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Sociologia da saúde e da doença Prof. Maria Lurdes Teixeira Fatores socioculturais das desigualdades Fatores estruturais que estão presentes e por si só já marcam essa desigualdade Principais fatores que desencadeiam/produzem desigualdades em saúde e são também fatores de desigualdade social • Género • Escolaridade • Etnicidade • pobreza Género →não confundir com sexo; diferenças socais, comportamentais, sociológicas entre feminino e masculino ➔ É construído desde o nascimento Todas as abordagens da sociologia da saúde é na expectativa de género e não sexo Género → não é universal; é diferente em todos os países; muito diverso; muito diferente de idade para idade; diferente de sociedade para sociedade → ou seja não é binário – existe múltiplos de géneros. Mas o genero é um fator de diferença na saúde e na doença Mulheres • Maior EMV → não é por razões biológicas, mas sim por razões comportamentais (por razões de género). - é uma desigualdade favorável ao feminino. Para a enfermagem diminuir esta desigualdade tem que ter uma atenção particular com o masculino, a nível dos ensinos, prevenção, vigilância. • Maior incidência da doença → mulheres adoecem mais, porque assumem que estão doentes. • Maiores consumidoras de cuidados de saúde → devido serem mais atentas; mais preventivas; intervém de forma mais continuada • Maiores níveis de stress, ansiedade e depressão → é mais fácil uma mulher assumir que está com uma doença do foro mental do que o homem, porque o homem vai se sentir como diminuído • Maior taxa de doença declarada Homens • Maior propensão para o alcoolismo e comportamentos aditivos → principalmente em faixas mais velhas • Maior incidência de doenças cardiovasculares → embora a diferença esteja-se a diminuir • Maior número de mortes por acidente → na estrada • Maior mortalidade Nascem mais homens que mulheres, mas temos mais mulheres, devido aos homens morrerem precocemente Cuidados diferenciados Mulheres • Queixas são pouco valorizadas → ex. mulher tem dor no peito não é nada de mais, mas se o homem tem uma dor no peito é logo reencaminhado o mais rápido possível • Alguns sintomas são negligenciados → alguns sintomas não são considerados • São polimedicadas Homens → tudo aspetos positivos • Maior empenhamento no diagnóstico • Atenção às queixas • Maior atenção às orientações terapêuticas Regra geral, o desenvolvimento é um fator promotor da igualdade de género na saúde → quanto mais os países são desenvolvidos, mais estão atentos às diferenças de género e isso vai dar maior igualdade Outras formas de desigualdade de género ➢Desigualdade salarial →ainda existe em Portugal, principalmente no feminino. → verifica-se sobretudo em trabalhos manuais, fabricas, hipermercados, lojas… ➢Violência doméstica → sobretudo em mulheres; → dano muito grave/muito significativo na saúde feminina; → É um problema de saúde ➢Tráfico de seres humanos → Portugal tem trafico de seres humanos; → quando uma pessoa controla outros seres humanos; à diferença no trafico feminino e masculino de seres humanos. Grupo para tráficos da área de prostituição Traficados para trabalhos mais manuais e agrícolas → onde à utilização de força física Quais são as principais causas de morte para homens e mulheres? - Homens – acidentes externos e suicídios; estão mais dispostos a violências, a situações de risco – CAUSAS EXTERNAS/ Exógenas – fora do organismo; causas diretamente relacionadas com questões de identidade de género; os homens mais expostos a agressão, violência, muitas vezes como forma de afirmação da sua identidade e estão também expostos a um conjunto de acidentes rodoviários e trabalho. - Mulheres – neoplasias e tumores, mais tarde → causas internas. O feminino consegue se proteger se melhor de causar externas e acaba por morrer por causas de ordem mais biológica (ainda que estas causas biológicas sofrem também de fatores externos, como alimentação, estilo de vida, stress, etc) Depois da 3º idade as mulheres tem menos saúde – DESIGUALDADE DE GENERO – mesmo tendo mais anos de vida tem menor qualidade de vida depois da entrada na 3º idade – isto deve- se sobretudo às doenças cronicas e provavelmente também a uma condição das mulheres que não tem acesso a uma vida tão equilibrada Haverá diferenças entre géneros e entre países? - As mulheres portuguesas têm uma esperança de vida de 84,3 anos, enquanto a média europeia é de 83,3 anos. - Homens portugueses também têm uma esperança de vida ligeiramente superior à média dos restantes europeus: 78,1 contra 77,9 anos. Quando olhamos paras os países nórdicos que tem um nível de desenvolvimento superior, em relação a Portugal, os homens tem anos de vida saudáveis superior a anos de vida de uma mulher E será que os homens e as mulheres têm cuidados semelhantes com a saúde? - Não, isso continua a verificar-se de forma muito clara. Nos como enfermeiros temos que mudar, pois o masculino está muito desligado destes serviços de saúde e desatento da sua saúde Para reduzir as desigualdades, importa melhorar o conceito de equidade – tratar diferente o que é diferente. 