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Ciências Sociais - AV1

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Conceitos Socioantropológicos de Indidvíduo e Sociedade.docx
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
 PROFESSORA: LUCIA DE SOUZA GUIMARÃES PALMEIRA
OS CONCEITOS SOCIOANTROPOLÓGICOS DE INDIVÍDUO E SOCIEDADE
 “ O sociólogo é uma pessoa, um profissional que se ocupa
 de compreender a sociedade de maneira disciplinada. Isto
 significa que aquilo que o sociólogo descobre e afirma a
 respeito dos fenômenos sociais que estuda ocorre dentro
 de um certo quadro de referência de limites rigorosos. Como
 cientista, o sociólogo tenta ser objetivo, controlar suas
 preferências e preconceitos pessoais, perceber claramente
 ao invés de julgar normativamente.”
 BERGER, Peter L. Perspectivas sociológicas: uma visão
 humanística. 23. Ed. Petrópolis: Vozes,1986.
O que são Ciências Sociais?
 Por Ciências Sociais entende-se o conjunto de saberes relativos às áreas da Antropologia, Sociologia e Ciência Política. Assim, o objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e políticas.
 A Sociologia estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. Na Antropologia privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. Na Ciência Política analisam-se as questões ligadas às instituições do poder. 
 Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade.
 O conhecimento científico da vida social não se baseia apenas no fato, mas na concepção do fato e na relação entre a concepção e o fato. É o estudo da ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem.
 As ciências históricas e humanas não são, portanto, como as ciências naturais.
 A diferença entre as condições de trabalho dos físicos e químicos e a dos sociólogos não é de grau, mas de natureza:
FÍSICOS E QUÍMICOS: trabalham em um ambiente em que há unanimidade nos juízos de valor sobre a pesquisa e o conhecimento.
SOCIÓLOGOS: enfrentam divergências de todo tipo.
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS:
Ciências Naturais: 
Estudam fatos simples, eventos que presumivelmente têm causas simples e são facilmente isoláveis. 
São fenômenos recorrentes e sincrônicos.
Tais fatos podem ser vistos, isolados e reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório.
Nesta área encontramos a possibilidade de OBJETIVIDADE. Uma mesma experiência poderá ser repetida e observada por dois cientistas em locais distintos.
Ciências Sociais:
 Estudam fenômenos complexos.
 Não é fácil investigar sua matéria-prima por ser difícil isolar causas e motivações. O objeto de investigação ou matéria-prima é o homem nas relações intersubjetivas, os fenômenos sociais, ou seja, eventos com determinações complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados.
No âmbito das Ciências Sociais torna-se difícil desenvolver uma teoria capaz de transmitir com precisão uma causa única ou motivação exclusiva.
Muitas vezes atitudes semelhantes têm significados diferentes. Cada cultura constrói seu significado social. Os fatos estudados pelo cientista social podem ser pretéritos ou serem reproduzidos em situações muito distintas. Não podem ser reproduzidos em condições controladas.
Concluindo...
Ciências naturais:
# Os fenômenos podem ser percebidos, divididos, classificados e explicados dentro de condições de relativo controle e em condições de laboratório.
# Alcança-se a objetividade científica.
# As descobertas possibilitam o desenvolvimento de novas tecnologias.
# Reproduzível. Os fatos naturais são reproduzíveis em condições controladas.
Ciências sociais:
# Os fenômenos são complexos.
# As percepções são variadas, porquanto históricas.
# Corre-se o risco de simplificar demais as situações.
# O resultado prático é visto em livros, romances, arte, teatro, novelas, onde tais idéias podem ser aplicadas para produzir modificações no comportamento das pessoas – nos sistemas de valores.
# Irreproduzível. Os fatos sociais são irreproduzíveis em condições controladas e, por isso, quase sempre fazem parte do passado. São eventos a rigor históricos e apresentados de modo descritivo e narrativo, nunca na forma de uma experiência.
# Nossas reproduções são sempre parciais.
A realidade e os métodos de observação
Yoani Sánchez, a blogueira que é o pavor da ditadura cubana e da extrema esquerda brasileira. Entenda por que a dissidente cubana assusta tanto o governo castrista quanto seus seguidores brasileiros a ponto de tentarem calar a sua voz. Em visita ao Brasil, Yoani encontrou jovens manipulados para defender a ditadura e opositores de uma das principais causas da blogueira: a liberdade de expressão.
Read more: http://www.baixarnogoogle.com/2013/03/baixar-revista-veja-27-de-fevereiro-de.html#ixzz2OU0NTfgq
TIPOS DE CONHECIMENTO
 Senso comum – tipo de conhecimento subjetivo, empírico, espontâneo, acrítico, assistemático que todo ser humano possui a partir da inserção e aprendizado em uma cultura.
 Conhecimento científico - saber objetivo, metódico, crítico que busca conhecer as causas e relações entre as coisas. 
MÉTODOS E TÉCNICAS
 Dissemos que a metodologia científica utilizada em determinada pesquisa é aquela que ensina o cientista a “ver” a realidade, isto é, a distinguir nela determinados acontecimentos e as relações existentes entre eles. Isso se torna especialmente verdadeiro se lembrarmos que na pesquisa social o objeto de estudo não é um organismo ou um ser, nem um fenômeno determinado, mas certo aspecto de toda conduta social. As teorias e os conceitos são os elementos que permitem ao cientista discernir o caráter social dos fenômenos humanos observados. Em sentido figurado, podemos dizer que os conceitos são as “ferramentas” de trabalho, como o binóculo e a bússola, enquanto as técnicas de pesquisa são as instruções para o uso correto desses instrumentos. Existe, portanto, uma relação direta entre os conceitos e o modo de abordar a realidade. Para poder observar os conceitos que quer analisar ou comprovar, o sociólogo deverá se valer de indicadores – elementos observáveis nos quais os conceitos se traduzem. Veremos a seguir as técnicas para verificar estes indicadores.
 Observação: Dá-se o nome de observação à técnica de pesquisa em que o cientista, guiado por uma metodologia, por conceitos e indicadores correspondentes, coleta, seleciona e ordena dados da realidade a fim de tentar explicar sua gênese e suas características.
 O que comemos, bebemos, vestimos, acreditamos, a música que escutamos, tudo isso depende em grande parte de nossa cultura. Apesar de aceitarmos
com muita facilidade nosso modo de vida como o modo de vida mais correto, a diversidade de culturas e comportamentos humanos é admirável. Os americanos comem ostras, mas não comem escargots. Os franceses comem escargots, mas não comem gafanhotos. Os judeus comem peixe, mas não comem porco. Os indianos comem porco, mas não carne de gado. Os russos comem gado, mas não comem cobras. Os chineses comem cobras, mas não comem seres humanos. E os nativos da nova Guiné acham os humanos deliciosos.
 No momento em que o mundo transformou-se numa aldeia global, e o mercado das empresas não mais se limita a um universo local ou nacional, já não é possível ignorar a variável cultural quando estudamos o comportamento do consumidor. Entretanto, por mais óbvio que isso possa parecer, várias empresas tiveram lançamentos de produtos fracassados, justamente por terem esquecido esse princípio tão simples. Foi o caso do líder americano em vendas de bolas de golfe, que, ao lançar-se no mercado japonês, comercializou seu produto em caixas de quatro bolas. O erro: no Japão o número 4 é maldito, pois significa morte e desgraça.
 A influência da cultura sobre o ato de compra e de consumo é hoje extremamente reconhecida e a maior parte das abordagens avançadas sobre o comportamento do consumidor integra, de uma forma ou de outra, o fator cultural. Em sua forma mais observável, a cultura aparece como um conjunto de comportamentos distintos. O que diferencia imediatamente uma cultura de outra é certa forma de se alimentar, de se vestir, de morar, de falar, de expressar seus sentimentos. Por mais essenciais que sejam do ponto de vista comercial, esses comportamentos demonstram apenas um pedaço do iceberg. Eles são a concretização de um conjunto de normas e um sistema de valores que exprime o modo desejado de funcionamento de uma cultura. É a partir de um sistema de valores que julgamos que o comportamento de alguém é moral ou “normal”. Os valores influenciam o comportamento de compra uma vez que eles determinam os objetivos almejados, o nível de envolvimento, os atributos buscados e as atividades praticadas; logo, os produtos e modos de consumo. Em uma sociedade, os valores culturais dominantes são veiculados pelas instituições, como a família, a escola e a igreja. Estas instituições assumem importância na compreensão do comportamento de compra e de consumo. Prescrevendo ou reprovando um comportamento, a religião, afeta o destino de certos produtos ou serviços (aborto, por exemplo) ou de certos modos de distribuição (abertura das lojas aos domingos).
