Buscar

Crimes contra a vida

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Resumo 
Aluna: Maísa Corrêa dos Santos 
Direito Penal
Os crimes contra a vida
O presente artigo versa sobre os crimes contra a vida no intuito de estabelecer que são eles os da competência do Tribunal do Júri (é composto por um juiz presidente e vinte e cinco jurados, dos quais sete serão sorteados para compor o conselho de sentença e que terão o encargo de afirmar ou negar a existência do fato criminoso atribuído a uma pessoa, assim é o cidadão sob juramento quem decide sobre o crime, é de acordo com a sua consciência e não segundo a lei) para julgamento. 
São os delitos previstos na parte especial do CP, no Título Dos Crimes Contra a Pessoa, Capitulo I, Dos Crimes contra a Vida, quais sejam: homicídio (Art.121), induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio (Art.122), infanticídio (Art.123) e aborto (Arts. 124, 125, 126, 127 e 128).
Vida humana intrauterina e extrauterina
A vida intrauterina tem início a partir da gravidez, a partir do momento em que o direito penal resolve proteger a vida intrauterina que é resguardada desde o início da gravidez. O início da vida extrauterina se dá com o início das primeiras contrações expulsivas, em que o feto começa o procedimento de saída ou com a primeira incisão efetuado pelo médico no ventre da mulher, no caso de cesariana. 
Morte encefálica: é a definição legal de morte, é a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro, isto significa que como resultado de severa agressão ou ferimento grave no cérebro, o sangue que vem do corpo é bloqueado e o cérebro morre. A morte encefálica é permanente e irreversível. 
Como fica decidido que nosso ente querido está com morte encefálica? 
Um médico conduz os exames médicos que dão o diagnóstico de morte encefálica, esses exames são baseados em sólidas e reconhecidas normas médicas. Entre outras coisas, os testes incluem um exame clinico para mostrar que seu ente querido não tem mais reflexos cerebrais e não pode mais respirar por si próprio, em muitos casos os testes são duas vezes realizados com intervalo de diversas horas, para assegurar um resultado exato. 
Se o ente querido está realmente morto, por que seu coração ainda bate? 
Enquanto o coração tem oxigênio, ele pode continuar a bater, o ventilador (é uma máquina que respira por ele, para que o cérebro posso enviar sinais dizendo ao corpo para respirar) providencia oxigênio para manter o coração batendo por várias horas, sem esse “socorro artificial” o coração deixaria de bater. 
Há mais alguma coisa a ser feita? 
Antes da morte encefálica ser declarada, todo o possível é feito para salvar a vida do seu ente querido. Após o diagnóstico de morte encefálica, não há qualquer chance de recuperação. 
Homicídio
É a morte de um homem praticada por outro homem, é a eliminação da vida de uma pessoa provocada por outra, tem por ação nuclear o verbo “matar”, que significa destruir ou eliminar, no caso a vida humana, utilizando se de qualquer meio capaz de execução. 
É um crime comum, pois o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não exigindo a Lei, nenhum requisito especial, sendo excluídos aqueles que atentam contra a própria vida, já que o suicídio, por si mesmo, é fato atípico (o fato típico é uma conduta que a lei define como crime, já o fato atípico é o aposto, não é um crime pois não é definido pela lei. Admite a coautoria ou participação por ação ou omissão. 
Desse modo, o agente pode lançar mão de todos os meios, não só materiais, para realizar o núcleo da figura típica (conduta que a lei define como crime). Portanto pode se matar por meios físicos (mecânicos, químicos ou patogênicos), morais ou psíquicos com emprego de palavras, direta ou indiretamente, por ação ou omissão. 
O sujeito passivo do crime de homicídio é “alguém”, ou seja, qualquer pessoa, independentemente de idade, sexo, condição social etc. Pode ser praticado com dolo (vontade e consciência na produção do resultado) ou com culpa (por imprudência, negligencia ou imperícia). Dá se o nome de homicídio doloso no primeiro caso e de culposo no segundo. 
O CP distingue várias modalidades de homicídio: simples (121, caput), privilegiado (§ 1°), qualificado (§ 2°) e culposo (§ 3°). 
Homicídio simples (isso é o nome do crime- pode ser encontrado com outra expressão nomem iuris)
  Art. 121. Matar alguém: (esse é o nosso preceito primário, que possui conteúdo determinado, que se verifica através do verbo “matar”)
        Pena - reclusão, de seis a vinte anos. (esse é o nosso preceito secundário, que possui conteúdo determinado, que se verifica através dos parâmetros numéricos abstratos – pena de 6 a 20 anos). 
Inicialmente, o bem jurídico tutelado, pela norma penal do Art. 121 do CP é a vida humana extrauterina. O crime de homicídio está classificado como um CRIME COMUM. 
O que é crime comum? 
São aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa, ou seja, o sujeito ativo do crime (o homicida) pode ser qualquer pessoa. 
Exemplo: suponha que Felipe, com o emprego de uma arma de fogo desfere dois disparos contra Pedro e por decorrência dos disparos efetuados Pedro vem a óbito. Dessa forma, não temos dúvida que estamos diante do crime de homicídio doloso. 
Doloso? Sim, pois foi retratado que Felipe (com animo de matar) desferiu dois disparos de arma de forma contra Pedro e esse, por conta dos disparos faleceu. 
Agora, suponha que Felipe, engenheiro, acaba por projetar uma casa sem alicerces suficientes e provoca a morte do futuro morador. Nesse caso, estamos diante de um homicídio culposo, na modalidade de imperícia que é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. Assim, a partir desses dois breves exemplo já se tem a plena ciência de que o homicídio pode ser praticado tanto de forma dolosa (direta – quando o agente criminoso quer o resultado morte, ou dolo eventual – quando o agente assume o risco de produzir o resultado) e, também de forma culposa, através da imprudência, negligencia e imperícia. 
A classificação que cuida da forma dolosa ou culposa do homicídio é chamada de elemento subjetivo, em outras palavras, sempre que perguntarem a você a respeito do elemento subjetivo de qualquer crime, automaticamente deve pensar se aquele crime é praticado de forma dolosa ou culposa. 
O que crime material? 
É aquele em que a figura criminosa prevê a conduta e resultado e para que haja a consumação do crime, é necessária a produção do resultado. 
No caso homicídio, o Art. 121 do CP, prevê a conduta matar e consequência disso é que haja a morte da vítima para que ocorra a consumação do crime. Em não havendo morte, estaremos diante da figura da tentativa. 
Questão 
Dos crimes contra a pessoa, destacam-se aqueles que eliminam a vida humana, considerada o bem jurídico mais importante do homem, razão de ser de todos os demais interesses tutelados, merecendo inaugurar a parte especial do nosso Diploma Penal. Considerando os crimes contra a vida, assinale a alternativa INCORRETA.
A) A vida é tratada nesse tópico tanto na forma intra (biológica) quanto extrauterina, protegendo-se, desse modo, o produto da concepção (esperança de homem) e a pessoa humana vivente. 
B) O dolo do homicídio pode ser direto (o agente quer o resultado) ou eventual (o agente assume o risco de produzi-lo). 
C) A Lei nº 13.104/2015 inseriu o inciso VI no art. 121 do Código Penal: o feminicídio, entendido como a morte de mulher em razão da condição do sexo feminino (leia-se, violência de gênero quanto ao sexo). 
D) Infanticídio, segundo dispõe o Diploma Penal Brasileiro, é matar o próprio filho independentemente da condição fisiopsicológica do sujeito ativo. 
E) Três são as formas de praticar o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio: nas duas primeiras hipóteses (induzimento e instigação), temos a participação moral; já na última (auxílio), material.
Resolução: como mencionado anteriormente, a vida humana é protegida tanto na sua forma intrauterina como extrauterina. Também mencionado acerca das formas como o homicídio pode ser praticado, sendo tanto de forma dolosa (dolo direto ou eventual) e de forma culposa.No tocante as alternativas restantes nos próximos tópicos serão as figuras de feminicídio, infanticídio e induzimento, auxilio e instigação ao suicídio, posto que este último foi alterado pela Lei Anticrime. A assertiva errada é a letra D, pois o infanticídio requer a presença do estado puerperal da mãe que mata seu próprio filho. 
O tipo objetivo do crime de homicídio, ou seja, a conduta de “matar alguém”, pode ser praticada de forma livre, razão pela qual há infindáveis formas pelas quais se pode causar a morte de uma pessoa. 
Questão 
O homicídio é doutrinariamente classificado como crime: 
A) de dano. material e instantâneo de efeitos permanentes. 
B) vago. permanente e multitudinário. 
C) próprio, de perigo individual e consumação antecipada. 
