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1. Aplicação e Interpretação da Lei Processual Penal

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Processo Penal| Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 
 
 
 
Primeiramente devemos fazer a separação do direito 
material do direito processual. Temos no nosso 
ordenamento: 
 
 Leis Penais: preveem fatos típicos 
incriminadores, condutas proibidas e a pena 
aplicável àquela conduta. 
 
A partir do momento em que as pessoas descumprem 
tais leis penais incriminadoras, surge para o ESTADO o 
dever de punir. A prática de um fato descrito no tipo 
penal gera a pretensão punitiva estatal, o poder-dever 
de punir quem contrariou as leis. 
 
Para que a pretensão punitiva estatal seja exercida, é 
imprescindível um processo. Isso porque, ao impor 
uma sanção penal, o direito constitucional à liberdade 
está sendo cerceado. 
 
 O Direito Penal cuida das regras materiais: os 
crimes e suas sanções; e o 
 Processo Penal disciplina como será a 
aplicação das sanções no caso concreto. 
 
Isso ocorre porque as pessoas não dispõem da 
liberdade da AUTOTUTELA, não podem resolver tais 
crimes por conta própria. Por isso, a imposição de uma 
sanção penal demanda, por estar cerceando a 
liberdade de alguma forma, ainda que pena restritiva 
de direitos, não pode ocorrer sem a intervenção 
ESTATAL. 
 
 : 
 
“Corpo de normas jurídicas cuja finalidade é regular o 
modo, os meios e os órgãos encarregados de punir do 
Estado, realizando-se por intermédio do Poder 
Judiciário, constitucionalmente incumbido de aplicar a 
lei ao caso concreto”. (NUCCI) 
 
 
Fontes materiais: que criam a norma. 
 
Art. 22, CF: Compete privativamente à União legislar 
sobre: 
 
I – Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, 
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os 
Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias relacionadas neste artigo. 
 
Art. 24, CF: Compete à União, aos Estados e ao Distrito 
Federal legislar concorrentemente sobre: 
 I – direito tributário, financeiro, penitenciário, 
econômico e urbanístico; 
IV – custas dos serviços forenses; 
X – criação, funcionamento e processo do juizado de 
pequenas causas; 
XI – procedimentos em matéria processual. 
 
Por exemplo, a organização de presídio estadual pode 
ser tratada por meio de legislação estadual. 
 
A CF em seu Art. 125, confere a possibilidade dos 
Estados organizarem sua Justiça – Lei de Organização 
Judiciária dos Estados. 
 
 Falamos da criação de Varas Especializadas, 
que repercute totalmente na definição da 
competência. 
 
Importante: Tribunais também são fontes materiais do 
DPP com os Regimentos Internos dos Tribunais que 
tratam de normas específicas procedimentais. 
 
Discute-se se STF pode ser considerado fonte do direito 
processual penal, para isso temos o art. 103-A da CF: 
 
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de 
ofício ou por provocação, mediante decisão de dois 
terços dos seus membros, após reiteradas decisões 
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a 
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito 
 
 
Aplicação e Interpretação da Lei 
Processual Penal 
 
Processo Penal| Maria Eduarda Q. Andrade 
 
vinculante em relação aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta, 
nas esferas federal, estadual e municipal, bem como 
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma 
estabelecida em lei. 
 
 Para alguns doutrinadores, a súmula 
vinculante apresenta fonte do direito 
material. Por outro lado, há quem entenda 
que o STF não pode criar lei, portanto a súmula 
não possui força de lei propriamente dita. 
 
 
Fontes formais: que expressam a norma. Onde 
buscamos o Direito Processual Penal. São elas: 
 
 Lei ordinária, editada pela União. 
 Constituição e emendas. 
 Código de Processo Penal, de 3 de outubro de 
1941. Devendo a leitura do CPP ser compatível 
com a CF/1988. 
 Tratados e Convenções internacionais – 
Convenção Americana dos Direitos Humanos. 
 Costume é fonte de direito formal. Por 
exemplo: vestes talares. 
 
Art. 793, CPP: Nas audiências e nas sessões, os 
advogados, as partes, os escrivães e os espectadores 
poderão estar sentados. Todos, porém, se levantarão 
quando se dirigirem aos juízes ou quando estes se 
levantarem para qualquer ato do processo 
 
 Princípios Gerais do Direito também são fontes 
formais. 
 