 Da mesma forma, existem em todas as sociedades uma série de convenções que fazem parte de cada cultura e que regulamentam os comportamentos que se deve ou não ter com relação a presentes e festas, por exemplo. É hábito no Brasil, na noite de Natal presentear crianças e adultos e reunir-se em uma festa familiar. Em países vizinhos, como o Uruguai e a Argentina, a ceia de Natal existe, porém os presentes são entregues somente em 6 de janeiro, dia em que os Reis Magos e não Papai Noel vêm trazê-los. Nos EUA, no dia de Ação de Graças, a maior parte dos americanos se reúne em família para comer peru recheado, celebrando a união familiar e a abundância material da sociedade em que vivem. Tais rituais são de interesse fundamental para a compreensão do contexto de compra de vários produtos.
 Além das instituições e dos ritos, toda cultura desenvolve um sistema de comunicação e de linguagem particular. No meio militar, os temos positivo e negativo são mais utilizados do que sim e não; da mesma forma que é comum entre os estudantes falar em bares e restaurantes universitários. Assim, podemos dizer que existe uma cultura militar e uma cultura estudantil, da mesma forma que existe uma cultura brasileira e uma britânica. Pano de fundo da vida em sociedade, a cultura está necessariamente presente nos diversos aspectos do comportamento do consumidor, bem como nos objetos que são consumidos. Por isso, ela atrai a atenção dos profissionais de marketing. 
Veja alguns exemplos de sua influência:
a) a General Motors teve que modificar o nome de seu modelo “Nova” em Porto Rico, quando percebeu que “no va” em espanhol significa “não anda”...;
b) a Carlsberg colocou um terceiro elefante na etiqueta de sua cerveja para a África, porque dois elefantes juntos é sinal de mau presságio;
c) o McDonald’s, campeão mundial do marketing global, oferta no Brasil, além da Coca-cola, guaraná e suco de maracujá; na Tailândia há outro tipo de bebida exótica; e na França toma-se cerveja. Na Itália, o McDonald’s teve também de incluir um prato à base de massa para ser aceito pela cultura local;
d) na Europa, a gravadora CBS utilizou a mesma campanha, que mostra dois jovens surfando na crista da onda, em 15 países, aproveitando a homogeneidade dos modos de expressão inerentes aos jovens do mundo todo. Entretanto, uma campanha publicitária de sabonete francês Camay, que mostrava o marido entrando no banheiro enquanto sua esposa tomava banho, é considerada atraente pelos franceses, mas assumiu conotação indecente no Japão.
 Outro aspecto que confirma a importância dos fatores culturais para as organizações diz respeito à forma de conduzir negócios. Executivos que ignoram as peculiaridades culturais dos processos de negociação em cada país pode se ver diante de surpresas desagradáveis. Estas peculiaridades incluem desde aspectos simples, como regras de etiqueta, que são sabidamente diferentes de país para país, até aspectos legais, além de condutas e valores que determinarão o “sim” ou o “não”, na hora de se fechar um negócio. Muitos acordos promissores podem fracassar quando não se leva em conta as poderosas diferenças culturais deste processo.
 Nem todos os países possuem, por exemplo, estrutura hierárquica de decisões semelhante. Nos Estados Unidos a estrutura de poder é corporativa é baseada nos acionistas. Mas na Alemanha, os trabalhadores têm uma representação bastante significativa nos departamentos de supervisão das grandes empresas. Na China, os membros locais do partido são parte integrante das equipes de negociação chinesas, mesmo em empresas privadas. Portanto, negociadores terão mais sucesso se levarem em conta uma série de aspectos relacionados com essa diferenças, seja consultando a literatura existente, seja conversando com pessoas que conheçam a cultura em questão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KARSAKLIAN, Eliane. Comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2000.
SEBENIUS, James K. Como negociar através das fronteiras. HSM Management, n. 34, p. 44-52, set-out. 2002.
VOCÊ TEM CULTURA?
Outro dia ouvi uma pessoa dizer que “Maria não tinha cultura”, era “ignorante dos fatos básicos da política econômica e literatura”. Uma semana depois, no Museu onde trabalho, conversava com alunos sobre “a cultua dos índios Apinayé de Goiás”, que havia estudado de 1962 até 1976, quando publiquei um livro sobre eles (Um mundo Dividido). Refletindo sobre os dois usos de uma mesma palavra decidi que essa era a melhor forma de discutir a idéia ou o conceito de cultura tal como nós, estudantes da sociedade, a concebemos. Ou melhor ainda, apresentar algumas noções sobre a cultura e o que ela quer dizer não como uma simples palavra, mas como uma categoria intelectual: um conceito que pode nos ajudar a entender melhor o que acontece em nossa volta. Retomemos os exemplos mencionados porque eles encerram os dois sentidos mais comuns da palavra. No primeiro, usa-se cultura como sinônimo de sofisticação, de sabedoria, de educação no sentido restrito do termo. Quer dizer, quando falamos que “Maria não tem cultura” e que “João é culto”, estamos nos referindo a um certo estado educacional destas pessoas, querendo indicar com isso sua capacidade de compreender ou organizar certos dados e situações. Cultura aqui é equivalente a volume de leituras, a controle de informações a títulos
universitários e chega mesmo a ser confundida com inteligência, como se a habilidade para realizar certas operações mentais e lógicas (que definem de fato a inteligência), fosse algo a ser medido ou arbitrado pelo número de livros que uma pessoa leu, as línguas que pode falar ou os quadros e pintores que pode, de memória, enumerar. Como uma espécie de prova desta associação, temos o velho ditado informando sabiamente que “cultura não traz discernimento”... ou inteligência, conforme estou discutindo aqui. Neste sentido, cultura é uma palavra usada para classificar as pessoas e, às vezes, grupos sociais, servindo como uma arma discriminatória contra algum sexo, idade (“as gerações mais novas são incultas), etnia (“os pretos não têm cultura”) ou mesmo sociedades inteiras, quando se diz que “os franceses são cultos e civilizados” em oposição aos americanos que são “ignorantes e grosseiros”. Do mesmo modo é comum ouvir-se referências à humanidade, cujos valores seguem tradições diferentes e desconhecidas, como a dos índios, como sendo sociedades que estão na “Idade da Pedra” e se encontram em “estágio cultural muito atrasado!” A palavra cultura, enquanto categoria do senso comum, ocupa como vemos um importante lugar no nosso acervo conceitual, ficando lado a lado de outras, cujo uso na vida quotidiana é também muito comum. Estou me lembrando da palavra “personalidade” que, tal como ocorre com a palavra “cultura”, penetra o nosso vocabulário com dois sentidos bem em diferenciados. No campo da Psicologia, personalidade define o conjunto de traços que caracterizam todos os seres humanos. É aquilo que singulariza todos e cada um de nós como uma pessoa diferente, com interesses, capacidades e emoções particulares. Mas na vida diária, personalidade é usada como um marco para algo desejável e invejável de uma pessoa. Assim, certas pessoas teriam “personalidade”, outras não! É comum dizer que “João tem personalidade” quando de fato se quer indicar que “João tem magnetismo”, sendo uma pessoa “com presença”. Do mesmo modo, dizer que “João não tem personalidade” quer apenas dizer que ele não é uma pessoa atraente ou inteligente. Mas, no fundo, todos temos personalidade, embora nem todos possamos ser pessoas bela ou magnetizadoras como um artista de novela das oito! Mesmo uma pessoa “sem personalidade” tem, paradoxalmente, personalidade na medida em que ocupa um espaço social e físico e tem desejos e necessidades. Pode ser uma pessoa sumamente apagada, mas ser assim é precisamente o traço marcante de sua personalidade. No caso do conceito de cultura ocorre o mesmo, embora nem todos saibam disso. De fato, quando um antropólogo social fala em “cultura” ele usa a palavra como um conceito chave para a interpretação da vida social, Porque, para nós, “cultura” não é simplesmente um referente que marca uma hierarquia de “civilização”, mas a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Cultura é, em Antropologia Social e Sociologia, um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas. É justamente porque compartilham de parcelas importantes deste código (a cultura) que um conjunto de indivíduos com interesses e capacidades distintas e até mesmo opostas transformam-se num grupo e podem viver juntos sentindo-se parte de uma mesma totalidade. Podem, assim, desenvolver relações entre si porque a cultura lhes forneceu normas que dizem respeito aos modos mais (ou menos) apropriados de comportamento diante de certas situações. Por outro lado, a cultura não é um código que se escolhe simplesmente. É algo que está dentro e fora de cada um de nós, como as regras de um jogo de futebol, que permitem o entendimento do jogo e, também, a ação de cada jogador, juiz, bandeirinha e torcida. Quer dizer, as regras que formam a cultura (ou a cultura como regra) é algo que permite relacionar indivíduos entre si e o próprio grupo com o ambiente onde vive. Em geral, pensamos a cultura como algo individual que as pessoas inventam, modificam e acrescentam na medida de sua criatividade e poder. Daí falarmos que fulano é mais culto que sicrano e distinguirmos formas de “cultura” supostamente mais avançadas ou preferidas que outras. Falamos então em “Alta cultura” e “baixa cultura” ou “cultura popular”, preferindo naturalmente as formas sofisticadas que se confundem com a própria idéia de cultura. Assim, teríamos a cultura e