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1 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA Traqueotomia: abertura da traqueia para exame, retirada de CE, e após há o fechamento da traqueia. Traqueostomia: comunicação entre o meio interior com o exterior; não fecha de imediato INTRODUÇÃO Traqueostomia é a abertura e exteriorização da luz traqueal, viabilizando a entrada de ar para as vias aéreas inferiores (brônquios e pulmões) Ar entra nos pulmões através da traqueia Há a colocação de uma cânula / traqueotubo no lúmen traqueal, como parte de um procedimento cirúrgico • Rota direta para anestesia inalatória por conta do acesso direto pela traqueia (ventilação manual; intubação traqueal) OBJETIVO Prolongar o tempo de vida do animal que apresenta apenas obstruções no trato respiratório anterior • Ex: massa tumoral em narina; obstrução em faringe/ laringe Auxilia em cirurgias e tratamentos que envolvem o trato respiratório anterior (TRA) • Hemiplegia laringeana: paresia ou paralisia da musculatura da laringe • Condricte das aritenoides: obstrução da passagem de ar ANATOMIA TRAQUEAL Traqueostomia 2 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA o Inicio na extremidade inferior da laringe, na altura da 1º e 2º vértebra cervical, penetrando no mediastino até o nível do 5º ou 6º espaço intercostal o Divisão em brônquios principais (esquerdo e direito), atras da base do coração o 70–80 cm de comprimento e 48–60 placas cartilaginosas hialinas o Ocupa posição mediana em sua grande maioria o Desvia-se ligeiramente para a direita, pelo arco aórtico, próximo à extremidade inferior. Dorsalmente a traqueia é aberta e revestida pelo anel traqueal o Camadas: mucosa, submucosa, musculocartilaginosa e adventícia o Placas cartilaginosas com formato de anéis abertos dorsalmente Diâmetro médio • Porção cervical (formato quase circular): 5,5 cm • Porção media e posterior (formato achatado): 7 cm • Porção dorsoventral: 5cm Parte cervical • Metade cranial do pescoço • Extremidades livres se sobrepõem • Relacionada dorsalmente com o esôfago Parte torácica • Cavidade torácica • Metade caudal do pescoço • Músculos traqueal → transversal e fixado às faces internas das placas • Relaciona-se com os músculos longos do pescoço Ventralmente • Relacionada com os músculos esternotireoideo e esternohiideo • Extremidade cranial apenas com o músculo esternohioideo • Timo Lateralmente • Próximo a laringe, relaciona-se com os músculos esternocefálico, omohioideo e esternotireoideo A anatomia traqueal se inicia na laringe. No primeiro anel traqueal é encontrada a tireoide, que penetra o mediastino. Se ramifica em brônquios principais → bronquíolos → alvéolos 3 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA Dorso lateral • Artéria carótida comum • Tronco vagossimpático • Nervo laríngeo recorrente o Heplagia laringeana • Cadeia de nodos linfáticos cervicais profundos • Ductos linfáticos traqueais Lateral direita • Veia jugular • Nervo frênico → faz com que o diafragma se movimente → PCR Lateral esquerda • Esôfago (dorso lateral) o Alteração no esôfago faz com que a traqueia se movimente Irrigação • Ramos das artérias carótidas comuns • Artérias broncoesofágicas Drenagem • Veias jugulares • Veias broncoesofágicas • Nodos linfáticos cervical profundo, esternal cranial, mediastínico cranial, mediastínico médio e brônquicos Inervação • Fibras nervosas e sensoriais parassimpáticas do nervo vago (SNA) • Fibras nervosas simpáticas dos troncos nervosos simpáticos CLASSIFICAÇÃO Traqueostomia temporária O animal fica durante um tempo com o acesso (ex: traqueotubo). Pode ficar até meses. • Obstrução aguda do TRA • Doença primária responderá à técnica • Restabelecimento funcional fisiológico do fluxo aéreo o Situação em que o animal para de respirar • Condroma de aritenoide, tumores, abcessos de linfonodos (região do pescoço), CE 4 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA Traqueostomia permanente • Obstruções permanentes • Ossificação da laringe • Neoplasias, lesão traumática das narinas Traqueostomia eletiva sabe que o animal não vai conseguir respirar direito no pós operatório; trauma excessivo • Prevista uma obstrução do TRA • Pós operatórias • Cirurgia nasal e/ou cavidade oral • Intubação orotraqueal que impede o acesso cirúrgico • Tricotomia, antissepsia... Traqueostomia de urgência / emergência Se preocupa primeiro em fazer o procedimento. • Sobrevida do paciente depende disso • Obstruções aguda do TRA • Edema, traumas, fraturas cranianas • Dispneia grave • Não tem tempo de fazer tricotomia, antissepsia... O animal