D) de concurso necessário, comum e de forma livre. 
E) de mão própria, habitual e de forma vinculada. 
Resolução: o crime de homicídio é um crime de dano (pois obrigatoriamente deverá haver um dano ao bem jurídico tutelado – vida) é material (pois exige a produção do resultado no mundo exterior – morte) e instantâneo de efeitos permanentes (seu resultado ocorre instantaneamente, sem prologar se no tempo, embora suas consequências subsistam perenemente). Letra A. 
Homicídio privilegiado (Art. 121 § 1°, CP) 
  Caso de diminuição de pena
        § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
O motivo de relevante valor social ou moral, se trata do homicídio praticado por valores nobres, fazendo com que o homicida tenha sua penal atenuada por conta dessa característica que reveste o ato. 
Entretanto será preciso dividir esse requisito em duas partes:
1°) a primeira hipótese é do indivíduo que mata alguém por questões de relevante valor moral, ou seja, por motivos de interesse pessoal do agente criminoso. 
Exemplo: Pedro tem uma filha chamada Maria e que João acaba de estupra-la. Dessa forma Pedro furioso pelo ato cometido pelo criminoso João, se mune de uma arma de fogo e sai a procura do estuprador de sua filha. Ao encontra-lo, Pedro desfere três disparos em regiões vitais do corpo e João vem a óbito por conta dessa conduta. 
Assim, a partir desse exemplo, não terá dúvida de que Pedro cometeu um homicídio com João, entretanto tal conduta criminosa se originou de um fato anterior, qual seja, o estupro de João contra a sua filha Maria. Dessa forma tal valor moral, está intimamente ligado ao interesse pessoal de Pedro em matar o estuprador de sua filha. 
Outra forma de homicídio por relevante valor moral é a eutanásia, ou “boa-morte” /homicídio piedoso, que se trata da conduta praticada por uma pessoa que antecipa a morte de outa gravemente enferma. Assim, não há dúvida de que estão diante do crime de homicídio praticado por relevante valor moral, razão pela qual, se trata da figura privilegiada do Art. 121, § 1°, do CP. 
Também outra modalidade de homicídio privilegiado:
2°) aquele cometido por relevante valor social, ou seja, que digam respeito a motivos ligados a questões de interesse coletivo, como matar alguém que tenha traído a pátria. 
Por fim, temos como forma de privilegio, também elencada no Art. 121. § 1°, do CP, o homicídio praticado sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Quanto a essa figura, os penalistas, costumam chama-la de “homicídio emocional”. 
Entretanto, para que essa figura ocorra, quatro requisitos são necessários, de forma cumulativa, no momento da conduta. 
	Estado de violeta emoção 
	Que a violenta emoção seja dominante no agente criminoso
	Que haja uma injusta provocação da vítima (não se traduz necessariamente em agressão, mas compreende qualquer conduta desafiadora e injuriosa)
	Que a reação do homicida seja imediata, ou seja, praticada logo em seguida a provocação recebida.
Imagine que Austin esteja sendo injuriado ou mesmo sem justo motivo, tenha sido agredido por Tiago. A partir daquele cenário Austin sendo tomado pela emoção, comprometendo completamente seu juízo de compreensão e, ato continuo a provocação de Tiago, desfere contra ele uma facada e acaba matando-o. Dessa forma, estamos diante da figura criminosa do homicídio privilegiado praticado sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
Para tanto deve se ficar atento, que a conduta homicida deve ser praticada imediatamente após a provocação, pois do contrário, não há que se falar em homicídio privilegiado. 
Imagine que Austin tenha sido agredido injustamente por Pedro em um bar. Entretanto, passado horas do ocorrido, Austin dirige-se até a sua casa, mune-se de uma faca e vai à caça de Pedro. Dessa forma, Austin acaba por encontrar Pedro ainda no bar que em se iniciou a confusão. Assim, Austin lhe desfere quatro facadas no peito e a vítima vem a óbito na bancada do bar. Nesse caso, não há que se falar em homicídio privilegiado, podendo até mesmo, tipifica-lo a luz do homicídio qualificado (Art.121, § 2°, do CP). Porém nesse caso, Austin poderá ser beneficiado pela atenuante do Art.65, inciso II do CP). 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima. 
QUESTÃO 
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida. 0Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item. Por ter agido influenciado por emoção extrema, Carlos poderá ser beneficiado pela incidência de causa de diminuição de pena. 
() Certo () Errado
Resolução: o requisito temporal para a configuração do homicídio privilegiado. Na questão em análise, verificamos que a conduta de Carlos não se deu imediatamente após a injusta provocação de Paula, razão pela qual, não há que se falar na incidência do privilégio do art. 121, §1º do CP.
2) Maria e Mariana, ambas nascidas com genitais femininos, auto identificadas e socialmente reconhecidas como mulheres, convivem em união estável e monogâmica. Ocorre que Maria, às escondidas, passa a manter relações sexuais com José. Mariana flagra Maria em ato sexual com José e, nesse contexto, Maria provoca injustamente Mariana, dizendo a José, em tom de escárnio, que Mariana é “xucra, burra e ruim de cama”, e que, além disso, Mariana “gosta de ser traída e não tomará qualquer atitude, por ser covarde e medrosa”. Embora nunca tenha praticado ato de violência doméstica, Mariana é tomada por violenta emoção e dispara projétil de arma de fogo contra a cabeça de Maria, que morre imediatamente. É correto afirmar que Mariana praticou: 
A) ato típico, mas amparado por causa excludente de ilicitude. 
B) homicídio qualificado, por meio insidioso. 
C) feminicídio. 
D) homicídio privilegiado. 
E) homicídio qualificado, por motivo torpe.
Resolução: Mariana praticou o homicídio privilegiado, pois estão presentes os quatro requisitos necessários da segunda parte do inciso 1° do Art.121, do CP (sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima). 
Homicídio qualificado (Art. 121, § 2°, CP) 
     § 2° Se o homicídio é cometido:
        I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
        II - por motivo futil;
        III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,ou de que possa resultar perigo comum;
        IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
        V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
        Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio qualificado é considerado crime hediondo (Crime hediondo é aquele considerado como de extrema gravidade. Por isso, recebe um tratamento diferenciado e mais rigoroso com relação aos outros tipos de crime, como, por exemplo, a impossibilidade de fiança), conforme o Art. 1° da Lei. 8.072/90, bem como as suas qualificadoras podem ser de natureza objetiva ou subjetiva. 
· Art. 121, §2°, I, do CP. 
A qualificadora do inciso I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe (qualificadora de ordem subjetiva), deve necessariamente, repartida. Quando falamos da qualificadora da paga ou promessa de recompensa, os penalistas tratam por uma nomenclatura diferente e que você deve se familiarizar, pois poderá aparecer em atividades, provas, etc. Esse é o “Homicídio Mercenário”. 
Nesse caso, o agente criminoso executa o crime movido pela ganancia do lucro, é dizer, em troca de alguma recompensa previa ou na expectativa de recebimento. Essa é uma figura que só ocorre se houver o concurso de duas ou mais pessoas, ou seja, necessariamente deve haver o executor do crime e o mandante. 
Exemplo: Nélio, um mercenário/matador de aluguel é contratado por Antônio, que encomenda a morte de João por conta de uma divida existente entre ambos. Dessa forma, Nélio sai a caça de João e o encontra em uma via pública, então, ato continuo, Nélio em poder de uma pistola efetua cinco disparos em direção a cabeça de João que por sua vez, vem a óbito por conta dos disparos. Assim, Nélio, tendo cumprido com o serviço para o qual foi contratado, recebe de Antônio, a quantia de R$15.000,00 (quinze mil reais) pelo homicídio. 
A partir deste cenário, não há duvida que estamos diante de um homicídio qualificado praticado mediante o pagamento de uma recompensa (R$15.000,00 para Nélio). Se Antônio tivesse feito apenas promessa de pagamento e Nélio tivesse praticado o homicídio, tal circunstância já teria suficiente para caracterizar o crime em tela. 
Você acha que a qualificadora (que é prevista para o executor do crime) se comunica para o mandante (aquele que paga pelo crime)? 
A resposta não é tão simples assim, entre os estudiosos não há um consenso sobre tal circunstância ser comunicável ou não. Entretanto, para o seu concurso, deve levar em conta o que dispõe a jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
Saiba que a 6ª Turma do STJ, em julgamento recente, no bojo do REsp 1.785.797/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 17/12/19, entendeu que a qualificadora referente a paga ou promessa de recompensa possui caráter dúplice, aplicando-se tanto ao agente que promete ou efetua o pagamento quanto àquele que executa o crime. 