culturas particulares, adjetivadas (popular, indígena, nordestina, de classe baixa etc...) como formas secundárias, incompletas e inferiores de vida social. Mas a verdade é que todas as formas de cultura ou todas as “sub-culturas” de uma sociedade são equivalentes e, em geral, aprofundam algum aspecto importante que não pode ser esgotado completamente por uma outra “sub-cultura”. Quer dizer, existem gêneros de cultura que são equivalentes a diferentes modos de sentir, celebrar, pensar e atuar sobre o mundo e esses gêneros podem estar associados a certos segmentos sociais. O problema é que sempre que nos aproximamos de alguma forma de comportamento e de pensamento diferente, tendemos a classificar a diferença hierarquicamente, o que é uma forma de excluí-la. Um outro modo de perceber e enfrentar a diferença cultural é tomar a diferença como um desvio, deixando de buscar seu poder numa totalidade. Desta forma, podemos ver o carnaval como algo desviante de uma festa religiosa, sem nos darmos conta de que as festas religiosas e o carnaval guardam uma profunda relação de complementaridade. Realmente, se no terreno da festa religiosa somos marcados pelo mais profundo comedimento e respeito pelo foco no “outro mundo”, é porque no carnaval podemos nos apresentar realizando o justo oposto. Assim, o carnavalesco e o religioso não podem ser classificados em termos de superior ou inferior, mas devem ser vistos nas suas relações que são complementares. O que significa dizer que tanto há cultura no carnaval quanto na procissão e nas festas cívicas, pois que cada uma delas é um código capaz de permitir um julgamento e uma atuação sobre o mundo social no Brasil. Como disse uma vez, essas festas nos revelam leituras da sociedade brasileira por nós mesmos e é nesta direção que devemos discutir o conteúdo e a forma de cada cultura ou sub-cultura em uma sociedade (veja-se o meu livro “Carnavais, Malandros e Heróis”). No sentido antropológico, portanto, a cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. Ela, como os textos teatrais, não pode prever completamente como iremos nos sentir em cada papel que devemos ou temos necessariamente que desempenhar, mas indica maneiras gerais e exemplos de como pessoas que viveram antes de nós o desempenharam. Mas isso não impede, conforme sabemos, emoções. Do mesmo modo que um jogo de futebol com suas regras fixas não impede renovadas emoções em cada jogo. É que as regras apenas indicam os limites e apontam os elementos e suas combinações explícitas. O seu funcionamento e, sobretudo, o modo pelo qual elas engendram novas combinações em situações concretas, é algo que só a realidade pode dizer. Porque embora cada cultura contenha um conjunto finito de regras, suas possibi8lidades de atualização, expressão e reação em situações concretas são ilimitadas. Apresentada assim, a cultura parece ser um bom instrumento para compreender as diferenças entre os homens e as sociedades. Elas não seriam dadas de uma vez por todas, por meio de um roteiro geográfico ou de uma raça, como diziam os estudiosos do passado, mas em diferentes configurações ou relações que cada sociedade estabelece no decorrer de sua história. Mas é importante acentuar que a base destas configurações é sempre um repertório comum de potencialidades. Algumas sociedades desenvolveram algumas dessas potencialidades mais e melhor do que outras, mas isso não significa que elas sejam pervertidas ou mais adiantadas. O que isso parece indicar é, antes de mais nada, o enorme potencial que cada cultura encerra como elemento
plástico, capaz de receber as variações e motivações dos seus membros. Nosso sistema caminhou na direção de um poderoso controle sobre a natureza, mas isso é apenas um traço entre muitos outros. Há sociedades na Amazônia onde o controle da natureza é muito pobre, mas onde existe uma enorme sabedoria relativa ao equilíbrio entre os homens e os grupos cujos interesses são divergentes. O respeito pela vida que todas as sociedades indígenas nos apresentam de modo tão vivo, pois que os animais são seres incluídos na formação e discussão de sua moralidade e sistema político, parece se constituir não em exemplo de ignorância e indigência lógica, mas em verdadeira lição pois respeitar a vida deve certamente incluir toda a vida e não apenas a vida humana. Hoje estamos mais conscientes do preço que pagamos pela exploração desenfreada do mundo natural sem a necessária moralidade que nos liga inevitavelmente às plantas, aos animais, aos rios e aos mares. Realmente, pela escala destas sociedades tribais, somos uma sociedade de bárbaros, incapazes de compreender o significado profundo dos elos que nos ligam com todo o mundo em escala global. Pois é assim que pensam os índios e por isso suas histórias são povoadas de animais que falam e homens que se transformam em animais. Conosco, são máquinas que tomam esse lugar... O conceito de cultura, ou, a cultura como conceito, então, permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente porque diz que não há homens sem cultura e permite comparar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores. Mesmo diante de formas culturais aparentemente irracionais, cruéis ou pervertidas, existe o homem e entendê-las - ainda que seja para evitá-las, como fazemos com o crime – é uma tarefa inevitável que faz parte da condição do ser humano e viver num universo marcado e demarcado pela cultura. Em outras palavras, a cultura permite traduzir melhor a diferença entre nós e os outros e, assim fazendo, resgatar a nossa humanidade no outro e a do outro em nós mesmos. Num mundo como o nosso, tão pequeno pela comunicação em escala planetária, isso me parece muito importante. Porque já não se trata somente de fabricar mais e mais automóveis, conforme pensávamos em 1950, mas desenvolver nossa capacidade para enxergar melhores caminhos para os pobres , os marginais e os oprimidos. E isso só se faz com uma atitude aberta para as formas e configurações sociais que, como revela o conceito de cultura, estão dentro e fora de nós. Num país como o nosso, onde as formas hierarquizantes de classificação cultural sempre foram dominantes, onde a elite sempre esteve disposta a autoflagelar-se dizendo que nós não temos uma cultura, nada mais saudável do que esse exercício antropológico de descobrir que não temos culturas é, paradoxalmente, um modo de agir cultural que deve ser visto, pesado e talvez substituído por uma fórmula mais confiante no nosso futuro e nas nossas potencialidades.
DAMATTA, Roberto. Artigo publicado no Suplemento Cultural – Edição especial do Jornal da Embratel e no livro “Explorações: ensaios de Sociologia Interpretativa”, pela Editora Rocco, em 1986.
ETNOCENTRISMO.doc
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Etnocentrismo
		
Etnocentrismo é um conceito antropológico, que ocorre quando um determinado individuo ou grupo de pessoas, que têm os mesmos hábitos e caráter social, discrimina outro, julgando-se melhor, seja por causa de sua condição social, pelos diferentes hábitos ou manias, ou até mesmo por uma diferente forma de se vestir. 
Essa avaliação é, por definição, preconceituosa, feita a partir de um ponto de vista específico. Basicamente, encontramos em tal posicionamento um grupo étnico considerar-se como superior a outro. Do ponto de vista intelectual, etnocentrismo é a dificuldade de pensar a diferença, de ver o mundo com os olhos dos outros.
O fato de que o ser humano vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais.[1]
Não existem grupos superiores ou inferiores, mas grupos diferentes. Um grupo pode ter menor desenvolvimento tecnológico, se comparado a outro mas, possivelmente, é mais adaptado a determinado ambiente, além de não possuir diversos problemas que esse grupo "superior" possui.
A tendência do ser humano nas sociedades é de repudiar ou negar tudo que lhe é diferente ou não está de acordo com suas tendências, costumes e hábitos. Na civilização grega, o bárbaro, era o que "transgredia" toda a lei e costumes da época; este termo é, portanto, etimologicamente semelhante ao selvagem na sociedade ocidental.[1]
O costume de discriminar os que são diferentes, porque pertencem a outro grupo, pode ser encontrado dentro de uma sociedade. Agressões verbais, e até físicas, praticadas contra os estranhos que se arriscam em determinados bairros periféricos de nossas grandes cidades é um dos exemplos.
Incluem-se aqui as pessoas que observam as outras culturas em função da sua propria cultura, tomando-a como padrão para valorizar e hierarquizar as restantes.
Comportamentos etnocêntricos resultam também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais.[1]
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar Editor. 22. Ed.
O que é Etnocentrismo:
Etnocentrismo é um conceito da Antropologia definido como a visão demonstrada por alguém que considera o seu grupo étnico ou cultura o centro de tudo, portanto, num plano mais importante que as outras culturas e sociedades. O termo é formado pela justaposição da palavra de origem grega "ethnos" que significa "nação, tribo ou pessoas que vivem juntas" e centrismo que indica o centro.
Uma visão etnocêntrica demonstra, por vezes, desconhecimento dos diferentes hábitos culturais, levando ao desrespeito, depreciação e intolerância por quem é diferente, originando em seus casos mais extremos, atitudes preconceituosas, radicais e xenófobas.
É importante reter que o relativismo cultural é uma ideologia que defende que os valores, princípios morais, o certo e o errado, o bem e o mal, são convenções sociais intrínsecas a cada cultura. Um ato considerado errado em uma cultura não significa que o seja também quando praticado por povos de diferente cultura.
