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O mapeamento morfe-morfema morfema morfe ↓ ↓ Unidade de conteúdo Realização do conteúdo Representação do morfema Ex: casa - s → morfema: {plural} ↘ morfe: -s Expectativa: relação biunívoca (um morfema p/ um morfe) ● Dentro da visão estruturalista, o ideal é que haja simetria no mapeamento morfe-morfema de forma que não haja problemas de descrição do sistema linguístico. ● Há porém vários casos que sabotam esse ideal de um para um na morfologia estruturalista. Distúrbios no mapeamento morfe-moerfema 1. morfe zero ● relação de um p/ zero ● conteúdo não realizado foneticamente ● significado sem forma ● visualizado através da comutação 2. morfe não-morfêmico: ● relação de zero p/ um ● sem conteúdo ● forma sem significado → Ao contrário do morfe zero, que é um conteúdo sem forma, o morfe não-morfêmico é uma forma sem conteúdo. Há 4 tipos de morfes não morfêmicos 2a. Fonestema: Som percebido como unidade estrutural. Som que se assemelha a um morfe. Partícula de negação n/egar n/inguém n/ão n/enhum n/unca n/em n/ada → Presença da nasal alveolar, iniciando partículas de negação. Palavras interrogativas qu/anto qu/em qu/e qu/al qu/ando c/omo → Presença oclusiva velar surda /K/, inciando partículas interrogativas. 1 OBS: O fonestema é um morfe morfêmico, o que sobra é que não é morfêmico. 2b. Morfe classificatório: ● Função distributiva ● função morfológica ● elemento assemântico com função morfológica Índice temático (vogais temáticas) verbos nomes a, e, i a, o, e Vogais temáticas nominais São formas presas que se juntam a radicais presos dando lhes estatuto de palavra. Em outras palavras, a vogal temática se junta a outras formas presas (radicais temáticos) para formar uma forma livre. Bonec- (radical) + -o (VT) = Boneco Características da vogal temática nominal a) vogal b) final c) átona d) oral Consequência morfofonológica ↓ é apagada diante de um sufixo por elisão ou crase. → predr-a + inha >> pedr inha (elisão) pedr-a + ada >> pedrada (crase) livr-o + eiro >> livreiro (elisão) telefon-e + ista >> telefonista (crase) Palavras atemáticas: não apresentam vogal temática a) monomorfêmicas b) as raízes são formas livres da língua c) a raiz é a própria palavra Consequência ↓ Não há crase ou elisão após operação morfológica. → romã + inho >> romãzinho caju + inho >> cajuzinho cipó + inho >> cipozinho cipó + al >> cipoal irmã + inha >> irmãzinha irmã + ar >> irmanar 2c. morfe relacional: ● “cola” morfológica ● “morfe-ponte” na ligação entre duas formas ● elemento assemântico com função morfofonológica ● resolve problemas de eufonia e de má formação silábica ● vogal/consoante de ligação 2 Ex1. formas “diminutivas” garoto >> garotinho ponto >> pontinho casa >> casinha ↓ Formas temáticas mar >> mar/ z /inho café >> cafe/ z /inho caju >> caju/ z /inho ↓ ↘ Formas Facilitador da pronúncia eufônica atemáticas Ex2. instrumentais: Em suma: 2d. Morfe supérfluo: ● Elemento formal vazio de significado que “sobra” na divisão estrutural da palavra. ● Não produtivo, sem recorrência (não-sistemático). 3 3. Sequências não recorrentes: ↓ Formações únicas, isoladas, não produtivas. ↘ basóides & afixóides (Rocha, 1998) man- ↓ Radical preso, sem livre curso na língua (basoide) Obs: basoides, sufixoides e prefixoides tendem a fazer parte de construções opacas ou, no mínimo, parcialmente opacas. 4. Alomorfia ● alo (variação) morfia (forma) ● relação de um (morfema) para muitos (morfes) ● variação formal, invariância semântica ● morfema como classe de morfes Alomorfia condicionada fonologicamente condicionada morfologicamente livre (sem motivo aparente) Representação da alomorfia no estruturalismo ↙ ↘ modelo item arranjo (IA) modelo item processo (IP) ↓ ↓ Representação por distribuição Modelo transformacional ↓ ↓ Item = morfema Arranjo = alomorfe(s) Item = forma básica Processo = aplicação de regras 4 IA = Modelo descritivo para mostrar a relação entre o item (morfema) e seus arranjos (alomorfe). Representação por distribuição. IP = Modelo que admite a existência de uma forma básica e a existência de regras que convertem a forma básica em realizações possíveis. 4a. O caso do prefixo de negação inápto inábil inútil ilegal inegável irreal impróprio injusto ingrato Item & Arranjo item = {negação} arranjos = [i-] [-ĩ] [-i.n] ↓ ↓ ↓ a) Modelo descritivo b) Apresenta os alomorfes e suas distribuições diante de soante diante de consoante diante de vogal de acordo com os contextos ( Alomorfia fonologicamente condicionada ) Item & Processo Tarefa 1 - escolha da forma básica ● Critérios para escolher a forma básica 1. frequência - a forma base é a que aparece mais vezes nos dados 2. restrição contextual - é a menos restrita; ocorre em maior n° de ambientes 3. coerência estrutural - disponível para fins lexicais e acessível à morfologia. Pelos critérios a forma básica é /iN-/ Tarefa 2 - conversão da forma básica em realizações possíveis por meio de regras fonológicas ● Estabelecimento de regras fonológicas 5 /iN-/ - forma básica a) /iN-/ → /i-/ /___ [soante] - (apagamento) b) /iN-/ → /in/ /___ [consoante] - (nasalização) c) /iN-/ → /i.n/ /___ [vogal] - (ressilabificação) OBS: Não há alomorfia; há uma forma básica abstrata e suas realizações concretas. Essas realizações respeitam as regras fonológicas da língua. ● O apagamento da nasal é motivado pela identidade entre a nasal e o elemento seguinte (PCO), pois nasais também são soantes. ● Tanto a nasalização do [i] (injusto), quanto a ressilabificação (inapto) se dão por princípios e parâmetros de estruturação silábica (PMA, PAD e Esc. Son) ● IP é um modelo processual. É uma abordagem que trabalhacom a perspectiva de que há uma forma abstrata X e a conversão dessa forma segundo regras fonológicas. É um modelo que pressupõe a interface mofologia-fonologia. Em suma: ● O caso da negação prefixal do português pode ser abordado de duas formas dentro da visão estruturalista. Uma visão puramente descritiva (IA) e outra mais processual (IP) em que se busca uma explicação para o fenômeno. ● Na análise IA, há um morfema {negação} e suas três realizações possíveis a depender do ambiente fonético. ● Na análise IP, há um morfema {negação}, uma forma básica abstrata desse morfema e suas possíveis materializações de acordo com regras fonético-fonológicas do português. 6
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