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Teoria Geral dos Contratos

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Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 
 
 Conceito de Contrato 
A doutrina diz que o contrato é a mais comum e mais 
importante fonte de obrigação. 
Mas, o professor traz uma outra visão: 
Trata-se de uma ideia equivocada da doutrina, porque 
primeiro é a relação jurídica que é executada, depois 
surge o contrato como forma de execução. 
 Portanto, o surgimento do contrato está 
intimamente relacionado com as obrigações. 
O contrato é uma espécie de negócio jurídico que 
depende, para sua formação, da participação de pelo 
menos duas partes. 
Os negócios jurídicos bilaterias, que decorrem de 
mútuo consenso, constituem os contratos. 
 O contrato é, portanto, uma espécie do gênero 
negócio jurídico. 
“O contrato é um acordo de vontades, na 
conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, 
resguardar, transferir, conservar, modificar ou 
extinguir direitos. 
Importante: Dado essa definição podemos dizer que o 
contrato não se restringe ao direito das obrigações, 
estendendo-se a outros ramos do direito privado e 
também ao direito público. 
Exemplo: contrato de casamento. 
De modo geral: A ideia do contrato tem a 
predominância da AUTONOMIA DA VONTADE, em que 
as partes discutem livremente suas condições em 
situação de igualdade. 
Isso porque estamos tratando do contrato de essência 
privada e paritário. 
 Há ainda contratos que são considerados 
impessoais e padronizados, pois já dizem 
respeito à economia, pessoa jurídica, Estado. 
 
 Quanto ao Estado, interfere constantemente 
na relação contratual privada, para assegurar a 
supremacia da ordem pública. 
 
 
 
 
O Código Civil traz a FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO. 
Menciona que a liberdade de contratar só pode ser 
exercida em consonância com os fins sociais do 
contrato, implicando os valores primordiais da boa-fé 
e da probidade. 
 Art. 421 e 422 do CC. 
De acordo com Gagliano, o conceito de contrato é: 
É um negócio jurídico por meio do qual as partes 
declarantes, limitadas pelos princípios da função social 
e da boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos 
patrimoniais que pretendem atingir, segundo a 
autonomia das suas próprias vontades. 
Função Social do Contrato 
O Código Civil adota o princípio da socialidade, o que 
quer dizer que há uma prevalência dos valores 
coletivos sobre os individuais. 
 Não deixando de lado, é claro, o valor 
fundamental da pessoa humana. 
 O novo CC deu muito valor ao sentido social. 
Dispõe o art. 421 do CC: 
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos 
limites da função social do contrato. 
Portanto, um dos pilares da teoria contratual é a sua 
função social. 
 O dispositivo subordina a liberdade contratual 
à sua função social, com prevalência dos 
princípios condizentes com a ordem pública. 
A função social do contrato serve para LIMITAR a 
autonomia da vontade quando tal autonomia esteja 
em confronto com o interesse social e este deva 
prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a 
própria liberdade de não contratar. 
 Desafia a concepção clássica de que as partes 
podem pactuar que TUDO podem fazer, uma 
vez que estão no exercício da autonomia da 
vontade. 
Em outras palavras, pode ser visto também, que a 
função social do contrato se trata de uma 
condicionante posta ao princípio da liberdade 
contratual. 
 Teoria geral dos Contratos 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 Não deve ser entendido como uma exceção a 
um direito absoluto, mas como expressão da 
função metaindividual que integra aquele 
direito. 
A função social pode ser enfocada sob dois aspectos: 
1. Individual: diz respeito aos contratantes, que 
se valem do contrato para satisfazer seus 
interesses próprios; 
2. Público: interesse da coletividade sobre o 
contrato. 
Importante: A função social do contrato só estará 
cumprida quando a sua finalidade for distribuída de 
forma justa. 
 Quando o contrato representar uma fonte de 
equilíbrio social. 
 
 Cláusulas gerais: 
São normas orientadoras sob forma de diretrizes, 
dirigias precipuamente ao juiz, vinculando-o, ao 
mesmo tempo em que dão liberdade para decidir. 
 Formulações contidas em lei, caráter genérico 
e abstrato, cujo valores devem ser preenchidos 
pelo juiz. 
 Princípios gerais = cláusulas gerais. 
Cláusulas gerais como forma de moldar o direito à 
realidade social, dando mobilidade à interpretação 
feita pelo aplicador, demonstrando que o direito não 
pode ser interpretado de acordo com a letra da lei, mas 
fundado em uma base ética (TOMASZEWSKI, 2006, 
p.37). 
 Para Nery Junior (2008, p.192), tanto as 
cláusulas gerais como os conceitos legais 
indeterminados são abstratos e trazidos na lei. 
Portanto, tem como função fornecer ao 
julgador a possibilidade de valorar e decidir o 
caso concreto, sempre pautado pela 
LEGALIDADE. 
A cláusulas gerais que proclama a função social do 
contrato é a exigência do comportamento condizente 
com a probidade e a boa-fé objetiva. 
É o que dispõe o art. 422 do CC: Os contratantes são 
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, 
como em sua execução, os princípios de probidade e 
boa-fé. 
 As partes devem celebrar seus contratos cm 
ampla liberdade, observadas as exigências de 
ordem pública, que estão dispostas nas 
cláusulas gerais. 
Logo, a função social do contrato é uma cláusula geral. 
Trata-se, portanto, de normas de ordem pública. 
 O juiz pode aplicar as cláusulas gerais em 
qualquer ação judicial, podendo agir ex officio. 
 O juiz ainda poderá ajustar o contrato e 
modificar a cláusula, caso entenda que deve 
assim agir para adequar o contrato à sua 
função social. 
 