Interpretação da Lei Processual Penal 
 
Conceito de interpretação: 
 
É a atividade consistente na extração da norma de seu 
exato alcance e real significado. Visa busca a vontade 
da lei, não importando a vontade de quem a fez (LINDB, 
art. 5º). 
 
 Buscamos o sentido da lei, o que ela quer dizer. 
 
 Mens legis (sentido da lei) – mens legislatoris 
(sentido do legislador). 
 
O que nos interessa de forma direta é o sentido da lei. 
O exercício de interpretar o direito é realizado pelo 
operador do direito. 
 
Importante: O operador do direito é diferente do 
legislador. 
 
E se a lei for clara? A doutrina leciona que a tarefa de 
interpretar já foi feita quando o intérprete a vê com 
clareza e entende não mais ser necessária 
interpretação. 
 
 Art. 3º, CPP: A lei processual penal admitirá 
interpretação extensiva e aplicação analógica, bem 
como o suplemento dos princípios gerais de direito. 
 
Importante: NÃO confundir com a Lei Penal (que verifica 
se há ou não prejuízo para o réu). 
 
No processo penal, é admitida a interpretação 
extensiva e aplicação analógica. No processo penal, 
quando a norma é de matéria estritamente 
processual, o art. 3º do CPP autoriza a interpretação 
extensiva. 
 
Logo, no DP a aplicação da analogia deve apenas para 
beneficiar o réu, agora no processo penal nada 
interfere pois são conteúdos distintos. 
 
 
 
Interpretação quanto ao SUJEITO 
 
1. Autêntica ou Legislativa: feita pelo próprio 
legislador; pelo órgão encarregado da 
elaboração do texto. Pode ser contextual (no 
próprio texto interpretado) ou posterior (após 
a entrada da lei em vigência). 
 
2. Doutrinária ou Científica: feita pelos 
estudiosos e cultores do direito. A exposição 
de motivos do CP ou CPP é interpretação 
doutrinária porque não consta da lei; não 
possui força de lei. 
 
3. Judicial: feita pelo órgão jurisdicional (e 
operadores do direito). 
 
Possibilidade de ver o lado mais social da coisa. Mas há 
muitas vertentes e divergências. 
Processo Penal| Maria Eduarda Q. Andrade 
 
Quanto aos MEIOS EMPREGADOS: 
 
1. Gramatical, literal ou sintática: considera o 
sentido literal, expresso das palavras. 
 
É a mais arriscada das interpretações. Ou então, a mais 
frágil e insuficiente para a aplicação do caso concreto. 
 
Alguns autores chamam de declarativa. 
 
2. Lógica ou teleológica ou sistemática: considera 
a vontade da lei, os fins e posição dentro do 
ordenamento jurídico. “Para que ela foi 
criada? ” 
 
3. Histórica: leva consideração o momento 
histórico (realidade social) em que a norma foi 
editada. 
 
4. Interpretação progressiva, adaptativa ou 
evolutiva: ao longo do tempo se adapta às 
mudanças político-sociais e necessidades do 
momento social. 
 
Trata-se da necessidade do intérprete acompanhar a 
evolução legislativa. 
 
Exemplos: 
 
O art. 68 CPP trata da possibilidade de o MP atuar em 
favor da vítima necessitada em ação civil ex delicto, ou 
seja, a vítima busca uma reparação do dano decorrente 
do crime (furtaram o dinheiro). 
 
 No entanto, o art. 127, CRFB, conferiu ao MP a defesa 
da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis. No 
exemplo, trata-se de bem jurídico patrimonial que é 
disponível (dinheiro). 
 
Por outro lado, o art. 134, CRFB, estabeleceu que a 
Defensoria realiza a orientação jurídica e a defesa, em 
todos os graus, dos necessitados. 
 
O STF entende que é necessário fazer uma 
interpretação conforme a CF/88,por meio da 
interpretação progressiva, aplicando o seguinte 
entendimento: naqueles locais em que tiver a 
Defensoria Pública instalada e em funcionamento, será 
dela a atribuição de promover a ação - RE 135.328/SP 
– Tribunal Pleno. 
Tomar cuidado para que não seja apenas uma mera 
simbologia do legislador. 
 
