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MÓDULO DISTÚRBIOS SENSORIAIS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves Tratamento Esclerose Múltipla, Miastenia Gravis, Neuropatia Diabética e PDIC ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM) DEFINIÇÃO É uma doença autoimune inflamatória desmielinizante de SNC que é uma das principais causas de incapacidade em adultos jovens. O curso da EM é variável. → Para alguns, a EM é uma doença com 1 ou 2 episódios neurológicos agudos e nenhuma evidência adicional de atividade da doença. → Em outros, é uma doença crônica recidivante ou progressiva, com um curso clínico imprevisível que pode se estender por 10 a 20 anos, período durante o qual a incapacidade neurológica se acumula. PADRÃO E CURSO DA EM A EM é categorizada em vários subtipos clínicos, incluindo: 1. EM remitente-recorrente (EMRR) É caracterizada por recaídas claramente definidas com recuperação total ou com sequelas e déficit residual após a recuperação. Não há progressão da doença ou há progressão mínima durante os períodos entre as recaídas da doença, embora as recaídas individuais possam resultar em incapacidade residual grave. 2. EM progressiva secundária (EMSP) A EMSP começa como doença remitente-recorrente, daí a designação de "secundária", mas com o tempo a doença entra em um estágio de deterioração constante da função, não relacionada a ataques agudos. Normalmente, quando o estágio progressivo secundário é atingido, a taxa de recaída também é reduzida. Esse tipo de EM, que se desenvolve em aproximadamente 90% dos pacientes com EMRR após 25 anos, causa a maior quantidade de incapacidade neurológica. O diagnóstico de EMSP é feito apenas com uma história cuidadosa, pois não há achados no exame físico, marcadores laboratoriais ou características radiográficas que a separem da EMRR. A mudança de RRMS para SPMS é um processo gradual e não uma transição abrupta. 3. EM progressiva primária (EMPP) A EMPP representa apenas cerca de 10% dos casos de EM e é caracterizada pela progressão da doença desde o início, embora possam ocorrer platôs ocasionais, pequenas melhorias temporárias e recaídas agudas. A!! Esses fenótipos são ainda modificados por avaliações da atividade e progressão da doença. → Atividade da doença é determinada por recidivas clínicas ou evidências de RM (lesões com realce de contraste e/ou lesões T2 novas ou inequivocamente aumentadas); → Progressão da doença é uma medida de incapacidade e é quantificada independentemente de recaídas; é característico de PPMS e SPMS. Assim, o fenótipo da doença progressiva (EMPP e EMPS) pode ser caracterizado como um dos seguintes: → Ativo e com progressão → Ativo, mas sem progressão → Não ativo, mas com progressão → Não ativo e sem progressão (doença estável) TRATAMETO O tratamento direcionado à fase progressiva da EM é tipicamente mais difícil do que o tratamento das formas recorrentes de EM, onde estão disponíveis várias terapias modificadoras da doença eficazes. → Em contraste, ocrelizumabe é a única opção de tratamento modificador da doença com evidência de eficácia de alta qualidade para pacientes com EM progressiva primária (EMPP). As opções terapêuticas para pacientes com EM secundária progressiva (EMSP) são ainda mais limitadas, embora existam resultados promissores com siponimod para EMSP. A maioria das opções de tratamento para os tipos progressivos de EM envolve várias terapias imunossupressoras. → Mas, os imunossupressores inespecíficos sofrem do mesmo defeito básico; eles podem interromper temporariamente um curso de descida rapidamente progressiva, mas é difícil ou perigoso empregá-los por mais de alguns meses a um ano ou dois. MÓDULO DISTÚRBIOS SENSORIAIS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves Como a EM é uma doença de décadas, não de meses, a