vai a óbito se não tratar rapidamente PRÉ OPERATÓRIO • Posição do animal (quadrupedal) o Anestesia geral → em decúbito o Emergência → faz do jeito que der • Tricotomia (quando possível) • Soluções antissépticas • Luvas estéreis • Preparo do traqueotubo • Separar material de sutura Laringe → endoscopia → laringoscópio 5 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA CASO 1 CASO 2 Sangue pela boca, secreção ocular: picada de cobra (choque anafilático) Emergência Vazão de leite pela narina: potra aspirava o leite Fenda palatina Acesso do traqueotubo pelo pescoço 6 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA TRAQUEOTUBO Cuidado, pois acumula secreções, sujidade... • Remover todos os dias, limpar, e devolver para o lúmen traqueal É de fácil acesso para o animal desenvolver infecção pulmonar traqueotubo metálico TÉCNICA TEMPORÁRIA 1. Sedação do paciente (depende da circunstância) 2. Palpação da região traqueal, na linha media ventral do pescoço 3. Isolar a região entre os terços anterior e médio do pescoço 4. De 5–10 mL de anestésico local (tecido subcutâneo adjacente à traqueia, 5–7 cm pela linha media) 5. Palpar / isolar a traqueia, e realizar uma incisão de pele (5–10 cm) em tecido subcutâneo paralelo à extensão traqueal 6. Visualização e separação dos músculos esternotireoideos 7. Exposição da traqueia e visualização dos anéis traqueais 8. Incisão do ligamento anular traqueal entre 2 anéis cartilagíneos 9. Incisão paralela ao anel e perpendicular à incisão da pele (cerca de 1 cm) 10. Remoção de uma porção em formato elíptico de cada um dos 2 anéis adjacentes 11. Retirada de um pedaço semicircular da parte caudal do anel de cima e um da parte cranial da cartilagem do anel abaixo 12. Fixados e extraídos com um fórceps 13. Não deve-se dividir completamente os anéis (colapso traqueal e condricte) 7 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA Sedação: alfa-2-agonista (xilazina, detomidina, dexmedetomindina) ou fenotiazínico (acepromazina) Bloqueio local: feito na linha de incisão Evitar a divulsão da pele, subcutâneo e musculatura (enfisema subcutâneo) → não separa o tecido cutâneo da pele Não deve exceder 1/3 do diâmetro da traqueia Tamanho do traqueotubo: tem que entrar justo Cuidados pós operatórios Manutenção da região • SF 0,9% • Soluções antissépticas / antibacteriana (oxitetraciclina) • Retirar o traqueotubo para limpeza, pelo menos 1x por dia Cicatrização por 2º intenção Não tem sutura de pele → cicatriza de dentro para fora • Após a remoção do traqueotubo • 14 a 21 dias AINEs e ATB Complicações • Aumentam em proporção direta ao tempo de permanência do traqueotubo • Enfisema subcutâneo o Pneumomediastino o Pneumotórax • Infecção da ferida o Má higiene da ferida cirúrgica o Pode gerar traqueíte • Traqueotubo desalojado ou entupido (dispneia) • Estenose traqueal / formaçãode tecido de granulação Fecha a entrada do traqueotubo antes de remover, para ver se o animal já está melhor 8 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA Traqueotubo dentro da traqueia 9 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA TÉCNICA PERMANENTE 1. Incisão de pele no bordo ventral do pescoço, 1/3 médio, ao longo de 10– 15 cm (incisão maior) 2. Visualização dos músculos esternotireoideos e lateralmente afastados 3. Visualização dos anéis traqueias 4. Retirada de segmentos musculares (esternotireoideos) → para diminuir a tensão da sutura da mucosa com a pele 5. 3 incisões ao longo de 5–6 anéis traqueais, sendo uma mediana central e duas paramedianas laterais, distando 15mm entre elas, sem perfurar a mucosa 6. Fragmentos retangulares dissecados da submucosa traqueal e removidos 7. Retira-se cerca de 1/3 do tamanho do anel traqueal 8. Incisão em forma de duplo “Y” 9. Bordas livres suturadas à pele com fio inabsorvível (Nylon 0) em PSS Cuidados pós operatórios Manutenção da região • SF 0,9% • Remoção de secreções respiratórias (ação mucociliar) • Pomadas repelentes • Retirada dos pontos (10 dias) Evitar exposição do animal à poeira. A sobrevida dependerá da condição primária Complicações • Comprometimento dos mecanismos de defesa do trato respiratório o Manutenção das feridas o ATB • Redução da filtração e umidificação do ar • Infecção o Local o Sistêmica (sepse) • Deiscência dos pontos no bordo ventral da ferida • Formação de tecido de granulação / fechamento do orifício o Tem que abrir de novo • Pneumonias por aspiração – comum • Estenose traqueal • Enfisema subcutâneo • Sialorreia / disfagia (literatura) 10 GIOVANA MELQUE – MEDICINA VETERINÁRIA
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