Alguns exemplos de etnocentrismo estão relacionados ao vestuário. Um deles é o hábito indígena de vestir pouca ou nenhuma roupa; e outro caso é o uso do kilt (uma típica saia) pelos escoceses. São duas situações que podem ser tratadas com alguma hostilidade ou estranheza por quem não pertence àquelas culturas.
FUNDAMENTOS - CONSTRUÇÕES SOCIAIS.doc
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
 FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
PROFa LUCIA DE SOUZA GUIMARÃES PALMEIRA
 
1.1 CIÊNCIAS SOCIAIS E CIÊNCIAS NATURAIS 
As “ciências naturais” – aquelas voltadas para a natureza (Física, Química, Biologia, Astronomia etc.) e as “ciências sociais” – disciplinas voltadas para o estudo da realidade humana e social, sempre foram motivo de preocupação de teóricos e filósofos que buscavam identificar suas semelhanças e diferenças. Para a Antropologia social (ou cultural) as “ciências naturais” estudam fatos simples, eventos que têm causas simples e são facilmente isoláveis – tais fenômenos, são recorrentes e sincrônicos, ou seja, estariam ocorrendo, por exemplo, agora. A “ciência natural” estuda, então, o conjunto de fatos que se repetem e têm uma constância sistemática, já que podem ser vistos, isolados
e reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, em laboratório, podendo então ser repetidos até que as condições de exigências dos estudiosos sejam alcançadas. A simplicidade, a sincronia e a repetitividade concorrem para que dois estudiosos diferentes, em locais também diferentes, possam provar uma determinada teoria
Ex.: Dois cientistas naturais podem observar os modos de reprodução das formigas.
 Já as “ciências sociais” estudam fenômenos complexos, difíceis de se isolar as causas e de motivações exclusivas.
Ex.: O simples fato de se comer um bolo – este bolo pode ser comido por se ter fome, por solidariedade a uma pessoa ou um grupo, por motivo de aniversário etc. ou por vários motivos ao mesmo tempo. Para que possa entender o que está sendo declarado pergunte, agora, a alguém que esteja ao seu lado “por que se come um bolo?”. Comprovamos então que não se come um bolo por uma causa única ou motivação exclusiva, o que dificulta desenvolver uma teoria.
 Assim, podemos dizer que nas “ciências sociais” os eventos possuem determinações complicadas, podem ocorrer em ambientes diferenciados. Diferentemente de um rato reagindo a um anticorpo num laboratório, um aniversário ( e todas as ocasiões sociais fechadas) cria o seu próprio plano social, podendo ser diferenciado de todos os outros, embora guarde com ele semelhanças estruturais.
	Tudo indica que entre as Ciências Sociais e as Ciências Naturais tem-se uma relação invertida, ou seja: se nas “ciências naturais” os fenômenos podem ser percebidos, divididos, classificados e explicados dentro de condições de relativo controle e em condições de laboratório, objetivamente, existem também sérios problemas em relação a estes fatos, pois o homem pode vir a usá-los para causar males à humanidade. 
No caso do cientista social, as condições de percepção, classificação e interpretação dos fenômenos são complexas, mas os resultados em geral não têm conseqüências na mesma proporção das “ciências naturais”. Muito poucas vezes teorias sociais acabaram se tornando credos ideológicos, como o racismo e a luta de classes. Ao contrário, o cientista social tende a reduzir, simplificar problemas. Raramente seus resultados podem vir a ser transformados em tecnologia e ciência, atuando diretamente sobre o mundo com o objetivo da destruição. No máximo, o domínio dos eventos sociais observáveis estão ligados à “arte” e estão presentes nos filmes, teatro, novelas, romances e contos onde idéias são aplicadas produzindo modificações no comportamento social. No entanto, é mais fácil trocar de carro ou de televisão ou aceitar inovações tecnológicas do que trocar valores simbólicos ou políticos.
Vejamos então: os fatos sociais são irreproduzíveis em condições controladas – mesmo em situações reproduzidas como em teatro ou cinema, embora possam ser observados (só podemos observar funerais, aniversários, rituais de iniciação), mas não podemos reproduzi-los, pois o ambiente seria outro, o momento seria outro etc. Eles, quase sempre, fazem parte do passado, são eventos, a rigor, históricos ( nunca vou saber como foram os dias que antecederam a proclamação da república). Já entre as ciências naturais e a tecnologia existe uma relação estreita, pois ambas trabalham com eventos controláveis.
“O processo de acumulação que tipifica o processo científico é algo lento em todos os ramos do conhecimento, mas muito mais lento nas chamadas ciências do homem.”
 UMA DIFERENÇA CRUCIAL
As ciências sociais trabalham com fenômenos que estão bem perto do homem, pois se estudam os eventos humanos, fatos que pertencem integralmente ao homem. No entanto, se estudo as baleias, estudo algo diferente de mim, posso perceber estes cetáceos, mas não posso imaginar o que se passa no interior das baleias. Outras pessoas, como eu, podem estudá-las, mas nunca saberemos o que sentem realmente. Este é um evento para ser tratado pela ciência, pois nos permite jogar com a dicotomia SUJEITO (que conhece ou busca conhecer) e OBJETO (a realidade ou fenômeno sob o domínio do cientista). “As teorias e os métodos científicos são, nesta perspectiva, os mediadores que permitem operar, construindo uma ponte entre nós e o mundo das baleias”.
As coisas, no mundo das ciências sociais são muito mais complexas, partindo logo da interação entre o investigador e o sujeito investigado – dito por Lévi-Strauss – situados na mesma escala. Pesquisador e pesquisado compartilham do mesmo universo das experiências humanas, mesmo que nunca se comuniquem. Não podemos nos tornar baleias, ratos ou leões, mas podemos nos tornar membros de outras sociedades, adotando seus costumes, categorias de pensamento, classificação social etc. Podemos aprender sua língua, casar com suas mulheres, obedecer ou modificar suas leis (...) “estou inclinado a acreditar que a distância é o elemento fundamental na percepção da igualdade entre os homens. Deste modo, quando vejo um costume diferente é que acabo reconhecendo, pelo contraste, meu próprio costume”. (observar exemplos dos nomes de pessoas na nossa sociedade e em algumas sociedades indígenas investigadas pelo autor – p.24-27).
Sendo possível ao investigador social interagir com o seu objeto de estudo, pois ele não é opaco e mudo como o objeto das ciências naturais – ele é transparente e falante, “ele tem o seu ponto de vista e suas interpretações que, a qualquer momento, podem competir e colocar de quarentena as nossas mais elaboradas explanações” (se estudo a língua de uma determinada sociedade, dialogo com os falantes estudados – eles são os próprios informantes). Nesta possibilidade de abertura através do diálogo “está a diferença entre o saber voltado para as coisas inanimadas ou passíveis de serem submetidas a uma objetividade total (os objetos do mundo da “natureza”) e um saber como o da Antropologia Social construído sobre os homens em sociedade.
A base de todas as diferenças entre as duas ciências – “naturais” e “sociais” – é o fato de que a natureza não pode falar diretamente com o investigador; ao passo que cada sociedade humana conhecida é um espelho onde a nossa própria existência se reflete.
1.1 SOCIOLOGIA: CONCEITO E OBJETIVOS
Conceito de Sociologia – é a ciência que procura explicar sobre quais condições específicas e características gerais os grupos humanos se constituem e se relacionam e quais os movimentos que os mesmos executam permanentemente .
Ou seja, a Sociologia é a ciência responsável pelo estudo da interação humana, do comportamento do homem dentro dos grupos sociais dos quais faz parte. Sob a ótica da Sociologia, observamos que esse homem influencia e sofre influências de seus grupos sociais.
A Sociologia observa o comportamento humano em relação aos seus valores sociais e culturais e, também, as características da personalidade humana. Sob a ótica social, podemos avaliar a repercussão que as doenças sofrem e o julgamento das pessoas doentes por seus grupos, quando possuidoras de doenças que a sociedade define de forma preconceituosa (ex.: AIDS).
Grupo social: socialização, controle e papel social
SOCIALIZAÇÃO: chamamos de socialização ao processo pelo qual o indivíduo assimila os valores, as normas e as expectativas sociais de um grupo ou de uma sociedade. Esse processo, responsável transmissão da cultura, é contínuo e se inicia na família quando se realiza a chamada socialização primária. Depois é assumido pela escola, pelo grupo de referência e pelas diferentes formas de treinamento e ajuste a que o indivíduo se submete no decorrer de sua existência e que caracterizam a socialização secundária. Alguns autores reconhecem na socialização um mecanismo da vida social pelo qual o indivíduo projeta os valores sociais de maneira a se tornarem integrantes de sua personalidade. A socialização é responsável por desenvolver nos membros de uma sociedade gostos,
idéias e sentimentos correspondentes à cultura do grupo no qual esses indivíduos vão viver.
	De maneira geral, a socialização é estudada como elemento de conservação da sociedade, de resistência a mudanças e de tradição.