 Relação com o código de defesa do 
consumidor 
O Código do Consumidor estabeleceu princípios gerais 
de proteção que, pela sua amplitude, passaram a ser 
aplicados também aos contratos em geral, mesmo que 
não envolvam relação de consumo. Destacam-se o 
princípio geral da boa-fé (art. 51, IV), da 
obrigatoriedade da proposta (art. 51, VIII), da 
intangibilidade das convenções (art. 51, X, XI e XIII). 
 Os princípios tornados lei positiva pela lei de 
consumo devem ser aplicados, sempre que 
oportunos e convenientes, em todo contrato e 
não unicamente nas relações de consumo. 
Desse modo, o juiz, na aferição do caso concreto, terá 
sempre em mente a boa-fé dos contratantes, a 
abusividade de uma parte em relação à outra, a 
excessiva onerosidade etc., 
 Como regras gerais e cláusulas abertas de 
todos os contratos, pois os princípios são 
genéricos, mormente levando-se em conta o 
sentido dado pelo novo Código Civil. 
Questionamento: O contrato tem relação com o direito 
constitucional? 
Sim! Trata-se de instrumento de socialização do 
direito, baseia-se, portanto, na ideia da constituição da 
função social da propriedade. A partir disso, podemos 
extrair que a função social do contrato, deve respeitar 
a dignidade da pessoa humana, logo, deve respeitar os 
direitos e garantias fundamentais. 
Dito de outra forma, a função social do contrato, deve: 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
1. Respeitar a dignidade humana; 
2. Admitir a relativização do princípio da 
igualdade; 
3. Cláusula geral da Boa-fé: baseando-se na 
lealdade, confiança, assistência e informação. 
4. Respeito ao valor social do trabalho. 
Jornada de direito civil 23: “A função social do contrato 
prevista no artigo 421 do novo Código Civil, não elimina 
a autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance 
desse princípio, quando presentes interesses 
metaindividuais, ou interesse individual realtivo a 
dignidade humana.” 
Condições de validade do Contrato 
Para que o negócio jurídico produza efeitos deve 
preencher certos requisitos, apresentados como os de 
sua validade. 
 Se os possui, é válido e dele decorrem os 
mencionados efeitos. 
 Se, porém, falta-lhe um desses requisitos, o 
negócio é inválido e não produzo efeito 
jurídico, tornando-se nulo ou anulável. 
Os requisitos ou condições de validade dos contratos 
são de duas espécies: 
De ordem geral, comuns a todos os atos e negócios 
jurídicos, como a capacidade do agente, o objeto lícito, 
possível, determinado ou determinável, e a forma 
prescrita ou não defesa em lei (CC, art. 104); 
De ordem especial, específico dos contratos: o 
consentimento recíproco ou acordo de vontades. 
Os requisitos de validade do contrato podem, assim, 
ser distribuídos em três grupos: subjetivos, objetivos e 
formais. 
 Requisitos Subjetivos: 
 
1. Na manifestação de duas ou mais vontades e 
capacidade genérica dos contraentes. 
Os contratantes devem ser capazes – art. 3º do CC. 
Estes serão nulos (CC, art. 166, I) ou anuláveis (art. 171, 
I), se a incapacidade, absoluta ou relativa, não for 
suprida pela representação ou pela assistência (CC, 
arts. 1.634, V, 1.747, I, e 1.781). 
 Pessoas jurídicas exige-se a intervenção de 
quem os seus estatutos indicarem para 
representá-las ativa e passivamente, judicial e 
extrajudicialmente. 
 
2. Aptidão específica para contratar. 
Algumas vezes, para celebrar certos contratos, requer-
se uma capacidade especial, mais intensa que a 
normal, como ocorre na doação, na transação, na 
alienação onerosa, que exigem a capacidade ou poder 
de disposição das coisas ou dos direitos que são objeto 
do contrato. 
 Diz respeito a legitimação da pessoa poder ter 
aquilo como objeto de contratação. Ou seja, à 
falta de legitimação ou impedimentos para a 
realização de certos negócios. 
 
3. Consentimento. 
O requisito de ordem especial, próprio dos contratos, 
é o consentimento recíproco ou acordo de vontades. 
Deve abranger os seus três aspectos: 
a) Acordo sobre a existência e natureza do 
contrato (se um dos contratantes quer aceitar 
uma doação e o outro quer vender, contrato 
não há); 
b) Acordo sobre o objeto do contrato; e 
c) Acordo sobre as cláusulas que o compõem (se 
a divergência recai sobre ponto substancial, 
não poderá ter eficácia o contrato). 
O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena 
de ter sua validade afetada pelos vícios ou defeitos do 
negócio jurídico. 
 A manifestação da vontade pode ser tácita, 
quando a lei não a exigir que seja expressa. 
 Art. 11 do CC. 
 
 Requisitos Objetivos: 
Nos termos do art. 104, II do CC o objeto do contrato 
deve ser lícito, possível, determinável ou determinável. 
1. Objeto lícito: 
Objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou 
os bons costumes. 
 Objeto imediato do negócio é sempre uma 
conduta humana e se denomina prestação: 
dar, fazer ou não fazer. 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 Objeto mediato são os bens ou prestações 
sobre os quais incide a relação jurídica 
obrigacional. 
 
