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Tálamo - Machado → O tálamo está situado no diencéfalo, acima do sulco hipotalâmico. → Os tálamos direito e esquerdo são separados pelo terceiro ventrículo e formam a maior parte do diencéfalo (cerca de 80%). → É constituído de duas grandes massas ovóides de tecido nervoso, com uma grande extremidade anterior pontuda, o tubérculo anterior do tálamo e outra posterior proeminente, o pulvinar do tálamo. → Os núcleos do tálamo são divididos em três: - anterior - medial - lateral → Os dois ovóides talâmicos estão unidos pela aderência intertalâmica e relacionam-se medialmente com o III ventrículo; lateralmente, com a cápsula interna; superiormente, com a fissura cerebral transversa e com os ventrículos lateral; e inferiormente, com o hipotálamo e subtálamo. → Ele é constituído fundamentalmente de substância cinzenta, na qual se distinguem vários núcleos. Mas na sua superfície dorsal é revestida por uma lâmina de substancia branca, o extrato zonal do tálamo, que se estende à sua face lateral onde recebe o nome de lâmina medular externa, entre esta e a cápsula interna, tem o núcleo reticular do tálamo. → O extrato zonal penetra no tálamo formando um verdadeiro septo, a lâmina medular interna. Na sua extremidade anterior esta lâmina bifurca-se em Y, delimitando anteriormente uma área onde se localizam os núcleos talâmicos anteriores. → No interior da lâmina medular interna existem pequenas massas de substância cinzenta, que formam os núcleos intralaminares do tálamo. Núcleos do tálamo → São numerosos e podem ser divididos em cinco grupos, de acordo com sua posição. → Obs: parte dorsal do tálamo ou superior é a a que se volta para o vértex do crânio; a parte ventral ou inferior, a que lhe opõe; a parte anterior, a que se volta para o polo frontal do cérebro e a parte posterior, a que se volta para o pólo occipital. Grupo anterior → Compreende núcleos situados no tubérculo anterior do tálamo, sendo limitados posteriormente pela bifurcação em Y da lâmina medular interna. → Eles recebem fibras dos núcleos mamilares pelo fascículo mamilo-talâmico e projetam fibras para o córtex do giro do cíngulo, integrando o circuito de Papez, parte do sistema límbico. → Relacionam-se, pois com o comportamento emocional. Grupo posterior → Situado na parte posterior do tálamo, compreende o pulvinar e os corpos geniculados lateral e medial. → A) pulvinar - tem conexões recíprocas com a chamada área de associação temporo- parietal do córtex cerebral situada nos giros angular e supramarginal. Funções ainda desconhecidas, porém com relatos de problemas de linguagem associados a lesões do pulvinar, nenhuma síndrome particular e nenhum déficit sensorial resultam dessas lesões. → B) corpo geniculado medial – recebe pelo braço do colículo inferior fibras provenientes do colículo inferior ou diretamente do lemnisco lateral. Projeta fibras para a área auditiva do córtex cerebral, sendo, pois, via auditiva. → C) Corpo geniculado lateral – a rigor não é um núcleo, pois é formado de camadas concêntricas de substancia branca e cinzenta. Recebe pelo trato óptico fibras provenientes da retina. Projeta fibras pelo trato geniculo calcariano para visual do córtex situada nas bordas so sulco calcarino, assim, faz parte das vias ópticas. Grupo lateral → Um dos grupos mais importante e complicado → Compreende núcleos situados lateralmente à lâmina medular interna, que podem ser divididos em subgrupo dorsal e um subgrupo ventral. → São mais importantes os núcleos do subgrupo ventral, ou seja: a) Núcleo ventral – recebe a maioria das fibras que o globo pálido se dirige para o tálamo. Projeta-se para as áreas motoras do córtex cerebral e tem função ligada a motricidade somática. b) Núcleo ventral lateral ou ventral intermédio – recebe as fibras do cerebelo e projeta-se para as áreas motoras do córtex cerebral. Integra, pois, a via cerebelo-tálamo-cortical. Além de receber parte das fibras que o globo pálido se dirige ao tálamo. c) Núcleo ventral posterolateral - é um núcleo das vias sensitivas, recebendo fibras dos lemniscos medial e espinhal. O núcleo ventral posterolateral projeta fibras para o córtex do giro pós-central, onde se localiza a área somestésica. Obs: o lemnisco medial leva os impulsos de trato epicrítico e propriocepção consciente. Já o lemnisco espinhal, formado pela união dos tratos espinotalâmico lateral e anterior, transporta impulsos de temperatura, dor, pressão e tato protopático. d) Núcleo ventral posteromedial – núcleo das vias sensitivas. Recebe fibras do lemnisco trigeminal, trazendo sensibilidade somática geral de parte da cabeça e fibras gustativas provenientes do núcleo do trato solitário. Além de projetar fibras para áreas somestésica e gustativa situada no giro pós-central. → Também faz parte do grupo lateral