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(3) Agravo de Instrumento nº 0064983-13.2017.8.19.0000 – 10ª Câmara Cível 12/2017 fl.1 1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA 10ª Câmara Cível Agravo de Instrumento n.º 0064983-13.2017.8.19.0000 Agravante: DANIEL CORREA DA SILVA E MARIA HELENA SOARES (autores) Agravado: WILBERTSOM BARROS DO ESPÍRITO SANTO (réu) Manutenção de posse Relator Desembargador PEDRO SARAIVA DE ANDRADE LEMOS AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação de manutenção de posse. Deferimento da tutela de evidência em favor do réu para deferir sua imissão na posse. Medida que, por ora, se revela temerária. Exercício da posse anterior que carece de dilação probatória. Notícia, nos autos, de que o autor agravante ocupa o terreno há pelo menos cinco anos. Deferimento de tutela provisória de evidência que exigiria um juízo, ainda inexistente, de alta probabilidade ou quase certeza do direito possessório do réu, considerando que estamos diante de tutela satisfativa e sem urgência. Pedido de ampliação do polo passivo que, por ora, não deve ser acolhido. Deferimento da tutela de evidencia em favor do réu que se mostra teratológico e precipitado. Decisão cassada. RECURSO PROVIDO. (3) Agravo de Instrumento nº 0064983-13.2017.8.19.0000 – 10ª Câmara Cível 12/2017 fl.2 2 DECISÃO DO RELATOR 1. Agravo de Instrumento interposto pela parte autora, DANIEL CORREIA DA SILVA e outra, visando reforma da decisão proferida pelo Juízo da 7ª Vara Cível da Comarca de Nova Iguaçu, nos autos da ação de manutenção de posse, proposta em face de WILBERTSOM BARROS DO ESPÍRITO SANTO, que houve por bem deferir ao réu tutela provisória de evidência, determinando sua imissão na posse, e advertindo os autores de que qualquer tentativa de impedir ou turbar a posse do réu será considerado ato atentatório a dignidade da justiça e crime de desobediência. 2. Justificando a sua pretensão (fls. 02/11), os autores agravantes aduzem que o lote de terreno objeto da lide é utilizado pelo primeiro autor há vinte anos com intuito de extensão de sua moradia; que no ano de 1996 o primeiro autor firmou Instrumento Particular de Cessão de Direito de Posse de Lote de Terreno com Benfeitoria com a legítima possuidora dos direitos aquisitivos do lote, tendo lavrado escritura declaratória (3) Agravo de Instrumento nº 0064983-13.2017.8.19.0000 – 10ª Câmara Cível 12/2017 fl.3 3 no ano de 2002; que em agosto de 2016o Sr. Idelfonso apareceu no local se identificando como dono do terreno, ocasião em que colocou uma placa “vende-se” no muro do imóvel; e que posteriormente o foi realizada a venda do lote ao réu, WILBERTSON, pelo Sr. Idelfonso; e que aquele desde então vem importunando diariamente a posse dos autores e jamais apresentou qualquer documento que comprove sua titularidade. 3. Requer, assim, a revogação da tutela de evidencia deferida ao réu e a inclusão de todos envolvidos no polo passivo da ação. 4. Foi concedido efeito suspensivo ao recurso na decisão de fl. 18/19. 5. Contrarrazões apresentadas às fls. 27/30. 6. Os autos vieram conclusos em 11/12/2017, sendo devolvidos em 14/12/2017, com a presente decisão. É O RELATÓRIO. PASSO A DECIDIR. (3) Agravo de Instrumento nº 0064983-13.2017.8.19.0000 – 10ª Câmara Cível 12/2017 fl.4 4 1. Os autores agravantes almejam reforma da decisão que deferiu a tutela provisória de evidência ao réu agravado para que este seja imitido na posse do lote objeto da lide. 2. De fato, merece reforma a decisão alvejada. 3. Sabe-se que, em sede de ação possessória, não se discute o direito de propriedade, na forma como prescreve o art. 1210, §2º, do Código Civil, que passou a inadmitir a exceptio proprietatis. 4. A finalidade da ação de manutenção de posse, assim, é manter na posse aquele que esteja sofrendo ameaça em razão de turbação, sendo obstado de exercer poder sobre a coisa. Portanto, é imprescindível que o postulante esteja no exercício da posse sobre o bem, dele usando e fruindo. 5. Na hipótese vertente, o exercício anterior da posse é tema ainda muito nebuloso neste momento processual, razão pela qual entendo temerário, por ora, o deferimento da (3) Agravo de Instrumento nº 0064983-13.2017.8.19.0000 – 10ª Câmara Cível 12/2017 fl.5 5 tutela provisória de evidência em favor do réu, mormente por haver indícios fortes de que o autor agravante ocupa o terreno há pelo menos cinco anos, conforme afirmado pelo Magistrado durante audiência de justificação. 6. Sobreleva-se tratar de deferimento de tutela de evidência em favor do réu agravado (ao que parece, de ofício), o que, em que pese o entendimento do d. Julgador de primeiro grau, a meu sentir exigiria um juízo, ainda inexistente, de alta probabilidade ou quase certeza do direito possessório do réu, considerando que estamos diante de tutela satisfativa e sem urgência. 8. Em tempo, quanto ao pedido de ampliação do polo passivo, por ora, não merece reforma a decisão agravada. Isso porque o próprio autor afirma em sua inicial que o réu, WILBERTSOM BARROS ROQUE, é quem vem turbando diariamente sua posse. 9. Assim sendo, com fulcro no verbete sumular 59 deste TJRJ, a reforma da decisão é medida que se impõe, para (3) Agravo de Instrumento nº 0064983-13.2017.8.19.0000 – 10ª Câmara Cível 12/2017 fl.6 6 cassar a tutela de evidência em favor do réu, que se revelou, neste momento, teratológica e precipitada. 10. Por tais fundamentos, DOU PROVIMENTO AO RECURSO, com fulcro no art. 932, V, “a” do NCPC, para cassar a decisão que deferiu a tutela de evidência em favor do réu, prosseguindo-se nos demais termos até a decisão final. Publique-se. Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 2017. Desembargador PEDRO SARAIVA DE ANDRADE LEMOS Relator 2017-12-18T13:20:54-0200 GAB. DES PEDRO SARAIVA DE ANDRADE LEMOS
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