Por mais que haja o problema social, as leis que surgem 
não passam de uma medida “rasa” para a real solução 
do problema – mas é algo relativo. 
 
 Direito Penal Simbólico. 
 
A ideia é que a LEI e o Processo Penal acompanhe o 
desenvolvimento e os problemas da sociedade. 
 
Interpretação quanto à natureza: quanto ao resultado? 
 
1. Declaratória: não há um esforço do intérprete, 
uma vez que não há aumento ou diminuição do 
sentido da norma. 
 
2. Restritiva: há restrição do conteúdo e do 
alcance da norma. 
 
3. Extensiva: há uma ampliação da aplicação do 
conteúdo da norma. 
 
Exemplo: art. 581, I, CPP (contra decisão que rejeita a 
denúncia ou queixa cabe RESE), a jurisprudência possui 
entendimento que é necessário fazer uma 
interpretação extensiva para também alcançar a 
decisão que rejeite o aditamento da denúncia. 
 
 Vou lá no art. e vejo que o legislador tratou de 
uma determinada questão, entretanto, vejo 
que existe outra questão parecida e decido 
abarcá-la nesse mesmo art., fazendo uma 
interpretação extensiva. 
 
Quando a omissão do legislador for voluntária, não se 
aplica uma interpretação extensiva. Exemplo: contra 
decisão que recebe denúncia ou queixa não cabe RESE. 
 
4. Analógica: contém um termo aberto, sendo 
necessário que se valha de outros 
conhecimentos para possibilitar a 
interpretação. 
 
Exemplos do CPP: 
 
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, 
poderá ser recusado por qualquer das partes: 
 
Processo Penal| Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 II – se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, 
estiver respondendo a processo por fato análogo, 
sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. 
 
 Art. 185. § 2º do CPP tbm. 
 
Por fim, a interpretação teleológica ou sistemática 
nada mais é do que analisar a norma com base em um 
sistema. 
 
Questionamento: aplica-se todos esses modos de 
interpretação, mesmo o art. 3º se referindo apenas 
para a interpretação extensiva? SIM. 
 
 
 
Diferentemente do que ocorre na interpretação 
analógica, em que se terá a lei trazendo uma 
enumeração de situações que podem ser 
complementadas (termo aberto), na analogia, há uma 
omissão do legislador. Nesse caso, existe a 
possibilidade de se valer da analogia. 
 
 Estamos falando de autointegração. 
 Omissão involuntária do legislador. Pois, se foi 
voluntária, significa que o legislador não deseja 
que a situação fosse resolvida da mesma 
forma; 
 
Por exemplo: o art. 226 do CPP apresenta tudo o que 
deve ser feito para o reconhecimento de pessoas 
válido, todavia, nada é dito sobre o reconhecimento 
fotográfico. Contudo, não é por isso que ele deixará de 
ser válido. 
 
Nada diz o legislador sobre o reconhecimento 
fotográfico, para isso vem a jurisprudência e diz que é 
preciso seguir, na medida do que for compatível, o art. 
226 do CPP. 
 
Aqui vemos a diferença entre a interpretação analógica 
e a ANALOGIA propriamente dita (autointegração). 
 
Art. 185, § 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão 
fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, 
poderá realizar o interrogatório do réu preso por 
sistema de videoconferência ou outro recurso 
tecnológico de transmissão de sons e imagens em 
tempo real, desde que a medida seja necessária para 
atender a uma das seguintes finalidades. 
 Os recursos tecnológicos se alteram com tanta 
rapidez que o legislador já abriu a possibilidade 
de uma futura interpretação analógica, para 
que sejam utilizados recursos que ainda vão 
existir. 
 
Importante: Aplicação Supletiva do CPC. 
 
Admite-se a aplicação analógica do CPC nas situações 
em que o CPP NÃO possui regras próprias. É uma 
aplicação subsidiária. 
 
Aplicação subsidiária: quando o CPP não dispuser sobre 
determinada situação, aí sim vem a aplicação do CPC. 
 
Art. 15, CPC: Na ausência de normas que regulem 
processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as 
disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva 
e subsidiariamente. 
 