A parte final do inciso primeiro do art. 121, §2°, do CP, trata da figura do homicídio praticado por motivo torpe (aquele considerado imoral, vergonhoso, repudiado). 
Imagine a seguinte situação em que Felipe mate seus pais motivado pelo desejo de permanecer com a herança vultosa que ambos deixariam ao findarem sua peregrinação terrestre. Nesse caso, a motivação do crime praticado por Felipe, torna o crime qualificado por motivo torpe, ao executar seus pais para ficar com a herança. 
QUESTÃO 
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item. Na situação considerada, em que Paula foi vitimada por Carlos por motivação torpe, caso haja vínculo familiar entre eles, o reconhecimento das qualificadoras da motivação torpe e de feminicídio não caracterizará bis in idem.
() Certo () Errado
Resolução: as duas qualificadoras podem concorrer ao mesmo tempo na pratica do homicídio, como é o caso da situação hipotética da questão em análise. Certamente você já deve ter ouvido falar em homicídio duplamente qualificado, triplamente qualificado e etc. A resposta é CERTO. 
2) Assinale a alternativa incorreta. 
A) É possível a aplicação da interpretação analógica no tipo de homicídio qualificado pelo fato de o crime ter sido praticado mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe.
B) O fato de a vítima de homicídio doloso ter mais de sessenta anos constitui circunstância agravante, prevista no artigo 61 do Código Penal, considerada na segunda fase de aplicação da pena. 
C) No homicídio doloso qualificado pela motivação torpe, é possível reconhecimento da atenuante genérica do cometimento do crime por motivo de relevante valor moral. 
D) O homicídio híbrido é admitido pela jurisprudência, desde que a circunstância qualificadora tenha caráter objetivo.
E) O homicídio é qualificado pela conexão quando cometido para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
Resolução: podemos verificar o erro a partir da redação da letra B, pois caso a vitima seja maior de 60 anos, não há que se falar em agravante a ser aplicada e sim em causa de aumento de pena, do Art. 121, §º 7º, inciso I, do CP. Letra B. 
Julgue o seguinte item. 
As qualificadoras de paga e promessa de recompensa do crime de homicídio comunicam-se ao mandante. 
() Certo () Errado
Resolução: a qualificadora da paga e promessa recompensa se comunica ao mandate do crime, não ficando apenas na seara do executor do crime. Portanto, é CERTO. 
· Art. 121, §2º, II do CP
II- por motivo fútil; 
É aquele de menor importância, desproporcional, insignificante em relação a situação fática que se apresenta, razão pela qual, tal motivo não pode ser confundido com motivo torpe (repugnante). 
Imaginemos a seguinte situação, Ademir se encontra no interior de um bar jogando uma partida de sinuca com Nélio. Passadas horas da jogatina, Ademir enfurecido por não ter vencido Nélio durante as disputas, verifica que há uma garrafa de vidro ao seu alcance, no momento em que a apanha e logo em seguida golpeia Nélio mortalmente na cabeça. 
Diante desse cenário, o motivo propulsor da conduta de Ademir é completamente desproporcional a situação fática pois, bastava que treinasse mais durante algum tempo para voltar a enfrentar Nélio e vence-lo em uma disputa de sinuca e não acabar com a vida de seu adversário. 
· Art. 121, §2º, III do CP 
Outra forma pela qual o homicídio qualificado pode ser praticado é através do emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. 
Essa qualificadora possui natureza objetiva. O homicídio praticado com o emprego de veneno, só é capaz de qualificar a conduta caso a substância seja ministrada de forma sorrateira, ou seja, de uma forma que a vítima não perceba que está ingerindo a substancia. 
Por outro lado, caso o veneno seja ministrado na vitima com o emprego de força, estaremos diante de outro meio cruel, alcançado pela expressão genérica trazida ao final do inciso que estamos analisando. 
Também presente no inciso III, está o emprego de fogo ou explosivo, como meio de alcançar a morte da vítima, que revela o modo especialmente perverso escolhido pelo agente. 
Já a asfixia é o impedimento da passagem do ar pelas vias respiratórias ou pulmões, por qualquer meio mecânico, como enforcamento, afogamento, esganadura ou sufocação. 
Imagine outra situação, em que Nélio para matar Ademir o estrangula com uma corda. Assim, atestada a causa da morte por asfixia, não temos duvida de que Nélio responderápelo homicídio qualificado com o meio executório da asfixia. 
A tortura só tem o condão de qualificar o homicídio se o resultado morte era o alvo do assassino, tendo escolhido o sofrimento atroz (cruel, desumano) da vítima para chegar à morte. Em sentido aposto, no caso de o agente atuar com dolo apenas em relação à tortura, ou seja, o individuo queria causar um grave sofrimento físico ou mental na vítima e esta, por sua vez, acaba falecendo, estaremos diante da figura da tortura com resultado morte. 
	MEIOS DE EXECUÇÃO
	Veneno – desde que ministrado de forma sorrateira
	Fogo ou explosivo – temos aqui o triste ocorrido no DF, em que dois indivíduos atearam fogo em um índio que dormia num banco nas proximidades da Esplanada
	Emprego de asfixia – mecânica (esganadura, sufocamento...) e toxica (gases deletérios)
	Emprego de tortura – utilizado como forma de chegar ao resultado morte
	Perigo comum – meios que produzam risco a um número indeterminado de pessoas
	Meio insidioso ou cruel – o item 38 da Exposição de Motivos do CP traz o que vem a ser meio insidio ou cruel no seguinte sentido: meio dissimulado na sua eficiência maléfica e este, ou seja, o cruel, o que aumenta inutilidade o sofrimento da vítima, ou revela brutalidade fora do comum ou em contrates com o mais elementar sentimento de piedade.
QUESTÃO 
Constitui homicídio qualificado o crime 
A) cometido contra deficiente físico. 
B) praticado com emprego de arma de fogo. 
C) concretizado com o concurso de duas ou mais pessoas. 
D) praticado com o emprego de asfixia. 
E) praticado contra menor de idade
Resolução: a partir de todo o estudo compartilhado até o momento, conseguimos identificar que a partir da redação do 121, §2º, III, o homicídio é qualificado quando praticado com o emprego de asfixia, seja ela mecânica ou toxica. Letra D. 
2) Miquelino Boa Morte, em razão de motivo abjeto, praticou delito de homicídio contra Angelino Boa Vida. Para tanto, Miquelino misturou, na presença e sob a ciência de Angelino, em um recipiente, água e substância venenosa, obrigando, sem possibilidade de reação, sua vítima a ingerir tal substância, conduta que ocasionou, após sofrimento do envenenado, o seu óbito. Miquelino Boa Morte praticou:
A) Homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e com emprego de veneno. 
B) Homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e mediante recurso que tornou impossível a defesa do ofendido. 
C) Homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno. 
D) Homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e mediante recurso que tornou impossível a defesa do ofendido. 
E) As alternativas, “a", “b", “c" e “d" são incorretas.
Resolução: a partir da situação hipotética elencada no enunciado da questão, verificamos a presença apenas de uma qualificadora. Em que pese o uso do veneno, devemos lembrar que o veneno só é apto a qualificar o homicídio se for ministrado de forma sorrateira. Dessa forma responde o agente apenas pela praticada de homicídio por motivo torpe. Letra E. 
· Art. 121 §2º, IV do CP 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
O agente criminoso age no intuito de evitar uma oportuna e eventualmente eficaz reação da vítima frente a sua conduta, buscando surpreende-la ou engana-la pela situação. 
No que diz respeito a traição, se trata de um ataque súbito e sorrateiro, podendo ser tanto física como moral. 
Suponha que Austin, querendo matar Pedro, emprega-se de um bastão de beisebol e mortalmente o golpeia pelas suas costas, diretamente em sua cabeça, causando sua morte instantaneamente (traição física). Por outro lado, pensamos na situação que Austin convida Pedro para usarem algum tipo de entorpecente, visando, após o uso mata-lo com mais facilidade (traição moral).
Resumindo, homicídio qualificado ocorre quando o responsável pelo crime tem a intenção de matar por um motivo especifico. Se durante as investigações a policia conseguir comprovar que o responsável tinha sim intenção de matar a pessoa por um motivo especial o crime passa a ser automaticamente classificado como homicídio qualificado. 
Seguindo adiante, temos uma figura da emboscada e, por esse, o sinônimo de tocaia, razão pela qual o sujeito passivo não percebe o ataque do ofensor, que se encontra escondido. O homicídio praticado pela premeditação é denominado ex insidiis.
