilatação, aumentam da excreção renal de sal, reduzem o volume plasmático e diminuem a hipertrofia celular. Losartana Valsartana Diminuem a resistência vascular periférica e reduzem a pressão arterial, relaxando os músculos lisos de artérias e veias. Prazosina Doxazosina Terazosina Propranolol • Diminui a pressão arterial • Inibe a estimulação da produção de renina pelas catecolaminas que estimulam os receptores β1 nos rins. Metoprolol, Atenolol • São β-bloqueadores cardiosseletivos muito bem empregados no tratamento da hipertensão. • Vantagem no tratamento de pacientes hipertensos que possuem asma, diabetes ou doença vascular periférica concomitante. Labetalol, Carvedilol • β-bloqueadores e vasodilatadores. • Usado no tratamento da hipertensão ocasionada por feocromocitoma e nas emergências hipertensivas. Bloqueiam a entrada de cálcio por se ligarem aos canais de cálcio do tipo L no coração e nos músculos lisos dos vasos coronarianos e arteriolares periféricos. • Verapamil • Diltiazem • Nifedipino e Anlodipino Relaxam a musculatura lisa das arteríolas, diminuindo, dessa forma, a resistência vascular periférica. Hidralazina Minoxidil Nitroprusseto de sódio Reduzem a descarga simpática dos centros vasomotores no tronco encefálico. Metildopa Clonidina Bloqueadores adrenérgicos Impedem a liberação fisiológica da norepinefrina dos neurônios simpáticos pós-ganglionares. Guanetidina Reserpina 24ANTI-HIPERTENSIVOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASKATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. GOODMAN, A. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12. ed. Rio de Janeiro: McGraw- -Hill, 2012. WHALEN, Karen; FINKEL, Richard; PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol 2016. RAFFA, R. B., RAWLS, S. M., BEYZAROV, E. P., & NETTER, F. H. Netter’s illustrated pharma- cology. Updated edition. 2014. 25ANTI-HIPERTENSIVOS
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