GRUPO SOCIAL: o conceito de grupo social vem da matemática, que o define como a reunião de elementos que têm, pelo menos, um aspecto em comum – chamado de propriedade associativa.
	Chamamos de grupo social a um conjunto de indivíduos que agem de maneira coordenada, auto-referida ou recíproca, isto é, numa situação na qual cada membro leva em consideração a existência dos demais membros do grupo e em que o objetivo de suas ações é, na maior parte das vezes, dirigido aos outros. Além de agir de forma auto-referente, o homem tem a consciência de pertencer a um grupo, o que implica interdependência, integração e reciprocidade, elementos fundamentais da vida social.
	No estudo dos grupos sociais, são identificados como grupos primários a família e a vizinhança, nos quais se observa forte envolvimento emocional, atitudes de cooperação e o compartilhar de objetivos comuns. Os grupos secundários são mais formais e menos íntimos e correspondem àqueles formados pelos membros de grandes empresas e instituições, como o exército. Podemos ainda identificar no estudo dos grupos sociais os grupos de referência, assim chamados por serem aqueles que servem de parâmetro para a ação individual. São seus valores e suas expectativas que ordenam os padrões de comportamento. O grupo de referência pode ou não coincidir com o grupo primário, isto é, pode ser que nossa família ou nossos colegas sejam também o nosso grupo de referência, mas isso não ocorre necessariamente.
	O ser humano parece ser a única espécie capaz de reconhecer-se como uma totalidade, isto é, um grupo tão amplo que inclui todos os membros existentes no planeta. Essa é a base de nossa solidariedade.
DINÂMICA DE GRUPO é o conjunto de regras pelas quais os membros de um grupo orientam seu comportamento em função dos demais, estabelecendo uma hierarquia e uma determinada distribuição de funções e papéis. A obediência a essas regras tende a minimizar as tensões e a otimizar os efeitos de cooperação.
CONTROLE SOCIAL: chamamos de controle social aos mecanismos materiais e simbólicos, disponíveis em uma sociedade, que visam eliminar ou diminuir as formas de comportamentos desviantes individuais ou coletivas. Fazem parte desses mecanismos as formas de controle responsáveis pela introspecção de normas e valores sociais e pela socialização dos membros de uma sociedade, previstas principalmente na educação formal e na informal – escola e meios de comunicação. Também configuram formas de controle social as regras que orientam as recompensas e as punições existentes tanto na sociedade como um todo, presentes em seus códigos e constituições, como as existentes em cada instituição particularmente.
PAPEL SOCIAL: é o conjunto de normas, direitos, deveres e expectativas que envolvem uma pessoa no desempenho de uma função junto a um grupo ou dentro de uma instituição. Esse conceito tem sua origem no teatro, quando as características e as falas de um determinado personagem em uma dada situação dramática são definidas.
	Os papéis sociais podem ser atribuídos, isto é, designados aos indivíduos, independentemente de sua escolha. Os papéis familiares são alguns exemplos dessas atribuições. Ser filho, por exemplo, independe de escolha. Chamamos de papéis conquistados ou de realização àqueles que exigem do ator decisão e algum tipo de pré-requisito. Aqueles ligados ao desempenho profissional ou à carreira são dessa ordem.
	Os papéis sociais formam geralmente um conjunto organizado e interdependente envolvendo um grande número de atores. São os sistemas de papéis que se dispõem, em geral, de forma hierárquica e complementar.
	Chamamos de conflitos de papéis quando as normas e as expectativas relacionadas aos diversos papéis de um ator são conflitantes e exigem dele ações divergentes. Por exemplo, a fidelidade à família pode exigir de um ator o desrespeito aos seus deveres como cidadão e assim por diante.
Estratificação social e mobilidade social
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: 
# O sistema de estratificação social "é um meio através do qual os indivíduos participam da sociedade".
# Estratificação social pode ser definida como "o processo, ou o estado de localização hierárquica dos indivíduos em setores relativamente homogêneos da população quanto aos interesses, ao estilo de vida e às oportunidades de vida, segundo a sua participação na distribuição desigual de recompensas socialmente valorizadas (riqueza, poder e prestígio)". 
# Em qualquer sociedade existe, de modo geral, algum tipo de desigualdade social entre seus membros, seja quanto a seus direitos ou a seus deveres, em relação direta com a posição que ocupam na estrutura social. 
# É possível afirmar que a estratificação social só surge a partir do momento em que o sistema de produção possibilita a acumulação de um excedente e a especialização nas funções necessárias para seu funcionamento, tendo como conseqüência direta a acumulação de excedentes, a concentração de riquezas e a formação de estratos sociais. 
# Para que haja estratificação social numa determinada sociedade, é preciso que surjam amplos setores populacionais com interesses, funções sociais, hábitos de consumo e estilo de vida em comum, permitindo que sejam identificados como unidades sociais encaixadas num sistema hierárquico culturalmente definido e aceito. 
MOBILIDADE SOCIAL: chamamos de mobilidade social à possibilidade de um indivíduo, uma família ou um grupo social modificar sua posição social – seu status – numa determinada sociedade. A mobilidade implica uma mudança de papel social, função social, atividade econômica, poder político e econômico.
	A mobilidade pode ser horizontal, quando transformações estruturais implicam, por exemplo, a modificação de determinadas atividades econômicas.
	A ascensão vertical, ou seja, a possibilidade de os indivíduos galgarem posições mais elevadas numa determinada organização social, foram amplamente estudadas pelos sociólogos americanos. Um desses e4studiosos, identificou na vida social uma orientação dos indivíduos, de uma posição inicial ou de largada em direção a uma posição final ou de chegada, responsável por grande parte de suas ações e aspirações.
INSTITUIÇÃO SOCIAL: o comportamento humano tem por característica a padronização, isto é, sempre que um agente social obtém aquilo que deseja, tende a repetir um comportamento adotado em novas situações, assim como tende a ser imitado pelos que o cercam. A gratificação ou a punição decorrente das diversas ações leva à padronização e à formação de usos e costumes, ou à sua institucionalização.
	As instituições sociais são entidades que congregam várias dessas formas de comportamento estabelecidas, organizando-as de forma recíproca, hierárquica e com um objetivo comum. A partir do momento em que esse comportamento se institucionaliza, ele se perpetua por meio de mecanismos próprios de controle social existentes em toda instituição. Por essa razão as instituições são um importante elemento conservador da vida social ou de reafirmação da sociedade.
	A família, a Igreja, o Exército e a burocracia do Estado são as mais antigas e fortes instituições sociais, dentre as quais a família se destaca por seu caráter universal. As instituições econômicas – em especial a propriedade são de fundamental importância do capitalismo e responsáveis em grande parte pela estrutura de classes existentes.
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FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - EXERCÍCIOS.doc
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
PROF. LUCIA DE SOUZA GUIMARÃES PALMEIRA
EXERCÍCIOS (SOCIOLOGIA PRÉ-CIENTÍFICA)
"A sociologia, como modo de explicação científica do comportamento social e das condições sociais de existência dos seres vivos, representa um produto recente do pensamento moderno. Alguns especialistas procuram traçar as suas origens a partir da filosofia clássica da Grécia, da China ou da índia. Isso faz tanto sentido quanto ligá-la às formas pré-filosóficas do pensamento. Na verdade, toda cultura dispõe de técnicas de explicação do mundo, cujas aplicações são muito variadas. Entre as aplicações que elas podem receber, estão as que dizem respeito ao próprio homem, às suas relações com a natureza, com os animais ou com outros seres humanos, às instituições sociais, ao sagrado e ao destino humano. O mito, a religião e a filosofia constituem as principais formas pré-científicas de consciência e de explicação das condições de existência social.
Tais modalidades de representação da vida social nada têm em comum com a sociologia. Elas surpreendem, às vezes com espírito sistemático e com profundidade crítica, facetas complexas da vida social. Também desempenharam ou desempenham, em seus contextos culturais, funções intelectuais similares às que cabem à sociologia na civilização industrial moderna, pois todas servem aos mesmos propósitos e às mesmas necessidades de explicação da posição do homem no cosmos. Entretanto, nenhum desses pontos de contato oferece base à suposição de que essas formas pré-científicas de consciência ou da explicação da vida social tenham contribuído para a formação e o desenvolvimento da sociologia. Em particular, elas envolvem tipos de raciocínio fundamentalmente distintos e opostos ao raciocínio científico. Mesmo as filosofias greco-romanas e medievais, que deram relevo especial à reflexão sistemática sobre a natureza humana e a organização das sociedades, contrastam singularmente com a explicação sociológica. É que, como notou Durkheim, elas tinham, com efeito, por objeto, não explicar as sociedades tais ou quais elas são ou tais ou quais elas foram, mas indagar o que as sociedades devem ser, como elas devem organizar-se, para serem tão perfeitas quanto possível'."
Interpretação: 
1) Explique a diferença entre a filosofia grega e a sociologia moderna, segundo o autor do texto.