2. Possibilidade física ou jurídica do objeto. 
O objeto deve ser, também, possível. Quando 
impossível, o negócio é nulo (CC, art. 166, II). 
3. Determinação de seu objeto. 
O objeto do negócio jurídico deve ser, igualmente, 
determinado ou determinável (indeterminado 
relativamente ou suscetível de determinação no 
momento da execução). 
 Requisitos Formais: 
O terceiro requisito de validade do negócio jurídico é a 
forma (forma dat esse rei, ou seja, a forma dá ser às 
coisas), que é o meio de revelação da vontade. 
Deve ser a prescrita ou não defesa em lei. Há dois 
sistemas quanto a esse requisito: 
1. Consensualismo = da liberdade de forma; 
2. Formalismo = forma obrigatória. 
No direito brasileiro a forma é, em regra, livre. As 
partes podem celebrar o contrato por escrito, público 
ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em 
que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao 
negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. 
 O consensualismo, portanto, é a regra, e o 
formalismo, a exceção. 
Dispõe, com efeito, o art. 107 do Código Civil: 
“A validade da declaração de vontade não dependerá 
de forma especial, senão quando a lei expressamente 
a exigir”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 
 
Princípio da Autonomia da Vontade 
O princípio da autonomia da vontade se alicerça 
exatamente na ampla liberdade contratual, no poder 
dos contratantes de disciplinar os seus interesses 
mediante acordo de vontades, suscitando efeitos 
tutelados pela ordem jurídica. 
Têm as partes a faculdade de celebrar ou não 
contratos, sem qualquer interferência do Estado. 
 Podem celebrar contratos nominados ou fazer 
combinações, dando origem a contratos 
inominados. 
Como a vontade manifestada deve ser respeitada, a 
avença faz lei entre as partes, assegurando a qualquer 
delas o direito de exigir o seu cumprimento. 
 A liberdade contratual é prevista no art. 421 
do CC. 
 E como já vimos, deve-se respeitar a função 
social do contrato. 
Autonomia da vontade X Autonomia Privada 
Pode-se resumir a diferença afirmando que a 
autonomia da vontade relaciona-se com a liberdade de 
autodeterminação (manifestação da vontade livre) e a 
autonomia privada ao poder de autorregulamentação 
(normas estabelecidas no interesse próprio). 
A autonomia privada é um fenômeno que pode ser 
visto por três diferentes prismas (MARTINS-COSTA, 
2008, p.6): 
1. como poder de criar, modificar ou extinguir 
relações jurídicas; 
2. como princípio aberto informador do sistema 
que justifica o funcionamento do próprio 
sistema jurídico e; 
3. como método de interpretação, haja vista que 
indica o norte para o alcance do sentido da 
norma jurídica. 
Princípio da Supremacia da Ordem 
Pública 
A regra é que exista a liberdade contratual, mas 
SEMPRE limitada na ideia de ordem pública. 
 