 Ainda que não mencione o CPP no art. aplica-
se a ele também. 
 
Mas lembrar que, não é porque o CPC é mais novo do 
que o CPP, que sempre aplicará os artigos. A questão é, 
somente aplicará o CPC se o CPP não dispor sobre o 
assunto. 
 
No processo civil, a regra de contagem de prazos só 
computa dia útil, já no processo penal, a contagem é 
corrida. 
 
Lei Processual Penal no Espaço 
 
Quando se fala em direito processual penal, há um 
conjunto de normas que dizem respeito ao 
procedimento que irá ser aplicado diante do 
cometimento de um fato criminoso. 
 
 As regras do CPP e legislações penais se aplicam 
dentro do nosso território. 
 
 Direito penal: territorialidade, 
extraterritorialidade condicionada e 
incondicionada; 
 Processo Penal: princípio da territorialidade. 
 
Citação no estrangeiro? É feita por meio de uma carta 
rogatória. 
 
Processo Penal| Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 Deve ser expedida pelo juiz brasileiro de acordo com 
as regras do CPP, porém, ela será cumprida, por 
exemplo, na Argentina. Assim, serão seguidas as regras 
processuais penais da Argentina. 
 
 Isso se relaciona com soberania nacional. 
 
Exceção: Aplicação fora dos limites territoriais 
 
1. Território nullius: terra de ninguém 
2. Quando houver autorização do Estado em que 
se praticará o ato; 
3. Em caso de guerra, em território ocupado; 
4. Art. 5º, §4º CRFB: o Brasil se submete à 
jurisdição de Tribunal Penal Internacional a 
cuja criação tenha manifestado adesão. 
 
Art. 1º do CPP: O processo penal reger-se-á, em todo o 
território brasileiro, por este Código, ressalvados: 
 
I – os tratados, as convenções e regras de direito 
internacional; 
 
Exemplo: imunidade diplomática – Convenção de 
Viena sobre Relações Diplomáticas. (Chefes de governo 
estrangeiro ou de Estado estrangeiro, suas famílias e 
membros das comitivas, embaixadores e suas famílias, 
funcionários estrangeiros do corpo diplomático e sua 
família, assim como funcionários de organizações 
internacionais em serviço). 
 
II – as prerrogativas constitucionais do Presidente da 
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos 
com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de 
responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 
100); 
 
 Quando fala nos crimes de responsabilidade, 
está se referindo a infrações político 
administrativas. E o julgamento é realizado 
pelo Senado Federal – art. 52 da CF. 
 
III – os processos da competência da Justiça Militar; 
 
 IV – os processos da competência do tribunal especial 
(Constituição, art. 122, no 17); 
 
 V – os processos por crimes de imprensa. 
 
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código 
aos processos referidos nos IV e V, quando as leis 
especiais que os regulam não dispuserem de modo 
diverso. 
 
 Além dessas exceções trazidas pelo art. 1º, 
tem-se outras exceções em leis especiais, 
como nas leis de drogas, lei 9.099/96, lei Maria 
da penha. 
 
Lei Processual no Tempo 
 
O que preocupa aqui é a sucessão das leis. Por 
exemplo: no dia em que o fato criminoso foi praticado, 
havia a lei A. No dia seguinte, antes mesmo do início 
das investigações, havia a lei B. Já no julgamento, havia 
a lei C. 
 
Importante: Direito Penal X D. Processual Penal. 
 
Não se trata do mesmo assunto!!!! 
 
 No DP, trata-se do fenômeno da retroatividade 
e ultratividade da lei mais benéfica ao réu. 
 
Por exemplo: no dia do fato A, o direito penal 
estabelecia pena de 2 anos. Já no dia do julgamento,a 
lei válida era de 4 anos. Logo, ela não seria aplicada. Se 
fosse de 1 ano, seria, pois é mais benéfica ao réu. 
 
 Já no direito processual, é diferente: 
 
Art. 2º, CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde 
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob 
a vigência da lei anterior. 
 
Tempus delicti X tempus regit actum 
 
 Princípio do Tempus regit actum: a lei que vale 
HOJE é a que será aplicada. 
 Atos já praticados: são válidos 
 Aplicação imediata da norma nova – critério da 
imediatidade. 
 