terapia imunossupressora é, na melhor das hipóteses, apenas uma solução temporária. Na ausência de terapia modificadora da doença eficaz, o manejo multidisciplinar para as complicações e sintomas comuns da EM é fundamental. Essas complicações incluem: → Disfunção da bexiga e do intestino; → Comprometimento cognitivo; → Depressão; → Fadiga; → Comprometimento da marcha; → Intolerância ao calor; → Dor; → Disfunção sexual; → Distúrbios do sono; → Espasticidade; → Disfunção da fala e deglutição; → Tremor; → Vertigem; e → Distúrbios visuais. O tratamento imunomodulador deve ser individualizado com base na atividade e progressão da doença, bem como na preferência do paciente e do médico. Embora não haja consenso, alguns especialistas acreditam que não há papel para a terapia imunomoduladora na ausência de inflamação ativa. Vários agentes imunomoduladores, têm efeitos benéficos importantes para pacientes com EMRR incluindo: → Preparações de interferon beta; → Acetato de glatirâmero; → Natalizumabe; Alemtuzumabe ou Ocrelizumabe; → Fumarato de dimetila; → Teriflunomida; e → Fingolimode. Proporcionam uma: → Taxa de recaída diminuída; → Acúmulo mais lento de lesões cerebrais na RM. Assim, todos com diagnóstico de EMRR definitivo devem iniciar a terapia modificadora da doença (DMT). No entanto, essas terapias não são uma cura; eles são apenas parcialmente eficazes para reduzir a taxa de recaída. → Alguns estudos observacionais encontraram evidências sugerindo que o uso de DMTs para pacientes com EM está associado a um menor risco de progressão da doença a longo prazo. Recomenda-se iniciar a terapia o mais rápido possível. A escolha de um agente específico deve ser individualizada de acordo com a atividade da doença e os valores e preferências do paciente. Nossa abordagem sugerida para o tratamento inicial é a seguinte: 1. Terapia de infusão com natalizumabe para pacientes com doença mais ativa e para aqueles que valorizam a eficácia acima da segurança e conveniência. → A evidência de que o natalizumab é mais eficaz do que interferons, glatirâmer ou DMTs orais para pacientes com EMRR é baseada em comparações de estudos cruzados e experiência clínica. 2. Terapia de injeção (interferons ou glatirâmero) para pacientes que valorizam mais a segurança do que a eficácia e a conveniência. → Entre estes, preferimos interferon beta-1a intramuscular 30 mcg semanalmente ou acetato de glatirâmero. 3. Terapia oral (dimetil fumarato, teriflunomida ou fingolimode) para pacientes que valorizam a conveniência. → Preferimos fumarato de dimetila neste cenário porque pode ser mais eficaz e ter um perfil de segurança melhor do que os outros dois agentes, embora a evidência seja indireta e inconclusiva. → Além disso, a potencial teratogenicidade da teriflunomida limita seu uso para uma doença em que uma parcela substancial dos pacientes está em idade fértil. A maioria dos DMTs é continuada indefinidamente em pacientes clinicamente estáveis com EMRR, a menos que os efeitos colaterais sejam intoleráveis. As exceções incluem a terapia com natalizumabe, onde o risco de leucoencefalopatia multifocal progressiva aumenta com a duração do tratamento. Na EMSP deve-se: Continuar a mesma terapia modificadora da doença (DMT) usada durante a fase remitente-recorrente da EM ou mudar para um DMT diferente. Ocrelizumab, um anticorpo monoclonal humano recombinante anti-CD20 que otimiza a depleção de células B, é o primeiro medicamento a reduzir significativamente o risco de progressão da incapacidade na PPMS. Outros: Azatioprina, Cladribine, Glicocorticóides (metilprednisolona), Ciclofosfamida, Ciclosporina, Fingolimode, Acetato de glatirâmero, Interferons (interferon beta-1b), Metotrexato e outros. MÓDULO DISTÚRBIOS SENSORIAIS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves MIASTENIA GRAVIS (MG) DEFINIÇÃO É uma condição que causa fraqueza muscular. Essesincluem: 1. Músculos palpebrais e ao redor dos olhos → Se a MG afeta apenas esses músculos, chama-se “miastenia gravis ocular” → Metade dos casos são desse tipo. 2. Músculos da mandíbula 3. Músculos do braço ou perna 4. Músculos que ajudam na respiração A MG é uma doença autoimune onde há produção de anticorpos que atacam as conexões entre nervos e músculos por engano. SINTOMAS O principal sintoma é a fraqueza muscular → Pode ir e vir; e → Muitas vezes é pior no final do dia. Pode causar: → Pálpebras caídas; → Visão embaçada ou visão dupla; → Problemas para mastigar alimentos (músculos mandibulares podem se sentir cansados na metade de uma refeição); → Problemas de deglutição; → Problemas para falar (fala baixa ou parece estar com o nariz resfriado ou entupido); → Perda de expressão no rosto; → Cabeça que parece pesada ou cai para a frente; → Dificuldade para respirar (falta de ar, respirar mais ou sentir que é preciso muito esforço para respirar); → Fraqueza – Pode ser difícil levantar os braços ou pernas, abrir os dedos ou levantar um pé. TRATAMENTO Muitos pacientes podem até alcançar remissão sustentada. A abordagem terapêutica tem alguns princípios gerais, mas é altamente individualizada. Depende de: → Idade do paciente; → Gravidade da doença (particularmente ditada pelo envolvimento respiratório ou bulbar); e → Ritmo de progressão. Existem 4 terapias básicas: → Tratamentos sintomáticos (agentes anticolinesterásicos) → Tratamentos imunomoduladores crônicos (glicocorticóides e outras drogas imunossupressoras) → Tratamentos imunomoduladores rápidos (plasmaférese e imunoglobulina intravenosa ) → Tratamento cirúrgico (timectomia) TRATAMENTO SINTOMÁTICO A terapia inicial para a maioria dos pacientes é uma medicação oral anticolinesterase (inibidor da acetilcolinesterase); → Geralmente Brometo de Piridostigmina. Os inibidores da acetilcolinesterase retardam a degradação da acetilcolina (ACh) que ocorre por hidrólise enzimática na junção neuromuscular; → Como resultado, o efeito da ACh é prolongado, levando a uma melhora variável na força. Muitas vezes, a melhora dos sintomas pode ser mista; como exemplo, pode haver resolução da fraqueza do pescoço e ptose com persistência da diplopia. → Em geral, os sintomas dos membros e bulbares (disfagia, mastigação fatigada e disartria) respondem melhor aos anticolinesterásicos do que as manifestações oculares (ptose e diplopia). → A diplopia é particularmente resistente a esses medicamentos em muitos pacientes. Os inibidores da acetilcolinesterase são a primeira linha de tratamento devido à sua segurança e facilidade de uso. → A piridostigmina (Mestinon) é a escolha usual. → A neostigmina está disponível, mas não é comumente usada. Os inibidores da acetilcolinesterase fornecem apenas terapia sintomática e geralmente não são suficientes na MG generalizada. No entanto, em alguns pacientes esta é a única terapia necessária para um bom controle. EFEITOS COLATERAIS - PIRIDOSTIGMINA: São principalmente devido às propriedades colinérgicas da droga. Esses efeitos colinérgicos podem limitar a dose em muitos pacientes. Os efeitos colaterais muscarínicos mais incômodos incluem cólicas abdominais e diarreia. https://teksmedik.com/uptodate20/d/topic.htm?path=immune-globulin-intravenous-subcutaneous-and-intramsucular-drug-information MÓDULO DISTÚRBIOS SENSORIAIS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves Outros são: → Aumento da salivação e secreções brônquicas; → Náuseas; → Sudorese; e → Bradicardia. Os efeitos colaterais nicotínicos também são frequentes e incluem fasciculações e cãibras musculares. No entanto, estes são geralmente menos incômodos do que os efeitos gastrointestinais. IMUNOTERAPIAS RÁPIDAS Também são imunomoduladoras, mas são distintas