 
 Logo, o interesse da sociedade deve prevalecer 
quando colide com o interesse individual. 
O princípio da autonomia da vontade, como vimos, não 
é absoluto. É limitado pelo princípio da supremacia da 
ordem pública. 
Por qual motivo há essa limitação? Devido a crescente 
industrialização, no início do século passado, de que a 
ampla liberdade de contratar provocava desequilíbrios 
e a exploração do economicamente mais fraco. 
 A intervenção do Estado na vida contratual é, 
hoje, tão intensa em determinados campos 
(telecomunicações, consórcios, seguros, 
sistema financeiro etc.) que se configura um 
verdadeiro dirigismo contratual. 
 Cabe aos tribunais verificar, em cada caso, se a 
ordem pública está ou não em jogo. 
Vale dizer que a ORDEM PÚBLICA, também é uma 
cláusula geral. Está presente no art. 17 da LINDB. 
 Os direitos também devem ser exercidos no 
limite ordenado pelos bons costumes, conceito 
que decorre da observância das normas de 
convivência. 
 Define o comportamento das pessoas; 
 Bons costumes são aqueles que se cultivam 
como condições de moralidade social, sujeita a 
variações de época a época, de lugar para 
lugar... 
De forma resumida: noção de ordem pública e o 
respeito aos bons costumes constituem freios e limites 
à liberdade contratual. 
Princípio do Consensualismo 
Decorre ele da moderna concepção de que o contrato 
resulta do consenso, do acordo de vontades, 
independentemente da entrega da coisa. 
Tem-se que as pessoas gozam da faculdade de vincular-
se pelo simples consenso, fundadas, ademais, no 
princípio ético do respeito à palavra dada e na 
confiança recíproca que as leva a contratar. 
 Como já visto nos requisitos formais do 
contrato, a FORMA em regra é livre. 
Princípios Fundamentais do Direito Contratual 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
As partes podem celebrar o contrato por escrito, 
público, ou particular, ou verbalmente... 
A exceção: nos casos em que a lei, para dar mais 
segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita 
– pública ou particular. 
Princípio da Relatividade dos 
efeitosdo contrato 
Baseia-se na ideia de que os efeitos do contrato só 
produzem efeitos em relação às partes, àqueles que 
manifestaram sua vontade, vinculando-os ao seu 
conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio. 
 Modelo clássico de contrato que objetivava 
exclusivamente a satisfação das necessidades 
individuais e que, portanto, só produzia efeitos 
entre aqueles que o haviam celebrado, 
mediante acordo de vontades. 
Essa visão foi abalada pelo atual CC. Não concebe mais 
o contrato apenas como instrumento de satisfação de 
interesses das partes, mas lhe reconhece uma função 
social!!! 
 Tal fato tem como consequência, por exemplo, 
possibilitar que terceiros que não são 
propriamente partes do contrato possam nele 
influir, em razão de serem direta ou 
indiretamente por ele atingidos. 
Tal princípio foi bastante atenuado pelo 
reconhecimento das cláusulas gerais, por conterem 
normas de ordem pública não se destinam a proteger 
unicamente os direitos individuais das partes, mas 
tutelar o interesse da coletividade, que deve 
prevalecer quando em conflito com aqueles. 
Princípio da Obrigatoriedade dos 
Contratos 
Também denominado PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE 
DOS CONTRATOS. 
 Princípio da força vinculante dos contratos. 
Pelo princípio da autonomia da vontade, ninguém é 
obrigado a contratar. Cada um possui a liberdade de 
contratar e definir os termos objeto da avença. 
Dito isso, os que escolherem – mediante autonomia da 
vontade- pactuar com outra pessoa, sendo o contrato 
válido e eficaz, devem cumpri-lo. 
O princípio da força obrigatória do contrato significa, 
em essência, a irreversibilidade da palavra empenhada. 
O aludido princípio tem por fundamentos: 
a) a necessidade de segurança nos negócios, que 
deixaria de existir se os contratantes pudessem não 
cumprir a palavra empenhada, gerando a balbúrdia e o 
caos; 
 b) a intangibi-lidade ou imutabilidade do contrato. 
 Decorre da máxima de que o contrato faz lei 
entre as partes; 
 Dispõe sobre pacta sunt servanda – os pactos 
devem ser cumpridos. 
Importante: nesse caso, nem o juiz de ofício pode 
alterar o que foi pactuado. Qualquer modificação ou 
revogação terá de ser, também, bilateral. 
O que ocorre se a parte não cumprir o que foi 
acordado? 
O seu inadimplemento confere à parte lesada o direito 
de fazer uso dos instrumentos judiciários para obrigar 
a outra a cumpri-lo, ou a indenizar pelas perdas e 
danos, sob pena de execução patrimonial (CC, art. 389). 
 A única limitação a esse princípio, dentro da 
concepção clássica, é a escusa por caso fortuito 
ou força maior, consignada no art. 393 e 
parágrafo único do Código Civil. 
Em contrapartida, o que não se tolera mais é a 
obrigatoriedade quando as partes se encontram em 
patamares diversos e dessa disparidade ocorra 
proveito injustificado. 
Dito isso, o novo CC acaba permitindo a inferência 
estatal, seja para resolver, seja para revisar as 
condições a que se obrigaram as partes. 
 Princípio da conservação dos contratos, ante a 
nova realidade legal, deve ser interpretado no 
sentido da sua manutenção e continuidade de 
execução, observadas as regras da equidade, 
do equilíbrio contratual, da boa-fé objetiva e 
da função social do contrato. 
Princípio da Onerosidade 
Excessiva 
Também denominado princípio da revisão dos 
contratos. 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
Opõe-se tal princípio ao da obrigatoriedade, pois 
permite aos contraentes recorrerem ao Judiciário, para 
obterem alteração da convenção e condições mais 
humanas, em determinadas situações. 
 Teoria adaptada por Arnoldo Medeiros da 
Fonseca, com o nome de teoria da imprevisão. 
A teoria da imprevisão consiste, portanto, na 
possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do 
contrato quando, por eventos imprevisíveis e 
extraordinários, a prestação de uma das partes tornar-
se exageradamente onerosa – o que, na prática, é 
viabilizado pela aplicação da cláusula rebus sic 
stantibus. 
 O Código Civil de 2002 dedicou uma seção à 
resolução dos contratos por onerosidade 
excessiva. 
 Dispõe o art. 478, 479 e 480 do CC. 
Em realidade, com base nas cláusulas gerais sempre se 
poderá encontrar fundamento para a revisão ou a 
extinção do contrato em razão de fato superveniente 
que desvirtue sua finalidade social, agrida as exigências 
da boa-fé e signifique o enriquecimento indevido para 
uma das partes, em detrimento da outra. 
Princípio da Boa-fé e da 
Probidade 
Preceitua o art. 422 do Código Civil: 
“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na 
conclusão do contrato, como em sua execução, os 
princípios de probidade e boa-fé”. 
O princípio da boa-fé exige que as partes se 
comportem de forma correta não só durante as 
tratativas, como também durante a formação e o 
cumprimento do contrato. 
É subdividido em duas partes: 
1. Boa-fé subjetiva= concepção psicológica. 
2. Boa-fé Objetiva= concepção ética. 
Boa-fé subjetiva 
Está ligada a parte interna do agente – agente psíquico- 
ou então, estado de consciência. 
Diz respeito ao conhecimento ou à ignorância da 
pessoa relativamente a certos fatos, sendo levada em 
consideração pelo direito, para os fins específicos da 
situação regulada. Serve à proteção daquele que tem a 
consciência de estar agindo conforme o direito, apesar 
de ser outra a realidade. 
 Deve-se considerar a intenção do sujeito da 
relação jurídica, o seu estado psicológico ou 
então a íntima convicção. 
Nelson Nery: baseia-se numa crença ou numa 
ignorância. 
Boa-fé objetiva 
Constitui em uma norma jurídica fundada em um 
princípio geral do direito, segundo o qual todos devem 
comportar-se de boa-fé nas suas relações recíprocas. 
É classificada como regra de CONDUTA. Trata-se de 
fonte de direito e de obrigações. 
Baseia-se na honestidade, na retidão, na lealdade e na 
consideração para com os interesses do outro 
contraente, especialmente no sentido de não lhe 
sonegar informações relevantes a respeito do objeto e 
conteúdo do negócio. 
 É um modelo jurídico, revestido de variadas 
formas. 
 Não é possível descrever quais hipóteses ela se 
configura, uma vez que se trata de norma cujo 
conteúdo não pode ser rigidamente fixado e 
depende do caso concreto. 
Logo, a boa-fé objetiva impõe ao contratante um 
padrão de conduta, nos moldes do homem comum, 
atendidas as peculiaridades dos usos e costumes do 
lugar. 
Pode ser considerada uma norma em aberto, para que 
o interprete tenha liberdade de estabelecer o seu 
sentido e alcance em cada caso. 
 Trata-se de uma cláusula geral para a aplicação 
do direito obrigacional. 
Quanto a PROBIDADE: 
Nada mais é senão um dos aspectos objetivos do 
princípio da boa-fé, podendo ser entendida como a 
honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de 
cumprir todos os deveres que são atribuídos à pessoa. 
A cláusula geral da boa-fé se encontra em três 
dispositivos no CC: 
1. Art. 422 do CC – aplicação dos contratos 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
2. art. 113: Os negócios devem ser interpretados 
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua 
celebração – interpretação dos contratos. 
3. Art. 187: Também comete ato ilícito o titular 
de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu 
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos 
bons costumes- abuso dos contratos. 
Importante: Na doutrina há uma certa crítica em relação 
ao texto do art. 422. Alguns consideram-na 
insuficiente. 
Todavia, vale dizer que ainda que insuficiente ou 
incompleta, abrange também as tratativas 
preliminares, antecedentes do contrato, como 
também as obrigações derivadas do contrato, ainda 
que já executado. 
Outro ponto a se observar é que deve-se observar a 
boa-fé também na simples aproximação pré- 
contratual. 
A censura feita a quem abandona inesperadamente as 
negociações já em adiantado estágio, depoisde criar 
na outra parte a expectativa da celebração de um 
contrato para o qual se preparou e efetuou despesas, 
ou em função do qual perdeu outras oportunidades. 
 A violação a esse dever secundário pode 
ensejar indenização. 
Complementa ainda o art. 113 do CC que dispõe sobre 
a função de interpretação do negócio jurídico, o art. 
112, que trata: 
“Nas declarações de vontade se atenderá mais à 
intenção nelas consubstanciada do que ao sentido 
literal da linguagem”. 
Em sentido geral, a boa-fé apresenta três funções: 
(AMARAL, 2006, p.421): 
a) interpretativa, quando permite estabelecer o limite 
e alcance da norma, bem como sendo aquele que 
manda as partes procederem de boa-fé no negócio 
jurídico. Art. 113 do CC. 
b) integrativo, haja vista que constitui princípio 
normativo que serve para preencher lacunas 
eventuais. Art. 422 do CC. 
c) limitadora dos direitos subjetivos das partes 
contratantes, consistente na limitação da autonomia 
da vontade, pautado pela autonomia privada, ou seja, 
função de controle, que se desdobra no dever de agir 
de acordo com a boa-fé na execução do contrato. 
 Proibição de “venire contra factum 
proprium” 
Uma das principais funções do princípio da boa-fé é 
limitadora: veda ou pune o exercício de direito 
subjetivo quando se caracterizar abuso da posição 
jurídica. 
A “teoria dos atos próprios”, ou a proibição de venire 
contra factum proprium, aduz, “protege uma parte 
contra aquela que pretende exercer uma posição 
jurídica em contradição com o comportamento 
assumido anteriormente. 
Depois de criar uma certa expectativa, em razão de 
conduta seguramente indicativa de determinado 
comportamento futuro, há quebra dos princípios de 
lealdade e de confiança se vier a ser praticado ato 
contrário ao previsto, com surpresa e prejuízo à 
contraparte. 
 Conforme o jurista Ruy Rosado de Aguiar 
Júnior. 
Trata-se, portanto, da impossibilidade de que a parte 
tenha conduta incoerente ou diversa com seus atos 
anteriores. 
Conclusão: a pessoa não pode ser contraditória. 
Na IV Jornada de Direito Civil promovida pelo Conselho 
da Justiça Federal foi aprovado o Enunciado 362, que 
assim dispõe: “A vedação do comportamento 
contraditório (venire contra factum proprium) funda-
se na proteção da confiança, tal como se extrai dos 
artigos 187 e 422 do Código Civil”. 
 Supressio 
Suppressio, surrectio e tu quoque são conceitos 
correlatos à boa-fé objetiva, oriundos do direito 
comparado. 
 Devem ser utilizados como função integrativa, 
suprindo lacunas do contrato e trazendo 
deveres implícitos às partes contratuais. 
Na suppressio as expectativas são projetadas apenas 
pela injustificada inércia do titular por considerável 
decurso do tempo, somando-se a isso a existência de 
indícios objetivos de que o direito não mais seria 
exercido. 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 Trata-se de um direito não exercido durante 
determinado lapso de tempo não poderá mais 
sê-lo, por contrariar a boa-fé. 
Na surrectio, é outra face as supressio. Acarreta o 
nascimento de um direito em razão da continuada 
prática de certos atos. 
Já o Tu quoque proíbe que uma pessoa faça contra 
outra o que não faria contra si mesmo, consistindo em 
aplicação do mesmo princípio inspirador da exceptio 
non adimpleti contractus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 
 