 Sistema para resolver conflitos 
 
Suponha o crime A: 
 
Processo Penal| Maria Eduarda Q. Andrade 
 
 a) da unidade processual: pode se ter a lei 1, 2, 3 e 4, 
porém, quem irá incidir sobre o processo é a 1, pois ele 
é considerado uma unidade. 
 
b) das fases processuais: se tem a fase postulatória, 
instrutória e decisória. Se a mudança ocorreu após a 
fase postulatória, a nova lei será aplicada na fase 
instrutória. Se foi durante a fase instrutória, será 
aplicada na fase decisória. 
 
c) do isolamento dos atos processuais: o ato praticado 
não perde a validade. Cada ato será praticado de 
acordo com a lei vigente – esse é o sistema aceito! 
 
Ainda que seja a lei que possa prejudicar o réu, deverá 
ser aplicada do mesmo jeito, pois falamos 
genuinamente de processo penal. 
 
 Não há a incidência da retroatividade da lei, 
como ocorre no direito penal. 
 
Agora, o cuidado que devemos ter é em relação a 
algumas normas que muito embora seja processuais, 
tem no fundo uma certa repercussão no direito 
material. 
 
 Normas genuinamente processuais: aplicação 
imediata. Sem prejuízo dos atos passados. 
 
 Normas processuais materiais ou híbridas: é 
preciso verificar se beneficia ou não o réu. 
 
Importante: normas híbridas são processuais mas com 
repercussão no direito material. 
 
A lei 9.099 trata das infrações penais de menor 
potencial ofensivo. Traz então o Procedimento 
sumaríssimo. Determina institutos, como a transação 
penal. 
 
Ao aderir à transação penal (que diz respeito ao 
procedimento), há a extinção da punibilidade, o que 
há relação com o direito material. 
 
Agora, qual é o problema: Art. 90, 9.099: As disposições 
desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja 
instrução já estiver INICIADA. 
 
 Ou seja, se o processo já tiver iniciado, não 
poderá aplicar a lei. 
Entretanto, vem o STF, Pleno, ADI 1719. Rel. Min. 
Joaquim Barbosa, 18/06/2007, e diz: 
 
Isso pode ser feito no que diz respeito as regras de 
procedimentos, mas aos institutos despenalizadores, 
com repercussão na questão da punibilidade, não, pois 
há uma REGRA HÍBRIDA. 
 
 Como vimos a regra hibrida é uma regra que 
possui interferência no direito material, logo 
no caso do exemplo da lei 9.099, há o direito 
da aplicação da regra mais benéfica, pois é 
uma regra de direito material. 
 
STJ vem dizendo que se respeita o ato jurídico perfeito. 
Ou seja, respeitar os atos já foram iniciados baseados 
com a lei anterior, devem prevalecer 
 
 Normas processuais heterotópicas. 
 
Inseridas na lei material, com conteúdo processual. Na 
publicação de uma lei material, encontram-se regras 
processuais, ou vice-versa. 
 
 Não se tratam de normas híbridas. 
 
Exemplo: A Constituição configura um diploma 
material, entretanto, também apresenta regras 
processuais, como a fixação das competências dos 
tribunais. 
 
Vigência, validade, revogação 
 
Propositura, discussão, votação, aprovação, 
promulgação, sanção, publicação. 
 
A entrada em vigor, em regra, expressamente, pode 
ocorrer na data da publicação ou no dia posterior à 
vacância. Se a lei nada prever, observará o prazo de 45 
dias após a publicação. 
 
Uma lei está em vigor até a sua revogação. Podendo 
ser: 
 Revogação tácita: lei nova superveniente que 
torna incompatível com a aplicação de 
dispositivo anterior. 
 Revogação expressa: determinada lei, 
expressamente, revoga outra lei. 
 Ab-rogação: toda a norma é revogada. 
 Derrogação: parte da norma é revogada. 
Processo Penal| Maria Eduarda Q. Andrade 
 
Quanto a Repristinação. 
 
É o fenômeno jurídico pelo qual uma Lei volta a vigorar 
após a revogação da Lei que a revogou. 
 