devido ao seu: → Início rápido; → Benefício transitório; e → Uso em situações selecionadas. Tanto a plasmaférese quanto a imunoglobulina intravenosa (IVIG) começam a funcionar rapidamente (ao longo de dias), mas os benefícios são apenas de curto prazo (semanas). Essas modalidades terapêuticas são usadas com mais frequência nas seguintes situações: → Crise miastênica; → Pré-operatório antes da timectomia ou outra cirurgia; → Como uma "ponte" para imunoterapias de ação mais lenta; → Periodicamente para manter a remissão em pacientes com MG não controlada apesar do uso de drogas imunomoduladoras crônicas. PLASMAFÉRESE A plasmaférese (troca de plasma) remove diretamente os anticorpos do receptor de acetilcolina (AChR) da circulação. → A melhora clínica correlaciona-se aproximadamente com a redução nos níveis de anticorpos. Normalmente o tratamento consiste em 5 trocas (3 a 5 L de plasma cada) durante 7 a 14 dias. → O fluido de reposição é a albumina. → As trocas podem ser feitas diariamente ou em dias alternados. (em dias alternados são provavelmente mais eficazes na redução dos níveis de anticorpos devido ao tempo que leva para a imunoglobulina extravascular se reequilibrar após cada troca de plasma). IMUNOGLOBULINA INTRAVENOSA (IVIG) É imunoglobulina agrupada de milhares de doadores. O mecanismo de ação da IVIG na MG é incerto. O efeito da IVIG é observado tipicamente em menos de uma semana, e o benefício pode durar de 3 a 6 semanas. A IGIV é usada na mesma configuração da plasmaférese para reverter rapidamente uma exacerbação da miastenia. A IGIV também oferece uma alternativa à plasmaférese ou múltiplos agentes imunossupressores em pacientes selecionados como: → MG refratária; → Tratamento pré-operatório antes da timectomia; → Uma "ponte" para imunoterapias de ação mais lenta. IMUNOTERAPIAS CRÔNICAS É a administração de agentes imunomoduladores. Os glicocorticóides são amplamente utilizados, assim como outros agentes, mais comumente, azatioprina , micofenolato mofetil e ciclosporina . O início de ação varia consideravelmente, e isso influencia na escolha da terapia. A administração de doses moderadas ou altas de glicocorticóides leva à remissão em cerca de 30% dos pacientes e melhora acentuada em outros 50%. O início do benefício geralmente começa dentro de 2 a 3 semanas. No entanto, uma deterioração transitória ocorre em até 50% dos pacientes quando são iniciadas altas doses de glicocorticóides; → Geralmente ocorrendo 5 a 10 dias após o início e durando cerca de 5 ou 6 dias. Por esse motivo, os glicocorticóides são iniciados em altas doses apenas em pacientes hospitalizados que estejam recebendo plasmaférese concomitante ou imunoglobulina intravenosa (IGIV) para crise miastênica. → Para evitar a piora transitória, um regime ambulatorial de aumento da dose de glicocorticóide funciona de forma bastante eficaz. A!! O passo inicial nos pacientes adultos com doença leve ou moderada é a terapia sintomática (brometo de piridostigmina). Aqueles com doença grave, ou doença que piora rapidamente, são tratados como crise miastênica usando terapias rápidas (imunoglobulina intravenosa ou plasmaférese) seguidas de imunoterapias de ação mais longa (como glicocorticóides, azatioprina, micofenolato de mofetil ou ciclosporina). MÓDULO DISTÚRBIOS SENSORIAIS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves NEUROPATIA DIABÉTICA As neuropatias periféricas e autonômicas são uma das principais causas de morbidade em pacientes com diabetes mellitus. Existem 3 elementos principais no regime de tratamento: → Controle glicêmico; → Cuidados com os pés; → Tratamento da dor. CONTROLE DA DOR Os tratamentos para a neuropatia diabética dolorosa incluem: → Antidepressivos; → Anticonvulsivantes (por exemplo, pregabalina , valproato de sódio ); e → Creme de capsaicina. Outros tratamentos