 Conceito 
Toda manifestação de vontade necessita de 
interpretação para que se saiba o seu significado e 
alcance. O contrato origina-se de ato volitivo e por isso 
requer sempre uma interpretação. 
Interpretar o negócio jurídico é, portanto, precisar o 
sentido e alcance do conteúdo da declaração de 
vontade. 
Busca-se apurar a vontade concreta das partes, não a 
vontade interna, psicológica, mas a vontade objetiva, o 
conteúdo, as normas que nascem da sua declaração. 
 Isso se faz necessário porque as vezes nem 
sempre o que está no contrato – escrito- 
realmente transfere a real intenção e vontade 
das partes. 
 As vezes a redação se encontra obscura e 
ambígua. 
 Todos os negócios jurídicos em geral devem 
ser interpretados. 
As regras de interpretação dos contratos dirigem-se 
primeiramente às partes – são as principais. 
Caso não haja o entendimento entre elas do real 
alcance da avença e do sentido do texto assinado, a 
interpretação caberá a um juiz. 
Interpretação declaratória: tem como único escopo a 
descoberta da intenção comum dos contratantes no 
momento da celebração do contrato. 
Interpretação construtiva ou integrativa: requer o 
aproveitamento do contrato, mediante o suprimento 
das lacunas e pontos omissos deixados pelas partes. 
 Preenche lacunas encontradas nos contratos. 
Ocorre a complementação por meio de normas 
supletivas, especialmente as que dizem respeito à sua 
função social, ao princípio da boa-fé, aos usos e 
costumes do local, bem como encontrar a verdadeira 
intenção das partes (nas entrelinhas). 
Art. 112 do Código Civil declara que, nas “declarações 
de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da 
linguagem”. 
 