Deve se ficar atento à figura da dissimulação (fingimento, disfarce), que nada mais é do que a ocultação dos próprios desígnios. Aqui estamos diante de uma figura que se divide em moral ou material. Moral, por exemplo, quando o agente das falsas mostras de amizade para ganhar a confiança da vítima. Material quando o homicida se utilizada de disfarce. 
A formula genérica contida na parte final outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. Por dificuldade, a vitima possui alguma possibilidade de defesa, já por outro lado, ao tornar impossível a defesa, o agente criminoso elimina completamente qualquer possibilidade de defesa da vítima. Imagine que Tiago acabe matando Pedro enquanto esse dormia, dessa forma, Tiago tornou impossível a defesa da vítima, incidindo a parte final da qualificadora. 
QUESTÃO 
A respeito de crimes contra a pessoa, é correto afirmar que: 
A) responderá pela prática de crime contra a vida o agente que anuncia produtos ou métodos abortivos. 
B) responderá por homicídio qualificado o agente que matar para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de uma contravenção penal. 
C) o crime de homicídio admite interpretação analógica no que diz respeito à qualificadora que indica meios e modos de execução desse crime. 
D) o agente que matar sua empregadora por ter sido dispensado sem justa causa responderá por feminicídio, haja vista a vítima ser mulher. 
Resolução: o crime de homicídio pode ser praticado de diversas formas que possam resultar perigo comum (III) ou dificultar ou tornar a defesa do ofendido (IV). A prova disso é o exemplo dato anteriormente, o legislador não previu expressamente a qualificadora “matar alguém de costas”, mas caso o crime seja praticado dessa forma, ele poderá, via interpretação analógica (se faz necessário pesquisar a norma prevista, majoritariamente no CP. É nesse documento onde consta o conjunto de leis utilizados para evitar os delitos criminais e punir seus infratores, a interpretação se faz necessária uma vez que a Lei não consegue prever todos os detalhes de todos os fatos criminosos possíveis, assim, é possível encontrar artigos em que há exemplificação de alguns crimes, para finalizar com algo mais genérico), se amoldar ao final do inciso. Letra C. 
· Art. 121, §2º, V do CP
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido:
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Estamos diante do homicídio por conexão ou conexivo, sempre que houver uma incidência da qualificadora, haverá a presença de um outro crime que está intimamente ligado ao homicídio. Essa figura possui natureza subjetiva, ou seja, está ligada aos motivos íntimos que levaram o agente a cometer o ato criminoso. 
“Quando se busca assegurar a ocultação, o que se pretende, na verdade, é manter desconhecida a infração penal praticada, a exemplo do marido que mata a única testemunha que o viu enterrar o corpo de sua mulher, também morta por ele. Já quando o agente via assegurar a impunidade, a infração penal é conhecida, mas sua autoria ainda se encontra ignorada, a exemplo da hipótese do agente que mata também a única testemunha que presenciou o homicídio cujo corpo fora deixado em um local público. Quanto à vantagem de outro crime, conforme esclarece Hungria “o propósito do agente é garantir a fruição de qualquer vantagem, patrimonial ou não, direta ou indireta, resultante de outro crime”, como no caso daquele que mata o seu companheiro de roubo, para que fique, sozinho, com o produto do crime”. (p.164).
QUESTÃO 
De acordo com o Código Penal, há homicídio qualificado quandofor cometido 
A) por grupo de extermínio. 
B) para assegurar a impunidade de outro crime. 
C) estando o ofendido sob a imediata proteção da autoridade. 
D) contra pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos. 
E) por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança.
Resolução: a partir da redação do art. 121, §2º, V, do CP, temos a qualificadora (altera as penas mínima e máxima do tipo, além de trazer novas elementares para o tipo, caracterizado por ser um tipo derivado autônomo ou independente) do homicídio conexivo (aquele praticado para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime), que nos leva a assinalarmos a segunda alternativa. Letra B. 
Feminicídio (Art.121, §2º,-A, I e II, e §7º do CP)
O feminicídio é o homicídio praticado contra mulher por razoes da condição do sexo feminino. “O que são razoes da condição do sexo feminino”? o §2º- A traz essa definição, afirmando que se considera que há razoes de condição do sexo feminino quando o crime envolve violência domestica e familiar e também quando houver menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
	FEMINICIDIO 
	Violência doméstica e familiar
	Menosprezo ou discriminação à condição de mulher
A primeira trata do feminicídio praticado por situação de violência domestica e familiar e para tanto é necessário que nos socorramos dos conceitos de violência domestica elencado no Art. 5° da Lei Maria da Penha (11.340/06). 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Exemplo do Prof° André Estefam: 
“Pode-se dizer, dessa forma, que o feminicídio decorrente de violência doméstica ou familiar consubstancia o ato de matar a ofendida por meio de conduta relacionada com dominação de gênero, isto é, de comportamento que pressuponha, por parte do agressor (seja homem ou mulher), postura de superioridade em face da vítima, subjugando-a ou colocando-a em situação de vulnerabilidade. Cite-se, como exemplo desta modalidade do crime, o ato de matar a (atual ou ex) esposa, companheira, noiva ou namorada, por questões ligadas ao relacionamento, como ciúmes ou inconformismo com eventual intenção de terminar a relação “ (2019, p.147).
 
O feminicídio pode ser caracterizado por menosprezo à condição da mulher, que se verifica em situações nas quais o homicida desdenha do gênero da vitima causando-lhe a morte. 
Exemplo: trafegando com seu automóvel pela Avenida Paulista, João acabou sendo abalroado (colisão de grande impacto) por Maria e inconformado pela manobra que a vitima fez e que acabou causando o acidente. João, desqualificando-a por ser uma mulher no volante, mune-se de uma faca que tinha no interior do seu automóvel e acaba matando a vítima. 
Nesse caso, não há duvida que estamos diante de um feminicídio por menosprezo à condição de mulher, visto que João menosprezou as capacidades automobilísticas da vítima. 
A vitima precisa ser mulher ou o transgénero também pode ser vítima? 
O sujeito passivo (vitima/ofendido) poderá ser mulher (por expressa previsão legal) e, também os transgêneros, e, conformidade com o entendimento do STF. O transgênero é a pessoa que se identifica com um gênero diferente daquele que corresponde ao seu sexo atribuído ao nascer. Tal conceito abarca o travesti e o transexual. 
O feminicídio por si só, é qualificadora do homicídio, fazendo com que recaia sob autor que matou nessas condições, uma pena de 12 a 30 anos. Pois bem, não fosse apenas esses patamares de pena que pode receber o autor, esse fato ainda terá um acréscimo de 1/3 até a metade, se for praticado durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto, contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vitima e por fim o descumprimento das medidas protetivas de urgência. 
	FEMINICÍDIO 
	Qualificadora (art. 121, §2º, VII, §2º-A, I e II)
	Causa de aumento de pena (art. 121, §7, CP).
	Violência doméstica e familiar
	Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto 
	Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
	Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretam condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental. 
	
	na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vitima 
	
	em descumprimento das medidas protetivas de urgência 
QUESTÃO 
No que tange aos crimes dolosos contra a vida, assinale a alternativa CORRETA. 
A) A qualificadora do feminicídio incide em todos os casos em que a vítima for mulher. 
B) O homicídio qualificado-privilegiado é crime hediondo. 
C) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite a antecipação terapêutica do parto de fetos como microcefalia. 
D) O emprego de tortura pode qualificar o crime de homicídio ou caracterizar crime autônomo, dependendo do dolo do agente e das circunstâncias do caso concreto. 
E) A prática da “roleta russa” caracteriza o crime de instigação ao suicídio.
Resolução: Letra D. A assertiva A é tentadora que que assinalemos, pois fala “em todos os casos em que a vítima for mulher” – assim, ela está tratando a qualificadora como uma forma geral e não no contexto em que haja violência domestica e familiar contra a mulher ou, ainda, menosprezo pela condição do sexo feminino. 
2) Quanto aos crimes contra a vida, assinale a opção CORRETA: 
A) A expressão “durante ou logo após o parto" impede a caracterização do infanticídio se a conduta for praticada mais de 24h após o parto ter sido concluído. 
B) Se “A" induz “B" a se matar, mas “B" apenas experimenta lesões leves, “A" pratica delito de auxílio ao suicídio, na forma tentada. 
C) Para a realização do aborto com o consentimento da gestante, em caso de gravidez resultante de estupro, o médico precisa de autorização judicial.
D) Apressar a morte de quem esteja desenganado configura homicídio com relevante valor social. 
E) Ao autor de homicídio praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino da vítima aplica se circunstância qualificadora.
resolução: nesse caso, como estamos tratando de feminicídio, nos interessa a análise da assertiva E. Portanto, podemos afirmar seguramente que ao autor de um homicídio contra mulher por razoes da condição de sexo feminino, estamos falando de um feminicídio. Letra E. 