Segundo o autor, a filosofia grega procurava questionar as sociedades e propor modelos de organização social, enquanto a sociologia moderna tenta entender e explicar a sociedade tal qual ela é ou foi.
“É que, como notou Durkheim, elas tinham, com efeito, por objeto, não explicar as sociedades tais ou quais elas são ou tais ou quais elas foram, mas indagar o que as sociedades devem ser, como elas devem organizar-se, para serem tão perfeitas quanto possível”.
2 ) Segundo o autor: “O mito, a religião e a filosofia constituem as principais formas pré-científicas de consciência e de explicação das condições de existência social.” Explique de que forma a sociologia pode ser uma alternativa para essas formas de pensamento.
Segundo o autor, o mito, a religião e a filosofia, apesar de apresentarem espírito sistemático e crítico; desempenharem em seus contextos culturais funções intelectuais similares à sociologia moderna (por servirem ao mesmo propósito e às mesmas necessidades de explicar a posição do homem no cosmos), não oferecem a base de sustentação necessária de consciência e explicação das condições de existência social que a sociologia, pois esta revela, analisa e investiga aspectos sociais e não simplesmente levanta reflexões sobre a sociedade.
“É que, como notou Durkheim, elas tinham, com efeito, por objeto, não explicar as sociedades tais ou quais elas são ou tais ou quais elas foram, mas indagar o que as sociedades devem ser, como elas devem organizar-se, para serem tão perfeitas quanto possível'."
Elas (o mito, a religião e a filosofia) não investigavam e analisavam, mas apenas diziam como deveriam se organizar (as sociedades), o que indica que não trabalhavam com a realidade e sim com suposições
3) Cite e explique dois métodos utilizados pelos sociólogos para estudar seu objeto de estudo. 
Método comparativo, qualitativo, quantitativo e estudo de caso.
4) Durante as aulas nós discutimos a diferença entre mito e ciência. Defina:
Mito:
Um mito é uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma dada cultura. O mito procura explicar a realidade, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis.
Ciência:
Em sentido amplo, ciência (do Latim scientia, significando "conhecimento") refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemática. Em sentido mais restrito, ciência refere-se a um sistema de aquisição de conhecimento baseado no método científico, assim como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tal pesquisa. 
5 ) O homem distingue-se das demais espécies existentes :
a) porque grande parte do seu comportamento se desenvolve naturalmente.
b) Porque é um animal que necessita de aprendizado para adquirir a maior parte de suas 
formas de comportamento. 
c) Porque é um animal que não necessita dos outros de sua espécie para se desenvolver.
d) Porque a sua relação com o mundo se dá naturalmente sem interação com o meio.
e) Porque grande parte de seu comportamento se transmite pelo genes.
6 ) O pensamento humano é único, pois demonstrou ser capaz de transformar a experiência vivida em um discurso com significado. Analise as proposições abaixo de acordo com o enunciado:
a) O homem apenas reproduz aspectos do seu cotidiano tendo como base a realidade existente.
b) Existem outros animais, assim como, o homem capazes de refletir sobre a sua 
 realidade.
c) Nessa perspectiva podemos afirmar que o homem é o único ser capaz de conceber acontecimentos, ações e reações sob a forma de imagem. 
d) O homem é um ser que pensa, mas não reflete sobre suas ações, haja vista que 
 suas ações são involuntárias.
e) O homem é ser selvagem que em conjunto com os outros animais conseguiu 
 domesticá-los naturalmente, como é caso dos rebanhos bovinos.
7 ) A criação simbólica:
a) estrutura o mundo animal em sua cadeia de relações que vão da reprodução à 
 cadeia alimentar.
b) Define o processo evolutivo dos homens sobre a Terra de acordo com as Teorias 
 de Charles Darwin.
c) Exclui o homem de qualquer responsabilidade sobre suas ações haja vista que essa 
 criação parte de um ser onipresente que chamamos Deus.
d) Organiza o “mundo” humano e lhe atribui sentido sendo marcada pelo espaço e tempo que a produz, gerando uma multiplicidade ilimitada de interpretações da realidade.
e) Sistematiza a relação dos homens com outros seres presentes no mundo, proporcionando-lhe um destaque entre todos os seres vivos.
8 ) No Ocidente, durante a Antiguidade, predominou o pensamento mítico e religioso. Aponte abaixo a proposição que se encaixa com esse tipo de pensamento:
a) Através do criacionismo, nesse momento histórico (Antiguidade), muitos povos conseguiram satisfazer a necessidade de entender o mundo que os cercavam e o próprio surgimento do homem na Terra.
b) Quando analisamos essa perspectiva mítica observamos que há uma predominância da razão, pois é a única forma de explicar o mundo.
c) Os mitos e a religião na antiguidade Ocidental não tiveram muita importância haja vista que o pensamento racional já predominava.
d) Na antiguidade ocidental não havia distinção entre mito e razão haja vista que os dois são importantes na construção do pensamento na Idade Média.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
SISTEMATIZAÇÃO - TEXT DAMATA (INDIVÍDUO E SOCIEDADE).doc
SISTEMATIZAÇÃO
CONCEITOS SOCIOANTROPOLÓGICOS DE INDIVÍDUO E SOCIEDADE
O que são Ciências Sociais?
Conjunto de saberes relativos
à Sociologia, Antropologia e Ciência Política.
OBJETO DE ESTUDOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
A sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e política.
SOCIOLOGIA: estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. 
ANTROPOLOGIA: privilegia os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades.
 CIÊNCIA POLÍTICA: analisa as questões ligadas às instituições do poder. 
 Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade.
 O conhecimento científico da vida social não se baseia apenas no fato, mas na concepção do fato e na relação entre a concepção e o fato. É o estudo da ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem.
 As ciências históricas e humanas (ciências sociais) não são, portanto, como as ciências naturais.
 A diferença entre as condições de trabalho dos sociólogos e dos físicos e quìmicos não é de grau, mas de natureza:
SOCIÓLOGOS: enfrentam divergências de todo tipo.
FÍSICOS E QUÍMICOS: trabalham em um ambiente em que há unanimidade nos juízos de valor sobre a pesquisa e o conhecimento.
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS:
Ciências Naturais: 
Estudam fatos simples, eventos que presumivelmente têm causas simples e são facilmente isoláveis. 
São fenômenos recorrentes e sincrônicos.
Os fatos podem ser vistos, isolados e reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório.
Nesta área, encontramos a possibilidade de OBJETIVIDADE. Uma mesma experiência poderá ser repetida e observada por dois cientistas, em locais distintos.
Ciências Sociais:
 Estudam fenômenos complexos.
 Não é fácil investigar sua matéria-prima por ser difícil isolar causas e motivações. O objeto de investigação ou matéria-prima é o homem nas relações intersubjetivas - os fenômenos sociais - ou seja, eventos com determinações complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados.
No âmbito das Ciências Sociais, torna-se difícil desenvolver uma teoria capaz de transmitir com precisão uma causa única ou motivação exclusiva.
Muitas vezes atitudes semelhantes têm significados diferentes. Cada cultura constrói seu significado social. Os fatos estudados pelo cientista social podem ser pretéritos ou serem reproduzidos em situações muito distintas. Não podem ser reproduzidos em condições controladas.
Concluindo...
Ciências naturais:
# Os fenômenos podem ser percebidos, divididos, classificados e explicados 
 dentro de condições de relativo controle e em condições de laboratório.
# Alcança-se a objetividade científica.
# As descobertas possibilitam o desenvolvimento de novas tecnologias.
# Reproduzível. Os fatos naturais são reproduzíveis em condições controladas.
Ciências sociais:
# Os fenômenos são complexos.
# As percepções são variadas, porquanto históricas.
# Corre-se o risco de simplificar demais as situações.
# O resultado prático é visto em livros, romances, arte, teatro, novelas, onde tais idéias podem ser aplicadas para produzir modificações no comportamento das pessoas – nos sistemas de valores.
# Irreproduzível. Os fatos sociais são irreproduzíveis em condições controladas e, por isso, quase sempre fazem parte do passado. São eventos a rigor históricos e apresentados de modo descritivo e narrativo, nunca na forma de uma experiência.
# As reproduções são sempre parciais.
A REALIDADE E OS MÉTODOS DE OBSERVAÇÃO
 A sociologia como ciência se deu no século XIX.
Os filósofos – e os cientistas depois – procuraram desvendar as relações entre homem e meio social. 
# Conceber o comportamento social como decorrente de leis próprias à vida em sociedade e não da vontade divina ou das características pessoais dos agentes em questão, como até então se fazia, representou uma profunda ruptura nas formas de interpretação da sociedade.
Até o surgimento da sociologia, tinham pleno sucesso as interpretações míticas e transcendentais que viam nos fenômenos sociais e nas calamidades públicas formas de castigo divino. Mesmo os gregos – que já buscavam analisar as possíveis causas e relações entre as coisas – tendiam a interpretar questões sociais, ao menos em suas tragédias , como resultantes dos desígnios dos deuses. Quem não lembra de Édipo Rei, de Sófocles. O autor da tragédia atribui a peste de Tebas ao desonroso casamento de Jocasta com seu próprio filho, Édipo. Na idade Média, as pestes também eram atribuídas ao pecado humano.