o núcleo reticular do tálamo, constituído por uma fina calota de substância cinzenta dispota lateralmente entre a massa principal de núcleos que constitui o ovoide e a cápsula interna. Assim ele é atravessadado pela quase totalidade das fibras tálamo-corticais ou cortiço-talamicas que passam pela cápsula interna. Suas conexões principais são com os demais núcleos talâmicos e admite-se que exerce uma ação moduladora sobre a atividade desses núcleos. Grupo mediano → São os que estão próximos ao plano sagital mediano, na aderência intertalâmica ou na substância cinzenta periventricular. → Tem conexões principalmente com o hipotálamo e possivelmente, relacionam-se com funções viscerais. Grupo medial → Compreende os núcleos situados dentro da lâmina medular interna e os núcleos dorsomedial, situados entre esta lâmina e os núcleos do grupo mediano. → Os núcleos intralaminares, entre os quais se destaca o núcleo centro-mediano, recebe um grande número de fibras da formação reticular e tem importante papel ativador sobre o córtex cerebral. → O núcleo dorsomedial recebe fibras principalmente do corpo amigdalóide e do hipotálamo e tem conexões recíprocas com a parte anterior do lobo frontal, denominada área de associação pré-frontal. Relações tálamo-corticais → As conexões entre um núcleo talâmico e uma determinada área cortical são geralmente recíprocas, ou seja, fazem-se através de fibras tálamo-corticais e córtico- talamicas, que constituem as chamadas radiações estalamicas. → Estas radiações constituem uma grande parte da cápsula interna, sendo que o maior contingente delas se destina as áreas sensitivas do córtex. → Quando se estimulam certos núcleos do tálamo, pode-se tomar potenciais do córtex, relacionadas com funções específicas. → Estes núcleos são denominados núcleos talâmicos específicos. Ex: o núcleo ventral póstero-lateral e o corpo geniculado medial, cuja estimulação evoca potenciais, respectivamente na área somestésica e na área auditiva do córtex. → Por outro lado, existem núcleos no tálamo denominados núcleos talâmicos inespecíficos, cuja estimulação modifica os potenciais elétricos de territórios muito grandes do córtex cerebral e não apenas de áreas específicas deste córtex. Ex: núcleos intralaminares. → As modificações da atividade elétrica do córtex, que resultam da estimulação destes núcleos, são semelhantes as que se obtém por estimulação da formação reticular, ou seja, resultam em ativação do córtex. → Os núcleos talâmicos inespecíficos recebem muitas fibras de formação reticular e sabe-se que o sistema ativador reticular ascendente exerce sua ação sobre o córtex através desses núcleos. Esses núcleos compõe o sistema talâmico de projeção difusa. Considerações funcionais e clínicas sobre o tálamo → Tálamo é um agregado de núcleos de conexões muito diferentes, o que indicafunções também diversas. → Funções mais conhecidas: a) Sensibilidade – todos os impulsos sensitivos, antes de chegar ao córtex, param em um núcleo talâmico, fazendo exceção apenas os impulsos olfatórios. O tálamo tem o papel de distribuir as áreas específicas do córtex impulsos que recebe das vias lemniscais. Admite- se, que o papel dele seja de não apenas retransmitir os impulsos, mas de integra-los e modifica-los. Entretanto, a sensibilidade talâmica, ao contrário da cortical, não é discriminativa e não permite, por exemplo, o reconhecimento da forma e do tamanho de um objeto pelo tato. b) Motricidade – através dos núcleos ventrais anterior e ventral lateral, interpostos, respectivamente, em circuitos pálido-corticais e cerebelo- corticais; c) Com o comportamento emocional – através dos núcleos do grupo anterior, integrantes do sistema límbico e do núcleo dorsomedial com suas conexões com a área pré-frontal. d) Com a ativação do córtex – através dos núcleos talâmicos inespecíficos e suas conexões com o sistema ativador reticular ascendente. Afecções do tálamo decorrentes, em geral de lesões de alguns vasos resultam na chamada síndrome talâmica, na qual se manifestam dramáticas alterações da sensibilidade. Uma delas é o aparecimento de crises da chamada dor central, dor espontânea e pouco localizada, que irradia a toda metade do corpo situada do lado oposto ao tálamo comprometido. Apesar de ser mais difícil desencadear qualquer manifestação sensorial, uma vez que o limiar de excitabilidade está aumentado, certos estímulos térmicos ou táteis desencadeiam sensações desproporcionalmente intensas. Há casos em que até mesmo estímulos auditivos se tornam desagradáveis. Ex: pacientes que não podia ir à igreja pois os hinos religiosos cuasavam sensações pouco definidas, mas muito desagradáveis, na metade do corpo situada do lado oposto ao tálamo lesado. A fisiopatologia ainda não é totalmente esclarecida.
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