 
 
A expressão “nelas consubstanciada” mostra que se 
deve atender à intenção manifestada no contrato, e 
não ao pensamento íntimo do declarante. 
Parte-se da declaração, que é forma de exteriorização 
da vontade, para se apurar a real intenção das partes. 
 O sentido mais adequado a uma interpretação 
que leve em conta a boa-fé, e o contexto e o 
fim econômico do negócio jurídico. 
O texto traz um equilíbrio, reforçando a teoria da 
declaração. 
Dois princípios hão de ser sempre observados, na 
interpretação do contrato: o da boa-fé e o da 
conservação do contrato. 
1. Quanto a Boa-fé: deve o intérprete presumir 
que os contratantes procedem com lealdade e 
que tanto a proposta como a aceitação foram 
formuladas dentro do que podiam e deviam 
eles entender razoavelmente, segundo a regra 
da boa-fé (CC, art. 422). 
Nessa linha, dispõe o art. 113 do atual Código que “os 
negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a 
boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”. 
Deve o intérprete presumir que os contratantes 
procedem com lealdade e que tanto a proposta como 
a aceitação foram formuladas dentro do que podiam e 
deviam eles entender razoável. 
2. Quanto o princípio da conservação ou 
aproveitamento do contrato: se uma cláusula 
contratual permitir duas interpretações 
diferentes, prevalecerá a que possa produzir 
algum efeito, pois não se deve supor que os 
contratantes tenham celebrado um contrato 
carecedor de qualquer utilidade. 
Prescreve, ainda, o art. 114 do Código Civil que “os 
negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-
se estritamente”. 
Benéficos ou gratuitos são os que envolvem uma 
liberalidade: somente um dos contratantes se obriga, 
enquanto o outro apenas aufere um benefício. 
A doação pura constitui o melhor exemplo dessa 
espécie. Devem ter interpretação estrita porque 
representam renúncia de direitos. 
 Interpretação dos Contratos 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 
Algumas regras práticas podem ser observadas no 
tocante à interpretação dos contratos: 
1. A melhor maneira de apurar a intenção dos 
contratantes é verificar o modo pelo qual o 
vinham executando, de comum acordo; 
2. Deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da 
maneira menos onerosa para o devedor (in 
dubiis quod minimum est sequimur); 
3. As cláusulas contratuais não devem ser 
interpretadas isoladamente, mas em conjunto 
com as demais; 
4. Qualquer obscuridade é imputada a quem 
redigiu a estipulação, pois, podendo ser claro, 
não o foi (ambiguitas contra stipulatorem est); 
5. Na cláusula suscetível de dois significados, 
interpretar-se-áem atenção ao que pode ser 
exequível (princípio da conservação ou 
aproveitamento do contrato). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 
 
 Manifestação da Vontade 
A manifestação da vontade é o primeiro e mais 
importante requisito de existência do negócio jurídico. 
 Início: momento subjetivo. Primeiro aparece 
na mente das pessoas. 
O momento objetivo é aquele em que a vontade se 
revela mediante DECLARAÇÃO da pessoa. 
 Somente nesta fase ela se torna conhecida e 
apta a produzir efeitos nas relações jurídicas. 
 Por isso se diz que, em rigor, é a declaração da 
vontade, e não ela própria, que constitui 
requisito de existência dos negócios jurídicos 
e, conseguintemente, dos contratos. 
O contrato constitui um acordo de vontades, logo é um 
negócio jurídico bilateral. A manifestação da vontade 
pode ser expressa ou tácita. 
EXPRESSA: é a exteriorizada verbalmente, pode ser 
escrito, gesto ou mímica. 
Em alguns casos a lei exige que determinados contratos 
sejam estipulados – consentimento na forma escrita. 
TÁCITA: aceita mediante a sua conduta. 
 Quanto ao silêncio: pode ser interpretado 
como manifestação tácita da vontade quando 
as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e 
não for necessária a declaração de vontade 
expressa (CC, art. 111), e, também, quando a 
lei o autorizar. 
 