 A emergência e a sistematização do pensamento sociológico – a separação entre senso comum e ciência – constituíram, assim um processo de lenta gestação. 
À medida que as teorias foram se desenvolvendo e cada vez mais se desvendava a base social do comportamento humano, mais fidedignos se tornavam os procedimentos de pesquisa e análise. Mais se compreendia que a vida social tem características próprias, existindo uma regularidade nos fatos sociais. E ainda, que essa regularidade, empiricamente constatável, e até mensurável, pode ser expressa sob forma de uma tendência que se manifesta no tempo e no espaço.
TIPOS DE CONHECIMENTO
 CONHECIMENTO DE SENSO COMUM – tipo de conhecimento subjetivo, empírico, espontâneo, acrítico, assistemático que todo ser humano possui a partir da inserção e aprendizado em uma cultura.
 CONHECIMENTO CIENTÍFICO - saber objetivo, metódico, crítico, que busca conhecer as causas e relações entre as coisas. 
MÉTODOS E TÉCNICAS
 metodologia científica utilizada em determinada pesquisa é aquela que ensina o cientista a “ver” a realidade, isto é, a distinguir nela determinados acontecimentos e as relações existentes entre eles. Isso se torna especialmente verdadeiro se lembrarmos que na pesquisa social o objeto de estudo não é um organismo ou um ser, nem um fenômeno determinado (como nas ciências naturais), mas certo aspecto de toda conduta social. 
As teorias e os conceitos são os elementos que permitem ao cientista discernir o caráter social dos fenômenos humanos observados. 
Em sentido figurado, podemos dizer que os conceitos são as “ferramentas” de trabalho, como o binóculo e a bússola, enquanto as técnicas de pesquisa são as instruções para o uso correto desses instrumentos. Existe, portanto, uma relação direta entre os conceitos e o modo de abordar a realidade. 
Para poder observar os conceitos que quer analisar ou comprovar, o sociólogo deverá se valer de indicadores – elementos observáveis nos quais os conceitos se traduzem. 
 Técnicas para verificar estes indicadores.
 Observação: Dá-se o nome de observação à técnica de pesquisa em que o cientista, guiado por uma metodologia, por conceitos e indicadores correspondentes, coleta, seleciona e ordena dados da realidade a fim de tentar explicar sua gênese (= origem) e suas características.
O que comemos, bebemos, vestimos, acreditamos, a música que escutamos, tudo isso depende em grande parte de nossa cultura. 
Apesar de aceitarmos com muita facilidade nosso modo de vida como o modo de vida mais correto, a diversidade de culturas e comportamentos humanos é admirável. 
# Os americanos comem ostras, mas não comem escargot. Os franceses comem escargot, mas não comem gafanhotos. 
# Os judeus comem peixe, mas não comem porco. 
# Os indianos comem porco, mas não carne de gado. 
# Os russos comem gado, mas não comem cobras. 
 # Os chineses comem
cobras, mas não comem seres humanos.
 # E os nativos da nova Guiné acham os humanos deliciosos.
 No momento em que o mundo transformou-se numa aldeia global e o mercado das empresas não mais se limita a um universo local ou nacional, já não é possível ignorar a variável cultural quando estudamos o comportamento do consumidor. Entretanto, por mais óbvio que isso possa parecer, várias empresas tiveram lançamentos de produtos fracassados, justamente por terem esquecido esse princípio tão simples. Foi o caso do líder americano em vendas de bolas de golfe, que, ao lançar-se no mercado japonês, comercializou seu produto em caixas de quatro bolas.
 O erro: no Japão o número 4 é maldito, pois significa morte e desgraça.
A influência da cultura sobre o ato de compra e de consumo é hoje extremamente reconhecida e a maior parte das abordagens avançadas sobre o comportamento do consumidor integra, de uma forma ou de outra, o fator cultural. Em sua forma mais observável, a cultura aparece como um conjunto de comportamentos distintos. O que diferencia imediatamente uma cultura de outra é certa forma de se alimentar, de se vestir, de morar, de falar, de expressar seus sentimentos. 
Por mais essenciais que sejam do ponto de vista comercial, esses comportamentos demonstram apenas um pedaço do iceberg. Eles são a concretização de um conjunto de normas e um sistema de valores que exprime o modo desejado de funcionamento de uma cultura.
 É a partir de um sistema de valores que julgamos que o comportamento de alguém é moral ou “normal”. Os valores influenciam o comportamento de compra, uma vez que eles determinam os objetivos almejados, o nível de envolvimento, os atributos buscados e as atividades praticadas; logo, os produtos e modos de consumo. 
Em uma sociedade, os valores culturais dominantes são veiculados pelas instituições, como a família, a escola e a igreja. Estas instituições assumem importância na compreensão do comportamento de compra e de consumo. Prescrevendo ou reprovando um comportamento, a religião, afeta o destino de certos produtos ou serviços (aborto, por exemplo) ou de certos modos de distribuição (abertura das lojas aos domingos) – o restaurante em Realengo (bolinho de bacalhau) não abre aos domingos.
Da mesma forma, existem em todas as sociedades, uma série de convenções que fazem parte de cada cultura e que regulamentam os comportamentos que se deve ou não ter com relação a presentes e festas, por exemplo:
# É hábito no Brasil, na noite de Natal, presentear crianças e adultos e reunir-se em uma festa familiar. 
# Em países vizinhos, como o Uruguai e a Argentina, a ceia de Natal existe, porém os presentes são entregues somente em 6 de janeiro, dia em que os Reis Magos e não Papai Noel vêm trazê-los. 
# Nos EUA, no dia de Ação de Graças, a maior parte dos americanos se reúne em família para comer peru recheado, celebrando a união familiar e a abundância material da sociedade em que vivem. Tais rituais são de interesse fundamental para a compreensão do contexto de compra de vários produtos.
 Além das instituições e dos ritos, toda cultura desenvolve um sistema de comunicação e de linguagem particular. 
No meio militar, os temos positivo e negativo são mais utilizados do que sim e não; 
da mesma forma que é comum entre os estudantes falar em bares e restaurantes universitários. 
Assim, podemos dizer que existe uma cultura militar e uma cultura estudantil, da mesma forma que existe uma cultura brasileira e uma britânica. 
Pano de fundo da vida em sociedade, a cultura está necessariamente presente nos diversos aspectos do comportamento do consumidor, bem como nos objetos que são consumidos. Por isso, ela atrai a atenção dos profissionais de marketing. 
Veja alguns exemplos de sua influência (DA INFLUÊNCIA DA CULTURA):
a General Motors teve que modificar o nome de seu modelo “Nova” em Porto Rico, quando percebeu que “no va” em espanhol significa “não anda”;
a Carlsberg colocou um terceiro elefante na etiqueta de sua cerveja para a África, porque dois elefantes juntos é sinal de mau presságio;
o McDonald’s, campeão mundial do marketing global, oferta no Brasil, além da Coca-cola, guaraná e suco de maracujá; na Tailândia há outro tipo de bebida exótica; e na França toma-se cerveja. Na Itália, o McDonald’s teve também de incluir um prato à base de massa para ser aceito pela cultura local;
na Europa, a gravadora CBS utilizou a mesma campanha, que mostra dois jovens surfando na crista da onda, em 15 países, aproveitando a homogeneidade dos modos de expressão inerentes aos jovens do mundo todo. Entretanto, uma campanha publicitária de sabonete francês Camay, que mostrava o marido entrando no banheiro enquanto sua esposa tomava banho, é considerada atraente pelos franceses, mas assumiu conotação indecente no Japão.
 Outro aspecto que confirma a importância dos fatores culturais para as organizações diz respeito à forma de conduzir negócios.
 
 Executivos que ignoram as peculiaridades culturais dos processos de negociação em cada país podem se ver diante de surpresas desagradáveis. Estas peculiaridades incluem desde aspectos simples, como regras de etiqueta, que são sabidamente diferentes de país para país, até aspectos legais, além de condutas e valores que determinarão o “sim” ou o “não”, na hora de se fechar um negócio.
 Muitos acordos promissores podem fracassar quando não se leva em conta as poderosas diferenças culturais deste processo.
 Nem todos os países possuem, por exemplo, estrutura hierárquica de decisões semelhante. 
Nos Estados Unidos a estrutura de poder é corporativa, é baseada nos acionistas.
 Mas na Alemanha, os trabalhadores têm uma representação bastante significativa nos departamentos de supervisão das grandes empresas.
 Na China, os membros locais do partido são parte integrante das equipes de negociação chinesas, mesmo em empresas privadas. 
Portanto, negociadores terão mais sucesso se levarem em conta uma série de aspectos relacionados com essa diferenças, seja consultando a literatura existente, seja conversando com pessoas que conheçam a cultura em questão.
