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Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS Segundo a Organização Mundial da Saúde, a sexualidade humana é parte integrante da personalidade de cada um; é uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. Além disso, a sexualidade não é sinônimo de coito e não se limita à presença ou não do orgasmo. A sexualidade é a energia que motiva encontrar o amor, contato e intimidade, e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas e como essas se tocam e são tocadas. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e integrações e, portanto, a saúde física e mental. O ECA define que todas as crianças e adolescentes têm direito à proteção integral, e que são sujeitos com direitos especiais porque são pessoas em processo de desenvolvimento. DEFINIÇÕES Sexo biológico: características genotípicas e fenotípicas (masculino, feminino, intersexual). Papel sexual: construção social/comunitária como conduta masculina, feminina (é dinâmico). Identidade de gênero: e a maneira como o indivíduo se identifica (homem, mulher, mais de um dos gêneros, nenhum deles...). Orientação sexual: indica pelo que sente atração (heterossexual, homossexual, bissexual, assexual, etc). ATORES EM SEXUALIDADE Crianças e adolescentes O indivíduo é agente ativo de seu próprio conhecimento e, portanto, constrói seus significados e define suas próprias representações da realidade de acordo com suas experiências e vivências em diferentes contextos. Cada criança e adolescente trazem consigo uma bagagem de conhecimentos espontâneos, de acordo com suas características intelectuais, emocionais e socioculturais. Família Meios de comunicação Escola Instituições de Saúde Religião PROBLEMÁTICAS ABORDAGEM DA SEXUALIDADE: Na adolescência, muitas vezes reduzida a informações sobre anatomia dos órgãos genitais, mecanismos de reprodução, anticoncepção e cuidados com relação às ISTs. RELIGIÃO: Algumas crenças não admitem sexo por prazer, o uso de preservativos e pregam abstinência sexual antes do casamento e fidelidade entre os cônjuges. Outras permitem mas não atuam na educação de jovens. DÚVIDAS SOBRE ASPECTOS LEGAIS: Dúvidas dos profissionais de saúde em relação ao atendimento e esclarecimento de dúvidas de adolescentes por serem menores de idade. Dúvidas sobre compartilhamento de informações com pais e responsáveis. Também relacionada à dificuldade em abordar temas como sexualidade, uso de drogas, e mau recebimento por parte do adolescente. Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina ATENDIMENTO DO ADOLESCENTE O ECA reconhece a criança e o adolescente como sujeitos de direitos próprios, independentes dos direitos de seus pais. Além da proteção integral, outros princípios fixados pelo ECA são o da prioridade absoluta e o do melhor interesse da criança e do adolescente. Necessidade de responsável: Dessa forma, a presença ou anuência dos pais e responsáveis para o exercício de algum direito fundamental como a vida, a saúde, a integridade física e moral não é uma condição indispensável para o acesso a esses direitos, mas somente desejável. Assim, a exigência da presença de um responsável para realizar o atendimento do adolescente pode ser caracterizado como lesão a esses direitos fundamentais. Ainda é assegurado o atendimento médico à criança e ao adolescente, através do SUS, garantindo o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. Revelação de fatos aos responsáveis: Considerando que a revelação de determinados fatos para os responsáveis pode acarretar consequências danosas para a criança ou para o adolescente, o Código de Ética Médica não adotou critério etário, mas o do desenvolvimento intelectual, determinando expressamente o respeito à opinião do indivíduo e manutenção do sigilo profissional, desde que o assistido tenha capacidade de avaliar o problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo. Exceção: quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente. EXCEÇÕES (GERAIS): Autorização expressa do paciente; Notificação compulsória de determinadas doenças transmissíveis; Suspeita de abuso a idosos ou ao cônjuge; Suspeita de abuso ou agressão infantil; Suspeita de ferimentos causados por atos criminosos; Abortos criminosos; Ocorrência de ferimentos por arma de fogo ou similares Caso a equipe de saúde entenda que o paciente não possui condições de decidir sozinho sobre algum procedimento em razão de sua complexidade, deve, antes de tudo, realizar as intervenções urgentes que se fizerem necessárias, e em seguida, conversar francamente com o adolescente sobre a necessidade de que um responsável legal o acompanhe e o auxilie. Se o adolescente se opuser a isso, é preciso que ele encontre espaço para expor claramente os motivos a isso. Se houver receio de algum tipo de dano pelo responsável, recomenda-se procurar auxílio na vara da infância e da juventude da região ou no conselho tutelar. Em situações mais complexas (sem necessidade de quebrar o sigilo), recomenda-se que a equipe encoraje o adolescente a buscar envolvimento da família. Contudo, os limites devem estar claros, e a decisão final é dele. A quebra do sigilo não pode ser um recurso para “se livrar do problema”. Só deverá acontecer se for fundamentada no benefício real para a pessoa assistida. AÇÕES DE PREVENÇÃO Tornar disponíveis materiais educativos, aconselhamento e orientação relacionada às ISTs: A crença de que informar o adolescente sobre questões relativas à sexualidade pode induzi-lo a iniciar sua vida sexual mais cedo não está baseada em nenhum tipo de pesquisa. O profissional de saúde deve zelar pela saúde do adolescente e fornecer informações claras. A atitude de o adolescente procurar informações é indício de maturidade e capacidade de discernimento. Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina Oferecer ao adolescente a oportunidade de participar de oficinas de sexo mais seguro, de reuniões em grupo que tratem de temas mais amplos e atividades lúdicas: É importante zelar para que a iniciativa de participação seja do próprio adolescente, para evitar situações constrangedoras. Não é necessário consentimento dos responsáveis legais. Tornar disponíveis preservativos com orientação e aconselhamento: Outra oportunidade de oferecer escuta e espaço de interlocução para o adolescente. Tornar disponível o teste anti-HIV com aconselhamento pré e pós-teste: Segundo um parecer do MS (1999) baseado no ECA, no Código de Ética Médica e na Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, temos que: A testagem e entrega dos exames anti-HIV de crianças (0 a 12 anos incompletos) só deve ocorrer na presença dos pais ou responsáveis. No caso de adolescentes (12 a 18 anos), após uma avaliação das suas condições de discernimento, fica restrito à sua vontade realizar o teste assim como informar o resultado a outras pessoas. De qualquer forma, a equipe de saúde deve orientar o adolescente a vir buscar o resultado do teste acompanhado por um membro da família ou um outro adulto em quem confie, ou mesmo um amigo (menor de idade, inclusive), que possa oferecer suporte. Tornar disponíveis exames ginecológicos, exames para detecção de ISTs e tratamentos de ISTs: De modo geral, não há necessidadede envolver a família ou qualquer outra pessoa nesses procedimentos. No caso de tratamentos que exijam retornos e outros acompanhamentos, vale lembrar os princípios de zelar pela autonomia e de apostar na capacidade do adolescente de cuidar de si. Tornar disponíveis kits de redução de danos para uso de drogas injetáveis: Pode ser uma oportunidade de criar um vínculo com o adolescente, e buscar o kit deve ser encarado como uma atitude positiva (cuidado consigo e com os outros). Nessas situações, o princípio de que a decisão de envolver a família deve ser tomada pelo adolescente continua válido. Contudo, ainda deve-se zelar pela saúde e vida do adolescente. Em situações de uso abusivo de drogas injetáveis, sua vida pode estar em risco. Nesses casos, uma boa estratégia é tentar articular-se com conselho tutelar da região e profissionais de outras instituições (CAPS, ONGs, associações, etc) que lidem com essa questão.
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