2.2. Escolaridade O que a escolaridade tem haver com as desigualdades em saúde? As pessoas com menos escolaridade, não tem tanto acesso a cuidados de saúde por falta de informação Escolaridade é a melhor forma para melhoramos a saúde das populações A escolaridade tem um papel central, na relação das pessoas com a sua saúde. Escolaridade é diferente da literacia da saúde, mas está associado Escolaridade traduz-se no nível de formação de uma pessoa a nível académica, tem haver com uma aprendizagem formal. Literacia em saúde é aquilo que se consegue fazer com a escolaridade que nós temos, não é só a utilização de conhecimentos informais Escolaridade (nível académico de formação) potencia a Literacia em saúde (nível de conhecimento das pessoas) É a capacidade que o individuo tem de utilizar todos os seus conhecimentos (senso comum e também escolaridade) em prole de uma boa gestão de saúde Conceito mais operacionalizado → pois põem em prática a operação e o conhecimento que o individuo tem para serem utilizado em prole da gestão da saúde Gestão da Saúde • é muito recorrente; • diariamente fazemos isto; • podemos fazer melhor ou pior → está diretamente relacionado com a Escolaridade e a Literacia em Saúde Literacia em Saúde → capacidade do individuo tem para utilizar os seus conhecimentos na gestão da saúde, na gestão quotidiana, no dia-a-dia. Ex: Neste momento preciso de uma consulta, e preciso de adiantar as respostas que existem. Onde entra aqui a Literacia em Saúde e a Escolaridade? Primeiro tenho que saber identificar o sintoma; Depois tenho que saber como funciona o SNS Literacia em Saúde entra aqui 144 – numero da Emergência Social - destina-se a pessoa e a situações que não precisam de imediato cuidados médicos , mas carecem de uma intervenção social - ex: precisam de ser retirados da rua (sem abrigos) Escolaridade e Literacia influencia tudo o que está à volta Escolaridade é central nas desigualdades Sociais Nós sabemos que quando ↑ a escolaridade de um povo/ de uma sociedade, à uma tendência para uma melhoria generalizada da saúde dessa sociedade. Da mesma maneira quando ↑ a Literacia em Saúde, também tende a ↑ a saúde das populações e das pessoas em concreto. Em Portugal → temos uma escolaridade ↑ (não exatamente a média de EU, mas fizemos grandes progressos), mas os níveis de Literacia em Saúde são ↓, muito baixos. PORQUE ACONTECE? - Tem haver com o processo repentino de como as pessoas escolarizam-se, portanto é preciso uma cultura de Literacia Ainda não existe, isto passa pelos meios de comunicaçãosocial, passa pela prevenção da enfermagem, pela educação para a saúde e pela democratização do acesso ao SNS Escolaridade tem uma relação direta com o acesso aos cuidados de saúde e aos serviços, e isto traduz-se pela seguinte equação → quando ↑ a Escolaridade e a Literacia em Saúde ↑ também o acesso aos Cuidados e aos Serviços. Pessoas mais informadas e com + Literacia em Saúde são mais utilizadoras dos serviços de saúde → uma boa parte é porque conhece o seu funcionamento, conhecem/sabem a onde se dirigir, acionam os meios adequados. As pessoas que tem escolaridade ↓, não tem essa informação, não tem esse conhecimento, acedem mais tardiamente (já a doença evoluiu um bom bocado; sintomas se gravaram um pouco mais) – traduz-se numa desigualdade na saúde que vem da acessibilidade para o cuidado e aos serviços. ↑ Escolaridade e Literacia → ↑ Prevenção → porque a pessoa está mais atenta, faz uma melhor gestão da sua saúde. Ex: nos rastreios – os rastreios são feitos a nível nacional são altamente desigualitários, porque as pessoas com ↓ escolaridade tendem a ter uma fraca adesão ao rastreio. → rastreio da mamografia, quem adere mais são as pessoas com + Escolaridade e + Literacia do que as pessoas com – Literacia e Escolaridade. ↑ Escolaridade e Literacia em Saúde mais facilitada a identificação precoce dos sintomas. ↑ Escolaridade e Literacia em Saúde à uma maior capacitação do indivíduo para expor e descrever os seus sintomas para estabelecer uma relação com o profissional mais igualitária. Portanto podemos dizer quando ↑ Escolaridade e Literacia em Saúde a relação entre o enfermeiro doente é mais próxima e menos assimétrica. Facilita e vai originar efeitos positivos para o doente e facilita na medida que a linguagem é mais similar. Pessoa com + Escolaridade e Literacia em Saúde tem mais facilidade em descrever os seus sintomas; informa mais o profissional. Pessoa com – Escolaridade e Literacia em Saúde é mais silenciosa, é mais passiva ATENÇÃO → Devemos atribuir mais tempo às pessoas com – Escolaridade e Literacia → pois tem menos informação. Precisam de mais informação, precisam de mais atenção e sobretudo mais questionamento → porque tendencialmente são mais passivas – falam menos A relação e a Comunicação são as nossas armas terapêuticas. Não devemos falar com diminutivos → efeito negativo na eficácia da relação quando tem menos escolaridade tende a estar mais frequente em pessoas com – escolaridade menos pratica ou não nas pessoas com + escolaridade. Nas pessoas com – Escolaridade tendem a praticar devido ao trabalho (ex. agricultura e construção civil) – não é a mais adequada em termos de saúde, por isso também não tem os benefícios para saúde. Concluimos Pessoas com + Escolaridade tem melhor qualidade de vida, melhor saúde do que as pessoas com – Escolaridade. Daí que a enfermagem deve estar mais atenta para compensar dando mais atenção, mais cuidados, maior investimento nas pessoas com – escolaridade.
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