Mito:
Um mito é uma narrativa de caráter simbólico relacionada a uma dada cultura. O mito procura explicar a realidade, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis. Os conhecimentos são transmitidos de geração à geração, sem comprovação.
Ciência:
Em sentido amplo, ciência (do Latim scientia, significando "conhecimento") refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemática. Em sentido mais restrito, ciência refere-se a um sistema de aquisição de conhecimento, baseado no método científico, assim como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tal pesquisa. 
DAMATTA, Roberto. Artigo publicado no Suplemento Cultural – Edição especial do Jornal da Embratel e no livro “Explorações: ensaios de Sociologia Interpretativa”, pela Editora Rocco, em 1986.
Texto sociologia - Cristina Costa.docx
COSTA,Cristina. SOCIOLOGIA: Introdução à Ciência da Sociedade. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1997
O CONHECIMENTO COMO CARACTERÍSTICA DA HUMANIDADE
 (Estudo socioantropológico de indivíduo e sociedade)
	Nas várias espécies animais existentes sobre a Terra encontramos formas de relacionamento que nos fazem pensar na existência de regularidades que ordenam sua vida comunitária. Percebemos facilmente que os diversos animais se agrupam, convivem, se acasalam, sobrevivem e se reproduzem de forma mais ou menos ordenada, em função de sua potencialidade e do ambiente em que vivem.
	A preservação da espécie e seu aprimoramento parecem ser, como afirmou Darwin na sua teoria
sobre a Evolução das espécies, o objetivo das suas formas de vida, convivência e sociabilidade. Assim, os animais desenvolvem estilos próprios de vida que lhes permitem a reprodução e a sobrevivência. Estabelecem para isso modelos de vida complexos, com sistemas de acasalamento, alojamento, migração, defesa e alimentação.
	O homem, como uma dentre as várias espécies existentes, também desenvolveu processos de convivência, reprodução, acasalamento e defesa. Desse modo apresenta uma série de atividades "instintivas", isto é, ações e reações que se desenvolvem de forma mecânica, dispensando o aprendizado, como respirar, engatinhar, sentir fome, medo, frio. Além disso, porém, quer por dificuldades impostas pelo ambiente, quer por particularidades da própria espécie, o homem também desenvolveu habilidades que dependem de aprendizado. Assim, as crianças aprendem a comer, beber e dormir em horários regulares, aprendem a brincar e a obedecer; mais tarde, aprenderão a trabalhar, comerciar, administrar, governar.
	O homem, portanto, se distingue das demais espécies existentes porque nem todo seu comportamento se desenvolve automaticamente em sua relação com a natureza, nem se transmite à sua descendência pelos genes. Ele é o único animal que necessita de aprendizado para adquirir diferenciadas formas de comportamento.
	Muitas lendas e mitos relatam a história de heróis que, mesmo crescendo no isolamento, tornaram-se humanos — Rômulo e Remo, Tarzan, Mogli — e apresentaram comportamentos compatíveis com o resto da humanidade. Entretanto, para se tornar humano, o homem tem de aprender com seus semelhantes uma série de atitudes que lhe seriam impossíveis desenvolver no isolamento. Já entre os demais animais, se separarmos uma cria de seu grupo de origem, ela apresentará, com o tempo, as mesmas capacidades e atitudes de seus semelhantes, pois essas decorrem, sobretudo, de características genéticas.
	O cineasta alemão Werner Herzog trata justamente desse tema em seu filme O enigma de Raspar Hauser, de 1976. Ele mostra como um homem criado longe de outros seres de sua espécie é incapaz de se humanizar, revelando apenas características genéticas instintivas e animais.
	Portanto, para que um bebê humano se transforme em um homem propriamente dito, capaz de agir, viver e se reproduzir como tal, é necessário um longo aprendizado, pelo qual as antigas gerações transmitem às mais novas suas experiências e conhecimentos. Essa característica, essencialmente humana, só se tornou possível porque o homem tem a capacidade de criar sistemas de símbolos, como a linguagem, por meio dos quais dá significado às suas experiências vividas e as transmite a seus semelhantes.
	As capacidades próprias dos animais se desenvolvem de maneira predominantemente instintiva e se transmitem aos descendentes pela carga genética. O homem, por sua vez, deve transmitir suas experiências e interpretações da realidade por uma série ordenada de símbolos. 
	Por isso, dizemos que o Homo sapiens é a única espécie que pensa, isto é, que é capaz de transformar a sua experiência vivida em um discurso com significado e transmiti-la aos demais seres de sua espécie e aos seus descendentes. É o único capaz de imaginar ações e reações sob forma simbólica, isto é, mesmo na ausência de estímulos concretos que provoquem medo, alegria, fome ou rancor, ele pode reviver essas situações que o estimularam. Além disso, é o único a diferenciar as experiências no tempo e, em consequência, a projetar ações futuras.
	O homem, portanto, é capaz de recriar situações e emoções, é capaz de simbolizar, de atribuir significados às coisas, de separar, agrupar, classificar o mundo que o cerca segundo determinadas características. Dessa habilidade provém a capacidade de projeção, a ideia de tempo e o esforço em preparar o futuro, características que permitem o desenvolvimento da ciência. Esse é o centro de sua capacidade simbólica e de sua humanidade.
	Ao pensar, ao ser capaz de projetar, de ordenar, prever e interpretar, o homem, sempre vivendo em grupos, começou a travar com o mundo ao seu redor uma relação dotada de significado, de avaliação. Seu conhecimento do mundo — organizado, comunicado e compartilhado com seus semelhantes e transmitido à descendência — se transformou em cultura humana propriamente dita. Essa elaboração simbólica da experiência fez com que os homens recriassem o mundo segundo suas necessidades e pontos de vista, traduzindo-o sob a forma de informação ou conhecimento. A partir dessa conquista, do desenvolvimento dessa capacidade genuinamente humana de representar e transformar o ambiente natural, cada grupo, compartilhando experiências comuns adaptadas ao seu modo próprio de vida, criou formas próprias de sociabilidade. É por isso que encontramos formas de existência, crenças e pensamento tão diversas. Porque elas não são apenas consequências de uma estrutura genética da espécie, mas da criação de formas de ação e reação decorrentes da experiência particular vivenciada por um grupo de homens.
	Uma vez que cada cultura tem suas próprias raízes, seus próprios significados e características, todas elas são qualitativamente comparáveis. Enquanto culturas, todas são igualmente simbólicas, fruto da capacidade criadora do homem e adaptadas a uma vida comum em determinado espaço e tempo nesse contínuo recriar, compartilhar e transmitir a experiência vivida e aprendida.        
As culturas humanas como processos
	Foi dessa capacidade de pensar o mundo, de atribuir significado à realidade, que o homem criou o conhecimento. Desde os primeiros vestígios arqueológicos do homem sobre a Terra, percebemos que os problemas por ele enfrentados — de sobrevivência, defesa e perpetuação da espécie — lhe apareceram como obstáculos, para os quais buscou explicações sobre si mesmo e sobre o mundo em que vive.
	Os mais antigos "cemitérios" humanos, onde se encontram ossadas dispostas numa certa posição acompanhadas de alguns objetos, mostram que mesmo o ato de enterrar os mortos respondia a questões relativas à vida e à morte e implicava uma escolha da "melhor forma" de ação. Aceita pelo grupo, essa "melhor forma" tende a se repetir, transformando-se em ritual — uma ação revivida em grupo e explicada em função da resposta coletiva dada ao "para que" e ao "por que" da existência humana.
	Podendo escolher, julgar, pensar sobre situações passadas e futuras, o homem passou da simples experiência imediata a explicações que lhe garantiam o conhecimento de si e do mundo à sua volta, formulando justificativas para fatos, atitudes e comportamentos. A partir do desenvolvimento dessa capacidade simbólica e da linguagem, a ação humana passou a ser intermediada pela atribuição de significados, interpretações estabelecidas e partilhadas entre os grupos humanos. Essas interpretações, a que chamamos conhecimento, criaram soluções para necessidades concretas de vida e sobrevivência e se mantiveram sempre operantes enquanto foram adequadas a tais necessidades. Quando os homens enfrentaram novos obstáculos, surgiram novas relações, tidas como mais adequadas, mais úteis às dificuldades enfrentadas. Assim, se por um lado as culturas humanas tendem à ritualização e à repetição, amparadas na tradição e no aprendizado, por outro elas representam a possibilidade de mudança e adaptação. A própria reprodução das formas de vida existentes acarreta novas necessidades, que o homem procurará satisfazer transformando o modelo existente. Podemos então conceber as diferentes culturas como essencialmente dinâmicas, desenvolvendo mecanismos de conservação e mudança num permanente ajuste.
	Essa ideia da relação existente entre as culturas humanas e as condições de vida de cada agrupamento humano nos mostra que as diferenças entre as culturas não são de qualidade nem de nível: devem-se às circunstâncias que as cercam. Durante muito tempo se pensou que culturas de sociedades iletradas ou ágrafas eram menos complexas ou menos elaboradas do que as de sociedades

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