Em relação aos crimes contra a vida, é correto afirmar que 
A) a genitora que mata o neonato, sob o estado puerperal e logo após o parto, responderá por homicídio duplamente qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e por meio insidioso. 
B) para configuração do homicídio privilegiado, previsto no art. 121, § 1°, do Código Penal, basta que o agente cometa o crime sob o domínio de violenta emoção. 
C) nas lesões culposas verificadas entre os mesmos agentes, é possível aplicar a compensação de culpas. 
D) o feminicídio, previsto no art. 121, § 2°, inciso VI, do Código Penal, exige que o crime seja praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino envolvendo violência doméstica ou familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
E) o agente quepratica autolesão responderá pelo crime de lesões corporais com atenuação da pena de 1/3 a 2/3, a depender da natureza da lesão.
Resolução: nesse momento interessa o conteúdo apresentado pela alternativa D, que retrata todo o conteúdo estudado até o presente momento, razão pela qual o feminicídio exige que a morte tenha ocorrido por razões da condição de sexo feminino, envolvendo violência domestica ou familiar ou também, menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
· Homicídio funcional (art .121, §2º, VII, CP)
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido:
II – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Para tanto é necessário complementarmos a referida previsão legal a partir das autoridades que estão elencadas nos Arts. 142 e 144 da CF. 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital
Nesse caso é necessário que as vitimas acima elencadas estejam no exercício de sua função ou que, embora não se encontrem em situação de serviço, seja o fato cometido em decorrência da função. 
Não obstante, ainda, a qualificadora terá incidência quando o ato perpetrado pelo agente criminoso for contra cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até o terceiro grau dos servidores públicos acima elencados, em razão dessa condição, ou seja, somente em função desse vinculo familiar. 
Então, dessa forma, deve se ficar atento ao fato de que, a circunstância não terá aplicação se o fato não guardar relação com a atividade exercida pela vitima (ou seu familiar). 
Outra informação que precisa estar clara em sua mente, é que a conduta pode ser cometida contra tais pessoa, mesmo quando fora de serviço, desde que o comportamento se dê em decorrência da atividade por elas exercida. 
A policial Michele Putin, na noite de 14 de março de 2018, quando retornava para sua casa, após liderar uma exitosa operação contra o tráfico de entorpecentes na comunidade de “Miracema do Norte”, foi abordada por dois homens armados e friamente assassinada. Num fenomenal trabalho investigatório, a Polícia Civil logrou êxito em identificar os assassinos como sendo os irmãos Jorge e Ernesto Petralha, apurando que tal homicídio se deu em represália pelas prisões ocorridas quando da citada operação policial. Diante desse quadro, podemos asseverar que os assassinos responderão por: 
A) Feminicídio, conduta tipificada no art. 121, § 2°, VI CP. 
B) Homicídio funcional, conduta tipificada no art. 121, § 2°, VII CP. 
C) Homicídio qualificado por motivo fútil, conduta tipificada no art. 121, § 2°, II CP. 
D) Homicídio qualificado por motivo torpe, conduta tipificada no art. 121, § 2°, II CP.
Resolução: pode se verificar que na situação acima, a policial Michele Putin foi vítima de um homicídio funcional, sendo que tal informação é confirmada pela parte final do enunciado, “se deu em represália pelas prisões ocorridas quando da citada operação policial”. 
Letra B. 
O Código Penal qualifica o homicídio doloso quando praticado contra servidores públicos, no exercício de atividade de segurança pública. Podem, dentre outros, ser vítimas do crime 
A) integrantes do sistema prisional, da Força Nacional de Segurança Pública e do corpo de bombeiros militares. 
B) policiais civis, policiais federais e promotores de justiça criminais. 
C) policiais rodoviários federais, policiais militares e juízes com competência criminal. 
D) policiais civis, policiais federais e promotores ou procuradores que atuam no combate ao crime organizado.
E) policiais civis e militares na ativa ou aposentados.
Resolução: o Art. 121, §2º, VII, e também os arts. 142 e 144 da CF/88, podemos identificar que promotores de justiça, juízes de direito e procuradores não estão elencados nos artigos mencionados, razão pela qual, somente os integrantes da policia penal (agentes penitenciários), da Forca Nacional e do Corpo de Bombeiros podem ser sujeitos passivos do crime de homicídio funcional. Conforme leciona a maioria dos estudiosos do Direito Penal, a figura do homicídio funcional não abarca os servidores públicos aposentados. 
	Homicídio qualificado (Art. 121, §1º do CP) 
	Inciso I
	Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por motivo torpe; 
	Inciso II
	Por motivo fútil; 
	Inciso III
	Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
	Inciso IV
	Traição de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte torne impossível a defesa do ofendido; 
	Inciso V
	Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
	Inciso VI
	Feminicídio – Contra mulher por razões da condição de sexo feminino - §2-A – considera-se que há razões de condição do sexo feminino quando o crime envolve: I – violência doméstica e familiar; II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
	Inciso VII
	contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
· Homicídio Hibrido 
A partir desse momento vamos analisar o popularmente conhecido “homicídio híbrido”, em outras palavras, o homicídio qualificado-privilegiado. Pois bem, para que possamos entender essa figura, é necessário que você se recorde, inicialmente, da figura do homicídio privilegiado o art. 121, §1º, do CP. Lembrou? Para visualizarmos melhor, trarei novamente o texto legal.
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Também, é importante lembrar do exemplo do estuprador de sua filha. Lembrou-se né? 
Então, nesse caso estamos diante do homicídio privilegiado. Entretanto, suponha que para matar o estuprador, o pai tenha se utilizado de veneno, ministrado sorrateiramente em uma bebida e que logo em seguida em a causar a morte do estuprador. Você se recorda que o veneno, quando ministrado sem que a vítima tenha conhecimento, é um meio de execução que qualifica o homicídio.
Desse modo, o pai de Maria responderá por homicídio qualificado-privilegiado. Pois, ao matar, por relevante valor moral (o estuprador de sua filha), utilizou-se de veneno, que é um meio apto a qualificar o crime de homicídio.
As qualificadoras referidas no artigo 121 do Código Penal só serão aptas a combinar com o privilégio, caso sejam se ordem OBJETIVA. Então, em sentido contrário, uma qualificadora de ordem subjetiva (como, por exemplo, o motivo fútil) não será apta a combinar com o privilégio.
	Art. 121, §, 1°, CP Art.121, §2°, CP 
	Motivo de relevantevalor social
	Motivo torpe – qualificadora de ordem subjetiva
	Motivo de relevante valor moral
	Motivo fútil – qualificadora de ordem subjetiva
	Domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima
	Meios de execução – qualificadoras de ordem objetiva (art. 121, §2º, III, CP).
	Atenção: Todas essas são de ordem subjetiva
	Modos de execução – qualificadoras de ordem objetiva (art. 121, §2º, IV, CP).
	
	Vínculos finalísticos (art. 121, §2º, V) – qualificadora de ordem subjetiva
	
	Feminicídio – Há divergência doutrinária. Os tribunais entendem que é objetiva. 
	
	Agentes de segurança Pública – ordem subjetiva.
A condenação por homicídio privilegiado qualificado é possível na hipótese em que: 
A) o crime for cometido com emprego de fogo. 
B) o crime for qualificado pela motivação fútil. 
C) o crime for qualificado pela vingança. 
D) o agente embriagado agir por motivo irrelevante. 
E) a vítima atingida for pessoa diversa da que se pretendia matar por questão de ódio
Resolução: a partir do que o enunciado da questão nos indaga, é possível verificarmos que o homicídio qualificado privilegiado só poderá ocorrer quando estiverem presentes uma qualificadora de ordem objetiva juntamente com o privilégio. Já conseguiu identificar o gabarito, meu amigo(a)? Claro que sim! Nesse caso, a única qualificadora possível de combinar com o privilégio é o emprego de fogo (art. 121, §2º, III, CP). Letra A.
No crime de homicídio doloso é majoritário o entendimento que admite a coexistência das circunstâncias privilegiadas (art. 121, § 1°, do CP), todas de natureza subjetiva, com as qualificadoras de natureza objetivas insertas no art. 121, § 2°, do Código Penal. 
() Certo () Errado
Resolução: conforme estudamos até o presente momento, é correto afirmarmos que é possível a coexistência de qualificadoras de ordem objetiva com as de ordem subjetivas (do privilégio), gerando o homicídio híbrido. CERTO
Outra indagação que você poderá encontrar na sua caminhada dos concursos é de o homicídio híbrido/ qualificado-privilegiado, é ou não hediondo.