 Negociações preliminares: segunda etapa 
O contrato resulta de duas manifestações de vontade: 
a proposta e a aceitação. 
 A primeira, também chamada de oferta, policitação ou 
oblação, dá início à formação do contrato e não 
depende, em regra, de forma especial. 
Nem sempre, no entanto, o contrato nasce 
instantaneamente de uma proposta seguida de uma 
imediata aceitação. 
 Na maior parte dos casos a oferta é antecedida 
de uma fase da “negociação”. 
 
 
 
Fase, às vezes prolongada, de negociações 
preliminares caracterizada por sondagens, 
conversações, estudos e debates. 
 Denomina-se fase da pontuação. 
 As partes ainda não manifestaram a sua 
vontade, não há, portanto, nenhuma 
vinculação ao negócio. 
Nesse caso, as partes podem se afastar e alegar 
desinteresse. Bem como, pode somente escolher não 
prosseguir. 
 Não há a vinculação. Ainda que surja um 
projeto ou minuta. 
A responsabilidade só ocorrerá se houver a 
demonstração de deliberada INTENÇÃO, ou seja, 
começar a manifestar à vontade. 
O fundamento para o pedido de perdas e danos da 
parte lesada não é, nesse caso, o inadimplemento 
contratual, mas a prática de um ilícito civil (CC, art. 
186). 
Embora as negociações preliminares não gerem, por si 
mesmas, obrigações para qualquer dos participantes, 
elas fazem surgir, entretanto, deveres jurídicos para os 
contraentes, decorrentes da incidência do princípio da 
boa-fé, sendo os principais os deveres de lealdade e 
correção, de informação, de proteção e cuidado e de 
sigilo. 
A violação desses deveres durante o transcurso das 
negociações é que gera a responsabilidade do 
contraente, tenha sido ou não celebrado o contrato. 
 Há de se falar na responsabilidade aquiliana 
(extracontratual), no caso de um do induzir o 
outro a erro. 
 Ou seja, induzir no outro a crença de que o 
contrato será celebrado, levando-o a despesas 
ou a não contratar com terceiro, por exemplo. 
Na Jornada de Direito Civil realizada em Brasília em 
setembro de 2002, já mencionada (STJ-CJF), foi 
aprovada a Conclusão n. 25, do seguinte teor: 
 “O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação, 
pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases pré e 
pós-contratual”. 
 
 Formação dos Contratos 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
Recordando: o art. 442 é considerado insuficiente, mas 
deve-se fazer uma interpretação ampliativa, 
abrangendo também o princípio da boa-fé na fase pré-
contratual também – nas tratativas preliminares. 
Proclamou a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça 
que “a responsabilidade pré-contratual não decorre do 
fato de a tratativa ter sido rompida e o contrato não ter 
sido concluído, mas do fato de uma das partes ter 
gerado à outra, além da expectativa legítima de que o 
contrato seria concluído, efetivo prejuízo material” 
 Responsabilidade pré-contratual pode gerar 
dever de indenizar despesas, mesmo que o 
contrato não seja fechado. 
 
 A proposta 
Constitui a terceira etapa para a formação do contrato. 
A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar 
nas bases oferecidas, não estando mais sujeita a 
estudos ou discussões, mas dirigindo-se à outra parte 
para que a aceite ou não, sendo, portanto, um negócio 
jurídico unilateral, constituindo elemento da formação 
contratual. 
Pode-se dizer, então, que proposta, oferta, policitação 
ou oblação “é uma declaração receptícia de vontade, 
dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende 
celebrar um contrato), por força da qual a primeira 
manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se 
a outra parte aceitar”. 
 Representa impulso decisivo para a celebração 
do contrato. 
 Consiste na declaração da vontade definitiva. 
A proposta deve conter todos os elementos essenciais 
do negócio proposto, como preço, quantidade, tempo 
de entrega, forma de pagamento etc. Deve também ser 
séria e consciente, pois vincula o proponente (CC, art. 
427). 
Deve ser, ainda, clara, completa e inequívoca, ou seja, 
há de ser formulada em linguagem simples, 
compreensível ao oblato, mencionando todos os 
elementos e dados do negócio necessários ao 
esclarecimento do destinatário e representando a 
vontade inquestionável do proponente. 
A oferta é um negócio jurídico receptício, pois a sua 
eficácia depende da declaração do oblato – do que está 
sendo ofertado. 
A força vinculante da oferta: Art. 427 do CC: 
A proposta de contrato obriga o proponente, se o 
contrário não resultar dos termos dela, da natureza do 
negócio, ou das circunstâncias do caso”. 
As exceções referidas no item anterior encontram-se 
na segunda parte do retrotranscrito art. 427. 
A oferta não obriga o proponente, em primeiro lugar, 
se contiver cláusula expressa a respeito. 
 É quando o próprio proponente declara que 
não é definitiva e se reserva o direito de retirá-
la. 
Em segundo lugar, a proposta não obriga o proponente 
em razão da natureza do negócio. 
 É o caso, por exemplo, das chamadas 
propostas abertas ao público, que se 
consideram limitadas ao estoque. 
E, por último, a oferta não vincula o proponente em 
razão das circunstâncias do caso, mencionadas no art. 
428 do mesmo diploma. 
+++++ 
 A aceitação 
Aceitação é a concordância com os termos da 
proposta. 
É manifestação de vontade imprescindível para que se 
repute concluído o contrato, pois, somente quando o 
oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua 
vontade à do proponente, a oferta se transforma em 
contrato. 
A aceitação consiste, portanto, na formulação da 
vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo 
e envolvendo adesão integral à proposta recebida. 
 Aceitação deve ser pura e simples. Aceitar da 
forma que vier na proposta. 
Se a aceitação vier fora do prazo, com adições, 
restrições ou modificações, implicará NOVA 
PROPOSTA. Art. 431 do CC. 
 Chama-se de contraproposta. 
A aceitação também pode ser expressa ou tácita. 
O art. 432 do Código Civil menciona duas hipóteses de 
aceitação tácita, em que se reputa concluído o 
contrato, não chegando a tempo a recusa: 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
a) quando “o negócio for daqueles em que não seja 
costume a aceitação expressa”; 
b) ou quando “o proponente a tiver dispensado”. 
 