que podemser benéficos incluem: → Adesivo de lidocaína; → Ácido alfa-lipóico; → Spray tópico de dinitrato de isossorbida; e → Estimulação elétrica nervosa transcutânea. ANTIDEPRESSIVOS Drogas tricíclicas: → Os tricíclicos podem atuar alterando a percepção central da dor. → O efeito terapêutico geralmente ocorre mais cedo (dentro de 6 semanas) e em doses mais baixas do que o normal quando esses medicamentos são administrados para o tratamento da depressão. → Exemplo: amitriptilina, duloxetina, venlafaxina. ANTICONVULSIVANTES Tanto os anticonvulsivantes mais novos (pregabalina) quanto os mais antigos (valproato) podem ser úteis no tratamento. A utilidade da gabapentina é incerta. CAPSAICINA A capsaicina é um componente natural de muitas pimentas e causa analgesia pela depleção local da substância P. Está disponível como creme e outras formulações (gel, líquido, loção e adesivo) para aplicação tópica. ÁCIDO ALFA-LIPÓICO (ALA) Um dos mecanismos implicados na patogênese da neuropatia diabética é o aumento do estresse oxidativo. Como resultado, os antioxidantes têm sido estudados por seu potencial para diminuir o estresse oxidativo, melhorar a fisiopatologia subjacente da neuropatia e reduzir a dor. O ALA um potente antioxidante, tem sido associado a benefícios para a neuropatia diabética sintomática em vários estudos prospectivos controlados por placebo. → No estudo SYDNEY 1, o ALA intravenoso diário por 3 semanas foi associado à redução da dor, parestesia e dormência. ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA DO NERVO Embora os dados sejam limitados, uma declaração de 2010 da Academia Americana de Neurologia (AAN) avaliando o uso da TENS para dor em distúrbios neurológicos concluiu que a TENS é provavelmente eficaz para reduzir a dor da polineuropatia diabética, com base nas seguintes provas: 1. Um estudo atribuiu 31 pacientes com neuropatia diabética dolorosa crônica a TENS ou tratamento simulado nas pernas por 30 minutos diariamente por 4 semanas. → A melhora sintomática (de pelo menos um grau em uma escala única de zero a cinco) ocorreu em 15 de 18 pacientes (83%) com tratamento com TENS, em comparação com 5 de 13 pacientes (38 por cento) que receberam tratamento simulado. 2. Outro estudo avaliou 19 pacientes com polineuropatia diabética sintomática leve a moderada. → Comparado com o tratamento simulado, o tratamento ativo com TENS levou a uma redução estatisticamente significativa na pontuação total de sintomas em 6 e 12 semanas. → Além disso, a terapia TENS foi associada a uma melhora estatisticamente significativa, mas modesta, na dor na escala analógica visual em 6 semanas. 3. Uma diretriz subsequente de 2011 da AAN avaliando o tratamento da neuropatia diabética dolorosa concluiu que a estimulação elétrica nervosa percutânea é provavelmente eficaz, com base em três pequenos ensaios. → Porém, as técnicas percutâneas avaliadas nessa diretriz não estão amplamente disponíveis na prática clínica. MÓDULO DISTÚRBIOS SENSORIAIS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves POLIRRADICULONEUROPATIA DESMIELINIZANTE INFLAMATÓRIA CRÔNICA (PDIC) DEFINIÇÃO A PDIC é uma entidade que descreve um grupo de neuropatias relacionadas, todas com cronicidade, desmielinização, inflamação e imunomediação em comum. Na forma clássica de PDIC, o envolvimento motor é maior que o sensorial e os déficits neurológicos são bastante simétricos. → A fraqueza está presente nos músculos proximais e distais. → A maioria dos pacientes tem reflexos globalmente diminuídos ou ausentes. → O envolvimento do nervo craniano e bulbar ocorre em minoria. O curso clínico da PDIC é lentamente progressivo na maioria dos pacientes, mas um curso remitente-recorrente é observado em pelo menos 1/3. TRATAMENTO Existem alguns pacientes com PDIC que têm uma doença tão leve com