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Doença Trofoblástica Gestacional

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Doença Trofoblástica Gestacional 
A doença trofoblástica gestacional é um grupo de lesões 
caracterizadas pela proliferação anormal do 
trofoblasto. Quando benigna, é denominada de mola 
hidatiforme, que pode ser completa ou incompleta, 
enquanto se for maligna, é denominada de neoplasia 
trofoblástica gestacional (NTG), que inclui o 
coriocarcinoma, a mola invasora e o tumor 
trofoblástico do sítio placentário. Sua ocorrência é 
mais comum entre mulheres orientais e as com nível 
socioeconômico desfavorecido. Além disso, sua 
frequência aumenta nos extremos da vida 
reprodutiva e nas com histórico da sua ocorrência. 
Mola Hidatiforme 
A mola hidatiforme pode ocorrer por uma 
degeneração das vilosidades coriônicas associada 
à hiperplasia dos elementos trofoblásticos ou por 
uma neoplasia benigna do trofoblasto. 
Macroscopicamente, observam-se vesículas de 
conteúdo claro, semelhantes a “cachos de uva” ou 
“hidátides”, material que se expulso é patognomônico 
da doença. Sua ocorrência pode ser dividida ainda em 
mola completa (mais frequente) e mola incompleta. 
A mola completa é o produto de uma concepção onde 
todo o DNA nuclear é de origem paterna e todo o 
DNA citológico é de origem materna, ou seja, todos 
os cromossomos vêm do pai. Sua ocorrência gera a 
eliminação de grandes vesículas e é caracterizada 
pela ausência de feto e/ou âmnio. A mola completa é 
sempre diploide e todos os cromossomos são de 
origem paterna. Quanto ao aspecto genético, ela pode 
ser homozigótica, com cariótipo XX, quando há 
fertilização de um óvulo com núcleo ausente ou 
inativado por um cromossomo 23X, o qual duplica 
seu genoma, processo chamado de androgênese. É o 
tipo mais frequente, correspondendo a mais de 90% dos 
casos. Ou também pode ser heterozigótica, cujo 
cariótipo é 46XY ou 46XX, também chamada de mola 
dispérmica. Sua ocorrência surge em virtude da 
fertilização de um óvulo por dois espermatozoides 
23X e 23Y. Esse tipo apresenta maior tendência à 
doença trofoblástica persistente e ovulação para 
tumores mais agressivos. 
Já a mole incompleta consiste na ocorrência de 
triploidia (90% dos casos), onde há dois genomas 
paternos e um materno, ou tetraploidia (10% dos 
casos), onde há dois genomas do pai e dois da mãe. 
Sua ocorrência não costuma gerar a aparência 
típica de “cachos de uva”, de modo que o tecido 
fetal está sempre presente. Porém, na grande 
maioria dos casos, a gestação é inviável, com o feto 
apresentando grandes estigmas de triploidia, como 
malformações uterinas e restrição do crescimento. 
Nas manifestações clínicas, o quadro clássico é a 
ocorrência de sangramento vaginal, útero 
amolecido, mas em geral indolor e maior que o 
esperado para a idade gestacional, náuseas e vômitos 
intensos. A ocorrência de náuseas e vômitos pode ser 
tão intensa a ponto de caracterizar hiperêmese 
gravídica, além da possibilidade de ocorrência de 
toxemia gravídica, que ocorrem pela grande 
quantidade de beta-hCG circulantes (e estimulação 
tireoidiana). Dessa forma, a ocorrência de toxemia 
gravídica antes da 24ª semana sugere mola. Ainda, 
o sangramento geralmente é intermitente e pode 
haver eliminação de vesículas concomitantes, o que 
fecha o diagnóstico de mola. Na grande maioria das 
vezes, não há ausculta dos batimentos 
cardiofetais. Outra ocorrência é a presença de cistos 
ovarianos tecaluteínicos, gerando a presença de 
massa anexial palpável ao exame ginecológico. 
O diagnóstico é clínico, ultrassonográfico e 
laboratorial. À ultrassonografia, nos casos de mola 
completa, pode-se visualizar a presença de vilos em 
forma de “tempestade de neve” ou “flocos de neve”, 
a qual consiste em uma massa central heterogênica 
com numerosos espaços anecoicos discretos. Já no 
caso de mola incompleta, a ultrassom pode mostrar 
tecido placentário com ecos dispersos de 
dimensões variadas, associado a presença do feto, 
âmnio e cordão umbilical com espaços anecoicos 
focais, chamados de imagem de “queijo suíço”. O 
diagnóstico laboratorial é baseado na dosagem de 
beta-hCG, o qual costuma estar acima de 200.000 
mUI/ml, sugerindo a presença de mola completa. Na 
mola incompleta, tais valores não costumam 
ultrapassar 100.000 mUI/ml. Porém, vale ressaltar 
que o diagnóstico deve ser sempre confirmado pelo 
estudo histopatológico do material intrauterino. 
O tratamento de eleição é a realização de 
esvaziamento uterino, sendo que em alguns casos é 
necessária a realização de histerectomia. 
Após o esvaziamento, deve-se dosar o beta-hCG 
seriado de forma semanal devido à possibilidade de 
malignização da doença. Normalmente, a dosagem 
negativa em torno de 8 a 10 semanas. 
Neoplasia Trofoblástica Gestacional 
A mola invasora compreende a grande maioria dos 
casos de NTG (70 a 90%). Deve-se pensar nessa 
patologia quando há persistência dos valores de 
beta-hCG, ausência de negativação 6 meses após 
o esvaziamento uterino ou sua elevação. Dessa 
forma, considera-se ela como uma sequela da mola 
hidatiforme, uma vez que a mola completa evolui 
para a invasora em 20% dos casos, enquanto a 
incompleta 5%. Sua ocorrência gera invasão do 
miométrio, podendo haver possibilidade metástase 
para órgãos distantes. Sua ocorrência pode se 
transformar em coriocarcinoma, assim como pode 
ter regressão espontânea. Ao quadro clínico, é 
frequente a ocorrência de metrorragias persistentes, 
subinvoluções uterinas e infecções. Além disso, o 
beta-hCG costuma permanecer elevado. À 
ultrassonografia, pode haver demonstração de 
invasão miometrial. O diagnóstico só é realizado 
pelo exame histopatológico do útero após 
histerectomia. 
Já o coriocarcinoma consiste em uma transformação 
maligna após uma gravidez molar, ectópica ou até 
mesmo normal. Ela corresponde a cerca de 10 a 30% 
dos casos de NTG. Sua ocorrência está muito ligada 
a mola completa e pouco frequente na mola 
incompleta. O quadro clínico principal compreende a 
ocorrência de um tumor que preenche a cavidade 
uterina, invadindo útero e vasos, provocando 
hemorragia e necrose. Nessa ocorrência, os níveis de 
beta-hCG também costumam estar altos e 
persistentes. No diagnóstico, a maioria das 
pacientes apresenta metástase, principalmente 
para pulmões. Seu tratamento é feito com 
quimioterapia, a qual possui altíssima taxa de cura, 
inclusive em casos de metástases. O esvaziamento 
uterino não apresenta indicação. 
Por fim, o tumor trofoblástico do sítio placentário é 
um tumor raro que acomete o útero, endométrio e 
miométrio, composto praticamente de trofoblasto 
intermediário, onde não há produção de beta-hCG, 
hormônio que não costuma estar elevado. É um tumor 
bastante agressivo e com pouca resposta à 
quimioterapia. Seu tratamento consiste na 
histerectomia.

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