Exemplo: estava em vigor a lei A, mas depois veio a lei 
B e revogou expressamente a lei A. Logo depois, veio a 
Lei C que revoga a lei B. O questionamento é se a partir 
desse momento da revogação da lei B, volta a valer a 
lei A? 
 
A resposta é negativa!!! 
 
No brasil não admite a repristinação implícita ou tácita. 
É necessário que esteja escrito na nova lei que tal lei 
voltará a valer. 
Quanto ao efeito repristinatório? Está ligada ao 
controle de constitucionalidade. 
 Baseia-se no princípio da nulidade do ato 
inconstitucional. 
 O ato inconstitucional nasce eivado de 
nulidade. 
Ou seja, nesse caso a nova lei já nasce nula 
(inconstitucional) e diante disso, não poderia revogar a 
anterior validamente. 
Assim, o efeito repristinatório é a reentrada em vigor 
de norma aparentemente revogada. 
 A validade de uma norma está intimamente ligada à 
sua compatibilidade com a Constituição Federal e 
Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos. 
 
 A lei processual penal possui aplicação 
imediata, podendo ser suplementada com os 
princípios gerais de direito. 
 
Sistemas Processuais Penais 
 
O sistema processual penal diz respeito à tratativa de 
um Estado acerca da aplicação da lei processual penal. 
 
Diz respeito de como que o Estado trata as pessoas que 
cometeram o crime e como vai ser a resposta estatal. 
 
Com a evolução do processo penal, os institutos de 
caráter privado vão perdendo espaço para aqueles de 
índole pública, aponta os autores três sistemas típicos: 
acusatório, inquisitório e misto. 
 
1. Sistema Inquisitorial 
 
Tem por principal característica a concentração de 
poder nas mãos de uma única pessoa, ou seja, dá 
amplos poderes ao juiz dentro do processo. O juiz 
reúne em si a capacidade de: 
 Investigar, 
 Acusar, 
 Defender, 
 Julgar. 
 
Mas, a capacidade “defender” é descartada, não é 
possível acusar e defender alguém ao mesmo tempo. 
 
Além disso, há outras características: 
 
 A busca da verdade real; 
 O réu é visto como objeto, e não como sujeito 
de direitos; 
 O juiz produz provas (gestão da prova); 
 A ausência de contraditório. 
 
Aqui o juiz é o protagonista! Acusa, julga e produz 
provas. Sistema ligado ao Estado absolutista. 
Inexistem as regras de igualdade e da liberdade 
processual. 
 
 O dogma inquisitório traz a proteção das 
sociedades por intermédio de um juiz 
onipotente, guiado pela verdade a todo custo. 
 
O sistema girava em torno de dois fatos: prova material 
do fato ou confissão. 
 
A tortura era um instrumento de provas admitido, e o 
processo pautava-se por denúncias anônimas. 
 
Após a segunda guerra Mundial, profundas 
transformações no cenário político ocidental 
ocorreram, repercutindo a nova onda de valores na 
forma de operacionalizar o sistema persecutório penal. 
 
A partir disso, houve o declínio do sistema inquisitivo 
em prol do acusatório. 
 
2. Sistema Acusatório Puro 
 
 O processo é visto como procedimento com a 
separação das funções (juiz, acusação e defesa). 
 
Processo Penal| Maria Eduarda Q. Andrade 
 
O sistema acusatório, de modo geral, é expressão típica 
de um Estado liberal democrático. 
 
Nesse sistema, é possibilitado o contraditório e a ampla 
defesa, buscando a verdade possível. Portanto, o réu é 
sujeito de direitos. 
 
 Verdade possível: a verdade que reproduza 
na medida do possível o ato que está sob 
julgamento. 
 
Segundo José Laurindo de Souza Netto: 
 
“Assim, uma das caraterísticas irrenunciáveis da 
estrutura acusatório do processo penal é a adoção do 
princípio da acusação, segundo o qual o órgão julgador 
não pode ter funçõesde acusação das infrações, mas 
apenas de investigar e de julgar dentro dos limites que 
lhe são postos por uma acusação fundamentada e 
deduzida por um órgão diferenciado”. 
 