Hipóteses de inexistência de força vinculante da 
aceitação 
O Código Civil trata de duas hipóteses em que tal 
manifestação de vontade deixa de ter força vinculante:a) Se a aceitação, embora expedida a tempo, por 
motivos imprevistos, chegar tarde ao 
conhecimento do proponente (CC, art. 430, 
primeira parte). 
 Assim, se, embora expedida no prazo, a aceitação 
chegou tardiamente ao conhecimento do policitante, 
quando este, estando liberado em virtude do atraso 
involuntário, já celebrara negócio com outra pessoa, a 
circunstância deverá ser, sob pena de responder por 
perdas e danos, imediatamente comunicada ao 
aceitante, que tem razões para supor que o contrato 
esteja concluído e pode realizar despesas que repute 
necessárias ao seu cumprimento. Assim o exige a 
segunda parte do mencionado art. 430. 
b) Se antes da aceitação, ou com ela, chegar ao 
proponente a retratação do aceitante. 
 Dispõe, com efeito, o art. 433 do Código Civil que se 
considera “inexistente a aceitação, se antes dela ou 
com ela chegar ao proponente a retratação do 
aceitante”. 
Verifica-se que a lei permite também a retratação da 
aceitação. Neste caso, a “declaração da vontade, que 
continha a aceitação, desfez-se, antes que o 
proponente pudesse tomar qualquer deliberação no 
sentido da conclusão do contrato. 
 Conclusão do contrato 
 
1. Contrato entre presentes 
Se o contrato for celebrado entre presentes, a 
proposta poderá estipular ou não prazo para a 
aceitação. 
 Se o policitante não estabelecer nenhum prazo, esta 
deverá ser manifestada imediatamente, sob pena de a 
oferta perder a força vinculativa. 
Se, no entanto, a policitação estipulou prazo, a 
aceitação deverá operar-se dentro nele, sob pena de 
desvincular-se o proponente. 
Para que se possa estabelecer a obrigatoriedade da 
avença, será mister verificar em que instante o 
contrato se aperfeiçoou, unindo os contraentes, 
impossibilitando a retratação e compelindo-os a 
executar o negócio, sob pena de responderem pelas 
perdas e danos. 
2. Contrato entre ausentes: 
Quando o contrato é celebrado entre ausentes, por 
correspondência (carta, telegrama, fax, radiograma, e-
mail etc.) ou intermediários, a resposta leva algum 
tempo para chegar ao conhecimento do proponente e 
passa por diversas fases. 
Há divergência doutrinaria a respeito em que 
momento se reputa concluída. 
Para a teoria da informação ou da cognição, é o da 
chegada da resposta ao conhecimento do policitante, 
que se inteira de seu teor. 
 Não basta a correspondência ter sido 
entregue, o proponente deve abrir e ler. 
A segunda teoria, a da declaração ou da agnição, 
subdivide-se em três: a) da declaração propriamente 
dita; b) da expedição; e c) da recepção. 
O art. 434 do Código Civil acolheu expressamente a 
teoria da expedição, ao afirmar que os contratos entre 
ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é 
expedida. 
Proclama, com efeito, o aludido dispositivo: 
“Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos 
desde que a aceitação é expedida, exceto: 
I – no caso do artigo antecedente; 
II – se o proponente se houver comprometido a 
esperar resposta; 
III – se ela não chegar no prazo convencionado”. 
 Para a teoria da expedição, não basta a 
redação da resposta, sendo necessário que 
tenha sido expedida, isto é, saído do alcance e 
controle do oblato. 
 A teoria da recepção exige mais: que, além de 
escrita e expedida, a resposta tenha sido 
entregue ao destinatário. 
Direito Civil V | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
Importante: na realidade o referido diploma filiou-se à 
teoria da recepção, e não à da expedição. 
 Lugar da Celebração 
Dispõe o art. 435 do Código Civil: 
“Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi 
proposto”. 
Aparentemente, tal solução encontra-se em 
contradição com a expressa adoção da teoria da 
expedição, no dispositivo anterior. Entretanto, para 
quem, como nós, entende que o Código Civil acolheu, 
de fato, a da recepção, inexiste a apontada 
contradição. 
 O problema tem relevância na apuração do 
foro competente e, no campo do direito 
internacional, na determinação da lei aplicável. 
 Art. 9º da LINDB: a obrigação resultante do 
contrato reputa-se constituída no lugar em que 
residir o proponente”. 
Denota-se que o legislador preferiu a uniformização de 
critérios, levando em conta o local em que o impulso 
inicial teve origem. Ressalve-se que, dentro da 
autonomia da vontade, podem as partes eleger o foro 
competente (foro de eleição) e a lei aplicável à espécie.

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