impacto mínimo na função e na qualidade de vida que o tratamento não é necessário. → No entanto, a maioria dos pacientes é significativamente prejudicada pelo distúrbio e precisa de tratamento. De grande importância, a PDIC geralmente responde ao tratamento imunomodulador com: → Glicocorticoides; → Imunoglobulina intravenosa; ou → Troca de plasma. Pacientes com PDIC devem ser reavaliados rotineiramente (por exemplo, pelo menos a cada 3 meses quando os tratamentos são iniciados ou alterados, e pelo menos 2x por ano quando em terapia de manutenção) para determinar se estão respondendo à terapia. A terapia de manutenção é necessária para respondedores com doença ativa. A terapia pode ser interrompida para aqueles que atingem a remissão, mas as recaídas são comuns. Uma terapia diferente deve ser substituída para aqueles que não respondem ao modo inicial de terapia. Para pacientes virgens de tratamento com PDIC que têm doença ativa e incapacidade relacionada, recomenda-se o tratamento inicial de modulação imunológica usando IGIV, glicocorticóides ou troca de plasma. A escolha inicial entre essas terapias igualmente eficazes é influenciada por: → Gravidade da doença; → Doença concomitante; → Acesso venoso; → Efeitos colaterais do tratamento; → Disponibilidade; e → Custo. Para pacientes com PDIC grave e fulminante, sugere-se o tratamento com uma terapia imunomoduladora rápida, como: → IVIG; → Plasmaférese; ou → Glicocorticoides de alta dose de pulso. Preferimos o tratamento inicial com IGIV (se disponível) ou glicocorticoides de pulso porque geralmente são mais fáceis de administrar do que a troca de plasma. Para pacientes com PDIC mais insidiosa, onde o objetivo é atingir a remissão, sugerimos terapia inicial com: → Glicocorticoides sem IGIV; ou → Plasmaférese. Um curso de glicocorticoide de até 8 semanas de altas doses de pulso podem ser necessário para decidir se há uma resposta ao tratamento. Na contraindicação ou risco elevado no uso de glicocorticoides, indica-se de agentes imunossupressores alternativos; ex.: metotrexato, ciclosporina, micofenolato e azatioprina. → No entanto, a eficácia desses medicamentos para a PDIC não está estabelecida. Para pacientes que não respondem ao modo inicial de terapia, uma terapia diferente deve ser substituída. Como exemplo de substituição do tratamento, a falha em responder à IGIV pode desencadear intervenção com troca de plasma e/ou imunossupressão com glicocorticoides. Uma pequena parcela de pacientes (<20%) que responde à terapia inicial pode não precisar de tratamento adicional. → No entanto, a maioria dos pacientes recairá mais cedo ou mais tarde, e aqueles que respondem à IVIG ou troca de plasma podem exigir tratamento repetido em intervalos que normalmente variam de 2 a 6 semanas. MÓDULO DISTÚRBIOS SENSORIAIS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves Da mesma forma, as recaídas são comuns com a terapia com glicocorticóides, particularmente ao reduzir a dose. Assim, para pacientes com PDIC que recidivam após responderem à terapia inicial, sugerimos repetir a modalidade de tratamento inicialmente bem-sucedida. Para pacientes em terapia com glicocorticóides que recidivam, sugere-se interromper a redução e aumentar a dose. O momento e a dose dos tratamentos intermitentes em andamento devem ser ajustados para evitar recaídas. Para pacientes inicialmente tratados com IGIV que continuam a necessitar de altas doses por muitos meses, suger-se terapia com glicocorticóides ou um imunossupressor alternativo na esperança de eventualmente descontinuar a IGIV e alcançar a remissão clínica. Da mesma forma, sugerimos a adição de terapia com glicocorticóides para pacientes inicialmente tratados com plasmaférese que requerem tratamentos frequentes por muitos meses.
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