Primeiramente, o homicídio simples, praticado em atividade típica de grupo de extermínio e o homicídio qualificado (por qualquer uma das qualificadoras) seja ele consumado ou tentando, será hediondo, conforme o artigo 1º da Lei 8.072/90.
Art. 1° São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII). 
A hediondez torna mais rigorosa as regras para concessão de benefícios acerca dos crimes nela elencados. Então, superada essa primeira parte. A principal celeuma envolvendo o homicídio diz respeito em ser ou não hediondo o homicídio híbrido. O HOMICÍDICO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO NÃO É HEDIONDO. Isso já foi amplamente debatido pelos tribunais superiores e consolidou-se que o crime de homicídio praticado nessas condições não é hediondo.
	Homicídio
	Hediondo
	Simples em atividade típica de grupo de extermínio
	Sim
	Qualificado
	Sim
	Híbrido/Qualificado-privilegiado
	Sim
Acerca dos crimes previstos na parte especial do Código Penal, julgue o item a seguir. De acordo com a doutrina e a jurisprudência dominantes, o chamado homicídio privilegiado-qualificado, caracterizado pela coexistência de circunstâncias privilegiadoras, de natureza subjetiva, com qualificadoras, de natureza objetiva, não é considerado crime hediondo. 
() Certo () Errado 
Resolução: dessa forma, a partir da tabela que construímos juntos, é possível afirmarmos que o homicídio privilegiado-qualificado não é hediondo. CERTO
· Homicídio culposo (art. 121, §§3º, 4º e 5º, CP). 
Seguimos com o nosso plano de estudo e agora passamos a analisar a figura do homicídio culposo. Então, vejamos o que diz o art. 121, §3º, do Código Penal.
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos.
Imprudência: É quando o agente age sem os cuidados que o caso requer.
Negligência: É a ausência de precaução (conduta negativa). Difere da imprudência (conduta positiva) 
Imperícia: Falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão
Assim, lhes trago um exemplo do professor Rogério Greco: 
Dessa forma, para que possamos falar em punição pela prática de crime culposo, é necessário verificarmos a previsibilidade do criminoso. Ou seja, se o fato escapar totalmente à sua previsibilidade, o resultado não lhe pode ser atribuído, mas, sim, ao caso fortuito ou a força maior. 
Para não ficar confuso, vou lhes trazer a lição de Nelson Hungria, o qual já lhe afirmei ser o Pai do Direito Penal. Vejamos:
“Assim, imagine-se a hipótese em que o agente, pai de uma criança de 3 anos de idade, morador do 14º andar de um prédio de apartamentos, deixe de colocar o necessário dispositivo de segurança em suas janelas e varanda (rede de proteção). Seu filho, que por um instante não estava sendo observado, debruça-se no parapeito da janela e cai, morrendo com a queda. No caso em exame, o pai deixou de observar o seu dever objetivo de cuidado, não tendo a preocupação necessária de colocar as redes de proteção, devendo responder, portanto, pela morte de seu filho, a título de culpa independentemente do raciocínio que se possa realizar a respeito da possibilidade de aplicação do perdão judicial, que veremos mais adiante.” (2014, p.168).
independentemente do raciocínio que se possa realizar a respeito da possibilidade de aplicação do perdão judicial, que veremos mais adiante.” (2014, p.168).
“Existe previsibilidade quando o agente, nas circunstâncias em que se encontrou, podia, segundo a experiência geral, ter-se representado, como possíveis, as consequências do seu ato. Previsível é o fato cuja possível superveniência não escapa à perspicácia comum. Por outra palavras: é previsível o fato, sob o prisma penal, quando a previsão de seu advento, no caso concreto, podia ser exigida do homem normal, do homo medius, do tipo comum de sensibilidade ético-social”.
Portanto, agora que já analisamos as figuras descritas no art. 121, §3º, do CP, é necessário sabermos que o homicídio culposo ainda pode ser praticado de forma majorada. 
Dessa forma, o §4º, do art. 121, prevê o aumento de 1/3 da pena nas seguintes hipóteses: 
a) se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício; e 
b) se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante.
Quando estamos diante da inobservância da regra técnica de cuidado, é o caso do agente que, mesmo tendo os conhecimentos das técnicas necessárias para o exercício da sua profissão, arte ou ofício, não os utiliza por leviandade.
Imagine a seguinte situação: Felipe, técnico em construção, constrói um muro divisório no terreno de sua residência que faz divisa com a casa de Tiago. Entretanto, o muro construído vem a ruir e causar a morte de Tiago, por ter sido construído sem a observância das regras técnicas de cuidado. Assim, parece-nos evidente que nesse caso haverá a incidência da figura do homicídio culposo majorado.
A outra forma que o homicídio culposo pode ser praticado se dá quando o agente deixa de prestar o imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato ou foge para evitar a prisão em flagrante.
Dessa forma, o mais importante a saber é que a majoração pela omissão de socorro só ocorrerá caso o agente tenha matado alguém por negligência, imprudência e imperícia. Em sentido contrário, caso o agente não tenha agido com culpa e mesmo assim deixa de prestar socorro à vítima, haverá o crime autônomo de omissão de socorro do art. 135, do CP. Então, para encerrarmos o estudo do homicídio culposo, ainda nos resta ver apenas a figura do perdão judicial. 
Para tanto, o §5º assim está redigido.
· Homicídio culposo 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar deaplicar a pena, se as consequências de a infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
Imagine que Nélio, que possui porte legal de arma de fogo, chegue em casa apressado e, de forma negligente, retira a sua arma da cintura e a coloca sob o sofá da sala, partindo, logo em seguida, ao banheiro. Sua filha menor Maria, ao avistar a arma de fogo, começa a brincar com ela. A arma, por acidente acaba disparando, atingindo-o mortalmente. Nélio, ao escutar o estampido, se lembra que deixou a arma sob o sofá e, ato contínuo, sai em disparada do banheiro para a sala da residência. Chegando ao cômodo, encontra sua filha morta.
Será que Nélio queria a morte da sua filha Maria? Evidente que não! Dessa forma, as consequências do fato são muito maiores do que qualquer pena criminal que possa advir dessa conduta, razão pela qual, o juiz poderá aplicar-lhe o perdão judicial.
Também, é importante que você saiba que o perdão judicial (art. 121, §5º, do CP) é uma causa de extinção da punibilidade, conforme o artigo 107, inciso IX, do CP:
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei
A hipótese do art. 121, § 5.º do CP, doutrinariamente denominada de perdão judicial, aplica-se ao homicídio 
A) cometido por relevante valor moral. 
B) culposo. 
C) privilegiado (caso de diminuição de pena). 
D) cometido sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
E) cometido por relevante valor social. 
Resolução: Ao analisarmos o enunciado da questão, ela nos exige termos o conhecimento específico da letra seca de todos os elementos que compõe o art. 121, CP. A partir da letra seca da lei e, também de tudo que estudamos até o momento, confio com 100% de certeza que estamos com o mesmo gabarito na cabeça! E aí, já sabe qual é? Isso mesmo, se você pensou na letra “b” acerto em cheio, pois é somente no caso de homicídio culposo que podemos falar acerca da aplicação do perdão judicial.
· ART. 121, §6º, CP
Vamos tratar sobre o homicídio praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. Ao verificarmos o texto legal, podemos notar que não estamos diante da figura do homicídio qualificado e, sim do homicídio majorado. 
O que significa majorante? 
As majorantes estão espalhadas pelo Código Penal, mas, para que você possa identifica-la como tal, basta focar no aspecto fracionário que ela nos apresenta. Em outras palavras, sempre que alguma disposição do Código Penal estiver se expressando em forma de fração, estaremos diante de uma majorante (caso a pena seja aumentada para mais) ou uma minorante (caso a pena seja diminuída). Você, também, poderá encontrar por outra terminologia, como, por exemplo, causa de aumento (significa majorante) e causa de diminuição (minorante).
Exemplifico: 
	Causa de aumento = 
	Majorante 
	Causa de diminuição = 
	Minorante 
Art. 121. Aumento de pena 
§ 6° A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
Verificamos que se trata de uma majorante pois o texto está assim redigido “a pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade”. Caso fosse inserida a palavra ‘diminuída’ em substituição de ‘aumentada’ estaríamos diante de uma minorante (ou causa de diminuição).
A partir de agora, precisamos definir o que é grupo de extermínio e milícia privada. Por grupo de extermínio, estamos diante da reunião de “justiceiros” que atuam a margem da legalidade, ou seja, justificam a prática dos seus crimes a partir da premissa de ausência ou leniência do Estado em punir as pessoas conforme a lei. Dessa forma, acabam promovendo uma matança generaliza contra pessoas que, no ponto de vista do grupo, são marginais e criminosos. Por outro lado, ainda, há a figura da milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviços de segurança. 