 São ainda características desse sistema: 
 
 A paridade de armas (igualdade de forças) com 
defesa efetiva em paridade com o sistema 
acusatório; 
 As partes são protagonistas da produção de 
provas (gestão da prova); 
 A equidistância do juiz para julgar: 
imparcialidade. 
 
Quanto o requisito da imparcialidade, o sistema 
acusatório está intimamente ligado ao princípio do juiz 
natural, bem como o do princípio da identidade do juiz. 
 
Aqui o juiz preside o processo, é uma entidade 
SUPRAPARTES. 
 
Esse tipo de estrutura implica que a pessoa acusada 
tenha a possibilidade de se defender desde o início. 
Além de se exigir, de que quem acusa seja uma 
entidade diferente de que julgará o caso. 
 
A finalidade do processo acusatório é fazer emergir o 
equilíbrio entre as partes, a celeridade, a 
imparcialidade do juiz. 
 
 O juiz encontra-se vinculado ao cumprimento 
dos direitos do acusado. 
 Há um dever constitucionalmente garantido de 
velar pelo equilíbrio. 
3. Sistema Misto ou Francês 
 
É divido em duas fases: inquisitorial e o acusatório. 
 
 Sistema inquisitorial: fase de investigação. 
 Sistema acusatório: acusação, defesa e 
julgamento. Sistema misto. 
 
O sistema misto, que foi adotado em quase todas as 
legislações da Europa continental, introduziu a 
separação das funções de instrução, acusação e 
julgamento, sendo a ação penal exercida pelo 
Ministério Público, como representante da sociedade. 
 
Mas qual é o nosso sistema adotado no Brasil 
atualmente? 
 
O sistema adotado pelo ordenamento jurídico 
brasileiro: Vem a CF e apresenta tal art., que diz que é 
o MP quem tem a função de iniciar a ação penal 
pública, dando um caráter acusatório ao Processo 
Penal. 
 
Art. 129, CF: São funções institucionais do Ministério 
Público: 
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na 
forma da lei; 
 
Não obstante, a Lei n. 13.964/2019 inseriu o seguinte 
artigo: 
 
Art. 3º-A, CPP: O processo penal terá estrutura 
acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de 
investigação e a substituição da atuação probatória do 
órgão de acusação. 
 
Nosso sistema é um acusatório puro? 
 
Nosso ordenamento ainda prevê a atuação supletiva 
do juiz. Apesar de ser supletiva, a doutrina diz não estar 
valendo tais artigos, pois são incompatíveis com o 
sistema acusatório, senão vejamos: 
 
Art. 385, CPP: Nos crimes de ação pública, o juiz 
poderá proferir sentença condenatória, ainda que o 
Ministério Público tenha opinado pela absolvição, 
bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma 
tenha sido alegada. 
 
Processo Penal| Maria Eduarda Q. Andrade 
 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, 
sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
 
 I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a 
produção antecipada de provas consideradas urgentes 
e relevantes, observando a necessidade, adequação e 
proporcionalidade da medida; 
 II – determinar, no curso da instrução, ou antes de 
proferir sentença, a realização de diligências para 
dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
 
 Parte da doutrina entende que tais previsões 
legais não foram recepcionadas pela CF/1988. 
 
No entanto, entendimento dos Tribunais seguem 
sustentando que nosso sistema é acusatório e a 
atuação supletiva do juiz não é incompatível com a 
CF/1988. 
 
Dessa forma, a doutrina entende que o sistema 
adotado no ordenamento jurídico brasileiro não é 
acusatório puro, uma vez que possui resquícios de 
atuação supletiva do juiz durante o processo. 
 
 Aparece então a possiblidade do juiz, de 
acordo com o art. 156, inciso II, de suprir a 
atuação das partes em relação as provas. 
 
Então o tribunal vem dizendo: ok, nosso sistema é o 
acusatório, por isso as partes é quem são responsáveis 
por produzir as provas e é o MP quem inicia a ação 
penal, NO ENTANTO, o juiz tem a possibilidade de 
suplementar a atuação das partes, por exemplo, achou 
que determinadas provas não foram suficientes e 
solicita outras. 
 
Tal ponto, não diz respeito ao juiz estar defendendo ou 
acusando, mas sim a necessidade de esclarecimento de 
certos pontos.

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