Essas milícias atuam principalmente em comunidades carentes, a pretexto de exercerem a segurança do local, buscando “restaurar a paz e a ordem” que supostamente tenham desaparecido do local. A figura torna-se passível de punição, pois os integrantes da milícia ignoram a segurança pública do Estado, como se ela não existisse.
Sendo assim, caso o homicídio seja praticado por ambos os grupos, estaremos olhando para homicídios majorados. Certamente, esse homicídio poderá ser qualificado, caso o grupo de extermínio ou milícia privada, mate, por exemplo, por motivo fútil e, junto a isso, haverá, também a incidência da majorante anteriormente apresentada.
De acordo com o Código Penal assinale a alternativa correta. 
A) A pena para quem pratica homicídio qualificado será aplicada de 12 (doze) a 20 (vinte) anos de reclusão. 
B) Se o agente comete o crime de homicídio impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um terço até a metade. 
C) A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter de pôr termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. 
D) A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) até a metade se o crime de homicídio for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
E) A sentença que conceder perdão judicial será considerada para efeitos de reincidência.
Resolução: a partir do que estudamos até o momento, podemos eliminar algumas alternativas por estarem em desacordo com a legislação penal vigente. Ao analisarmos, por exemplo, a letra “A”, eu sei que você tem a ciência de que a pena para o homicídio qualificado é de 12 a 30 anos, e não 20. Também, você também se recorda que o redutor aplicado para o homicídio privilegiado não é o que vem elencado na letra “B’. Por fim, a letra “D” nos traz a hipótese do homicídio majorado praticado por milícia privada, que você também já sabe que o aumento é de 1/3 e não de 1/6. Letra C. 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação 
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§ 3º A pena é duplicada: 
I -se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; 
II -se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. 
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. 
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. 
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
O tipo penal prevê as condutas de induzir, instigar ou prestar auxílio material, a alguém para suicidar-seou automutilar-se.
INDUZIMENTO: Ela acontece quando o agente criminoso faz nascer na vítima o desejo de suicidar-se ou auto mutilar-se. No induzimento, nem passa pela cabeça da vítima cometer alguma das duas atrocidades. 
INSTIGAÇÃO: Ela acontece quando o criminoso reforça uma vontade preexistente da vítima em suicidar-se ou automutilar-se.
AUXÍLIO MATERIAL: Nesse caso, o agente fornece a vítima meios necessários para ela se suicidar ou auto mutilar-se, emprestando instrumentos letais. 
Imagine que Austin induza Dallas a se suicidar e este, vem a cometer o ato fatal. Nesse casso, podemos verificar que nunca passou pela cabeça de Dallas se suicidar, entretanto, convencido por Austin, resolve ceifar sua própria vida. 
Assim, não há dúvida de que Austin responderá pelo crime em tela. De outro modo, suponha que Dallas está com inúmeros problemas em sua vida pessoal e, infelizmente, acha que não encontrará solução para nenhum deles, vindo, por conseguinte, passar pela sua cabeça a hipótese de ceifar a sua vida. Após ter isso em mente Dallas informa Austin que pensou em suicidar se. Austin, ao ouvir o pronunciamento de Dallas, fomenta tal ideia, instigando-o a se suicidar e, então, Dallas decide suprimir sua vida, razão pela qual, suicida-se.
Assim, a partir da situação em tela, podemos perceber que Austin também responderá pelo crime em análise, entretanto, incorrendo no verbo instigação, pois Dallas já estava pré-disposto a tirar a sua vida.
entretanto, incorrendo no verbo instigação, pois Dallas já estava pré-disposto a tirar a sua vida. Por fim, imagine que Austin tenha emprestado um revólver para que Dallas tirasse sua vida. Pois bem, caso Dallas venha a se suicidar, Austin também responderá pelo crime em tela, mas agora na modalidade prestar auxílio.
Tudo isso que Austin cometeu também será caracterizado como crime caso o indivíduo venha a se automutilar. 
Também, o crime ora em estudo pode ser considerado um crime comum, ou seja, aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. Há também, uma divergência sobre o crime ser formal ou de mera conduta. Entretanto, ainda prevalece no meio dos penalistas que é um crime formal!
Em sentido oposto ao crime material que estudamos no homicídio, o crime formal é aquele que prevê conduta e resultado, entretanto, não há necessidade de ocorrência do resultado para que o crime exista para o mundo jurídico, bastando apenas a conduta.
Dessa forma, realizadas as condutas anteriormente analisadas, o crime estará consumado. Ainda, o crime do art. 122 só poderá ser praticado de forma dolosa (direto ou eventual), não havendo previsão acerca da punição culposa.
Você deve saber que, se dá automutilação ou do fato de a vítima tentar-se suicidar, ela acabar resultado com lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos do §1º do art. 122, a pena será de reclusão de 1 a 3 anos.
Agora, se houver a consumação do suicídio ou se dá automutilação resultar a morte, a reclusão será de 2 a 6 anos. Já o §3º, nos traz a hipótese em que a pena para o crime em tela será duplicada, se tal crime for praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil. As definições de torpeza e futilidade são as que já estudamos quando da análise do homicídio. Dessa forma, meu amigo(a), basta você os transportá-los para cá. Já o motivo egoístico é aquele sentimento de indiferença que o autor do crime tem para a vítima, no momento de induzi lá, instiga-la ou prestar-lhe auxílio para que ceife sua vida ou se automutile.
Nesse caso, posso concluir que se trata de uma majorante?
Sim, com certeza. Além das hipóteses fracionárias apresentadas pelo CP para caracterizar uma majorante, ele também nos traz tais definições a partir da nomenclatura “duplicada”.
Saiba, também, que será duplicada a pena para o criminoso que tenha como alvo uma vítima menor de idade, ou que tenha diminuída a capacidade de resistência. 
Imagine que Austin tenha feito com que Dallas ingerisse bebida alcoólica ao ponto de que este ficasse em um estado de alteração psíquica que não seja possível oferecer resistência e, logo em seguida Dallas vem a se suicidar. Dessa, forma conseguimos visualizar que Austin responderá pelo crime na sua forma majorada.
Baleia azul 
Você lembra daquela infeliz brincadeira que rondou o território brasileiro e acabou vitimando inúmeras crianças?
Pois bem, os §4º e 5º do referido artigo foram inseridos no texto penal para coibir tal prática, dispondo que se as condutas que estudamos anteriormente, serão penalizadas de forma dobrada se for realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. De outra banda, a pena será aumentada em metade se o agente criminoso for líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
E, para encerrarmos o estudo do crime do art. 122 do CP, você precisa ficar atento aos §6º e 7º. 
O §6º dispõe que se do crime resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código (a figura será objeto de estudo logo em seguida).
MENOR DE 14 ANOS: Circunstância objetiva – ou seja, o agente deve ter conhecimento que a vítima conta com menos de 14 anos na prática do crime. Dessa forma incidirá a figura em tela. 
ENFERMIDADE OU DEFICIÊNCIA MENTAL: Deverá ser averiguada em cada caso concreto, a partir de exames psicológicos sob a vítima para aferir se a enfermidade ou deficiência mental foi apta a macular o discernimento da vítima.
	Vitima
	Conduta- suicídio consumado/ automutilação consumada
	Menor de 14 anos
	HOMICÍDIO
	Enfermidade ou deficiência mental
	HOMICÍDIO
	Não pode oferecer resistência
	HOMICÍDIO
Nos casos em que as vítimas forem as pessoas elencadas na coluna da esquerda e a conduta praticada pelo agente consume o resultado suicídio e automutilação com morte, o indivíduo não responderá pelo crime do art. 122 do CP e, sim pelo crime de HOMICÍDIO MAJORADO do art. 121, §4º, CP. 
No que se refere aos crimes contra a pessoa, é correto afirmar que 
A) o homicídio funcional é aquele delito praticado contra autoridade ou agente membro das forças armadas, policiais federais em geral, policiais civis ou militares, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou, ainda, contra seu cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau, em razão dessa condição, incidindo pena privativa de liberdade de doze a vinte anos de reclusão. 
B) a prática de feminicídio na presença de descendente, ascendente ou colateral da vítima implica no aumento da pena de um sexto a um terço. 
C) é incompatível o crime de homicídio simples tentado com o caráter hediondo. 
D) a pena é duplicada para crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio praticado contra vítima menor ou com diminuição da capacidade de resistência.
Resolução: o analisarmos a questão em tela, precisamos no deter aos detalhes. Então, perceba que, como eu falei para você anteriormente, a Lei Anticrime alterou substancialmente o crime do art. 122, do CP, inserindo a figura da automutilação, até então inexistente e, também inserindo novos patamares de pena privativa de liberdade a depender de como fora praticada a conduta pelo agente. Assim, por se tratar de uma inovação legislativa, eu vou dar um conselho a você (e eu sei que o concurseiro, as vezes não gosta disso, mas preciso lhe falar): decore as formas de como se dará o aumento de pena no art. 122 (duplicada, aumentada de metade, aumentada até o dobro). Veja o que diz a assertiva letra “D”, “a pena é duplicada”, desse modo, é necessário saber o texto seco do art. 122, do CP.
Solução das demais alternativas: 
a) conforme o artigo 121, §2º, inciso VII, o parentesco do cônjuge ou companheiro, para que haja a incidência da qualificadora, é até o terceiro grau e não até o segundo conforme apresentadopela assertiva.
b) primeiramente a causa de aumento é de 1/3 até a metade e, também, não há previsão legal expressa acerca da presença dos parentes colaterais da vítima. 
c) nesse caso, poderá haver compatibilidade, desde que o crime seja praticado em atividade típica de grupo e extermínio.
Letra D. 
Infanticídio
Infanticídio 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
A partir da leitura do dispositivo em análise, podemos verificar que o crime é semelhante ao crime de homicídio, porém, se reveste de elementos especializastes, quais sejam: “o próprio filho, durante ou logo após o parto, sob a influência do estado puerperal”. 
Partindo dessa primeira premissa, podemos verificar que, diferentemente dos crimes estudados anteriormente, o infanticídio é um crime próprio, ou seja, o oposto de um crime comum. 
Ao lermos atentamente o dispositivo, vamos perceber que o sujeito ativo, ou seja, aquele que pratica a conduta, só pode ser a mãe (parturiente), que mata o seu filho, durante ou logo após o parto, sob a influência do estado puerperal. Pois bem, ao mesmo tempo que o infanticídio é um crime próprio quanto ao sujeito ativo, também será quanto ao sujeito passivo (vítima), que só pode ser o filho da homicida.
Também, assim como o homicídio, é um crime material pois, para a consumação, é necessário que ocorra a morte do neonato.
IMPORTANTE: se a mãe matar o filho durante ou logo após o parto, ela responderá por homicídio (simples ou qualificado). Ela só responderá pelo infanticídio se estiver presente o elemento o estado puerperal.
Estado puerperal: é aquele que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno. Neste momento, há intensas alterações psíquicas e físicas, que chegam a transformar a mãe, deixando – a sem plenas condições de entender o que está fazendo, razão pela qual se trata de situação de semi-imputalidade (perda parcial da compreensão da conduta ilícita e da capacidade de autodeterminação ou discernimento sobre os atos ilícitos praticados). Neste momento, há intensas alterações psíquicas e físicas as quais chegam a transformar a mãe. 
Puerpério: é o período que se estende do inicio do parto até a volta da mãe às condições pré-gravidez. O estado puerperal consiste em elemento objetivo do tipo penal do crime de infanticídio. 
Para Paulo José da Costa Júnior “a mulher, abalada pela dor obstétrica, fatigada, sacudida pela emoção, sofre um colapso do senso moral, uma liberação de instintos perversos, vindo a matar o próprio filho”.
EXEMPLIFICANDO 
Imagine que Joana, esposa de Austin, venha dar à luz a Maria, e a parturiente, dominada por uma forte carga hormonal decorrente do parto e pós-parto, acabar por matar sua filha, estrangulando-a mecanicamente. Nesse caso, estamos diante da figura do infanticídio e não do homicídio, tendo em vista a presença dos elementos especializantes.
O infanticídio só poderá ser praticado na forma dolosa (dolo direto ou eventual), não havendo previsão de infanticídio culposo. 
Abigail, depois de iniciado parto caseiro, mas antes de completá-lo, sob influência do estado puerperal, mata o próprio filho. Abigail praticou crime de:
A) consentimento para o aborto 
B) homicídio 
C) homicídio qualificado. 
D) infanticídio. 
E) autoaborto. 
Resolução: a partir das informações extraídas do enunciado e, também, do visto até o momento, Abigail será autora do crime de infanticídio. Letra D.
Maria, que estava sob a influência do estado puerperal, em face de ter acabado de dar à luz, estando sonolenta pela medicação que lhe fora ministrada, ao revirar na cama, acabou sufocando seu filho, que se encontrava ao seu lado na cama, matando-o. Logo, Maria: 
A) deverá responder pelo crime de homicídio doloso. 
B) deverá responder pelo crime de homicídio culposo. 
C) deverá responder pelo crime de infanticídio doloso. 
D) deverá responder pelo crime de infanticídio culposo. 
E) não deverá responder por crime algum, pois foi um acidente. 
Resolução: analisando o enunciado da questão, podemos verificar que Maria não quis causar a morte do seu filho e, em que pese a banca tentasse induzir o candidato a erro falando sobre o estado puerperal, não há que se falar em infanticídio, mas em homicídio culposo. Letra B.
Configura crime de infanticídio o ato de: 
A) matar, para ocultar desonra própria e sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. 
B) matar, para ocultar desonra própria e sob influência do estado puerperal, o próprio filho, antes, durante o parto ou logo após. 
C) matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, antes, durante o parto ou logo após.
D) matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. 
Resolução: você deve estar atento ao momento em que ocorre o crime de infanticídio. Se o crime ocorrer antes do parto, estaremos diante do crime de aborto. Se o crime for depois do parto, podemos estar diante do homicídio. O infanticídio requer durante ou logo após.
Aborto
Para um dos grandes estudiosos do Direito Penal, Júlio Fabrini Mirabete, “o aborto é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção”. 
A gestação (para a órbita jurídica) tem inicio com nidação, que é a implantação do ovulo fecundado no endométrio com a sua fixação no útero materno. Dessa forma, o aborto visa tutelar a vida humana intrauterina. 
	Natural 
	Aquele que normalmente é causado por problemas de saúde da gestante (não é crime) 
	Acidental 
	Pode ser decorrente de traumas, quedas, acidentes (em regra, não se trata de crime) 
	Criminoso 
	Previsto nos artigos 124 a 127 do CP 
	Legal/ permitido 
	Art. 128 CP 
	Miserável/ econômico 
	Cometido por razoes de miséria e incapacidade de sustento do infante (não exime o agente de pena)
	Eugenésio 
	Ocorre quando há comprovados riscos de o feto nascer com graves anomalias, sejam físicas ou psíquicas (não foi acolhida pela nossa lei) 
	Honoris causa 
	Quando há interrupção extraconjugal (é crime) 
	Ovular 
	Praticado até a oitava semana de gestação 
	Embrionário 
	Praticado até a decima quinta semana de gestação 
	Fetal 
	Praticado posteriormente a decima quinta semana de gestação. 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (Art. 124, CP) 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos
Esse dispositivo prevê duas formas de aborto, a primeira delas é o autoaborto quando a própria gestante realiza a manobra abortiva e a segunda, aborto praticado com o seu consentimento (terceiro que irá realizar a manobra abortiva). 
	
AUTOABORTO
	Mulher gravida que quimicamente, mecanicamente ou fisicamente, provoca nela mesma, a interrupção da gravidez, destruindo a vida intrauterina. Imagine que Joana, esposa de Austin está gravida e conscientemente ingere o medicamente CITOTEC (abortivo) e vem a causar a morte do feto, nesse caso Joana incorrerá as sanções do Art. 124, do CP. 
	
CONSENTIR A GESTANTE NO ABORTAMENTO 
	Nesse caso, o terceiro realiza a manobra abortiva com a concordância da vítima. Imagine que Joana, gravida se dirige até a clinica abortiva e contrata um médico para realizar a manobra. Nesse caso, Joana respondera pelo crime do Art. 124, entretanto, o medico responderá pelo crime do Art. 126, do CP (aborto praticado por terceiro). 
Caso a vítima peça para um terceiro realizar a manobra abortiva sob ela, esse terceiro responderá por um crime diferente? 
Sim, isso mesmo. A regra no ordenamento jurídico penal é que se duas pessoas praticam um crime, elas responderam juntas pelo mesmo crime na medida de sua culpabilidade (por exemplo, duas pessoas que praticam um crime de furto, irão responder conjuntamente pelo Art. 155 do CP, que prevê o furto). 
Essa é uma exceção pluralística à teoria monista (adotada pelo art. 29, do CP). 
Entretanto, alguns casos expecionais no CP, como o crime de corrupção

Outros materiais